1. Spirit Fanfics >
  2. For Love And Blood (NaruHina) >
  3. Um Florescer Inesperado

História For Love And Blood (NaruHina) - Um Florescer Inesperado


Escrita por: DiihSAO

Notas do Autor


E aí. pessoal! Tudo bom? Espero que sim!

Hoje trago a vocês um capítulo recheado de NaruHina, como todos nós tanto amamos.

Admito que até o momento, esse foi o capítulo que mais gostei de escrever. E espero que gostem tanto quanto eu!

Desejo a todos uma ótima leitura!

Até as notas finais!

Capítulo 5 - Um Florescer Inesperado


 

Hinata caminhava distraída com seus muitos pensamentos. Sentia-se inquieta, como se algo agitasse-se dentro de seu estômago, causando-lhe calafrios. Não lembrava da última vez que sentira-se dessa forma, se é que já houvera se sentido assim antes.

Mais cedo, quando passou pelo salão e perguntou a Sasuke onde estava o Uzumaki, havia dito que precisava falar com o novato sobre seu combate contra o caçador, para tentar descobrir o porquê de aparentemente ele não ser afetado pelas armas abençoadas. De fato, isto havia deixado Hinata bastante intrigada, e era sem dúvida um dos motivos que a fez procurá-lo, mas não era o único.

Hinata ficara estranhamente preocupada com aquele rapaz, e como ele lidaria com tudo o que ocorrera. Embora estimasse cada um dos membros do seu grupo, não havia sentido-se dessa forma quando Sasuke foi ferido gravemente em seu primeiro confronto, e tampouco na ocasião em que Sakura quase fora raptada por caçadores. A única explicação plausível que a Hyuga conseguia encontrar para isso, era a de que Naruto foi o único entre eles transformado pessoalmente por ela. Tinha que ser isso, ou o que mais poderia ser?

Pensava agora na conversa que tivera com Naruto. A forma como ele pediu-lhe para chamá-lo pelo primeiro nome, o jeito como agiu ao saber que ela quem tinha transformado-o, a determinação em seus olhos quando afirmou que não negaria mais sua natureza, e o convite que fizera-lhe.

Em alguns momentos, já houvera sentido curiosidade sobre ir a cinemas e outros lugares frequentados pelas pessoas daquela época. Poderia facilmente ter ido a qualquer um deles, mas nunca tivera interesse o suficiente.

Dessa vez, quando Naruto lhe fez o convite, a mesma voz que a fez aceitar assistir aquele filme na noite passada, ecoou novamente em sua cabeça. E Hinata não se arrependia de tê-la ouvido.

— Ai! Qual é, Hina! Toma cuidado! — Exclamou Hanabi.

Hinata não percebera a garota agachada em um corredor acariciando seu gato, esbarrando-se nela e no bichano, que assustado, miou e escapou por uma porta entreaberta.

— Desculpe, Hanabi. Não te vi aí. — Disse Hinata, dissipando seu turbilhão de pensamentos.

— Tudo bem. — Disse Hanabi erguendo-se do chão. — Apenas me ajude a encontrar o gato, ele saiu correndo esbaforido com o susto, coitado!

— Perdoe-me Hanabi, mas realmente não posso. Preciso adiantar o que eu puder hoje, já que amanhã à noite sairei com Naruto e… — Hinata conteve-se ao ver a expressão de surpresa da irmã, que logo transformou-se em um largo sorriso.

— Como assim vai sair com Naruto? Onde vocês vão? — Questionou Hanabi com entusiasmo.

— Ele disse que ganhou dois ingressos para assistir a um filme no cinema, e convidou-me. E eu aceitei o convite. — Hinata falou calmamente, mantendo uma expressão apática.

— Cacete! Ele te chamou para um encontro! E você aceitou! — Exclamou Hanabi, boquiaberta.

— Apenas vamos assistir a um filme, Hanabi. O que isso tem de especial? — Hinata deu de ombros.

— Ah Hina, você é muito ingênua mesmo. — Disse a mais nova, revirando os olhos. — Sorte sua de me ter como irmã, vou te ajudar nisso!

— Do que você está falando, Hanabi? — Hinata tinha uma expressão confusa.

— Ah, nada! Deixa! — Hanabi puxou a irmã pela mão. — Venha, vou te ajudar a adiantar os seus assuntos, e amanhã te ajudo a se aprontar.

— Como assim me ajudar a me aprontar? Não é nenhum evento especial, Hanabi. — Hinata ainda não entedia a empolgação da irmã.

— Esquece, Hina! Só vamos logo. — Disse Hanabi, impaciente.

As irmãs dirigiram-se até a biblioteca. Hinata precisava preencher alguns papéis, revisar outros, além de fazer um relatório completo sobre o confronto contra o grupo de caçadores, para enviar à corte. No relatório, Hinata não fez menção a Naruto, sabia o alarde que poderia causar um vampiro imune a armas abençoadas. Preferia ela mesmo descobrir a razão disto, do que expô-lo à corte.

Entre um documento e outro, Hinata pegava-se sendo novamente arrastada pelo turbilhão de pensamentos sobre Naruto, e esforçava-se para manter-se concentrada. Hanabi ajudava a irmã como podia, e não deixou de notar sua desatenção.

— Está tão distraída com o quê, Hina? — Pergunta Hanabi, estranhando o comportamento incomum da irmã, sempre tão centrada em tudo o que fazia.

— Nada… — Respondeu Hinata, enquanto retomava aos seus papéis.

— Sei, sei. — Ironizou Hanabi.

O trabalho durou até o amanhecer, graças a Hanabi, Hinata conseguiu, mesmo distraindo-se, completar tudo o que precisava ser feito. Quando deitou-se em sua cama, Hinata estava tão cansada que o sono não demorou a alcançá-la.

