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História For him - Eighteen.


Escrita por: lonelywhale

Notas do Autor


Aqui estou eu \o/ Nem demorei tanto dessa vez :)
Eu, particularmente, gostei muito de escrever esse capítulo. Sem um motivo específico. Só gostei.
Espero que vocês também gostem.

Capítulo 18 - Eighteen.


[Tae] 09:01

Acordei triste porque

você não estava aqui

me abraçando

               Assim que teve um pequeno intervalo no trabalho, Jeongguk olhou seu celular que tinha apitado durante um dos atendimentos. A mensagem arrancou um sorriso involuntário seguido de uma expressão de desdém. Por mais que não quisesse admitir, também tivera a mesma sensação ao acordar sozinho em sua enorme cama, em um apartamento vazio. Tão pouco tempo e já estava prontamente entregue ao mais velho. Precisava controlar-se.

[Jeongguk] 10:24

Bom dia, Tae

Espero que tenha dormido bem

Mais tarde passo aí

               Talvez a mensagem tenha soado um pouco indiferente, mas ele nunca foi bom em expressar seus sentimentos. Certamente, precisaria exercitar essa capacidade. A resposta veio quase imediatamente, o tempo apenas do moreno colocar um pouco de café no seu copo.

[Tae] 10:25

Dormiria melhor se

meu travesseiro humano

estivesse aqui.

Não se atrase!

               Jeongguk nem ao menos conseguiu sentir-se ofendido com o novo título adquirido. Era, de certa forma, satisfatório ser digno dessa nomenclatura. Achou engraçada a maneira como foi cobrado em pontualidade quando, na verdade, não tinha um horário estabelecido. Terminou de bebericar seu café amargo e forte, do jeito que gostava, e pôs-se a digitar novamente.

[Jeongguk] 10:28

Sim, senhor!

Preciso voltar ao trabalho

Até mais tarde

[Tae] 10:28

Tudo bem

Também tenho compromisso

com os meu exercícios

Bom trabalho!

E diga “oi” ao Jimin por mim!

               O fisioterapeuta leu a mensagem contente com o comprometimento por parte do castanho. Se continuasse desse jeito, logo, logo estaria recuperado. Sentiu seu estômago agitar no simples pensamento de Taehyung depois do tratamento. Não gostava de pensar muito antes que as coisas acontecessem para não se decepcionar, entretanto parecia inevitável. Felizmente, o trabalho o chamava. Bloqueou o celular e respirou fundo. Suas crianças precisavam de si e um recado deveria ser transmitido ao amigável Jimin.

 

               Durante o almoço, no corrido espaço de tempo em que deveria se alimentar e seguir do hospital para faculdade, trocou mais algumas mensagens com o mais velho. Nada de fato importante, apenas as habituais divagações do Kim. Era um bom divertimento ler ao quase monólogo que o outro fazia nas mensagens.

[Tae] 12:48

Você já reparou que

bebês têm cara de joelho

mas joelhos não têm cara

de bebês?

               Ele quase se engasgou com a comida querendo rir da observação inesperada. O pior de tudo era perceber que Taehyung tinha razão. Quase se atrasou por ficar batendo papo com o menino. Engoliu rapidamente o que sobrou no seu prato e levantou-se com pressa, um tanto enrolado por estar procurando sua carteira ao mesmo tempo em que trazia consigo o enorme objeto que pegara mais cedo no hospital.

               Por fim, acabou por chegar à sala de aula alguns segundos antes do professor, o que já era o suficiente. Mal teve tempo de responder propriamente as inúmeras mensagens do mais velho antes de perder-se nos conteúdos fascinantes que estavam sendo lecionados. Só despertou do estado imerso em que estava quando percebeu seus colegas partindo no último período.

               Enquanto fazia o já tão conhecido trajeto até a casa dos Kim, não conseguia deixar de se sentir ansioso. Em sua mente passavam inúmeras possibilidades de qual poderia ser a reação de Taehyung. Sabia, a esse ponto, que o mais velho era uma verdadeira caixinha de surpresas. Logo, se Jeongguk cogitou 100 possibilidades, o castanho poderia surgir com a centésima primeira. Não tinha garantia de nada.

