História FORA DO RINGUE - Tyler Bistle

Mais forte, mais forte, vai precisar ser muito mais forte! Ta pensando que eu sou uma garotinha? Bata como o homem frustrado que você é."

Todos os dias repito isso para mim mesmo quando começo meu treino de boxe na academia. Mais uma noite não consegui dormir, evito olhar as milhares de mensagens que lotam meu celular. Tenho muitos amigos, porém, hoje, não tenho saco pra falar com ninguém, coloco meus fones de ouvido no volume máximo mas nem mesmo Phenomenal do Eminem pode gritar mais alto do que eu.

Cada soco no saco de pancadas que carinhosamente apelidei de Chuck, meu melhor amigo no momento, o único com o qual posso repartir minhas angústias, me faz suar e tremer meus músculos. Suar, é isso que eu preciso, não saio daqui até desedratar todos os líquidos do meu corpo, lutar de ressaca é uma das minhas especialidades e digamos que hoje eu estou com uma das mais pesadas. Estou sozinho na academia ela é toda minha, conheço cada canto dessa academia aqui foi onde passei grande parte da minha vida, desde meus seis anos quando meu pai comprou esse prédio e transformou-o em uma Faculdade, com diversos cursos e profissionais muito qualificados se tornou uma das melhores faculdades de Toronto. Um dos pontos fortes da UBEP (Universidade Bistle de Educação Phisica) é a academia, totalmente completa e com equipamentos de ponta sinto como se fosse minha já que treino aqui todos os dias, tenho uma relação muito boa com meu mentor Flick um senhor muito mal humorado de 62 anos no seu auge. Hoje é sábado, 6;00 AM pra ser mais exato, então Flick não tem obrigação de estar aqui.

De repente ouço um barulho contínuo tilintar em minha direção, mas nao dou atenção e continuo minha sessão de punches. Mas em questão de 30 segundos sinto um dedo gelado me cutucando no ombro, furando minha bolha da fúria me viro em menos de um segundo assustado e com muita raiva, odeio quando furam minha bolha. Quando viro me deparo com uma garota tagarelando sem parar com sapatos de salto fino um jeans preto apertado e uma camisa bem justa por sinal, seus cabelos castanhos tão longos que chegavam a se misturar com com um bando pulseiras tilintando junto ao som da voz dela.

Tiro um dos meus fones de ouvido tentando entender o que aquela maluca estava faland.  Que capacidade absurda que ela tem de falar essa quantidade de palavras sem tomar fôlego pra respirar.

" - Eu estou perdida!!! Já fui em todos os andares, falei com os zeladores e simplesmente não entendo, eu liguei ontem pra confirmar pensei que essa escola era séria, fiquei horas me preparando pra essa entrevista treinei todos os tipos de perguntas possíveis e imagináveis, e também as réplicas e tréplicas para os assuntos em que discordássemos já que não é de bom tom em uma entrevista de trabalho você concordar totalmente com o entrevistador, passa um ar muito grande de submissao e falta de personalidade. Você não pode me ajudar? Por que não fala nada? Ao menos entende o que eu estou falando? Bom, pelo seu cheiro e estado atual talvez você não esteja no seu melhor dia. Com licença, obrigada por nada. "

" - Garota, (realmente não consigo ligar meus neorônios para respondê-la a altura, 6 da manhã de ressaca e suado) da pra parar de falar? Não da pra ver que eu não tô nem aí pra sua entrevista de emprego e que eu pouco me importo se quem marcou com você simplesmente te deu o bolo, aliás você deveria dar graças a Deus que ninguém está aqui pra te entrevistar no meio desse ataque de perua e com essa voz estérica ".

E coloquei meus fones novamente, dando a Chuck o que ele mais gosta uns belos socos.
Em menos de 5 segundos sinto o dedo gelado dela me cutucando de novo, ignoro, quando de repente levo um golpe inesperado na cabeça. Quando recobro minha consciência me dou conta que a maluca me acertou com a bolsa, com a visão ainda um pouco turva vejo ela de costas indo embora, um conjunto muito agradável aos olhos seus quadris mais largos que os ombros balançam em sincronia com seus cabelos a medida que ela sai.