 

†               †                †

 

Naruto acordou sentindo suas costas doerem. Abriu os olhos aos poucos e identificou que não estava em seu quarto. Então, logo se lembrou de todo ocorrido da noite anterior, desde o confronto até a sua conversa com Hinata, e o que fizera-o dormir ali mesmo no sofá: Tanto pensou no convite que fizera a morena, que quando deu por si, já havia adormecido.

Resmungando com as dores na coluna, ele dirigiu-se até seu quarto. Suspeitou que já deveria ser dia, pois toda a casa estava trancada novamente. Ao olhar seu celular, confirmou suas suspeitas, eram pouco mais de meio-dia, e para sua sorte, todos ainda pareciam dormir.

Tomou uma ducha a fim de livrar-se do cheiro de bebida e cigarros. Ao sair do banheiro encarou sua cama, enquanto passava uma toalha pelos cabelos úmidos, mas nem sequer pensou em dormir mais. Estava demasiadamente eufórico para isso.

Por mais que Naruto já tivesse saído com algumas garotas antes, sabia que Hinata definitivamente não era uma garota comum. E não apenas por ser uma vampira, mas também por ele nunca ter sentido-se assim por nenhuma outra.

Ao vestir-se, instintivamente puxou seu cordão para fora da camisa, e parou por um instante, segurando o pingente branco e refletindo consigo mesmo.

“Será que devo perguntar a ela sobre esse cordão? Se fosse um presente dela acho que teria me entregado na biblioteca…”

Os pensamentos de Naruto foram interrompidos por três batidas em sua porta.

— Naruto! Já está acordado? — Disse Ino do outro lado.

— E aí, Ino! Já acordei, sim! — Respondeu Naruto ao abrir a porta.

— E aí, loirinho! Tenho um recadinho da Sakura, ela já está acordada e quer falar algo com você. — Informou Ino, com um sorriso.

— Tudo bem, já estou indo. — Disse Naruto já saindo do quarto e fechando a porta atrás de si.

— Ela está no quarto dela, você sabe onde fica, não é? — Perguntou Ino, afastando-se para atender seu telefone celular, antes que Naruto pudesse responder.

Por sorte, ele recordava-se de Sasuke ter mencionado o quarto da rosada enquanto passavam por um corredor a alguns metros dali. Ao chegar no local, o loiro bateu suavemente na porta.

— Entre! — Disse Sakura, com uma voz tranquila.

Ao entrar, Naruto vê a garota deitada em sua cama, tendo Sasuke sentado ao seu lado. Naruto teve a leve impressão de que estavam de mãos dadas um segundo antes dele ter aberto a porta.

— Tô interrompendo alguma coisa? — Disse o loiro, coçando a nuca.

— Claro que não, idiota, entra logo! — Sasuke levantou-se rapidamente da cama enfiando as mãos nos bolsos.

Percebendo que o amigo ficara sem jeito, Naruto deu de ombros e adentrou o quarto, dirigindo-se à Sakura. A garota tinha faixas ao redor do braço e da coxa.

— Oi, Sakura! Como você está? — Perguntou Naruto, com tom de preocupação.

— Estou bem melhor, Naruto. E você, como vai? — A rosada retribuiu a pergunta com um terno sorriso.

— Ainda me acostumando com tudo o que aconteceu. — Disse Naruto e continuou. — Queria me desculpar contigo, Sakura. Se eu não tivesse sido tão idiota isso não teria acontecido com você.

— Tudo bem, não há nada para se desculpar. — Respondeu a rosada. — Mas fiquei bem impressionada com a atitude que você tomou.

— Confesso que eu também. Mas de uma coisa eu sei, jamais quero ver algum amigo meu se ferir na minha frente outra vez. Vocês são minha família agora. — Afirmou o loiro.

— Fico muito feliz em saber disso. Finalmente você está aceitando quem você se tornou. — A garota agora exibia um largo sorriso. — Agora, me diga uma coisa, Sasuke disse que você segurou sem se queimar a foice daquele caçador. Isso é mesmo verdade?

Naruto olhou para Sasuke que assentiu com a cabeça.

— Sim, é verdade. Não sei como consegui, mas foi como segurar um objeto qualquer. Não senti nada. — Explicou Naruto. — Ontem, conversei com a Hinata sobre isso e ela disse que com o tempo descobriríamos uma razão.

Sakura ouvia o amigo atentamente, quando novamente batem na porta. Dessa vez, tratava-se de uma empregada, Naruto reconheceu-a como sendo a mesma que lhe trouxe seu misto quente na tarde anterior. A moça agora tinha em mãos uma bandeja com três taças.

— Seu desejum, senhorita Haruno. E o seu, senhor Uchiha. — A empregada entregou as taças a Sakura e Sasuke e voltou-se para Naruto. — A senhorita Yamanaka informou que estaria aqui, senhor Uzumaki, então tomei a liberdade de trazer o seu desejum também.

A criada estendeu para Naruto a última taça que restara na bandeja. Sakura e Sasuke se entreolharam e esperaram a reação do loiro. Com um sorriso, Naruto pegou a taça e agradeceu a empregada, que logo retirou-se do quarto.

Naruto fitou seus amigos e depois o líquido carmesim em sua taça. Havia decidido aceitar aquilo e não voltaria atrás com sua palavra. Após um profundo suspiro, levou a taça aos lábios e bebeu um grande gole.

— A Hanabi tinha razão. — Disse o loiro. — Gelado é melhor.

Sakura riu e Sasuke abriu um sorriso de lado.

— Quantas vezes por dia preciso me alimentar de sangue? — Perguntou Naruto, bebendo mais de seu copo, fazendo questão de acostumar-se com o sabor.

— Uma ou duas vezes já é o suficiente, mas não há um limite. Pode beber sempre que sentir vontade ou precisar. — Explica Sasuke.

Naruto prestava atenção nas palavras do amigo e, quando deu por si, já segurava uma taça vazia entre as mãos. Sorriu orgulhoso, desejou que Hinata pudesse estar lá para vê-lo.

— Hoje a noite vamos dar um pulo lá na faculdade. — Informou Sasuke ainda bebendo da sua taça. — Já tem um tempo que não vamos, mesmo.

