História Fora de Alcance - O Homem de dentes brancos e alinhados

Sakura POV's On

Me peguei olhando para a paisagem da minha cidade natal, meus pés estavam gelados, não seria para menos, eu estava descalça. O dia estava nascendo e eu estava ali na varanda de um hotel, debruçada sobre o guarda-corpo, apenas com um lençol em torno de mim. A brisa já não era fria como há algumas semanas, o verão estava chegando, o que me fez lembrar… Minhas férias, que quase estavam completando três meses, estavam chegando ao fim, assim como a primavera. O momento do meu retorno estava próximo, seria ridículo eu adiar, tenho muito a provar para eu mesma e a ELE.

Depois de uma última respirada de ar fresco, dei as costas a paisagem e voltei para o interior do quarto, sentei-me na poltrona disponível no ambiente. Diante dos meus olhos estavam a cama bagunçada e sobre ela, um homem, mas não era nenhum qualquer, era a pessoa que me ensinara a dominar meu corpo e meus prazeres. Dono de um corpo lindo, de um rosto que arranca suspiros…

Nem eu mesma tenho sido capaz de me reconhecer, não pensei que passar algumas semanas me conhecendo e me permitindo ser melhor me fariam mudar tanto… E quando me refiro a mudar, me refiro à por dentro e por fora. A começar pelo fato de descaradamente olhar um homem nu dormindo e estar relembrando tudo o que fizemos sobre esta confortável cama, sem sequer esquentar as bochechas.

O homem de pele clara abre os olhos, acredito que os raios solares que se abriram devagar e que invadiram pela janela, o atrapalharam, ele me fitou com cara de sono. - Bom dia!

- Bom dia. - eu disse cruzando as pernas.

- Acho que peguei no sono, desculpe, mas você acabou comigo. - ele sorriu ajeitando-se, sentou-se na cama com as pernas abertas, apoiava seus cotovelos nos joelhos, enquanto uma mão remexia seus cabelos bagunçados. Seu olhar era lindo, uma mistura de definições indefinidas, algo como indiferença e desejo.

-Não seja bobo! Posso dizer o mesmo de você. - levantei, deixando o lençol cair e expor meu corpo despido.

-Isso é um convite? - ele saiu de sua posição em um pulo e andou em minha direção.

-Não. - dei de ombros, procurando pelo chão as minhas roupas. - Até porquê, você já teve o bastante de mim, não acha?- eu sorri de canto, não demorou para que eu sentisse meu pescoço ser tomado por seus lábios e suas mãos me puxarem pela cintura.

-Eu nunca me darei por satisfeito… Já disse que te amo! - aquele homem de braços fortes me jogou na cama e eu sorri maliciosamente, ver aquele rosto com tesão era incrível, mais ainda, ver como ele conseguia me erguer de forma tão fácil, me sentia uma boneca em suas mãos, mas uma boneca que queria ser pega e tirada do chão. Puxei-o para um beijo, aquele apaixonado de língua, senti-me excitada ao perceber sua ereção roçando em mim, aguardando pelo encaixe perfeito.

- E eu devo acreditar nisso? - disse após uma pausa do beijo, em busca de ar, o homem de pele clara fechou seu rosto, ele odiava a minha criticidade, eu havia extinguido qualquer crença no amor.

-Tsc… - ele resmungou algo que eu sequer consegui ouvir, mas eu ignorei seu desgosto e com a mão direita fiz o que eu queria ao senti-lo duro, encaixei-o em mim, o apaixonado jogou sua cabeça para trás, suas investidas me faziam gemer e conforme a velocidade aumentava, mais altos eram eles. Cruzei minhas pernas atrás de sua cintura, eu podia senti-lo perfeitamente, o suor caia de seu cabelo e seus dentes brancos e alinhados mordiam firmemente seus lábios, uma de suas mãos agarrava os cabelos da minha nuca e a outra o meu seio direito.

- Você-está-cada-vez… - ele silabava suas falas conforme seus movimentos, eu sabia que não demoraria a gozar, afinal, era sempre assim quando eu o provocava, ainda mais por se tratar de um sexo matinal. - mais-gosto-sa-e-malva-da. - gozou. Seu corpo de, pelo menos, vinte quilos mais pesado que o meu, desabou sobre mim, ambos suados e ofegantes. Aquele lindo homem levantou-se da cama, com as duas mãos empurrou seus cabelos molhados para trás e logo as levou a sua cintura, e me encarou por uns instantes. - Quando foi que você passou a duvidar de qualquer sentimento?

