História ;flowers and cigarettes - ;i'm sorry

;ato v

Foi fácil para si buscar uma das muitas roupas de Taehee que se misturavam com as suas em meio a sua bagunça do guarda roupa, foi fácil para si levá-las ao banheiro e ver o modo como sua melhor amiga se encontrava sentada na banheira com olhos opacos.

Foi fácil se sentar e esperar, mas não estava sendo fácil olhar para Taehee naquele momento. Vestida com uma de suas grandes blusas e com os cabelos pingando no chão de seu quarto. Não estava sendo fácil observar como Taehee olhava para o chão desorientada, com lágrimas ainda presente no canto dos olhos.

Tentou se controlar, suspirando e buscando uma força interior descomunal para sorrir de um modo gentil para a mais nova. Era como se a pessoa que estivesse morrendo, com bonitas flores nascendo e crescendo por sua garganta, a sufocando, era Taehee e não...ela.

Se aproximou da mais nova, pegando a toalha que se encontrava em suas mãos e se pondo, levemente, nas pontas dos pés para alcançar os fios sedosos e molhados de sua amiga, passando a secá-los do modo mais gentil que podia. Era como se estivesse tocando em algo tão frágil quanto uma flor [ha, a ironia], nunca havia tido tão cuidado com algo antes, na verdade, sempre fora conhecida por seus modos brutos demais para uma garota.

Taehee a olhava entre os fios, ela podia sentir o olhar profundo e triste da mais nova cravado em seu rosto, lhe analisando. Deixou-a. Não tinha mais o que esconder, não podia mais esconder nada.

Quando seus pés cansaram-se da posição incomoda, e os fios de Taehee já não mais pingavam, afastou-se da morena, sentando-se mais uma vez na cama, esperando...algo. Qualquer coisa, se fosse sincera consigo mesma, precisava que Taehee fizesse algo, porque, sinceramente, não tinha coragem nem sequer para encarar o rosto de boneca da outra.

— Quem é? — A pergunta saiu sussurrada, áspera, quase estrangeira na voz de Taehee. Não, tudo menos aquilo, não aquilo. Não podia simplesmente dizer aquilo, não podia dizer o quão patética era por estar apaixonada a anos por sua melhor amiga. Sua melhor amiga que estava ali, na sua frente, imóvel e esperando que ela dissesse quem amava ao ponto de cuspir malditas pétalas de flores.

— Não. Tudo. Tudo, menos isso, Taehee. — A mais nova a olhou, os olhos levemente arregalados e ela sabia que era porque havia a chamado pelo nome completo. Observou a mais nova engolir, como se estivesse se controlando para não insistir naquilo e agradeceu aos céus por Taehee ser tão boa, tão cheia de compaixão e gentileza e aceitação.

Deus ela era tão perfeita.

— Então...Quando? — Era uma pergunta razoável.

— Desde a festa em que você me contou que você e Jungkook terminaram. — Respondeu, sua voz meio baixa, meio esganiçada. Tímida. Se encontrava tímida porque sabia que Taehee agiria como alguém indignada e tentaria brigar consigo por ter escondido por tanto tempo.

— Duas semanas, isso foi a duas semanas Yoonji! — O tom irritado e descrente e cru da voz de Taehee a faz se encolher em si mesma, fazendo-a se sentir menor, insignificante.

— Desculpa. — Era a única coisa que conseguiu administrar para dizer, um pedido insignificante de desculpas. Ouviu a risada seca de Taehee e logo seus passos, se aproximando da cama.

— Olhe para mim, Yoonji. — Taehee estava a sua frente, segurando seu rosto em suas quentes e macias mãos, forçando-a a olhá-la nos olhos. Tão bonitos. — Se você estivesse realmente arrependida você teria me contado, você me ouve unnie? Você teria me contado.

As palavras de Taehee foram como uma facada dolorosa e direta no coração, ela estava certa, é claro que Taehee estava certa e tinha todo o direito de dizer aquilo, mas não diminuía a dor das palavras, na verdade piorava, como se estivessem jogando sal em cima de todas as feridas que carregava em seu coração.

— Sinto muito. Sinto muito mesmo. — O soluço quebrado que deixou seus lábios surpreendeu tanto a si como a Taehee. Não era para ela estar chorando, mas ela não conseguia mais segurar tudo aquilo dentro de si.

Yoongi recostou sua cabeça no corpo quente de Taehee, segurando na cintura da mais alta em um aperto quase visceral, seu corpo tremendo com os soluços e as lágrimas escorrendo e molhando o pano da camisa de Taehee. Continuou a repetir uma e outra vez pedidos desculpas.

— Sinto muito.