— Foi mal, cara. Mas hoje eu não vou poder ir… — Respondeu Naruto olhando para o chão.

— Por que não? — Indagou Sasuke. — Tem algum compromisso?

— Naruto! Aí está você! — Hanabi entrou pelo quarto fazendo um barulho estrondoso na porta, sem se preocupar em bater antes. — Que horas você e minha irmã vão ao cinema? Fiquei de ajudá-la a se aprontar, e preciso saber o horário que vocês vão. Já que a bela ainda está adormecida, vim perguntar à você.

Naruto fitava a garota com olhos arregalados, a mesma expressão de surpresa estava também no rosto de Sakura. Já Sasuke engasgou-se e expeliu uma boa quantidade de sangue da boca.

— Que foi, gente? — Disse Hanabi, com um tom de naturalidade.

— Naruto, você chamou a senhorita Hinata para ir ao cinema? — Sasuke, agora já recuperando-se do engasgo, pergunta ao amigo, embasbacado.

— Err… E-eu ganhei dois ingressos da minha avó, e como eu estava conversando com ela ontem a noite, perguntei se queria ir. — Naruto estava claramente tímido com a situação.

— E ela aceitou? — Sakura questionou, pasma.

— Bem… Sim. — Naruto sorriu sem graça.

— Gente! Eu tô aqui! — Hanabi balançava os braços sobre a cabeça. — Então, ainda preciso saber a hora em que vocês vão.

— Por volta das sete. Vou passar na casa dos meus avós antes para pegar os ingressos. — Respondeu o loiro.

— Certo! Depois a gente se vê! E Sakura, ainda bem que está melhor! — Hanabi sorriu e saiu do quarto tão rápida quanto entrou.

— Ainda não acredito no que acabei de ouvir, você convidou a senhorita Hinata para um encontro e ela aceitou? — Sakura ainda parecia extremamente surpresa, assim como Sasuke.

— Quem convidou a senhorita Hinata para um encontro? — Ino estava boquiaberta parada na porta, segurando o braço de Sai.

Naruto levou as mãos ao rosto. Sabia que houvera se tornado o assunto do momento agora. De fato, Ino soterrou o loiro de perguntas. Demorou alguns minutos até que Naruto conseguiu escapar, seguido de Sai e Sasuke, deixando as garotas ainda aos burburinhos no quarto.

— Cara, eu tô meio apreensivo com isso, e o estardalhaço das garotas só me deixou mais agitado. — Naruto caminhava ao lado de Sai e Sasuke coçando afobadamente o cabelo.

— Mas, de fato, é um acontecimento inédito. — Disse Sasuke. — Em todos esses cinco anos que estou aqui, nunca vi a senhorita Hinata sair com ninguém em particular.

— E olhe que já tentamos chamá-la para sair com o grupo algumas vezes. — Completou Sai. — Mas ela sempre parece estar ocupada demais para isso. Acabamos desistindo de tentar.

— Não fazia ideia de que ela não saía com vocês. — Disse Naruto. — Achei que seria um convite comum.

— De qualquer forma, ela não é uma garota comum, Naruto. Não se esqueça de que ela é nossa líder e mestra. Devemos respeito a ela. — Falou o Uchiha. — Você terá que se portar muito bem.

— Além do mais, as garotas adoram cavalheirismo. — Disse Sai, colocando as mãos atrás da nuca, despreocupadamente.

— Já sei, já sei! Não preciso que vocês fiquem me lembrando disso. — Exclamou Naruto, a cada minuto mais tenso.

 

†                †                †

 

Hinata passara a tarde em seu quarto. Após beber seu desejum, tentou prender sua atenção a um de seus velhos livros. As palavras lidas escapavam-lhe facilmente de sua concentração. E o relógio na parede, com seus lentos ponteiros, hoje parecia-lhe mais atraente do que a leitura.

Algumas horas depois o tic-tac fora substituído por batidas sonoras em sua porta. Hinata suspirou e levantou-se para abrir, já sabendo o que lhe aguardava.

— Cheguei! Vim te ajudar, como disse que faria! — Hanabi entrou, logo puxando a irmã pela mão em direção ao closet.

— Hanabi, isso realmente não é necessário. — Hinata mantinha um tom calmo.

— Você precisa comprar roupas novas. — Disse Hanabi, ignorando o comentário da irmã.

A garota passava cabide após cabide, vez ou outra colocando uma peça a frente do seu próprio corpo e descartando-a logo em seguida. Formando uma bagunça de roupas espalhadas ao chão.

— Tenho roupas o suficiente, Hanabi. — Disse Hinata. — Além do mais, já te disse que só irei ver um filme, não é nada demais.

Hinata dirigia suas palavras à Hanabi e a si própria. No fundo, sabia que também tentava convencer-se de que aquilo não era nada demais, ignorando a crescente inquietação que ainda lhe agitava o estômago, e da qual ela desconhecia o motivo.

— Achei! Isso aqui é perfeito! — Exclamou Hanabi.

— Hanabi, ainda acho isso um exagero. — Disse Hinata, olhando as peças de roupa escolhidas pela irmã.

— Você por um acaso sabe como as pessoas se vestem para ir ao cinema? — Questionou Hanabi, e após receber um silêncio como resposta, concluiu. — Foi o que pensei!

A mais nova, ainda recolheu um par de calçados antes de sair do closet e jogar tudo sobre a cama de Hinata.

— Está tudo aí, não demore a se aprontar! Não vai querer deixar o Naruto mais descabelado do que ele já está. — Disse Hanabi.

— Como assim, descabelado? — Hinata pareceu confusa.

— Mais cedo fui ao encontro dele para saber a hora em que vocês sairiam, o encontrei com Sakura e Sasuke, e ele ficou todo agitado e sem graça quando lhe fiz a pergunta. — Explicou a garota.

— Mas por que ele ficaria assim? — Disse Hinata, ainda sem entender.