               Tocou a campainha e, enquanto aguardava, questionava-se sobre conversar com Hyoji acerca de sua ideia primeiro. Talvez a senhora Kim não gostasse de sua proposta e ele se sentiria desconfortável se percebesse estar indo contra a mulher. Ao mesmo tempo, pensava que o mais velho poderia se sentir desrespeitado por não poder opinar em algo que dizia respeito a si. Qualquer preocupação sua desapareceu no momento em que foi recepcionado por um sorriso caloroso e seu nome sendo contentemente gritado ao fundo. Cumprimentou a mãe de Taehyung antes de adentrar o local e se dirigir até onde o menino se encontrava, no sofá.

“Jeonggukie!”, seu tom era quase cantarolado.

               Caminhou pela sala, a fim de se aproximar do castanho, com certa dificuldade puxando o chamativo objeto. O sorriso do mais velho murchou no momento que avistou o objeto e uma centelha de preocupação surgiu na consciência do moreno.

“O que é isso?”, sua voz já soava menos animada.

“Oi para você também, Tae. Como está?”, brincou, recostando o objeto de tom escuro no sofá.

“Estou bem, contente agora que você chegou, mas estou curioso. Quero saber por que você está com isso?”

               Seus dedos se emaranharam nos fios acastanhados, deixando uma leve carícia. No fundo, só estava tentando reassegurar a si mesmo. O tom de voz de Taehyung desestimulava-o de seu plano original. Agora parecia uma ideia bem boba. Respirou fundo, sentindo as orbes escuras analisando cada movimento seu. O mais velho aproximou-se, da melhor maneira possível, do corpo parado perto do seu. Seu rosto estava encostado na barriga alheia, sentindo o calor emanado pela pele branquinha.

“Eu quero conversar com você”, foi o que Jeongguk conseguiu vociferar. Tão baixo que tinha certeza que Hyoji não ouviu, independente do cômodo em que estivesse. “Isso é uma cadeira de rodas. Eu trouxe para você.”

               A expressão de Taehyung era indecifrável. Quando pareceu que ele iria protestar, o mais novo o impediu. Sem separar-se do abraço lateral e desajeitado em que estavam, porque essa poderia ser uma forma de tranquilizá-lo.

“Não é permanente, não se preocupe. Você, em breve, não precisará de nada disso. Mas pensei que seria uma boa ajuda por enquanto, além de estimular que você flexione os joelhos para ficar sentado.” O rosto acobreado continuava incompreensível, porém demonstrava menos sinais de resistência. Para eliminar qualquer dúvida que pudesse restar, o moreno prosseguiu para o ponto-chave de sua explicação. “E... eu conversei com o Jimin hoje no hospital e ele me disse que gostaria muito de conhecer você. Ele disse que quer brincar com você, ir ao parque, se divertir. Quando eu disse que ainda não poderia, porque você não consegue andar ainda, ele me olhou com uma expressão horrorizada. Sabe o que ele me disse?”

               Taehyung já estava completamente entregue à justificativa do mais novo, suas expressões pareciam iluminadas com a menção de Jimin. De alguma forma, o pequeno menino já ocupava um lugar de consideração para ele.

“O que ele disse, Guk?”, o suspense o fazia querer agredir o mais novo.

Isso não faz sentido, tio Jeongguk”, ele imitava uma voz infantil, o que arrancava risadas do castanho. “É só você levar ele!

“Quer dizer que você aprendeu algo com um menino de seis anos?”, seu tom era provocativo.

“Claro!”, a voz já estava de volta ao normal. “Percebi como ele tinha razão. Você não consegue se locomover por conta própria, mas isso não quer dizer que não possa receber uma pequena ajuda. Por isso, amanhã iremos passear com o pequeno Jimin, o que acha?”

               Taehyung parecia congelado, sem reação. Não disse nada por alguns segundos, o que preocupou levemente o mais novo. Aproveitou a posição em que o castanho estava, recostado ao braço do sofá, e se sentou. Depositou um beijo na testa dele, a princípio para tranquilizá-lo sobre qualquer coisa que estivesse rondando sua mente, mas no fundo apenas porque sentiu vontade de fazê-lo.

“Isso é verdade, Guk?”, os bracinhos magros rondaram a cintura de Jeongguk em um abraço desajeitado.

“Eu jamais brincaria com algo desse tipo”, o brilho no olhar mesclado à desconfiança fez o mais novo se questionar que tipo de experiência Taehyung já teria passado para ter essa reação.

