História Fogo e Gasolina - Gato

     Pov Lauren 

"Eu sou confusão. E quem não é? Todo mundo tem o seu caos interno, que anseia conseguir arrumar. Mas, quanto mais tenta, mais fica caótico, confuso e complicado. Somos seres complexos que mal aceitam e percebem a sua complexidade."

...

_ Tem certeza que não está chateada comigo? - pergunto mais uma vez. Eu tenho certeza que pra ela, não está tudo bem. Eu sinto isso. Mas ela é cabeça dura demais para admitir. 

_ Eu não posso te cobrar nada, Lauren. - ela diz e minha paciência acaba. Será que é tão difícil ela dizer a verdade? 

_ Não é questão de poder cobrar ou não. A questão é você estar chateada comigo. E nem adianta mentir porque eu sei que você está. Só não quer admitir. 

_ Se você tem certeza de como me sinto, porque quer me escutar dizer o que já sabe?

_ Porque eu quero que a gente se resolva. – digo nervosa, passando a mão em meu cabelo.

_ Não tem nada para ser resolvido.

_ Então para de agir como se eu fosse uma estranha.

_ Você tá viajando. Eu estou te tratando normal. 

_ Não tá não. – digo e ficamos em silêncio, nos encarando.

_ Tá, Lauren. Não foi legal te ver beijando outro. Satisfeita? - ela rebate.

_ Desculpa! – falo mais baixo que o normal. Eu estava com vergonha.

_ Você já pediu. 

_ Mas você ainda não me desculpou, droga! – passo a mão em meu cabelo novamente.

_ Lauren, eu já disse, não posso te co...

_ Não termina essa frase senão eu dou uma de Nazaré Tedesco, mas ao invés de te jogar da escada te jogo da janela.

_ Teria coragem de fazer isso comigo?

_ Você não me conhece com raiva, menina! 

_ Se não quer falar sobre, então essa conversa não vai nos levar a lugar algum!

_ Droga, Camila! Você me faz agir como uma adolescente. 

_ Eu?

_ Eu nunca fiquei assim antes. Eu sou racional. E Você quer saber de mais uma coisa?

_ Conta.

_ Eu também odiei ver aquela menina com você. – confesso desviando meu olhar do seu.

_ Eu não fiquei com ela. Ela me deu um selinho, mas não foi nada demais. - Camila diz, mas antes de eu dizer qualquer outra coisa, fico paralisada assim que vejo um gato subindo no sofá. Ela não tinhas um gato antes.

_ Você tem um gato? - pergunto me afastando do sofá. 

_ É o Pulga. Não é meu, é da Ally! Ela veio dormir aqui e trouxe ele. Mas não conta pra ninguém. Eles não aceitam animais neste prédio. - ela diz olhando para o gato.

_ Será que você podia levar ele para a dona? - pergunto como quem não quer nada. Tentando não olhar para o gato que me encarava. 

_ Por que? Ele não tá fazendo nada demais, não é mesmo Pulga? – Camila faz carinho no mesmo, que mia.

_ Por favor, Camila! - praticamente imploro para ela tirar ele daqui. 

_ Espera... Você tem medo de gato, Lauren? - pode parecer bobo, mas sim, eu tenho muito medo de gatos. Não consigo gostar desses bichos desde que eu me entendo por gente. Não sei se aconteceu algo  quando eu era criança para eu ter tanto medo assim. 

_ Um pouquinho!  - digo quase que em um sussurro. E Camila começa a rir.

_ Não acredito! Tanta coisa pra ter medo e você tem medo de gatos! Eles são tão fofos. Como você pode ter medo deles? - Camila pergunta rindo e a fuzilou com o olhar. 

_ Para de rir, Camila! E é sério. Tira ele daqui. Por favor! - digo tremendo, quase chorando. E em seguida, ela pega o gato do sofá. 

_ Pulga, você vai ter que ficar lá com a sua mamãe agora! - ela diz e sai andando com o gato. E eu respiro aliviada.

_ Pronto! A Ally não vai deixar ele sair do quarto. Mas não precisa ter medo dele. O pulga não faz mau pra ninguém, Laur! 

_ Não é como se eu pudesse controlar. Eu não consigo. Eles me dão medo! Aquele olhar... - digo e Camila me abraça. 

_ Eu nunca deixaria ele te machucar! - ela diz fazendo carinho em minha costa.

_ Eu juro que não queria sentir tanto medo. Mas não dá. Basta eles me olharem e pronto! – digo aos prantos. Pode parecer bobo, mas eu não consigo superar esse medo.

_ Calma. Tá tudo bem agora! - ela diz e ficamos abraçadas até eu conseguir me acalmar.

_ Desculpa por isso! - digo me afastando dela.

_ Eu que peço desculpas. Pensei que você estava brincando de primeira. Não achei que você tinha tanto medo assim. 

_ Antes fosse brincadeira...

_ Prometo que das outras vezes que você voltar aqui não vai ter mais gato algum. Só gata! - ela diz e sorri.

_ Então você não tá tão brava comigo ao ponto de não querer me ver nunca mais? - pergunto.

_ Não tô brava com você. Até já passou. Se você quiser pode dormir aqui hoje! - ela faz uma proposta tentadora. Mas infelizmente, dessa vez eu não poderia aceitar.

_ Querer, eu até queria. Mas tem o gato e a Sofia. - acho que não consigo dormir debaixo do mesmo teto que um gato. Eu sempre vou achar que ele vai escapar e vai me machucar.

_ Vocês estão na mesma? - Camila pergunta me tirando dos meus pensamentos.

_ Infelizmente. - digo e solto um suspiro. 

_ Eu queria poder ajudar.

_ Tive uma conversa séria com ela mais cedo. Espero que ela absorva alguma coisa. E que a gente consiga evoluir. 

_ Vou torcer pra isso! - ela diz pegando na minha mão. 

_ Acho que já deu a minha hora. 

_ Você veio dirigindo? 

_ Não. De uber. Vou chamar outro agora. - digo pegando meu celular.

_ Eu te levo.

_ Não precisa. Amanhã você tem aula cedo. E eu não quero te dar trabalho. 

_ Eu te levo, Lauren! Sem discussão. Só vou pegar a chave. - ela diz indo em direção ao seu quarto.

_ Okay! 

...

_ Está entregue, senhorita! - Camila diz assim que para em frente a minha casa. O papo dentro do carro estava tão bom que nem percebi que já estávamos chegando.

_ Boa noite, Camila! E obrigada! - digo, mas antes de sair do carro, Camila me puxou e me beijou.  O beijo era calmo, mas logo o aprofundei e coloquei minhas mãos entrelaçadas em seu pescoço,  a puxando para mais perto de mim. Ficamos nos beijando até que o ar seu e fez necessário. E então a Camila finalizou o beijo com vários selinhos. 

_ Senti saudades! - não sei porque, mas escutar isso me fez sentir muito bem.

_ Eu também! – a beijo novamente.

_ Queria tanto dormir contigo hoje. – confesso fazendo carinho em sua nuca depois de mais um beijo.

_ Vamos marcar algo essa semana.

_ Com certeza! Me manda mensagem quando chegar em casa. 

_ Pode deixar.

_ Até mais, Camila!

_ Até! -  e então depois de mais um selinho, desci do carro então caminhei até minha casa. Assim que entrei, escutei ela ligando o carro e indo embora. 

_ Menina, menina, por que você mexe tanto assim comigo?