História Forced Marriage - VKook/TaeKook - Capítulo Final: Família

 Era o dia depois do Natal e decidi fazer um passeio com meu noivo. Sim, estamos noivos. Sabíamos que não ficaríamos com outras pessoas e que nos amamos muito, então preferimos adiantar o inevitável.

- Quer um sorvete? - ele pergunta.

- Num frio desses, Jungkook? - Rio de sua ideia.

- Ué, vai que dá vontade? Se eu estiver com vontade, como até se estiver 300° abaixo de zero.

- TAETAE! - Ouço uma voz fina me gritar e me viro a tempo de ver Taerin.

- TAERIN! - Abraço-a com força. A menor chora em meus braços e posso dizer que estou no mesmo estado - Que saudades que estava de você, meu amor. Perdoa seu irmão por ter que se afastar?

- Eu sei que a culpa não é sua, TaeTae. Eu ainda te amo, oppa - sorrio abertamente - Você que é o marido do meu irmão?

Ela faz uma cara fechada e engulo seco.

- Sim - Ele responde e ela ri.

- Relaxa, cunhado. Eu apoio 100% - mal ela diz, vejo duas pessoas deveras indesejáveis.

- Taehyung - Ouço a voz da minha progenitora e olho pra ela e pro meu pai.

- Oi - digo, friamente.

- Pensei que aberrações ficassem em casa escondidas.

Estava demorando.

- Se fosse assim, vocês não deveriam estar aqui - consigo dizer e Seohyun se choca.

Ela não merece ser chamada de mãe.

- Olha lá como fala com sua mãe, moleque! - Minjae grita.

- Ela não é minha mãe! Vocês mesmos já disseram que não sou da família! - atiro e vejo Jungkook com uma cara irritada.

- Você é uma vergonha, seu… - Minjae levanta a mão pra mim porém um pulso jovem a segura.

- Não ouse tocar no meu marido, ou as coisas irão se complicar para o senhor - Jungkook ameaça, os olhos cuspindo fogo.

- Quem você pensa que é pra falar assim comigo, moleque? - O mais velho grita porém Jeon não perde a pose.

- Jeon JungKook, filho de Jeon Jongdae, um dos maiores empresários da atualidade e marido de Kim Taehyung - Ele diz e entrelaça nossas mãos - A partir do momento em que o colocaram pra fora de sua casa, ele não deve mais satisfações ou obrigações a vocês que só o fizeram mal.

- Você não sabe de nada! Esse garoto é um ingrato! Sempre demos de tudo pra ele! - Seohyun grita.

- Realmente, de palavras maldosas até agressões físicas - Kook cospe - Conseguiram o que queriam, não precisam se preocupar mais com o Taehyung. Ele agora não faz mais parte da família de vocês, faz da minha agora. E quando a Taerin tiver a sorte de poder responder por si mesma, terá a porta do nosso lar aberta pra ela, pois ela realmente ama o irmão - o moreno me olha - Todo o amor que vocês não deram pra ele, eu vou dar, até em dobro se possível.

Meus olhos umedecem e sorrio sem conseguir controlar - Agora se nos dão licença, temos um ótimo dia pra aproveitar - digo e abraço novamente minha irmã - Quando quiser fugir, só me ligar - sussurro e passo um papel com meu número pra ela - Eu te amo, minha estrela da sorte.

- Te amo, oppa - Ela beija minha bochecha e abraça JungKook - Cuida bem do TaeTae, Kook oppa.

- Pode deixar - Ele diz e ela vai embora com seus pais.

Solto algumas lágrimas e abraço o homem ao meu lado - Finalmente me sinto livre deles. Obrigado por me defender, meu amor.

- Quando amamos, defendemos com unhas e dentes, Taehyung. Até mesmo com o coração se necessário - ele diz e me beija singelamente - Vamos? Não podemos demorar muito na rua, daqui a pouco temos que ir pra casa de meus pais.

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- Obrigado por terem vindo, meninos.

Jongdae nos abraça e nos sentamos na sala de estar. Não demora muito até vermos Hoseok e Jimin juntamente com Shin Hye e seu atual namorado, Min Ho. Resumindo a história: a ex de Shin Hye estava a traindo com Yoongi. Claro que isso deu uma confusão daquelas, mas acabou que a culpa era apenas da loira ridícula que havia dito para o Min que era solteira.

A irmã de Jungkook o abraça - Que bom que veio, dongsaeng.

- Vim por você e pelo meu pai, noona - o mais novo diz. Ela o larga e me abraça.

- Taehyung, obrigado por convencê-lo a vir. Sei que ele não queria mas provavelmente você pediu - Ela agradece num sussurro.

- Não precisa agradecer, sei o quanto é importante pra vocês - Ela me solta e cumprimento seu namorado e o meu casal de amigos.

- Fomos convidados pela sua mãe, Jungkook. Isso foi estranho - Jimin diz e todos nós caminhamos até a sala de jantar, nos sentando à mesa. Depois de alguns segundos Jongdae e Soo-Yun aparecem e se sentam também.

- Obrigado por virem comemorar essa data conosco, significa muito pra nós - meu sogro começa a dizer - Temos uma decisão importante para comunicar. A gente conversou e pensou que seria melhor assim.