— Ah nada, deixa pra lá, Hina. — Hanabi deu de ombros. — Tenho fé que um dia sua ficha cai.

A garota saiu do quarto deixando Hinata ainda com uma expressão confusa. Ao olhar para o relógio, Hinata achou prudente seguir o conselho da irmã e ir aprontar-se.

“Um banho será um bom começo.” Pensou Hinata, enquanto dirigia-se ao banheiro.

 

†                †                †

 

Naruto demorou um pouco mais de tempo do que o habitual para se arrumar. Ainda assim, graças às compras feitas com a ajuda de Sakura, escolher o que vestir fora mais fácil do que ele imaginava.

Sua escolha foi uma camisa preta de linho, cuja as mangas estavam dobradas à altura dos cotovelos, e os botões frontais abertos o suficiente para deixar a mostra o pingente branco em seu pescoço. Escolheu ainda, uma calça jeans em tom escuro, com pequenos rasgos nos joelhos e um par de coturnos pretos.

Os cabelos mantinham o mesmo aspecto despreocupadamente espetado, com alguns fios caindo-lhe sobre a testa. Naruto não quis demorar-se procurando defeitos em si próprio frente ao espelho, então, após uma breve olhada em seu reflexo, logo saiu de seu quarto.

Ainda no corredor encontrou Sasuke, que ao vê-lo retirou uma pistola prateada do cós de sua calça e estendeu-a ao loiro.

— Leve isso com você, Naruto. — Disse Sasuke. — Já está carregada.

— Sasuke, eu não vou para nenhum confronto. Pra quê isso? — Questionou Naruto.

— É sempre bom estar preparado para tudo. — O Uchiha tinha um tom de voz sério. — Além do mais, os caçadores devem estar mais atiçados do que o normal depois do nosso último combate. Tome cuidado, Naruto.

— Tudo bem, tudo bem! — Disse Naruto pegando a pistola e guardando-a no cós de sua própria calça. — Se vai te deixar mais tranquilo, eu levo. Mas não vai acontecer nada.

O loiro desceu as escadas, acompanhado do amigo, e para seu desagrado parecia que todos esperavam por ele sentados nos sofás do salão. Até mesmo Sakura estava lá, com o braço e coxa ainda enfaixados.

— Parece que a Ino fez questão que contar para todos desta casa sobre o seu pequeno passeio. — Sasuke falou baixo, enquanto desciam a escadaria. — Até mesmo o gato da senhorita Hanabi deve ter sido informado.

Naruto suspirou fundo. Ao chegarem no salão, os amigos foram recebidos por Neji, que caminhou lentamente ao encontro deles.

— Sasuke, por favor, me permita um minuto de conversa com Naruto, sim? — Pediu Neji.

— Está bem. — Sasuke deu de ombros e juntou-se aos demais nos sofás.

Naruto encarava Neji curioso, aguardando o que o Hyuga teria para dizer-lhe.

— Ouça bem, Naruto. — Começou o moreno. — Por mais que ache inadequado, não interferirei neste seu passeio com a senhorita Hinata. Afinal, essa foi uma decisão tomada por ela, e não cabe a mim questionar.

O loiro observava Neji com cautela, tentando adivinhar onde o garoto queria chegar com aquela conversa.

— Devo porém, alertá-lo de que ela não é como as garotas humanas que você deve estar acostumado a sair. — Continuou o Hyuga.

— Já fui alertado sobre isso, Neji. — Naruto retrucou, já cansado de ouvir as mesmas palavras sobre Hinata.

— Ótimo. — Neji semicerrou os olhos ao continuar a falar. — Mas é sempre bom ressaltar. Espero que você mantenha a compostura, Uzumaki.

— Prometo me comportar, Neji. — Disse Naruto calmamente, ignorando o tom ameaçador do moreno.

— Aff, Neji! Pare de encher o saco do Naruto! — Hanabi apareceu de repente ao lado de Naruto, puxando o loiro pelo braço para longe de seu primo. — Não liga pro Neji, ele à vezes é um chato de galocha!

— Obrigado Hanabi. — Agradeceu Naruto com um sorriso.

— E aí, como você está? — Perguntou a garota retribuindo o sorriso.

— Meio nervoso com tudo isso. — Admitiu o loiro.

— Ah, relaxa. — Falou Hanabi — A parte mais difícil, que é desenfurnar minha irmã dessa casa, você já conseguiu.

Naruto não teve tempo para responder. Todas as cabeças presentes no salão viraram-se em direção ao topo da escadaria, e Naruto fez o mesmo. Hinata estava chegando.

A Hyuga não pareceu incomodar-se com todos os olhares sobre ela, e elegantemente desceu as escadas. Usava uma blusa preta de mangas longas, que ajustava-se perfeitamente em seu corpo. Uma leve transparência sobre o colo e nas mangas destacava-se pela pele extremamente clara da garota. Usava ainda, uma saia pregueada um pouco acima dos joelhos, e botas na altura dos tornozelos, ambas também na cor preta.

Pulseiras prateadas adornavam-lhe o pulso, e o cabelo solto escorria sobre seus ombros. No rosto, usava apenas um batom levemente rosado, ainda assim, era o suficiente para ser, de longe, a garota mais linda já vista por Naruto.

Naruto não prestou atenção se seus amigos estariam tão embasbacados quanto ele diante da beleza de Hinata. Não conseguia desviar o olhar dela. Tentava controlar seu ritmo cardíaco frenético, enquanto a morena caminhava em sua direção, olhando diretamente em seus olhos.

— Estou pronta, Naruto. — Disse Hinata calmamente, ainda sem desviar o olhar do loiro. — Podemos partir quando quiser.

— Err… Claro! — Naruto piscou algumas vezes e tirou seus olhos de dentro do olhar perolado de Hinata.