“Eu estou tão contente!”, ele se impulsionou para frente até repousar seu rosto na junção entre o pescoço e o ombro do moreno. Seu nariz roçou no local de forma afetuosa e Jeongguk estreitou o abraço. “Muito obrigado, Guk”.

               Antes que o mais novo pudesse explicar que não precisava agradecer a si, mas, sim, ao pequeno Jimin, foi interrompido. O castanho puxou o rosto que o admirava com as duas mãos até estar próximo o bastante de seu próprio e selou os lábios.  O moreno se sentiu derreter no beijo, conseguia sentir a gratidão que o outro transmitia através dos movimentos firmes, porém suaves e delicados. Era uma sensação diferente para si, contudo completamente bem-vinda. Manteve seus braços na cintura alheia, dando a sustentação que sabia faltar ao mais velho.

“Tae!”, distanciou-se alarmado ao perceber o que estavam fazendo. “Não podemos fazer isso aqui, sua mãe está em casa.”

               Percebeu o olhar de frustração que o mais velho emanava, mas nem por isso surpreso. Ele, provavelmente, já esperava essa reação, uma vez que já haviam conversado sobre isso no dia anterior.

“Não podemos contar a ela agora?”, sua voz soava levemente esperançosa.

“Não fique bravo comigo”, Jeongguk pediu sincero. Olhou ao redor para ter certeza de que não havia sinal da senhora Kim antes de distribuir pequenos selares pelo rosto alheio enquanto completava a próxima frase. “Infelizmente, você ainda é considerado meu paciente. Não tenha pressa, contaremos na hora certa.”

               Seu típico sorriso quadrado estampou sua face conforme era banhada em beijos e soltou um simples muxoxo quando o mais novo se afastou. Não argumentou mais nada, porém. Parecia ter sido convencido pela técnica do Jeon.

“Eu sei... É uma pena, porque eu realmente queria continuar beijando você”, Taehyung sussurrou a última parte com um riso debochado.

“Você realmente não coopera”, retrucou. Apesar do tom sério, seu rosto esbanjava um brilhante sorriso, encantado com a doçura e sinceridade do homem à sua frente. Sua mão deixou uma última carícia no rosto do mais velho antes de ser retirada por completo. “Vamos falar de algo que não te faça cair em tentação novamente...”.

“Isso é impossível com você aqui”, o castanho murmurou e foi prontamente ignorado pelo outro.

“Posso saber por que quando eu cheguei você estava extremamente animado? O que aconteceu?”, prosseguiu na sua insistente tentativa de esquivar do assunto.

“Não posso estar contente por ver você?”, o tom era um tanto teimoso pela frustração de não poder fazer o que, de fato, queria. Jeongguk lançou-lhe um olhar desafiador, que resultou na explicação da motivação número um. “Eu estava conversando com minha mãe pouco antes de você tocar a campainha. Ela estava me contando sobre o dia de ontem e como se divertiu no passeio com a tia Yangwon”.

               O mais novo controlou uma vontade crescente de sorrir perante a animação inesperada conforme Taehyung relatava tudo que ouvira de sua progenitora mais cedo. Seus olhos brilhavam quando narrava o que sabia sobre a ida ao shopping, em seguida para um pub. Por fim, seu sorriso se alargou ainda mais ao contar que, no final, elas foram parar até em um karaokê. O moreno estranhou que Dongsul não fora citado em nenhum momento, assim como, de acordo com o que recordava, não chegara à casa junto das duas mulheres no dia anterior. No entanto, o pensamento logo foi substituído pela intenção de manter aquele semblante no rosto alheio enquanto fosse capaz.

“Dá para acreditar que ela está se divertindo tanto assim?”, o Kim soava fascinado. “Muito obrigado, Guk”.

“Você não precisa me agradecer”, Jeongguk se sentia acanhado pelo agradecimento. Não tinha mérito nenhum, apenas pediu ajuda à sua mãe como havia prometido ao mais velho e ela fez o que amigas sabem fazer. “Quem saiu com ela foi minha mãe”.

               O Kim fez uma expressão entediada com a justificativa que recebeu.

“Tudo porque você concordou em me ajudar. Você sabe tão bem quanto eu que minha mãe não sairia em paz se não fosse sua presença aqui comigo e, principalmente, os avanços que nós conseguimos”, retrucou com firmeza. “Confie em mim, eu tenho tentado há alguns anos fazê-la sair para se divertir”.

