História Flores de Outono - Hospedes

-Seja o que for, nós deixamos para trás.

Shizhui apoia as mãos no joelho, tomando folego.

-Acha que era algum fantasma?

Jin Ling estava incomodado ele olhava seus reflexos em uma porta de ferro, ele consegue ver rapidamente um brilho vindo vindo do meio das arvores proximas. Ele nao se sentia seguro, seja o que fosse ainda estava atrás deles. Jin Ling cresceu caçando entao seu extinto apontava essas informações. Quando aquele brilho reflete no ferro, todos os seus sentidos gritam para que ele se esconda e sem mais demoras, ele pega a mão dos dois garotos e os puxa consigo. Ele invade uma das casas e os puxa para dentro.

-Jin Ling!

JingYi reclama

-Calado!

-Mas isso é tão errado quanto roubar.

-Silêncio!

O garoto estava muito nervoso e espiava por um buraco na parede de madeira.

O clima fica tenso, Shizhui encontra outra brecha um pouco maior na madeira e também espia por ela. JingYi entende a situação e fica com medo, ele não teria coragem de ver o que fosse que os perseguia. Então fica um pouco mais afastado.

Os outros dois garotos notam uma movimentação do lado de fora e Shizhui se assusta, mas tapa rapidamente sua boca evitando que o som saia. O monstro andava se esgueirando pela sombra das casas, porém ficou visivel por alguns poucos segundos. 

O monstro andava em duas pernas como uma pessoa,  porem ao invés de pés ele possuia cascos. Ele segurava uma tora de madeira um pouco danificada e era alto, muito alto. Seu rosto lembrava o de uma cabra, mas haviam dentes saltando para fora. Duas presas enorme que ficavam visíveis mesmo com sua boca devidamente fechada. Seus chifres torciam apenas nas pontas e pareciam bem afiados. 

A respiração de Shizhui fica um pouco acelerada assim como seu coração disparado. Ele faz o possivel para não fazer nenhum barulho. Ja Jin Ling tinha a feição de medo bem estampada em seu rosto, mas essa foi sua única reação. JingYi nota as reações e fica ainda mais assustado. Ele queria nesse momento voltar para o recanto das nuvens, onde era seguro. Seus olhos ficam um pouco marejados e ele segura a manga do robe de Shizhui.

Shizhui oferece a mão para o namorado apertar pois sabe que ele sente medo. Quando JingYi a segura nota que está fria e um pouco suada. Isso o deixa ainda mais apreensivo, ele aperta a mão de Shizhui. Os três ouvem sons vindo da rua, a criatura se afasta. Ela some em meio as sombras. Eles ficam em silêncio por alguns segundos, um grupo de senhores embriagados passam cantando alto e balançando suas jarras de licor.

-Acho que foi embora...

Diz Shizhui ainda espiando pela brecha na madeira.

-Essa foi por muito pouco.

-Vamos voltar? Temos que relatar...

Sugere JingYi.

-Você ta maluco? Não podemos deixar aquela coisa tão perto de uma vila. O estrago que aquelas presas devem fazer.

JingYi sente um arrepio percorrer sua espinha e lhe dando calafrios.

Shizhui fecha os olhos e coloca sua outra mão sobre o peito, tentando se acalmar.

-Presas?!

JingYi diz em pânico.

-Era um monstro, dos bem feios.

Explica Jin Ling.

-Vamos voltar logo!

JingYi diz com a voz falhando.

-Não podemos. Essas pessoas ficariam em perigo, ou ele nos seguiria de novo até Gusu. Ele estava muito perto, provavelmente teriamos que enfrenta-lo no caminho. Yilling ainda estaria com o problema das possessões. Temos que ficar.

Shizhui tenta ser racional, a situação pedia que pensassem bem antes de tomar qualquer decisão.
 

-O que fazem aqui?!

Uma voz feminina infantil pode ser ouvida atras deles.

-Viu, ainda é invasão! 

Exclama JingYi. 

-Seus pais estão em casa?

Jin Ling se abaixa para ficar da altura dela.

-Só a mamãe...

Ela se afasta.

-Pode chama-la para nós?  Diga que somos cultivadores e queremos falar com o responsável. 

A menina corre para os fundos da casa para chamar a mãe.

-O que está fazendo? Isso é tao errado!

-Não se preocupem, farei de uma forma que não precisem quebrar regra alguma.

-Tecnicamente ja quebramos.

Shizhui coça a cabeça.

-Da para ajudar?

Jin Ling diz puxando os dois pra perto da porta.

A mãe vem com uma vassoura na mão.

-Mas são jovens? O que fazem aqui?

-Somos enviados de Gusu para resolver o problema das possessões. Acabamos sendo seguidos e nos escondemos aqui. Está tarde e eles. -Aponta para JinYi e Shizhui. -Possuem um horario bem restrito. Eles dormem exatamente as nove da noite, ja deve ser perto disso. Podemos ficar? Ou terei que carrega-los ate encontrar uma estalagem.

-Não esperava que Gusu enviassem cultivadores tão jovens. Voces podem ficar, que tipo de pessoa eu seria se deixasse tres garotos dormirem na rua? Mas terão que ficar na sala.

-Senhorita, seria apenas sensata. Somos desconhecidos, poderia ser perigoso.

