5 meses depois...
Eu estava dobrando as roupinhas que ganhamos de presente. Eu me apaixonava a cada vestidinho verde-água ou jaqueta bomber preta. Obviamente a maioria vinha no nome de Lavínia, minha mãe, Rebekah e Freya. Charlie havia dado dois macacões de pijama de unicórnio e Kate, de pandas.
– Vão ser bem úteis no inverno. – Kol disse observando os macacões em minhas mãos.
– Ainda acho que deveríamos ir para um lugar mais quente pelo menos nesse inverno. – Falei. – Eles vão ter meses de existência e vão ter que ficar nesse frio. Ainda não fomos para o Brasil.
– Já disse que vamos pra lá no seu aniversário. Dia 12 de maio está mais perto do que você imagina. – Kol disse me abraçando por trás e depositando um beijo em meu pescoço. – Já teve alguma ideia de qual nome vamos dar para nosso príncipe?
– Nada. – Falei. – Estou ficando desesperada. Eles podem nascer a qualquer momento agora e eu não tenho ideia de qual vai ser o nome dele. E o dela? Já pensou?
– Nada veio em minha mente. – Kol disse. – Mas tenho certeza que nós só vamos saber quando olharmos para as carinhas deles.
Kol me soltou e foi ver as outras roupas nas caixas de papelão.
Terminei de dobrar os macacões e os guardei no closet dos gêmeos. Foi quando senti uma contração.
A contração foi intensificando e eu senti a necessidade de me sentar.
Me sentei na poltrona e comecei a respirar fundo. Foi quando senti um liquido escorrer por entre minhas pernas.
– Kol... Acho que vamos vê-los mais rápido do que pensávamos. – Falei.
(...)
Estávamos à caminho do hospital e eu já não estava aguentando de tanta dor. Kol estava tentando ligar para o meu pai, mas só dava na caixa postal.
– Klaus, se você não estiver atendendo por estar fazendo “coisas” com certa vampira de olhos azuis, eu juro que vou te matar. Sua filha está dando à luz! Venha para New York, vamos estar no hospital mais próximo da cobertura. – Kol deixa uma mensagem de voz.
– Kol, eu quero ir para New Orleans. – Falei.
– Olha só você, fazendo piadas até nesses momentos. – Kol disse.
– Eu não estou fazendo piada. Eu quero que eles nasçam em New Orleans. – Falei.
– Hope, a bolsa já estourou. Não temos tempo para ir até New Orleans. – Kol disse.
– Você e Lavínia chegaram em New Orleans a tempo de salvar a minha mãe. Eu consigo segura-los por um tempo. – Falei respirando fundo.
– Não vamos conseguir chegar em New Orleans. – Kol disse.
– Por favor. Eu quero tentar, mesmo que os bebês nasçam no carro. – Falei.
– Não vamos conseguir chegar de carro. – Kol parou o carro. – Mas se usarmos um método sobrenatural, chegaremos lá e ainda poderemos esperar. – Ele digitava algo em seu celular.
– O que está fazendo? – Perguntei.
– Além de atrapalhar a lua-de-mel não oficial da minha irmã mais velha, eu estou pedindo para Freya nos transportar para New Orleans com um feitiço. – Kol disse.
(...)
POV-LAVÍNIA
Chegamos desesperados no hospital de New Orleans. Kol havia mandando duas mensagens, falando que Hope estava prestes a dar a luz e que eles usaram um feitiço de transporte para chegar em New Orleans.
– Onde eles estão? – Klaus perguntou. – Chegamos tarde de mais. Os bebês já devem ter nascido.
– Klaus, se acalme! – Falei. – Hayley está por aqui em algum lugar e ela tinha me mandado uma mensagem que Hope estava se preparando para ir pra sala de parto.
– Da próxima vez, eu vou para o pântano com a Hayley. – Klaus disse olhando por todo o lado.
– Você odeia o pântano tanto quanto eu. – Falei.
– Odeio. Mas o pântano, no final das contas era mais próximo do hospital. Eu teria chegado mais cedo e não teria perdido o parto. – Klaus disse.
– Klaus, você não perdeu o parto! – Falei.
– Sim, eu perdi. Eu não estava lá quando Miguel nasceu e não vou estar lá quando meus netos nascerem. – Klaus disse passando as mãos pela cabeça.