               Uma sensação desconhecida tomou conta do corpo do mais novo conforme o castanho falava. Havia tanta certeza em sua fala, inclusive na parte que afirmava que Hyoji confiava plenamente em si. Parecia errado ter a confiança da mulher enquanto se beijava as escondidas com seu filho. Agiu com naturalidade para não preocupar o menino tão empolgado à sua frente.

“O que acha, então, de continuarmos a fazer novos exercícios para que ela continue se divertindo?”, pôs-se de pé conforme dizia para deixar bem claro que não aceitaria ‘não’ como resposta. “Hoje de manhã, certo alguém me disse que estaria bem ocupado fazendo exercícios... Quero ver os resultados dessa agenda lotada”.

               A risada que escapou os lábios de Taehyung agitou borboletas no estômago alheio. Em seguida, sua expressão ficou séria, como se estivesse prestes a assinar uma importante proposta e precisasse ponderar os prós e contras.

“Oh, doutor Jeon, tenho novidades desde a última consulta”, o tom era diferente, ele parecia, apesar de tudo, estar se divertindo com a situação.

“Espero que sejam novidades boas, senhor Kim”, resolveu entrar na brincadeira.

“Quando eu já lhe trouxe notícias ruins?”, provocou. “O que acha de me ajudar a sentar, doutor Jeon?”

               Em resposta, Jeongguk apenas se aproximou do sofá novamente. Fitou o rosto acobreado que acompanhava cada pequeno movimento que fazia antes de prosseguir. Colocou as mãos por baixo dos calcanhares até então apoiados no móvel e as ergueu.

“Aqui está a primeira novidade: eu não preciso mais que você me ajude a virar”.

               Taehyung apoiou os braços ao lado do próprio corpo e começou a impulsionar-se para conseguir virar e colocar as pernas, ainda carregadas pelos braços alheios, para fora do confortável móvel. Não parecia ser o movimento mais fácil a se executar, mas o mais novo já estava contente o suficiente por ele conseguir realizá-lo.

“Agora, pode abaixar minhas pernas do jeito que estão”, o castanho comandou.

               Sem contestar, o moreno apenas obedeceu. Queria ver até onde o Kim iria. Com cautela, abaixou os membros até que os pés tocaram o chão. O mais velho havia chegado mais para ponta do assento a fim de obter uma melhor posição. Seu olhar estava focado nas próprias pernas, como se buscasse transmitir as forças necessárias. O Jeon permanecia agachado, observando cada detalhe.

               Lentamente, as pernas começaram a se dobrar. Taehyung parecia estar se esforçando bastante, porém apresentava um enorme sorriso no rosto. Seu olhar vagou até encontrar a face do mais novo, atento a cada pequena reação. Continuou puxando as pernas até seu limite, onde parou. Os pés estavam quase perpendicular em relação ao joelho. O rosto de Jeongguk não havia mexido um milímetro sequer, ainda com o olha fixo nas pernas recém flexionadas.

“Só consigo até aqui”, sussurrou. A incerteza em sua voz despertou o outro, que ainda parecia absorto em pensamentos e apressou em reassegurá-lo.

Só? Tae, isso é um avanço e tanto! Você já dobra praticamente 90°, isso é maravilhoso”, abriu um sorriso enorme, mostrando todos os dentes brancos com a intenção de demonstrar sua genuína felicidade.

               Sua mão acariciou a coxa esquerda na tentativa de eliminar qualquer resquício de dúvida que ainda assolasse Taehyung. Ele não tinha motivos para ficar inseguro em relação ao seu tratamento. Os avanços eram vagarosos, mas a situação atual provava que não eram impossíveis. Pôs-se de pé e levou os dedos por entre as sobrancelhas ainda franzidas. Fez um movimento circular, tentando suavizar a expressão alheia.

“Não fique com essa expressão insegura”, pediu baixinho.

“Você não vai brigar comigo por não ter alcançado seu objetivo de 90°? Sua reação não pareceu contente”, o mais velho praticamente sussurrou em resposta.

“Está brincando? Você, sem brincadeiras, está flexionando por volta de 85°! Preciso admitir que eu realmente não esperava isso pelos próximos dias, até semanas. Desculpe se minha reação expressou o contrário, mas estou muito contente”.