Sentia-se tão exposto perante aquele olhar, como se a garota pudesse ler seus pensamentos e perceber facilmente o misto de emoções que ele tentava disfarçar. Ao mesmo tempo, não incomodava-se em ter os olhos penetrantes da Hyuga sobre si. De certa forma, fazia-o sentir-se importante, e o principal, fazia tudo a sua volta desaparecer; seus medos, seus problemas, e por um momento, até mesmo o olhar curioso de seus parceiros de clã sobre eles.

Naruto não demorou despedindo-se dos amigos, e não olhou diretamente para eles quando o fez.

— Vamos pessoal, temos aula hoje. Desse jeito vamos nos atrasar! — Tenten bateu palmas e dispersou o grupo que ainda encarava Naruto e Hinata enquanto os mesmos saíam do salão.

— Vem Sakura, vou te fazer companhia essa noite! — Disse Hanabi, e após ajudar a rosada a levantar-se, ambas também deixaram o local.

Naruto caminhou ao lado de Hinata até a garagem. Vez ou outra, não resistia ao impulso de olhá-la rapidamente, achando inocentemente que seus olhares passariam despercebidos pela garota.

— Algum problema? Me vesti inadequadamente para a ocasião? — Perguntou Hinata, olhando fixamente para o caminho à sua frente.

— N-Não! Não é isso. — Disse Naruto, já enrubescendo de vergonha. — É que você está… linda, hoje. Quer dizer, não que você também não esteja nos outros dias… É que… Eu… Err.

— Bom, obrigada. Você também está ótimo. — Hinata retribuiu o elogio olhando para o loiro, mas mantendo uma expressão apática.

Naruto riu e coçou a nuca, a essa altura já chegando à garagem.

— Como você prefere ir? — Perguntou o loiro.

— Pode ser em seu carro. — Respondeu Hinata e, ao chegar próxima ao veículo, acrescentou. — Belo automóvel, você fez uma boa escolha.

— Obrigado! — Naruto riu e apressou-se para abrir a porta para Hinata antes que ela o fizesse.

Ao também entrar no automóvel, Naruto fitou por um momento o painel do mesmo, impressionado com a quantidade de funcionalidades ali apresentadas.

— Uau! Isso é bem diferente do calhambeque do velho! — Disse Naruto boquiaberto. — Eu ainda não havia visto o carro por dentro.

— Realmente é muito bonito. — Concordou a morena.

Antes de dar a partida, o loiro retirou a pistola da cintura e guardou-a no porta-luvas. Hinata permaneceu indiferente à arma, já que ela mesma tinha uma pistola de menor porte presa em um coldre na sua coxa direita.

O carro vibrou quando o motor foi ligado, indicando a potência da máquina. Com um ronco estrondoso o veículo saiu da garagem.

A neve caía novamente, um pouco mais fraca que na noite anterior, mas, ainda assim, o suficiente para fazer Naruto redobrar o cuidado perante o solo escorregadio.

O silêncio predominou no veículo por alguns minutos. Hinata não se importava, havia acostumado-se com a quietude já há muito tempo. Já Naruto sentia-se incomodado e inquieto.

— Se quiser, pode ligar o rádio e escolher alguma música. — Sugeriu o loiro.

— Tudo bem. — A Hyuga ligou o rádio e passou por algumas estações antes de selecionar uma. Então, o silêncio foi preenchido pela canção que Hinata escolhera.

 

There used to be a graying tower alone on the sea
(Costumava existir uma torre acinzentada sozinha no mar)
You became the light on the dark side of me
(Você se tornou a luz no meu lado obscuro)
Love remained a drug that's the high and not the pill
(O amor continua sendo a droga que dá uma onda, sem uso de pílulas)
Did you know. When it snows my eyes become large
(Mas você sabia. Que quando neva meus olhos se tornam maiores)
and the light that you shine can be seen?

(e a luz que você emite pode ser vista?)

 

Naruto ficou surpreso com a escolha de Hinata. Conhecia bem aquela música, era uma de suas favoritas.

— Adoro essa música. — Comentou Naruto.

— Gosto muito, também. — Hinata olhava os pequenos flocos de neve que caiam sobre o para-brisa do veículo.

 

Baby, I compare you to a kiss from a rose on the grey
(Amor, eu comparo você ao beijo de uma rosa no cinzento.)
The more I get of you, stranger it feels, yeah
(Quanto mais eu recebo de você, mais estranha é a sensação, sim)
And now that your rose is in bloom
(E agora que a sua rosa está desabrochando)
A light hits the gloom on the grey

(Uma luz atinge a escuridão do cinzento.)
 

Naruto percebeu, ainda que sem graça, que a canção mudara completamente o clima dentro do carro. Haviam tantas coisas que desejava falar à garota ao seu lado, mas como poderia? E será que deveria? Afinal, essa era a primeira vez que estavam saindo juntos e, como os outros repetiram diversas vezes a ele naquele dia, ela era uma garota diferente de qualquer outra. Estava bem ali, a centímetros dele, e ainda assim, parecia tão distante quanto constelações.

— Hinata… Err… — Naruto tentava encontrar palavras. — Obrigado. Obrigado por ter aceito meu convite.

Hinata encarou o loiro por um instante, um tanto surpresa com o agradecimento. Naruto parecia tenso, enquanto olhava fixamente para a estrada, os olhos azuis brilhavam à luz dos faróis dos carros que passavam na estrada contraria a deles. A estranha inquietação voltou a alvoroçar seu estômago, antes que ela fitasse novamente o para-brisa.

— Eu que agradeço o convite. — Respondeu a morena. — Sua companhia é muito agradável.

Naruto sorriu, segurando-se para não alargar o sorriso de orelha a orelha, tamanho deleite que sentiu ao ouvir aquelas palavras.

