História Fome de Ajuda - Fome de Ajuda

Quero pudim.
Com bastante aveia.
Com bastante chocolate.
Mas não quero doce agora.

Meio peito machuca.
Meu pulmão luta.
Acho que não estou com fome hoje.

Talvez, mais tarde, eu coma um chocolate.
Mas nem sentirei seu gosto provavelmente.

Meu olhos ardem.
Meu nariz não age.
A vontade de ficar na cama o dia todo é tremenda.
Mas preciso ir no banheiro agora.

Rosto amassado no travesseiro.
Ficar olhando para a janela o dia inteiro.
Não estou doente.
Mas é como se eu estivesse.

Não sou a vítima, e sim a culpada. Não tenham pena de mim, mas também preciso de ajuda.

Não quero sumir da sociedade, mas fui expulsa temporariamente de meu grupo.
Preciso falar com alguém que não me  conheça.
Ao menos ele não irá saber das minhas façanhas.

Preciso lhes contar a verdade:
Sou um monstro.
Disso não tenham dúvida.

Não tentem me aconselhar.
Mas também não me odeiem.
Eu só queria que tudo volta-se ao normal.
Eu só queria ser eu mesma novamente.

Lágrimas molham o meu rosto.
Lágrimas causam ferimentos, não só em mim, mas principalmente nos outros.

Eu não deveria me sentir a coitada.
Sou a bastarda que puxou o pino da granada e explodiu sem deixar nada.

Sinto falta de ar por causa da coberta.
Ou talvez seja por causa do quarto fechado.
Vai saber.
Também não entendo meu diafragma.

Minha garganta pede por água.
Mas não tenho coragem de levantar da minha cama.

Não quero que as pessoas olhem para mim, porque eu sei que irão olhar.
Não os culpo.
Sou a culpada.

Vejo o verde na janela.
Até parece que eu sou daltônica.
Mimha cabeça doi.
Um balão cheio de água.

Cadê o remédio para dor de cabeça?
Porque toda vez que eu choro, ela insiste em doer?
Isso me encomoda.

Eu deveria ir almoçar, ir no banheiro e também beber água. Mas quem disse que eu tenho coragem... de entrar no ambiente público da minha própria casa.