               O Kim não respondeu nada, apenas curvou discretamente os lábios em um sorriso. Seus olhos se fecharam aproveitando a pequena carícia que continuava entre suas sobrancelhas. Jeongguk observou por alguns momentos a expressão relaxada, admirando cada pequena parte. O tom de pele angelical completava perfeitamente a cena. Para eliminar de uma vez por todas qualquer insegurança, o mais novo continuou os movimentos e quebrou o silêncio instaurado até então.

“Você lembra quando eu fiz isso em você pela primeira vez?”, não esperou por uma resposta para prosseguir. “Foi no dia que eu te conheci, Tae. Você estava sentindo muitas dores, então eu fui tentar ajudar e um dos jeitos de relaxar os músculos faciais é fazendo esse movimento entre as sobrancelhas”, conseguiu sentir o menino tencionar levemente sobre as pontas dos seus dedos. “Você lembra como era? Parece que faz muito tempo, mas há apenas um punhado de semanas. E olha quanta coisa mudou! Você já consegue comer, falar e até fazer manha..”, Taehyung riu e formou um pequeno bico que foi beijado rápida e discretamente pelo moreno. “Se você só tivesse conseguido aumentar um grau de flexão, eu já estaria feliz, porque significa que você está um grau mais distante de quando te conheci e um grau mais próximo da melhora.”

               Jeongguk se sentia melhor só de proferir essas palavras. Sabia, por casos anteriores, que os pacientes frequentemente precisam de alguém para apoiá-los. Não se incomodava nem um pouco em desempenhar esse papel pelo castanho. Foi diminuindo os movimentos de seus dedos no rosto alheio até parar. O Kim mantinha os olhos fechados e uma pequena lágrima escorreu por sua bochecha. Sua mão deu pequenas batidinhas no espaço ao seu lado e o mais novo entendeu o pedido, sentando-se no local indicado. Os dedos foram entrelaçados cuidadosamente.

“Você não pode falar essas coisas para mim e esperar que eu aja naturalmente”, disse após um tempo, com a voz embargada pelas lágrimas.

“Desculpe, minha intenção não era fazer você chorar”, respondeu sincero.

               O dedão do Jeon fazia uma carícia discreta na mão entrelaçada à sua para acalmar o outro. Após mais alguns segundos silenciosos, os olhos acastanhados finalmente se abriram para fitá-lo. A mão livre do moreno secou as lágrimas que escorriam pela bochecha dourada, enquanto a do Kim puxou-lhe mais para perto e o envolveu em um abraço tranquilizador.

“Muito obrigado”, sussurrou por fim.

               Jeongguk sentia seu coração batendo veloz em seu peito. Não esperava essa reação do mais velho, porém não estava reclamando. Ele parecia tão feliz, emocionado, por tudo que ouviu. Queria poder abraçá-lo, reconfortá-lo, para sempre. Os dedos permaneciam entrelaçados e o moreno conseguia sentir faíscas pelo mínimo contato. A cabeça alheia se encontrava apoiada em seu ombro, vez ou outra movimentando minimamente para depositar beijos no local. Ele se sentia tão completo que não conseguia nem se preocupar com a possibilidade de serem flagrados. Estava quase adormecendo, ninado pela sensação extasiante que tomava conta de seu ser, quando foi desperto por Taehyung.

“Guk?”

“Sim?”

“Posso experimentar a cadeira de rodas?”, sua voz era fraquinha, como que com medo de destruir o momento.

“Tem certeza?”, a única resposta foi um aceno de cabeça. “Pode, sim.”

               A cadeira foi trazida para próximo do sofá a fim de facilitar a situação. O castanho, imediatamente, esticou os braços para pedir colo. Jeongguk envolveu a cintura alheia e sentiu o forte aperto em seu pescoço. Com cautela, levantou o corpo do assento do sofá e puxou-lhe até o objeto metálico. Alguns suspiros escapavam os lábios do Kim durante a transição, provavelmente, pela extensão brusca de seus joelhos. Ele abaixou o corpo com cautela até que o outro homem se encontrasse sentado. Seu rosto estava levemente retorcido por toda a movimentação.

“Está tudo bem?”, perguntou depois de observá-lo por alguns segundos.

