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História Flor de Lótus - Capítulo IX


Escrita por: MrsChappy

Notas do Autor


► cнαρρү ◄
Queridos leitores de FL, devem estar a estranhar o motivo por ser eu a postar de novo este capítulo. Bom, houve um imprevisto e por isso esta demora em postar. Um desencontro apenas. A Water em breve matará as saudades que sentem dela!
Espero que gostem do capítulo, que fiquem deslumbrados com a leitura. Continuaremos a dar o nosso melhor por esta história que nos conquistou também, a nós, autoras.

Capítulo 11 - Capítulo IX


“Somos lentos para nos declarar, somos apressados para brigar, somos relutantes na reconciliação. Amor depende de sorte.”

— Fabrício Carpinejar.

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Para realizar-se um sonho é preciso abdicar de algo em troca. Esforço, dedicação, atenção… tempo. Não uma ou duas vezes, não era durante umas horas miseráveis, poderia demorar anos. Ou uma vida inteira. Da mesma forma, para construir-se uma relação é necessário investimento de tempo. Para os sentimentos crescerem e desenvolverem são precisos momentos felizes para desabrochar o amor.

Porventura, se uma flor desperta necessita de atenção diária. Precisa de água, ser regada constantemente… para não morrer. Numa relação onde o afeto não se semeia, onde os momentos bons permaneceram no passado e são apenas lembranças, o amor enfraquece com o tempo tornando-se também numa memória longínqua do coração.

Toushirou estava, finalmente, disposto a impedir esse ciclo. Após sete anos afastado de Karin, decidiu reparar seu erro.

A melhor parte de uma discussão era a reconciliação.

No entanto, não era fácil pedir perdão. Nem de perdoar.

Shinigamis varriam as ruas dos restantes destroços, reconstruindo os seus lares, recompondo a confiança outrora perdida. Porém, o capitão do décimo bantai não lhes resignou qualquer atenção. Seu shunpo aperfeiçoado com o longo treinamento, obtivera resultados. Ninguém notara a presença do shinigami no seu deslocamento até o esquadrão de Kuchiki-taicho.

Estava quente. Mesmo as nuvens negras cobrindo o céu, com o aguaceiro regular daqueles dias, difundido a humidade pelo ar, o facto é que mantinha-se uma temperatura amena e em determinados momentos terrivelmente abrasadora. Ou será que era efeito dos nervos?

As emoções intensificaram quando encarou o símbolo do bantai, e as pétalas de cerejeira enterradas nas pequenas poças de água. Os guardas deram permissão à sua entrada, encurvando-se respeitosamente.

Suspirou fundo enquanto rastreava a reiatsu de Karin. Estava em desequilíbrio portanto não fora difícil de identificar-se. Esse aspecto o inquietou ainda mais. Se bem que fazia sentido, ela tinha sido apresentada a um novo mundo, com outras regras, sozinha…

Pela primeira vez, reflectiu sobre seu egoísmo, sendo invadido pela culpa. A única pessoa que mantinha alguma relação com a irmã de Ichigo era ele, seria previsível que fosse ele a recebe-la e explicar o funcionamento da Sociedade das Almas, contudo ele a deixara desamparada.

Seus passos travaram quando viu sua fisionomia, imóvel, observando uma árvore com flores róseas, algumas pétalas caiam e pousavam em seus cabelos negros, fazendo com que um sorriso discreto insinuasse o rosto de Toushirou.

— Kurosaki.

O capitão prodígio pousou a poucos passos de distância de Karin. O sobressalto era iminente, de ambas as partes. Um reencontro tão esperado e sonhado por ambos, era amargurado pelo duradouro tempo de afastamento.

Seus olhares ocultavam a felicidade daquele instante, por orgulho. Nenhum cedeu. Era um embate entre a culpa presente nas íris turquesas e a decepção das ónix.

Quais as palavras certas para aquele momento? O que dizer sem estragar a situação?

“ — Seja sincero, mestre.”

Por que hesitava tanto? Medo. Ele temia perder sua companheira de jogos de futebol, de nunca mais vibrar com um sorriso seu. Pânico, se ela o odiasse. Tudo isso evitava que ele se desculpasse. Fazendo com que seu silêncio fosse mal interpretado.

— Veio visitar-me, Hitsugaya-taicho? Não esperava que tivesse uma folga tão rápido para me ver, depois de ter saído da reunião sem dizer nada.

Toushirou franziu o cenho, desconcertado. É claro que ela não estaria receptiva a ele após tudo aquilo. Todavia, foi com alívio que no timbre da morena havia mágoa e raiva, mas não ódio. Ela não o odiava.

Porém , estava longe de serem o que eram antes.

— Kurosaki, por favor… — ele segurou a respiração na base da garganta, enquanto esquadrinhado pelas íris enfeitiçantes de Karin — Precisamos conversar.

— Descobriu sozinho? — a morena cantarolou debochada, irritando Toushirou. Ela estava mil vezes pior do que se lembrava!

— Seu sarcasmo seria muito apreciado se ficasse de fora no nosso diálogo. — o capitão grunhiu entredentes.

Karin penteou uma das madeixas escuras com os dedos finos e longos, pensativa. Os fios de cabelos lhe bateram no ombro suavemente, exalando seu perfume acentuado pela chuva. Toushirou quase sorriu quando viu que a morena estava cedendo — e que havia mantido seu típico cheiro.

— Seja breve, tenho um compromisso a cumprir.

Com um suspiro, a Kurosaki se recostou numa das pilastras, fitando-o cansadamente.

— Compromisso? — arqueou umas das sobrancelhas.