 

There is so much a man can tell you
(Existe tanta coisa que um homem pode contar a você)
So much he can say
(Tanto que ele pode dizer)
You remain my power, my pleasure, my pain, baby
(Você permanece meu poder, meu prazer, minha dor, amor)
To me you're like a growing addiction that I can't deny
(Para mim você é como um vício crescente que eu não posso negar)

 

Prendendo sua atenção a letra da música, Naruto pensou consigo mesmo que ela nunca fizera tanto sentido quanto agora. Estava cada vez mais viciado na presença de Hinata; no tom calmo de sua voz; nesses pequenos instantes em que seu coração acelerava-se; na alegria que, mesmo sem saber, ela lhe proporcionava. Não sabia onde isso o levaria, se estaria apenas iludindo-se no final das contas. E no momento, não importava-se.

Alguns minutos depois, Naruto parou o carro, já na frente da casa de seus avós.

— Chegamos. — Informou o loiro. — Devo te dizer que meus avós são um pouco… Eufóricos demais, então não leve tão a sério o que eles dizem. Se você preferir esperar aqui não tem problema algum.

— Tudo bem, eu vou com você. — Disse Hinata, já tirando o cinto de segurança.

A Hyuga saiu do veículo olhando ao redor, a rua de aparência simples estava desértica. Naruto observou-a caminhar calmamente até a porta da casa, flocos de neve grudavam reluzentes em seus cabelos, como estrelas no céu noturno.

— Já te peço desculpas antecipadas por isso. — Naruto suspirou pesadamente antes de tocar a campainha.

Antes que Hinata pudesse responder, uma mulher loira abriu a porta.

— Naruto! Até que enfim você apareceu! — Tsunade abraçou apertado o neto.

— Oi vó, também não precisa me sufocar! — Disse Naruto rindo, soltando-se do aperto dos braços da mais velha e virando-se para Hinata. — Vó, esta é uma amiga, Hinata Hyuga. Hinata, esta é minha vó, Tsunade.

Tsunade arregalou os olhos surpresa.

— É um prazer conhecê-la. Não sabia que Naruto tinha chamado uma moça tão linda para ir ao cinema. — A loira sorriu para Hinata e depois para o neto, que revirou os olhos.

— O prazer é meu, senhora Tsunade. — Respondeu educadamente a Hyuga.

— Senhora não, meu bem. Só Tsunade, por favor. — Pediu Tsunade amistosamente. — Entrem, está um gelo aí fora!

Ao entrarem, Hinata olhou atentamente a casa simples e aconchegante. Fazia muito tempo que não entrava em um local assim.

— Jiraya venha cá! Naruto chegou e trouxe companhia! — Tsunade gritou ao pé da escada e logo Jiraya apareceu, descendo-as.

— E aí Naruto como vai? — O albino cumprimentou Naruto com um abraço e alguns tapinhas nas costas. — Não sabia que traria sua namorada! Ela é muito linda!

— Não vô! — Retrucou Naruto embaraçado. — Ela é apenas uma amiga.

— Que pena! Vocês fariam um belo casal. Não é, Tsunade? — Jiraya falava animadamente.

— Sim, é verdade! — Concordou a loira, fazendo um sinal de positivo com os polegares.

Naruto estava morto de vergonha. Hinata apenas ouvia tudo com uma expressão complacente.

— Sou Jiraya, minha querida. Muito prazer! — O albino estendeu a mão para cumprimentar Hinata.

— Hinata Hyuga. O prazer é meu, senhor Jiraya. — A morena retribuiu o aperto de mão.

— Naruto, já que está aqui venha me ajudar a colocar umas caixas de livros no carro, preciso levar algumas para o evento. — Pediu Jiraya.

— Certo, mas não podemos demorar muito. — Disse o loiro, virando-se para Hinata antes de seguir seu avô. — Eu volto logo.

— Tudo bem, Naruto. — Hinata viu-se agora sozinha com Tsunade na sala.

A loira indicou um dos sofás para Hinata sentar-se, sentando-se também ao seu lado.

— Então, Hinata. Onde vocês se conheceram? — Questionou Tsunade, ainda sorrindo.

— Na faculdade. Estamos na mesma sala. — A morena respondeu com uma voz serena.

— Entendo, o Naruto tem se portado direito? Ele é bem cabeça oca às vezes. — Tsunade riu.

— Sim, eu prezo muito a companhia dele. — Respondeu a Hyuga.

— Que bom! Hinata, querida, sei que não nos conhecemos bem, mas posso te fazer um pedido como avó do Naruto? — Pergunta Tsunade, recebendo como resposta um aceno positivo de Hinata. — Cuide bem dele. Sabe, o Naruto é bem extrovertido, às vezes um pouco abobado, mas é um ótimo rapaz. Ele nunca conheceu seus pais, e eu e o Jiraya cuidamos dele como um filho, e o amamos dessa forma também. Não sei que tipo de sentimento ele tem por você, mas acho que ele te considera muito, já que nunca havia trazido nenhuma garota para nos apresentar antes. Sempre dizia que não havia nenhuma que valia a pena apresentar, quando perguntávamos.

— Pode deixar, farei todo o possível para mantê-lo bem. — Respondeu Hinata, procurando ainda absorver tudo o que fora dito pela loira.

Nesse momento, Naruto retornou a sala tendo Jiraya em seu encalço.

— Precisamos ir agora. Não quero perder o início do filme. — Disse o loiro já dirigindo-se para despedir-se da avó. — Onde estão os ingressos, vó?

— Aqui, Naruto. — Tsunade pegou um pequeno envelope em uma estante e entregou ao neto, puxando-o para mais um abraço. — Vê se aparece mais vezes, garoto! Se cuide e cuide bem da Hinata, ela é uma ótima garota.

— Tá bem, vó. — Respondeu o loiro, acenando para o avô e já caminhando para a porta.

— Foi um prazer, espero vê-los novamente. — Disse Hinata, e seguiu Naruto porta afora.

— Volte sempre que quiser, querida! Bom filme! — Tsunade acenou antes de fechar a porta e dirigir-se a Jiraya. — Você reparou, Jiraya?

— Sim, eu notei. Quem diria que nosso Naruto acabaria no meio disso tudo. — Respondeu o albino.

— Pelo menos são os Hyuga. — Suspirou Tsunade. — Venha, não vamos deixar seus leitores esperando.