Eu estava prestes a dizer algo, quando Hayley saiu de um quarto e nos viu. Ela veio correndo em nossa direção.
– E então? – Klaus pergunta.
– Hope está sentindo muita dor e Jo já está a levando para a sala de parto. Vocês chegaram bem na hora. – Hayley disse.
Klaus soltou o ar, aliviado.
Hayley começou a andar em direção a sala de parto e nós a seguimos.
Chegamos em uma sala grande com um vidro grosso nos separando de Hope e os médicos.
– Ela está em boas mãos, não se preocupem. – Ao nosso lado, apareceu Jo.
– Jo, graças a Deus! – Falei a abraçando.
– Eu quero entrar. – Klaus disse.
– Eu acho melhor vocês ficarem por aqui. Kol já está na sala com ela. – Jo disse apontando para Kol, que estava segurando a mão de Hope, vestido com as mesmas roupas dos médicos e com uma touca na cabeça.
Hope estava respirando pesadamente e parecia estar com muita dor.
– Vou contar até três e então você vai fazer força. – Ouvi um dos médicos falando. – Um, dois, Três!
Hope soltou o ar e começou a gritar, enquanto fazia força para que os bebês saíssem.
Enquanto Hope gritava, as luzes começavam a piscar do lado de fora do vidro.
– Me diga que isso foi apenas uma queda de força e que não teve nada a ver com a Hope. – Hayley disse.
Hope gritou mais alto e as luzes explodiram, tanto do lado de fora quanto do lado de dentro.
Os médicos deram um pulo para trás. Provavelmente por terem se assustado.
– Jo, no deixe entrar. – Pedi.
– Lavínia, eu não posso fazer isso. – Jo disse.
– Acredite, eu já vi do que o grito dela é capaz. Ela não explode só luzes, ela explode pessoas. – Falei. – Nós vamos acalma-la para que possam continuar o parto.
– Tudo bem. – Jo cede. – Mas precisam se vestir apropriadamente.
Depois de colocarmos as mesmas roupas que Kol precisou colocar e as toucas e máscaras, entramos na sala de parto.
Klaus e Hayley não demoraram para ir segurar a outra mão de Hope. Olhei para Kol, que parecia nervoso.
– Vai ficar tudo bem. – Falei colocando a mão no ombro dele. Ne agachei e acariciei os cabelos de Hope, que estava suados. – Hey, passarinha.
– Lavínia... – Ela disse. – Está doendo muito.
– Eu sei. Já passei por isso. – Falei. – Mas uma pessoa muito especial me disse que toda a dor vai ter valido a pena quando você segura-los pela primeira vez. – Falei olhando para Jo, que também tinha entrado na sala.
– Eu estou com medo. – Hope disse.
– Não precisa ficar. – Falei. – Estamos todos aqui. – Falei a fazendo olhar em volta.
– Não vamos deixar nada acontecer com você. – Hayley disse.
– Mas você precisa se acalmar para que eles continuem o parto. – Klaus disse.
– Eu não consigo. Não consigo controlar. – Hope disse.
– Você consegue. – Falei. – Você consegue fazer tudo o que quiser. Ninguém tem controle sob você, a não ser você mesma.
Hope respira fundo novamente.
– Podem continuar. – Hope disse.
– Não, não podemos! – O médico disse. – Eu não sei o que ela fez, mas ela queimou todos os equipamentos da sala. Não podemos continuar um parto assim, nós não podemos...
Klaus largou a mão de Hope e foi até o médico.
– Você vai fazer o seu melhor sem os equipamentos, e se por acaso, algo acontecer com a minha filha ou com os meus netos, eu vou te caçar até o fim do mundo pra te matar. – Klaus disse.
O médico pareceu ainda mais amedrontado.
Klaus sorriu satisfeito e voltou para o lado de Hope.
O médico apenas se posicionou.
– Tudo bem, faça força no três. Um, dois... – Uma pausa. – Três!
Hope começou a fazer força, segurando o grito. Até que ouvimos um choro.
– Aqui vai o primeiro. – O médico disse. – Meus parabéns, é um menino.
O médico entregou o bebê para Jo, que o limpou e o colocou em um carrinho, o entregando para outra enfermeira.
– Só mais um pouco. – Klaus disse. – Está quase acabando.