- Você sabe muito bem da data que isso aconteceu. - respondi levantando-me, dei alguns passos até a porta do banheiro.

- Três meses é tempo suficiente para superar o que houve, não acha? - ele nunca havia tocado neste assunto, desde o dia que veio atrás de mim em Hokkaido. - Quer dizer… Eu vim até aqui para te apoiar, te amar… fazer você esquecer o que aconteceu, você não é uma adolescente, Sakura! - ele me olhava seriamente.

- Quando foi que eu disse que esqueceria, aliás... Alguma vez lhe disse que eu queria esquecer? - fechei a porta atrás de mim, sabia que minhas palavras o feririam. Fiquei sentada no vaso quieta por alguns instantes, até que ouvi alguns passos, a porta se abrindo e, finalmente, se fechando com força… Ele havia ido embora. Graças a Deus.

Ele fora de grande importância na minha recuperação, mas não é como se outra pessoa não pudesse ter feito este papel… Simplesmente aconteceu, pois ele me seguiu até aqui. O melhor é não tê-lo em meu caminho.

Sakura POV's Off

Três semanas atrás…

Gaara POV's On

Já faz dois meses que a Saki-chan exigiu suas férias acumuladas ao Recursos Humanos da redação, não ouso dizer que não era necessário, droga! Mas o clima está tenso sem ela por perto. Eu mal consigo trocar dez palavras com Itachi sem lembrar imediatamente do que ele fez a ela, se, ao menos, eles tivessem colocado um ponto final decente nisso tudo para voltarmos a poder dividir o mesmo ambiente. Sem falar que me dói a cabeça cada vez que Sasuke liga no meu celular para saber se eu tenho notícias, merda! Esse moleque liga a cada três horas.

Ino veio até minha mesa com mais uma matéria exclusiva, essa garota nasceu para subir no ramo de reportagem, embora eu relute em admitir.

- O que achou, Gaara? - ela disse apontado para sua matéria.

- O que eu achei? Pois eu vou lhe dizer o que eu acho. - levantei-me e encarrei-a, ela sabia exatamente onde Sakura estava, bem, não é como se eu não soubesse, mas o que eu realmente queria era o endereço… Também não é como se eu não tivesse meios de consegui-lo, mas se ela, a melhor amiga, me fornecesse, eu não pareceria um psicopata ao aparecer lá. - Me dê o endereço!

- Que endereço? - ela afastou-se.

- Não me faça ficar furioso.

- Você já está furioso. - percebi ela encolher os ombros. Respirei fundo. - Aliás, por que todos vocês têm me perseguido? Deem um tempo para a garota! - Ino jogou os papéis de suas mãos na minha mesa e saiu andando a passos pesados. Pelo visto, não sou apenas eu a tentar tirar-lhe a informação.

O telefone em meu bolso começou a vibrar, busquei-o sem pressa, pois pelas minhas contas já estava na hora de Sasuke ligar novamente. Atendi sem, sequer, verificar.

-Já falei pra não ligar mais, moleque!

-Quem você pensa chamar de moleque?- essa voz…

-Itachi…

-Eu consegui o endereço e estou pensando em buscá-la amanhã. - ele disse sem titubear… idiota! - Achei que você deveria saber.

- Com que direito?! - resmunguei com os dentes apertados, ele desligou.

Eu sei que pode parecer ridículo, mas nas últimas semanas meus amigos de infância e eu temos estado em uma corrida para descobrir como Sakura tem estado, sem sucesso, claro. A mulher não atende o seu telefone, não responde seus e-mails e suas amigas não deixam escapar nada, na verdade, as vezes, tenho impressão de ser observado e avaliado por Ino.

Eu queria muito encontrar Sakura, abraçá-la e oferecer-lhe meu coração, começarmos de onde paramos, mas depois do que ela passou… Eu não poderia aparecer dizendo que invadi os arquivos da empresa e consegui sua direção, porém, não posso permitir que Itachi passe a minha frente, e pior ainda, consiga o perdão dela.

Eu amo meu amigo, mas não vou ceder, não desta vez, não a Sakura… Itachi sempre teve a mulher que quis e quando quis, mas esta..., esta é minha.

Meu celular voltou a vibrar, olhei, era Sasuke.

