História .fogos de artifício - sunsun (enhypen) - .sobre beijos com gosto de brigadeiro e abraços confortantes

—Tomara que sejam coloridos! — Jungwon diz euforicamente, sentando-se no seu lugar e pendurando sua mochila no encosto da cadeira.

—Claro que serão. — Ni-ki assegura, completamente convicto. Ele joga sua mochila sobre a carteira atrás da de seu amigo, e se senta em cima da mesa de Jungwon. —Tipo, é aniversário da nossa escola, então... Não teria graça nenhuma se fossem os fogos de artifício normais, que não fazem nada além de barulho.

—Verdade. — Jungwon concorda com um assentir de cabeça, olhando para a porta da sala de aula e sorrindo quando observa um de seus melhores amigos chegando. —Sunoo!

—Finalmente! — Ni-ki exclama e, em um salto, o japonês sai de cima da carteira de Jungwon.

—Bom dia. — Sunoo abre um sorriso, acomodando-se em seu lugar, ao lado da carteira de Jungwon.

—Sunoo, vai ter fogos de artifício amanhã na festa da escola! — Jungwon conta animadamente.

—F-fogos de artifício? — os olhos de Sunoo se arregalam automaticamente com o que ele havia acabado de ouvir.

—Sim! — Ni-ki diz, sentando-se em sua cadeira. —Não sabemos ao certo quando vão começar a soltar, tudo que falaram é que será durante a festa.

—Mas... Por que eles tem que soltar fogos de artifício? Todo ano tem festa pra comemorar o aniversário da escola e eles nunca soltam... Por que isso esse ano? — Sunoo pergunta, tentando soar o mais natural possível para que seus amigos não percebam o quão nervoso ele ficou com aquela notícia

—Não sei. — Jungwon apenas dá de ombros. —Só sei que tô muito animado! — ele sorri, sendo acompanhado por Ni-ki.

Sunoo força um sorriso e se vira para frente, acreditando que surtaria a qualquer minuto se continuasse ouvindo seus amigos conversarem sobre fogos de artifício. Ele suspira pesadamente, deitando sua cabeça em cima de seus braços que estavam cruzados sobre a mesa.

Pensando um pouco, Sunoo imagina que fosse melhor não ir para a festa, mas sua cabeça logo começa a formar circunstâncias, uma delas seria que seus amigo iriam querer saber o porquê dele ter desistido tão repentinamente, já que a festa anual era um evento aguardado por todos os alunos. Sunoo era um deles.

Acontece que Sunoo sofre de ligirofobia — fobia que consiste em sentir um medo extremo e irracional diante de ruídos altos, intensos e geralmente repentinos, tais como os que são produzidos pelos fogos de artifício. Ele nunca contou isso para ninguém, pois se sentia, de certa forma, envergonhado por reagir tão exageradamente a sons que outras pessoas apenas se assustavam de momento e ignoram logo em seguida. Talvez essa insegurança em expressar seus medos tenha sido causada pelos seus pais, que sempre desdenhavam de si quando ele estava exposto a sons altos e tinha reações um tanto incomuns.

Ainda com sua cabeça deitada sobre seus braços, Sunoo vira a cabeça para o lado, encarando a porta. Ele observa os seus colegas de sala entrando, e um em específico faz seu coração bater um pouco mais rápido. Sunoo segue Sunghoon com os olhos, observando o garoto colocar sua mochila em cima de sua mesa e se sentar preguiçosamente na cadeira.

Suspirando de forma exausta, Sunghoon vaga seus olhos pela sala à procura de seus amigos, mas seu olhar se perde completamente em dois pares de olhos castanhos que o encarava intensamente. Sunoo o encarava intensamente. Eles ficam se olhando por alguns segundos, até que Sunghoon decide gesticular com a mão, acenando para Sunoo e rindo um pouco envergonhado pelo contato visual. O Kim pisca algumas vezes e logo desvia o seu olhar, encarando o quadro negro à sua frente. Ele está ciente que suas bochechas estão completamente vermelhas, mas o que ele não imaginava era que as de Sunghoon estavam da mesma forma.