 

†                †                †

 

O carro movimentava-se velozmente a caminho do cinema, já os pensamentos de Hinata haviam ficado naquela casa, e em tudo o que Tsunade lhe falara. Havia gostado da conversa, teve vontade de prolongá-la, não sabia o porquê, mas queria saber mais sobre Naruto. Ficou especialmente curiosa sobre a razão do loiro nunca ter levado nenhuma garota até lá, antes dela.

— Minha vó não te deixou sem graça enquanto eu não estava, não é? — Perguntou o loiro, interrompendo os pensamentos de Hinata.

— Não. Eu gostei dela. — Disse Hinata. — Ela me disse que você nunca levou nenhuma outra garota lá.

— Err… Verdade. — Naruto perguntava-se até onde era possível ficar tão sem jeito em uma única noite. — Você é a primeira.

— Por que? — Hinata estava genuinamente curiosa.

Naruto quase avançou um sinal, suas mãos suavam ao volante.

— A-acho que… Nunca conheci ninguém que fosse importante a esse ponto. E-especialmente garotas. Na verdade, nunca levei muita gente lá, além do Sasuke. — Explicou o loiro.

— Entendo, e porquê me levou? — Perguntou Hinata, estranhando a própria curiosidade.

— Porque… Bem, porque você é importante. — Admitiu Naruto, grato por finalmente estar frente ao cinema. — Chegamos!

Após estacionar o carro, Naruto apressou-se para abrir a porta para Hinata. A morena saiu do veículo e parou diante do cinema, apreciando sua fachada inteiramente feita em vidro. Haviam holofotes emitindo fortes luzes roxas ao redor do edifício, e um grande letreiro luminoso acima da entrada anunciava os diversos filmes em cartaz.

Um carpete vermelho cobria todo o chão do hall de entrada, nas paredes haviam dezenas de cartazes de filmes e estrelas de cinema desta e de outras épocas. Havia uma grande movimentação de pessoas ali, e Naruto notava o quanto a Hyuga destacava-se dos demais, chamando atenção sem fazer esforço algum. A morena, no entanto, permanecia alheia aos olhares, atenta, ela observava cada detalhe do local.

— O que acha de comprarmos pipoca? — Perguntou o loiro sorrindo.

— Claro. — Hinata desviou sua atenção para Naruto, seguindo o rapaz até uma bancada de onde vinha um delicioso aroma amanteigado.

Naruto comprou um enorme balde de pipoca e dois grandes copos com refrigerante. O loiro entregou um dos copos para Hinata e esforçou-se para abrir caminho pelo aglomerado de pessoas até a sala onde o filme seria exibido, sem derrubar a pipoca que transbordava o balde.

Um funcionário sorridente estava à porta da sala recolhendo os ingressos.

— Hinata, poderia pegar os ingressos para mim, por favor? — Naruto pede, segurando o balde de pipoca em uma mão e o copo em outra. — Estão nos bolsos de trás.

Atendendo ao loiro, Hinata pegou os ingressos e entregou-os ao funcionário, que a fitou aparentemente encantado com a beleza incomum a sua frente, antes de ver Naruto ao seu lado e exclamar com um sorriso:

— Bom filme ao casal!

— Obrigada. — Disse Hinata, passando pelo homem e entrando na sala ao lado de Naruto.

“Será que ela reparou que aquele cara nos tratou como um casal?” Naruto perguntava-se. Não sabia a resposta, mas sentiu-se feliz e orgulhoso por isso.

As luzes do local ainda estavam acessas. Hinata olhou admirada a tela gigante e as várias poltronas vermelhas que estendiam-se ao longo da enorme sala. Grande parte dos lugares já estava ocupada, e não foi difícil para Naruto achar os seus. O loiro precisou esforçar-se um pouco mais para passar por entre as filas de poltronas, enquanto Hinata o seguia sem problemas.

Ao chegar aos assentos, Naruto acomodou-se colocando o balde de pipoca entre ele e Hinata. Não demorou muito para as luzes apagarem-se e o filme começar.

Hinata assistia ao filme interessando-se pela trama, já Naruto empenhava-se para conseguir concentra-se na tela. A pipoca já estava na metade quando Hinata estendeu a mão dentro do balde ao mesmo tempo que Naruto também o fez.

As mãos esbarraram-se acidentalmente, e o toque causou uma estranha sensação na Hyuga, como se uma pequena corrente elétrica percorresse seu corpo. Ainda assim, ela permaneceu estática por alguns segundos antes de encarar o loiro, e perceber que os olhos azuis já estavam sobre ela.

— De-desculpe. — Naruto sussurrou, retirando sua mão do balde e retornando o olhar para a tela.

— Não precisa desculpar-se. — Hinata também sussurrou. Sentia seus batimentos cardíacos estranhamente irregulares.

Naruto agora estava certo de que seria inútil qualquer tentativa de atentar-se ao filme. A sensação do toque dela ainda estava em seus dedos. “Por que ela não tirou a mão? Em vez disso apenas me olhou nos olhos. E por que eu tirei a mão? Que idiota você, Naruto!” O loiro falava consigo mesmo mentalmente.

Alguns minutos passaram-se e Naruto deteve-se em apanhar mais pipoca do balde. Contentou-se apenas em beber seu refrigerante, logo sendo tomado pela vontade de urinar.

— Vou ao banheiro. Já volto. — Naruto sussurrou para Hinata, levantando-se.

— Está bem. — Murmurou a morena.

Após usar o banheiro, Naruto parou diante do espelho, molhando as mãos e levando-as ao rosto. Agradecido por vampiros não serem cardíacos. Respirou fundo e retornou a sala de cinema.

Ao sentar-se novamente reparou que Hinata provavelmente já comera toda a pipoca, já que o balde não estava mais ali. Disposto a aliviar a tensão em seus músculos, aconchegou-se da maneira mais confortável possível no assento, estendendo as mãos sobre os braços da poltrona.