Hope começou a fazer força novamente e dessa vez não aguentou: ela gritou.
Ouvimos algo se rachar e olhamos para a divisão de vidro. Ela estava se quebrando.
– Só mais um pouco. – O médico anuncia. – Já está saindo!
Hope faz mais força e grita ainda mais. Olhei para o vidro, com medo de que ele se quebrasse em cima de Hope.
O vidro parou de rachar quando Hope havia parado de gritar. No lugar do grito de Hope, um choro alto preenchia o silêncio da sala.
– É uma menina. – O médico disse.
Olhei para o pequeno charutinho chorão nos braços do médico e sorri ao me lembrar de Miguel.
– Você conseguiu, filha. – Hayley disse. – Os bebês nasceram!
– Eu quero vê-los. – Hope disse.
– Você vai. Mas antes precisa descansar. – Kol disse acariciando o rosto de Hope.
Hope sorriu e aos poucos foi fechando os olhos.
(...)
POV-HOPE
Abri os olhos e estava em um quarto iluminado com toda a luz do sol. Olhei para o lado e vi Kol com dois rolinhos nos braços, um de cada lado. Um era azul e o outro rosa.
– Nós conseguimos? – Perguntei rouca.
– Você conseguiu! – Kol corrige, colocando o rolinho azul nos meus braços, enquanto tomava cuidado para não derrubar o rosa.
– Eles são tão lindos. – Falei emocionada. – Eu nem acredito que isso está acontecendo. Eu sou mãe!
A porta se abre e Lavínia aparece com Miguel nos braços. Logo atrás veio meu pai e minha mãe.
– Alguém queria muito te visitar. – Lavínia disse dando Miguel nos braços do meu pai.
– Não coloque a culpa na criança. Sabemos que era você que estava louca para entrar no quarto. – Kol graceja.
– Você nunca se cansa de ser tão irritante? – Lavínia pergunta. – Espero que essas carinhas lindas não puxem o pai. – Lavínia disse olhando para o bebê nos braços de Kol.
– Já pensaram nos nomes? – Minha mãe pergunta acariciando minha cabeça.
– É, na verdade, não. – Kol disse. – Não chegamos em um acordo.
– Na verdade chegamos. – Falei. – Lembra, meses atrás nós tivemos uma ideia.
– Tem certeza? – Kol pergunta.
Olhei para todos a minha volta.
– Acho que nunca tive tanta certeza na minha vida. – Falei.
– Bem, então falem. Como vão se chamar meus netos? – Meu pai pergunta.
– A alguns meses atrás, pensamos em como esses bebês seriam importantes nas nossas vidas. – Kol começou. – Então, pensamos em todas as pessoas importantes das nossas vidas.
– Não me digam que vão dar o nome de Lavínia? – Lavínia pergunta. – Essas crianças seriam tão sortudas se tivesse esse nome.
– Uma das crianças é um menino. – Minha mãe lembra.
– E desde quando o gênero importa para poder arrasar? – Lavínia pergunta.
– Continuando... – Kol interrompe. – Nos lembramos que algumas dessas pessoas perderam outras pessoas importantes. Então, pensamos que talvez, nossos gêmeos pudessem ocupar esse vazio que essas pessoas deixaram.
– Por isso, nós pensamos em chama-los de Nataly e Ansel. – Concluí.
Lavínia e me pai se entreolharam, com um sorriso enorme nos lábios.
– E então? O que acharam? – Kol pergunta.
– Adoramos a ideia. – Meu pai diz.
– Sim, adoramos. – Lavínia concorda.
– Desculpem a demora... – Freya e Harold entram no quarto. – A enfermeira lá fora não queria nos deixar entrar.
– É porque tem um limite de visitantes que podem ficar dentro do quarto. – Lavínia disse. – Mas tudo bem, eu posso ceder meu lugar.
– Eu também. – Meu pai disse. – Vou ter mais tempo para segurar meus netos, mais tarde.
Minha mãe pegou Miguel no colo e meu pai e Lavínia saíram do quarto.
POV-LAVÍNIA
Saímos do quarto de Hope. Eu estava tão feliz que não conseguia tirar o sorriso do rosto.
– Você gostou mesmo da ideia. – Klaus disse.