Quando a Kurosaki fora replicar-lhe, uma voz entrecortou a sua, obviamente da única pessoa que Toushirou não desejava ver.

— Que fazes em meu bantai, Hitsugaya-taicho?

Byakuya aparecera, com o haori flutuando ao seu redor majestosamente. Ele parou ao lado da Kurosaki, lançando-lhe um olhar de aprovação — que não passou despercebido por Toushirou. O mesmo sentiu a ira lhe provocar os sentidos, contudo, não permitiu que sua reaitsu se descontrolasse. Karin parecia bem mais esperta e Byakuya era talentoso, não poderia dar brechas aos dois.

“ — O Universo não conspira ao seu favor, mestre.”

“ — Obrigado pela honestidade, Hyourinmaru.”

— Vim conversar com a Kurosaki, se não se incomoda, Kuchiki-taicho.

Fora impossível não conter um ligeiro respingo de desdém quando pronunciou o nome do outro. Karin franziu o cenho, e Byakuya ergueu uma das sobrancelhas — ambos confusos com o temperamento anômalo do albino.

— Creio que possam resolver assuntos em outra hora. — o moreno deu as costas ao outro capitão, sendo seguido pela Kurosaki. — Kurosaki Karin e eu temos algo à executar.

— Como? — Toushirou perguntou, descaradamente curioso.

— Kuchiki-taicho e eu vamos treinar.

A definição da palavra surpresa deveria ser atualizada conforme o rosto de Toushirou. Não que ele duvidasse do potencial de Karin ou do controle de Byakuya — longe disso —, porém, ele não esperava aquilo.

“ — Esperava um jantar à luz de velas, mestre?”

Hyourinmaru quase fora atirado pelos céus, contudo o Hitsugaya limitara-se a franzir o cenho com as várias veias de raiva que surgiam em seu semblante, e seguir os dois morenos que já se afastavam dele, seguindo para os campos de treinamento.

Se a Kurosaki ou o Kuchiki se incomodaram ou questionaram suas ações, não expressaram, apenas seguiram seu destino. O incômodo silêncio era absurdamente constrangedor, todavia, não era necessário ser um gênio para descobrir que palavras só iriam agravar a situação.

Assim que chegaram num campo aberto, levemente afastado do composto do sexto esquadrão, Toushirou se encostou numa árvore, atento à luta que se seguiria entre os dois morenos.

O albino torceu a boca ao vislumbrar a jovem há muito conhecida. Era ainda estranho pensar em Karin como uma deles — mesmo que ela sempre, no fundo ou discretamente, participara do mundo deles.

Capitão e subordinada caminharam até o centro do campo, retirando as zanpakutous de suas respectivas bainhas. Senbonzakura estavam tão imponente quanto a primeira vez em que a vira, porém a espada de Karin era tão exótica e complexa como sua dona, possuindo lâmina translúcida e uma construção elaborada.

Eles se encararam por vários minutos aumentando a tensão sufocante no ar. Byakuya analisava sua nova pupila, enquanto a mesma parecia perdida em pensamentos. Talvez estivesse dialogando com o espírito que habitava dentro de si. Ela pareceu estar um pouco perturbada antes de ceder e se focar em Byakuya.

A cena a seguir veio em questão de segundos.

O cruzar das espadas dos dois causara um barulho estridente e um voar de faíscas. Notoriamente, Byakuya parecia quase imperceptivelmente abalado com a força que Kurosaki Karin não demonstrava ter, embora possuísse. Então, ambos começaram uma dança mortal de lâminas, que teriam certamente destruído outros adversários.

Byakuya possuía um estilo tradicional, conforme ensinado na Academia e adaptado ao seu conforto e vantagem. Enquanto isso, Karin possuía uma maneira imprevisível e teatral — de um jeito bom —, completamente movido pelo instinto e autenticidade. Byakuya tinha uma defesa impenetrável, enquanto Karin tinha um ataque fatal.

Mas a experiência de Byakuya se sobrepunha, embora a Kurosaki fosse, de fato, impressionante.

A morena logo começou a demonstrar cansaço, mesmo que seu orgulho pungente não lhe permitisse desacelerar.  Mais alguns golpes, e Karin cairia.

Byakuya desacelerou, reaparecendo no outro lado do campo, enquanto Karin caiu de joelhos no gramado, arfando. Estava claro que até agora Byakuya estava a testar as habilidades de Karin — mesmo que seu semblante impassível não revelasse sequer um pormenor de sua opinião.

— Kurosaki, quem lhe ensinou a manejar a espada? — O Kuchiki perguntou, voltando para perto da garota.

Karin abriu um sorriso metade faceiro, metade acanhado, e então soltou uma risadinha travessa.

— Essa foi minha primeira vez utilizando Toyotama na forma de espada.

Toushirou sentiu o queixo pender no ar, enquanto reprimia uma gargalhada. Karin era impossível!

Byakuya soltou um suspiro. Aquela noite seria longa para os três ali presentes...

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Na manhã seguinte, no décimo bantai, a tenente ruiva adentrou o escritório do capitão na ponta dos pés, tentando fazer com que seu costumeiro atraso passasse batido pelo jovem prodígio que comandava a divisão.

Para seu espanto, não houve nenhum grito ameaçador com seu nome, e sequer uma intimação gélida e raivosa. O único som que dominava era o da suave respiração de Toushirou, cuja face estava aterrada no meio dos papéis.

Fora com uma felicidade enorme que Rangiku constatara que, o que quer que tivesse ocorrido, havia deixado um sorriso na face cansada de Hitsugaya Toushirou.

Era como se lá fora, a chuva tivesse parado de deixar a décima divisão nublada com o peso da saudade em certo coração.



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