Naruto prendeu a respiração ao sentir uma delicada mão abaixo de onde ele colocara a sua. Os olhos arregalados, a respiração curta, gotas de suor surgiam em sua testa. Pelo canto do olho, ele viu que Hinata estava parada, olhando fixamente para a tela, não parecia sequer reparar sua mão ali. “Outra vez! Ok, essa é minha segunda chance! Vamos lá, seu idiota, não ouse tirar a mão de novo.” Naruto pensava consigo mesmo.

Hinata permaneceu imóvel por fora, enquanto um furacão de sensações e sentimentos desconhecidos a implodia internamente. A mão de Naruto era quente e confortável. A Hyuga moveu os dedos delicadamente até que estes encaixaram-se perfeitamente aos de Naruto, e então, segurou a mão do loiro, mantendo-a ali, sobre a sua.

O coração de Naruto ameaçou falhar, ao menor movimento da garota o loiro pensou que certamente ela tiraria a mão, mas ao invés disso, ali estava ela segurando gentilmente seus dedos. Como se o pedisse para permanecer daquele jeito. E ele permaneceu. Deleitando-se do encaixe de suas mãos.

Naruto não percebeu que o filme acabara até que as luzes da sala repentinamente acenderam. Com certo receio, olhou para Hinata, que retribuiu o olhar. Desviou os olhos para as mãos, ainda encaixadas, e depois encarou a garota novamente.

— Tu-tudo bem? — Perguntou Naruto, mesmo temendo uma resposta negativa.

— Está sim. — Respondeu Hinata gentilmente, olhando de forma serena para o loiro.

Nenhum dos dois fez menção de soltar a mão do outro.

— Vamos? — Indicou Naruto, ainda que sua vontade fosse de permanecer ali.

Hinata assentiu com a cabeça. Caminharam até a saída da sala e depois até a porta do cinema, ainda com as mãos entrelaçadas. Diversos olhares desejosos e invejosos os seguiam, Naruto pouco importava-se. Sua felicidade, naquele momento, era bem maior que sua timidez.

Ao chegarem ao veículo, Naruto, a contragosto, teve que soltar a mão da garota. Abriu a porta para Hinata entrar no carro, e em seguida tomou seu lugar frente ao volante.

O silêncio pairou dentro do automóvel. Cada um deles estava perdido demais em seus próprios pensamentos. Até que o celular de Hinata tocou.

— Boa noite, Kakashi. — Atendeu a Hyuga após verificar o nome do professor na tela.

— Boa noite, senhorita Hinata. — Respondeu Kakashi do outro lado da linha.

— O que deseja? Algum problema? — Hinata logo abandonou a expressão serena, substituindo-a por uma apática.

— Não, apenas entrei em contato com meu informante. Ele disse que os caçadores estão muito atentos e apreensivos com o ocorrido envolvendo Naruto e a arma abençoada. Eu gostaria de sugerir que intensificássemos os treinamentos, mais especificamente os treinos do Naruto. — Explicou Kakashi.

— Certo. Também já havia pensado sobre isso. Estou de acordo com a ideia, mas eu mesma me encarregarei do treinamento dele. — Disse Hinata.

— Muito bem, então. Me encarregarei de treinar os demais membros. Avisarei se receber mais informações. Até logo. — Despediu-se Kakashi, encerrando a ligação.

— Algum problema, Hinata? — Naruto perguntou mantendo a atenção na estrada.

— Não, nenhum. — Respondeu a morena. — Na verdade, eu iria dizer-lhe que passaremos a treinar juntos agora, enquanto Kakashi intensificará o treino com os demais. Infelizmente, parece que você ficou famoso entre os caçadores dessa região.

— Certo, tudo bem. — Respondeu Naruto, sentia-se apreensivo diante da ameaça dos caçadores, mas também sentia-se feliz pela oportunidade de passar mais tempo com Hinata.

Em alguns minutos o carro de Naruto já adentrava a garagem da residência. Mais uma vez, ele abriu a porta para a Hyuga e caminhou silenciosamente com ela até o salão vazio.

— Então, o que achou do cinema? — Perguntou o loiro, meio sem jeito.

— Foi ótimo, confesso que não imaginei que seria assim. — Respondeu Hinata, olhando-o nos olhos.

— Eu adorei… A-a gente poderia, depois… Qualquer dia… Sair de novo assim. — Naruto tentava sustentar seu olhar ao dela.

— Claro. Eu adoraria. — Hinata respondeu, e um leve sorriso floresceu em seus lábios. — Bem, boa noite, Naruto. Obrigada pelo cinema.

— Boa noite, Hinata. — Naruto sorria também, e continuou a sorrir após Hinata subir as escadarias e desaparecer de sua visão.

 

(O breve sorriso de Hinata, perdurou nos pensamentos de Naruto. Apenas em março terminaria o inverno em Londres, mas para Naruto aquele sorriso significava tanto quanto o desabrochar da primeira rosa da primavera.)

 


Notas Finais


E aí, gente!

Tivemos, enfim, o primeiro grande momento do nosso casal!

Fiquei muito ansioso enquanto estava escrevendo, e repensei várias e várias vezes algumas cenas do capítulo, até ter certeza de que estaria tudo à altura, e espero ter conseguido.

Posso garantir que essa noite deixou marcas em ambos, e essas marcas refletirão em uma maior proximidade de agora em diante.

Quanto a música tocada no carro, eu já a conhecia a muito tempo e sempre foi uma de minhas preferidas. Logo ela me veio a cabeça quando imaginei uma trilha sonora para esse momento. Ao meu ver, a letra combinou perfeitamente com a situação e os sentimentos.
Abaixo deixo o link, para quem tiver interesse de ouvi-la. Eu recomendo bastante!

Link: https://www.youtube.com/watch?v=YdY5XPZFSdw

Deixo, mais uma vez minha gratidão à todos que leram. Muito obrigado!

Até o próximo capítulo! Tenham um ótimo final de semana!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...