– Eu amei. – Admiti. – Nataly... Quer dizer, minha mãe, vai fazer muita falta agora que eu consegui perdoa-la. Vai ser bom ter alguém para preencher o vazio que ela deixou.
– Eu concordo. – Klaus disse. – Estou aliviado por ter conseguido chegar a tempo.
Fiquei olhando para Klaus por um tempo.
– Sabe que eu não te culpo, né? – Perguntei.
– Pelo quê? – Klaus pergunta.
– Por não ter chegado a tempo de Miguel nascer. – Falei.
– Você talvez não me culpe, mas eu sim. – Klaus disse. – Eu deveria estar do seu lado.
– E você estava. – Falei. – Nos meus últimos minutos de vida, você não saiu do meu lado. Você nunca sai do meu lado. – Acariciei seu rosto e dei-lhe um beijo. – E eu também nunca vou sair do seu lado.
– Eu sei disso. – Klaus disse. – Estamos juntos nisso até que a morte nos separe, certo?
– E já que somos imortais, nada vai nos separar. – Falei.
– E se um dos seus ex-namorados aparecer? – Klaus pergunta circulando minha cintura com os braços. – Um deles deve estar vivo, certo?
– Você não está em posição de me julgar. Você prometeu ser o ultimo amor de Caroline Forbes, lembra? – Falei. – E eu sequer a matei por isso!
– Uau, você é um ser tão bondoso. – Klaus disse sarcástico. – Estou pensando em te dar um prêmio por ser um exemplo de bondade.
– Com exceção de Caroline Forbes, por ser minha amiga, quero deixar claro que vou aniquilar qualquer uma ex-namorada sua que venha tentar nos separar. – Falei.
– É, eu não duvido. – Klaus disse. – E o mesmo vale para os seus ex-namorados.
– Adoro compartilhar meus pensamentos psicopatas com você. – Falei e o beijei novamente.
(...)
POV-HOPE
Três anos depois...
Eu estava passando minha maquiagem enquanto me olhava no espelho.
– E então? – Kol diz. Olhei para trás e o vi com um terno cinza, sem gravata. – Pode falar, estou maravilho, não estou?
– Não, mais maravilho que eu! – Ansel apareceu com seu mini terno, igual ao de Kol.
Comecei a rir e cobri a boca com as mãos.
– Vocês dois estão maravilhosos. – Falei pegando Ansel no colo. – Mas, essas roupas são muito formais para um aniversário infantil.
– Garotos... Nunca vão entender que existe uma roupa certa para cada ocasião. – Nataly aparece com seu vestidinho pêssego cheio de babados.
– E onde foi que a minha loirinha aprendeu isso? – Kol pergunta pegando Nataly no colo.
– Com a Lavínia. Com quem mais? – Supus.
– Ela disse que vai me ensinar tudo o que ela sabe sobre moda e disse vai me deixar usar suas maquiagens. – Nataly disse.
– Contanto que ela não te ensine a ser uma vadia, por mim tudo bem. – Kol disse.
– Kol! – O repreendi.
– O que é “vadia”? – Ansel pergunta.
– É a Lavínia. – Kol disse.
– Ei, isso é uma palavra feia! Pode colocando 5 dólares no pote! – Nataly disse.
– Não era 1 dólar? – Kol pergunta.
– Esse é para o pote de palavrões. O pote de palavrões usados para a minha madrinha são 5 dólares. – Nataly explica.
– Sequer imagino de onde saiu essa ideia do segundo pote de palavrões. – Kol disse sarcástico. – Eu disse que nos arrependeríamos de ter deixado Lavínia e Harold serem os padrinhos da Nat.
– Bem, como Charlie e Kate são as madrinhas de Ansel e você é o padrinho do Miguel, eu acho que seria justo. – Falei. – Agora, vocês dois precisam ir se trocar. O aniversário de Miguel não é o lugar certo para usarem terno. – Falei colocando Ansel no chão. – Nat e eu vamos terminar de nos arrumar.
– Vamos esperar lá em baixo. – Kol disse. – Obviamente vamos terminar de nos trocar antes de vocês terminarem de se arrumar.
Olhei em volta e sorri. Eu tinha um marido que eu amava, dois filhos lindos... Era tudo o que eu poderia pedir. Estava tudo perfeito.
Foi então que eu percebi o quanto era feliz.
Continua...
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