Adverte JingYi.

-Sabe, meu filho mais velho foi o primeiro possuido. Ele faleceu a três dias. Deveria ter quase a idade de vocês. Esse rapaz do meio me lembra ele.

Esse era Shizhui, ele se aproxima da moça que ja havia soltado a vassoura.

-Muito obrigado, senhorita. Faremos o possivel para que mas ninguem passe pelo que seu filho passou.

Ela sorri e se retira junto com a filha.

-Ela parecia ate emocionada.

-Agora temos onde descansar por hoje, vamos tentar não incomodar ninguem. Se algo acontecer, partiremos imediatamente.

A moça volta com lençois e cobertores e os entregam aos garotos.

-Estão com fome? A viagem de Gusu para cá não é tão curta.

-Não, estou bem.

Diz Jin Ling.

-Não se preocupe com isso.

Garante Shizhui.

-Um pouco...

Admite JingYi e recebe um cutucão de cada um.

A senhorita ri e se aproxima de JingYi. Ela toca duas vezes no topo de sua cabeça como uma carícia.

-Esta tudo bem. Ele não fez nada de errado. O jantar está pronto e tem o suficiente para todos. Não será incomodo. Eu geralmente cozinho para todos comermos a vontade.

Jin Ling cobre o rosto da mesma forma que Cheng. Shizhui fica vermelho e tenta dizer a senhorita que isso não era necessário enquanto JingYi se encolhe envergonhado.

-Estou dizendo, ficarei chateada se voces não comerem.

Ela diz indo novamente para os fundos da casa. A garotinha se senta na mesa, apoia as mãos no queixo e balança os pesinhos animada.
 

-Meu nome é Yuna...

Ela diz animada.

-Olá pequena A-Yuna.

Diz Shizhui gentilmente.

-Mamãe disse que você parece o Lin. Mas voce so lembra um pouquinho.

-Meu nome é Shizhui, esses são Jin Ling e JingYi.

-Os nomes deles são um pouco parecidos.

-A escrita é totalmente diferente.

-Eu meu é nome é pronunciado completamente por todos.

-Eles são irritadinhos...

Ela ri.

-Essa pirralha...

Jin Ling da um passo na direção da garota , mas é puxado para trás por JingYi.

-Seja gentil...

-Seu nome é difícil de pronúncia.

Ela tenta algumas vezes, fazendo Shizhui notar sua língua presa.

-Pode me chamar de Yuhan, parece o seu nome. Deve ser mais fácil pronunciar e é o nome dado por meus pais.

- Irmaozao Yuhan. Sim é bem mais fácil! 

-Irmão? 

-Posso te chamar assim? Estou com saudade do Lin, ja faz três dias que ele viajou. Ele nem me avisou que ia viajar. 
Ela cruza os braços emburrada. Shizhui fica comovido por saber que Lin não irá mais voltar. 

-Pode sim.

A garotinha fica muito feliz.

-E ele fez amizade com a garotinha de três anos.

Resmunga Jin Ling.

-Seis!

Corrige a garota.

-A-Yuna, o irmao Shizhui é bem legal não é ?

-Uhum...

A moça volta com uma bandeja de madeira e três tigelinhas. A garotinha sai de cima da mesa para liberar espaço.

-Comam antes de dormirem.

-obrigado senhorita.

JingYi pega logo uma tigela e experimenta a sopa. Ele se surpreende com o gosto e toma mais.

Shizhui aceita uma tigela por educação. Jin Ling como por livre e espontânea pressão.

-Se mais alguma possessão acontecer hoje, voces devem ouvir um sino tocar. É um aviso para todos termos cuidado e ficarmos em casa.

-O sino está muito longe daqui?

-Não, da para escutar claramente.

-Os possuidos possuem algo em comum?

-Eram todos meninos da mesma faixa etaria.

Ela fica um pouco emotiva.

Shizhui deixa sua sopa de lado, olha os companheiros fazendo uma breve analise. Jin Ling estava tremendo um pouco, por mais que tentasse aparentar ja ter esquecido da criatura. Ja JingYi era o mais aparente, ele estava comendo mais rapido do que o normal. Também estava mais falante e tentando se ocupar com alguma coisa. A dona da casa ainda deveria estar em pesar pelo filho, isso a deve ter deixado emotiva. Havia muita gente abalada ali.

-Senhorita, se importa de eu tocar um pouco para voces?

- Esta tudo bem, pelo menos ate a hora que Yuna for dormir.

Ele se senta no chão, bem no meio da mesa e sua Guqin aparece. Ele toca uma melodia calma para que todos fiquem tranquilos. Eles se sentem mais calmos, leves e preenchidos com uma paz interior. Entre algumas notas, ele aproveita para se comunicar com o espirito do irmao de Yuna. Apenas JinYi estranha a mudança das notas. Ele não consegue disfarçar a confusão.

Shizhui balança a cabeça negativamente como se pedisse para ele não dizer nada. 

"Estou procurando por Lin"

"Meu nome é Lin"

"O que aconteceu com você?"

"Eu não me lembro muito bem."

"Do que consegue se lembrar?"

As respostas ficam confusas. O espirito tenta passar muita informação de uma vez.

"Tenha calma. A mensagem esta complicada de mais."

"Eu posso te mostrar. Se quiser..."