(...)

Sunoo não havia conseguido dormir direito. Hoje era a noite da festa e ele nunca esteve tão nervoso com aquele evento. O Kim pensou durante o dia todo em mandar uma mensagem pros seus amigos e inventar alguma desculpa para não comparecer a festa, mas ele era péssimo com mentiras. E, honestamente, ele queria ir na confraternização, a única coisa que lhe afligia era os fogos de artifício que seriam soltados.

Já à noite, na festa da escola, Sunoo deu seu máximo para não pensar muito nos fogos de artifício e, a primeira vista, deu certo. Ele conseguiu aproveitar a festa com seus amigos e por um momento esqueceu completamente do seu medo.

—Gente, gente! Os fogos. Eles vão soltar os fogos agora! — uma garota de cabelos tingidos de loiros se aproxima animadamente da roda de amigos do Sunoo. —Vocês não vão ver? — ela pergunta, observando alguns alunos deixando o pátio completamente decorado e se dirigirem para o lado de fora da escola

—Claro que vamos! — Jungwon responde, segurando a mão de Ni-ki e Sunoo, os puxando para fora da escola e sendo acompanhado pela garota.

Sunoo estava completamente em pânico. Ao chegarem no lado de fora da escola, ele solta a mão de Jungwon, temendo que o outro notasse que a sua mão tremia completamente.

Quase todos os alunos estavam do lado de fora. Eles olhavam encantados para o céu escuro, esperando até que ele seja iluminado pelos fogos de artifícios coloridos. O que não demorou muito.

As mãos de Sunoo automaticamente se fecham quando o primeiro fogo de artifício foi soltado. Colorido e brilhante, mas Sunoo não conseguiu admirá-lo como os outros alunos. O barulho era alto demais. Ao soltarem o segundo, ele automaticamente encolhe os ombros e fecha os olhos com força. No terceiro, ele sabe que não vai conseguir permanecer ali.

O Kim olha para os seus amigos e percebe que eles estavam completamente distraídos com os fogos, então ele se afasta lentamente, até estar longe o suficiente para poder correr pra dentro da escola sem chamar atenção.

Pegando doces na mesa de comida, Sunghoon se assusta quando, de repente, ele sente alguém passar correndo atrás de si. O Park olha para a direção na qual a pessoa estava correndo e ele não precisa de muito esforço para saber quem corria rapidamente em direção a sala de aula, sumindo de seu campo de visão.

Sunghoon coloca os brigadeiros que ele havia pego de volta no lugar e decide ir até a sala. Ele e Sunoo não eram tão próximos, porém Sunghoon tinha um grande carinho pelo garoto e pela forma em que ele corria tão desesperadamente, era notório que tinha algo errado. Chegando em frente à sala, Sunghoon estranha por encontrá-la fechada. Ele a abre e ao entrar no lugar, ele tem a sensação de estar ouvindo um choramingo, mas não tem certeza, pois o barulho externo de fogos de artifício o impedem de ouvir claramente.

Ele olha atentamente pela sala, não vendo ninguém, mas tendo certeza de que Sunoo havia entrado ali. Sunghoon começa a caminhar pela sala e à medida em que ele se aproximava dos fundos, o barulho de choro ficava mais audível.

Basta Sunghoon dar apenas mais alguns passos para ele encontar Sunoo sentado no chão, completamente encolhido atrás da última carteira da fileira do canto. O Kim estava com seus joelhos próximos de seu rosto, enquanto suas mãos trêmulas tapavam seus dois ouvidos, em uma tentativa de abafar o som dos fogos de artifício que estavam sendo soltados do lado de fora. Não conseguindo respirar corretamente e sentindo seu coração completamente acalerado, Sunoo chorava em completo desespero.

—O que aconteceu? — Sunghoon se ajoelha na frente de Sunoo, observando o outro lhe encarar completamente em pânico.