-Gaara, me diga que sabe alguma coisa…

- Conversou com Itachi hoje? - disse eu, a única forma de impedir Itachi era apelando ao seu irmão caçula. - Parece que ele tem informações. - Sasuke pode agir feito moleque algumas vezes, mas quando quer algo, vai até o fim, como um trem desgovernado, como um homem.

Gaara POV's Of

Sasuke POV's On

Pelo que Gaara me disse, Itachi sabe de algo sobre Sakura… Eu sabia que ela estava com seus pais, mas dois meses? Já havia passado da hora de ela retornar. Eu a conheci o suficiente para saber que seus dias têm se resumido a sites de astronomia, política e festas do sorvete sobre a cama, trancada em seu quarto.

Eu conheci seus pais, mas foi quando eles a visitaram aqui em Tóquio, nunca a acompanhei em visitas a Hokkaido, embora sempre me convidara… Estupidamente arrependido. Já passou pela minha cabeça voar até lá e bater de porta em porta para encontrá-la, mas isso soa muito a desespero. Quero que nosso reencontro seja leve, afinal, como um dos melhores amigos, preciso apoiá-la nesta fase ruim.

Já passavam das dez horas da noite quando resolvi ir a casa do idiota do meu irmão. Eu não deixei de falar com ele por conta do acontecido, mas nossos encontros têm terminado sempre com um bate boca desde aquele dia. Meus passos eram despreocupados, pois eu sabia que ele me diria tudo o que sabia, mas na verdade… meu coração estava angustiado. Me pergunto a cada passar de hora como está a mulher que eu amo, eu deveria estar com ela, nunca deveria tê-la deixado partir, me odeio por ter dormido aquele dia e não tê-la visto sair de minha casa.

As portas do elevador se abriram e quando me dei conta, a porta do apartamento de Itachi se abriu, sem eu ter que esperar muito após o toque na campainha.

- Tsc… O que você quer aqui? - ele resmungou após fechar a porta depois que eu entrei e me joguei sobre seu sofá, que por alguma razão fede a vinho.

- Soube que tens notícia de uma velha conhecida minha. - percebi o canto de seu lábio puxar, aliás, notei mais do que isso, ao lado da porta estava posicionada uma mala.

- Nada que valha a pena mencionar. - ele disse com os braços cruzados a minha frente.

- Sei… - sorri cinicamente, quem ele acha que eu sou? Idiota! - Você está se preparando para alguma viagem? - eu já descobrira o porquê de Gaara ter aberto a boca para mim, ele sabia que eu terminaria aqui e saberia exatamente o que fazer para impedir um segundo desastre.

- Uma pequena viagem de negócios. Nada que um desocupado como você possa entender, irmãozinho. - eu estava começando a odiar a postura que ele vem tomando.

- Tanto faz. - olhei em volta como quem acreditara. - Você poderia me oferecer algo para beber, certo? As últimas semanas não tem sido fáceis para mim.

Itachi revirou os olhos, mas depois de retirar aqueles óculos cafonas do rosto e largá-los sobre a mesa de centro, levantou-se e andou em direção a cozinha.

- Pode ser vinho… O cheiro do seu sofá me fez querer uma taça. - ele parou por um instante, sem sequer olhar para trás, mas logo sumiu de minha vista.

Eu posso parecer idiota, mas nem sempre o sou, sei ser sério quando necessário, tanto que percebi ele tentar esconder um pedaço de papel sobre a mesa de centro com seu óculos, sou grato por ele não ter colocado em seu bolso… tirei meu celular do bolso, acionei a câmera, retirei o pedaço de papel e tirei uma foto do mesmo e o devolvi ao seu lugar.

Meu irmão retornou com uma garrafa de vinho em uma das mãos e duas taças em outra. Eu gosto de álcool, mas ninguém gosta mais do que meu irmão, portanto, embebedá-lo foi muito fácil, provoquei-o ao máximo e a cada rebatida dele, mais ele tomava. E por sorte, seu estoque sempre fora caprichosamente vasto. Quando o vi cair no sono, deitei-o no sofá. Fui até seu quarto, onde encontrei sua carteira, dentro dela, uma passagem de avião, para as dez da manhã, pode parecer infantilidade da minha parte, mas eu rasguei-a em mil pedaços, isso no mínimo o atrasaria. Saí de seu apartamento o mais rápido que pude, afinal, tudo o que eu precisava ser era: mais rápido que Itachi e conseguir pegar um voo ainda nesta madrugada.