“Sim, só estou me acostumando a essa sensação. Meus pés não se encaixaram ali no apoio”, sinalizou calmamente. Perante a inércia alheia, acrescentou: “Você não vai me ajudar?”.

               O mais novo sacudiu a cabeça em negação, com um sorriso estampando o rosto. Taehyung parecia verdadeiramente confuso.

“Você quem vai me ajudar. Quero que estimule suas musculaturas. Tente puxar os pés até o apoio, eu vou auxiliá-lo minimante com as mãos, ok?”

               O castanho concordou. Repetiu o hábito de fitar a parte do corpo que precisava movimentar e começou a puxar o pé. Após alguns segundos, as pernas já estavam tremendo em fadiga e seus pés não moveram um milímetro sequer. Um suspiro frustrado lhe escapou.

“Não desista, Tae. Faça novamente, dessa vez vou te ajudar.”

               Assim como prometido, Jeongguk se agachou e colocou as palmas da mão por baixo dos pés alheios. Ajudou-o a levantar até colocar cada pé em seu respectivo apoio. Taehyung sentia que todo o esforço era feito pelo outro, devido a sua fraqueza, mas nem por isso desistiu de forçar os músculos.

“Uau, isso realmente cansa”, levou as mãos até as próprias coxas, onde sentia queimar.

“No início é realmente difícil, mas é como seus braços: quanto mais estimularmos, mais fácil ficará. Tente começar a mover as pernas sozinho sempre que possível. Seu dever de casa vai ser contrair os músculos quantas vezes conseguir ao longo do dia”, o mais novo explicou pacientemente. Sabia que era frustrante não conseguir realizar o movimento por conta própria, porém não era nada inesperado para o início dessa etapa.

“Vou me esforçar”, prometeu e bateu continência com uma risada. “Agora, posso ir até minha mãe? Quero que ela veja minha nova forma de locomoção.”

               O Jeon se posicionou atrás da cadeira de rodas e começou a empurrá-la até a cozinha, onde, pelo cheiro de comida, esperava que Hyoji estivesse. Apesar de não ser capaz de ver o rosto alheio pela posição, conseguia sentir sua excitação.

“Meninos, o jantar est-”, a senhora Kim chamou alto, esperando que os meninos ouvissem da sala, mas interrompeu a si mesma ao virar e se deparar com os dois ali.

“Oi, mamãe”, Taehyung disse animado.

“Tae, que susto!”

“Desculpa, queria que você me visse assim. Agora não precisam mais ficar me carregando no colo”, explicou prontamente.

“Uma pena..”, o moreno sussurrou tão baixo que mal tinha certeza se o menino mais velho ouviu.

“Eu estou tão feliz de vê-lo sentado, filho. Quanto é essa cadeira, Jeongguk?”, a mulher questionou.

“Não se preocupe, tia Hyoji. Eu peguei emprestada no trabalho para que o Tae use o quanto precisar”, as pessoas dessa casa precisavam parar de tentar colocar dinheiro em tudo. “Eu trouxe para poder levá-lo para passear amanhã, tem problema?”, acrescentou em seguida. Lembrou-se que já tinha a aprovação do castanho, mas não podia dizer que também tinha a autorização da senhora Kim.

“Oh, que maravilhoso! Não tem problema algum, meu querido. Como eu poderia negar com esses sorrisos lindos nos rostinhos de vocês?”, soou brincalhona.

“Obrigado, mãe.”

“Agora”, voltou com um tom mais sério. “Vão lavar as mãos porque, como eu ia dizendo, o jantar está pronto.”

“Eu nã-”, antes que pudesse completar que não planejava jantar ali, foi interrompido.

“Jeongguk vai adorar jantar conosco, não é mesmo?”, Taehyung falou com um olhar que não aceitava contrarreações.

               O Jeon sentiu-se fraco por ser incapaz de negar-lhe qualquer coisa. Parecia impossível contradizê-lo. Lavaram as mãos, como foi ordenado, e seguiram para mesa. A única coisa que o mais novo conseguia pensar era em como o outro parecia radiante por poder se locomover mais facilmente. Antes de começaram a comer, propôs que esticasse as pernas para descansar um pouco, porém o mais velho negou veemente. Admirava-lhe a determinação. Saiu dali inspirado e decidido a continuar sendo seu ponto estável sempre que necessário.


Notas Finais


Mais alguém ansioso para conhecer o pequeno Jimin?


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