—Os fogos... Você sabe quando vão acabar? — Sunoo pergunta com a voz completamente trêmula por conta do choro.

—Eu... Eu não sei. — Sunghoon olha em direção à janela, observando através do vidro o céu ganhar cor a cada fogo de artifício que era soltado. —Você tem medo? — ele olha para Sunoo novamente.

Sunoo relutantemente assente a cabeça, não conseguindo sustentar o olhar de Sunghoon. Ele se sentia envergonhado por estar ali, completamente vulnerável na frente do garoto. Principalmente este garoto sendo o Sunghoon.

—Eles são bonitos, mas... — ele funga, fechando os olhos com força e pressionando ainda mais suas mãos contra seus ouvidos. —Os barulhos. Eles são muito altos...

Pela forma como Sunoo estava, Sunghoon imagina que não seria prudente deixá-lo ali, sozinho, então ele decidi ficar com ele. Se sentando cuidadosamente ao lado de Sunoo, Sunghoon o abraça para tentar lhe passar segurança.

—Acho que daqui a pouco eles param de soltar os fogos, então fica calmo. — Sunghoon tenta confortá-lo, erguendo uma de suas mãos até a cabeça dele, acariciando gentilmente seus fios de cabelo.

Sunoo pisca algumas vezes. Agora ele não sabia se seu coração estava acelerado pelos barulhos de fogos de artifício que lhe deixavam completamente em pânico ou se era porque que Sunghoon estava ali, completamente perto e lhe abraçando. Sunoo acredita que seja pelos dois motivos.

Aos poucos os barulhos de fogos foram se sessando, até que param completamente. Sunoo foi se acalmando aos poucos. Suas mãos já não tremiam e ele não chorava mais, porém seu corpo ainda estava em estado de alerta, temendo que a qualquer momento ele fosse surpreendido com um barulho alto demais.

—Eu acho que acabou... — Sunoo murmura, afastando suas duas mãos de seus ouvidos.

—Tá mais calmo agora? — Sunghoon pergunta e Sunoo assente em concordância.

Percebendo que já não tinha necessidade de abraçá-lo, Sunghoon retrai seus braços do corpo de Sunoo, apoiando suas mãos em suas próprias coxas e desviando o olhar, encarando o piso branco que cobria o chão. Sunoo apoia sua cabeça na parede, suspirando e imaginando que seus amigos devem estar lhe procurando, mas Sunoo acha que não estava em boas condições para encontrá-los no momento.

—Você poderia, por favor, não falar disso pra ninguém? — Sunoo pede, encarando suas próprias mãos sobre sua perna. —Tipo, que você me viu chorando e tals.

—Tudo bem, não se preocupe. — Sunghoon não estava cogitando contar, mesmo que Sunoo não pedisse. —Mas... Por que você tem tanto medo de fogos de artifício? — ele pergunta cautelosamente, temendo que aquilo possa, de certa forma, deixar Sunoo desconfortável.

—Eu não tenho medo dos fogos em sim. São os barulhos que eles fazem, sabe? — Sunoo explica, respirando fundo. Ele nunca havia falado sobre aquilo com alguém.

—Entendi... — Sunghoon assente, achando melhor não se prolongar naquele assunto.

—E... Obrigado por ter ficado aqui comigo. — Sunoo o olha, sorrindo gentilmente. —Sério, obrigado.

—Ah, que isso. — Sunghoon ri envergonhado, desviando o olhar e mordendo seu lábio inferior. —Não precisa agradecer, não.

Sunoo ri através do nariz e, para poder tirar uma dúvida que lhe intrigava desde quando Sunghoon chegou, Sunoo aproxima seu rosto dele minimamente e inala profundamente.

—Chocolate? — Sunoo estreita os olhos, inalando mais uma vez, deixando Sunghoon completamente confuso. —Você está com cheiro de chocolate. — Sunoo se afasta.

—É que eu tava comendo uns brigadeiroa da mesinha de doces. — Sunghoon ri, achando engraçada aquela observação que Sunoo havia feito, de forma tão espontânea e aleatória.

—Nossa, eu nem sabia que tinha doce aqui. — Sunoo diz. —Se eu soubesse, teria comido. Amo brigadeiro.

—Eu também. — Sunghoon abre um sorriso. —Você quer experimentar?

—O brigadeiro? — Sunoo pergunta um pouco confuso e abre um sorriso ao ver Sunghoon assentir positivamente. —Quero! — ele estende uma de suas mãos, esperando receber um brigadeiro.

Sunghoon solta uma risada, um pouco desacreditado do que ele estava planejando fazer. Ao invés de brigadeiro, o Park coloca sua própria mão sobre a de Sunoo, deixando o Kim completamente confuso. Ele usa sua outra mão livre para acariciar o rosto de Sunoo, deslizando-a até a nuca dele e se aproximando. Sunoo fica completamente imóvel. Sua mente estava embaralha e a única coisa que ele sabia era que o repentino acelerar no seu coração estava sendo causado apenas por Sunghoon.

A esta altura, o roto de Sunghoon estava tão perto que Sunoo podia sentir claramente o hálito de chocolate que ele exalava. Fechando os olhos, Sunghoon aperta levemente a mão de Sunoo quando seus lábios se tocam lentamente. Não demora muito até que Sunoo também feche seus olhos. Ele sente a língua de Sunghoon deslizando sobre seu lábio inferior antes de entrar em sua boca e começar a se mover lentamente, podendo sentir claramente o gosto do brigadeiro.

O beijo é cortado por Sunghoon que se afasta lentamente. Ele abre seus olhos e observa Sunoo também abrir os dele, lhe encarando confuso.

—Você conseguiu sentir o gosto do brigadeiro? — Sunghoon pergunta, rindo em seguida, completamente sem graça. Ele retrai sua mão que estava sobre a nuca de Sunoo, mas mantém a que segurava a mão dele.

—S-sim... — Sunoo gagueja inevitavelmente, desviando o olhar. —Você... Por quê...?

—Eu gosto de você, e acho que surtaria se não pudesse, ao menos, te beijar uma única vez.

Os olhos de Sunoo rapidamente caem sobre o garoto, completamente arregalados.

—O quê?

—É... — Sunghoon assente, capturando sua mão, que segurava a do Kim. —O Jake disse que eu sou tão óbvio. Tipo, o jeito que eu te olho, pareço um idiota apaixonado. Ele disse que as vezes fico vermelho e coisas assim. — Sunghoon ri de si mesmo.

—Nossa... — Sunoo não sabe o que dizer, ele estava completamente em choque. —Eu acho que sou igual, sabe? As encaradas que te dou na sala de aula não são nada discretas.

—Você está querendo dizer que também gosta de mim? — Sunghoon imediatamente olha para Sunoo, que só então percebe que acabou de indiretamente dizer seus sentimentos pelo garoto.

—Acho que... — desta vez, Sunoo é quem aperta a mão de Sunghoon. —Acho que...

Sunoo não consegue terminar de falar. Ele se assusta quando, repentinamente, ouve o barulho de outro fogo de artifício sendo soltado. O Kim rapidamente se encolhe e tapa seus ouvidos com suas mãos, fechando os olhos com força.

—A-achei que tinham parado de soltar... — Sunoo murmura tremulamente.

—Sunoo, se acalma. — Sunghoon o abraça, tentando manter o garoto calmo. Eles ficam em silêncio por alguns segundos, e mais nenhum outro fogo de artifício é soltado. —Acho que não vão soltar mais. Provavelmente foi só aquele.

Sunoo abre os olhos e com um pouco de relutancia afasta suas mãos de seus ouvidos. Ele suspira brevemente e deita sua cabeça contra o peito de Sunghoon, indiretamente pedindo para que ele não o soltasse.

—Sunghoon, eu... — Sunoo engole em seco, criando coragem para conseguir dizer o que pretendia. —Eu queria dizer que também gosto de você.