Respiro fundo e olho pra Jungkook.

- Vamos nos divorciar.

Parece que todos seguram a respiração, pois eu não ouvia ninguém respirar.

- Por que? - a voz de Shin Hye quebra o silêncio sinistro.

- Porque estamos infelizes juntos e queremos ter a oportunidade de sermos felizes, mesmo que separados - O mais velho explica.

Jungkook olha pra sua mãe permanentemente, até ela perceber que estava sendo encarada e olhar em sua direção. Quando Soo-Yun abaixa a cabeça, percebo que há algo de diferente. Ela nunca reage assim, sempre manteve sua aparência dura e rígida, e foi vendo que a mulher não conseguiu manter seu olhar que eu e Jungkook percebemos que havia algo de errado.

O jantar prosseguiu com um clima pesado e estranho como nunca havia visto. Era mais normal ver a mãe de Jeon o atingindo com más palavras do que calada, acuada. Shin Hye olhava para nós com uma expressão igualmente perdida e confusa, como se também quisesse entender o que está a se passar.

Após todos à mesa terminarem suas refeições, JungKook tomou uma atitude que assustou a todos:

- Soo-Yun, pro escritório, agora - sua voz sai extremamente autoritária e por um momento sinto medo. O moreno me olha rapidamente e sai, sendo imediatamente seguido por sua progenitora.

- O que significa tudo isso, appa? - Shin Hye pergunta.

- Eu e sua mãe discutimos novamente, pra variar, e mais uma vez ela jogou a traição na minha cara. Porém, aconteceu algo bem inusitado dessa vez.

*FlashBack Jongdae POV*

- Você não cansa de ficar sempre nessa infelicidade? Não tem um dia sequer que ficamos sem discutir! - me sento no sofá, já exausto de tanto discutir com Sooyun.

- A culpa é toda sua, Jongdae! Se tivesse segurado o saco dentro das calças isso não estaria acontecendo - ela diz, fria e impenetrável.

- Quer saber? A culpa é sua! Se não tivesse virado uma mulher seca e egoísta eu não teria cedido à outra qualquer. Você sabe que não casei contigo por interesse.

- Eu não era seca e egoísta! Você que era um safado que não aguentou ver um rabo de saia diferente e aproveitou a primeira oportunidade quando ela cedeu. Que vergonhoso, Jongdae!

Coço meu pescoço e bufo, já cansado de tanto discutir. Quando esse inferno vai acabar?

- Sooyun, quantas foram as vezes que quis ficar contigo e você sempre arranjava uma desculpa!

- Desculpa? Eu tinha filhos pra cuidar!

- Que filhos? O que é o JungKook pra você, agora? - me levanto, revoltado - Você pôs a culpa num adolescente que não tinha nada a ver com aquela situação.

- Ele escondeu de mim! Foi tão conivente quanto! - Ela diz e abaixa a cabeça.

- Nem você está aguentando mais isso, Soo - minha voz sai mais calma - Não entendo como você consegue tratar o Kook com tanta indiferença. Sangue do seu sangue, foi criado por você, sempre te deu tanto amor. Ele te considerava um exemplo. Quantas foram as vezes que ele dizia que te amava e que você era a melhor mãe do mundo? Não vai me dizer que esqueceu!

Ela vira de costas pra mim e se apoia na escrivaninha, fungando.

- Ele me traiu!

- QUE MERDA! ELE NÃO TE TRAIU! PÕE ISSO NA SUA CABEÇA! - Vou até a mulher de cabelos negros e seguro seu rosto, encarando os olhos negros que derramavam lágrimas sem parar - O Jungkook te ama! Ele nunca faria nada que pudesse prejudicar a você, ainda mais ao bebê! Esqueceu que você estava grávida?!

Seco seu rosto, que continua a ser banhado pelas lágrimas - Ele já amava o irmãozinho dele, ele apenas quis salvar a vida dele, mas não adiantou de nada. E, pra completar toda a desgraça, você passou a odiá-lo. A mãe odiar o próprio filho. Você quer ser igual à mãe do Taehyung? Tu sabe o quanto o menino sofreu na mão deles.

Finalmente ela pára de chorar e seus soluços diminuem, então faço algo que não faço há tempos: a abraço.

 - A culpa é toda minha, Soo, eu fui um péssimo marido. O que fiz não tem justificativa, eu sei. Mas isso não é desculpa pra você esquecer que maior amor da nossa vida é seu filho.

Ficamos longos minutos em silêncio, apenas aproveitando aquele contato, que por mais simples que fosse, era inesperado, mesmo que nesse momento esteja sendo apropriado e deveras confortável.

- Não quero que a história se repita, Jongdae. 

- Como assim? - Pergunto, ainda confuso.

- Eu... Tomei uma decisão, em relação a nós - Ela se afasta do abraço, mas continua a me olhar.

- Qual?

- Eu quero o divórcio.

*FlashBack Jongdae OFF*

Shin Hye se levanta e começa a andar, porém estanca no mesmo lugar e me encara.

- O que foi? - pergunto e franzo as sobrancelhas.

- Tá esperando o que pra me acompanhar? - Ela volta e me puxa pelo braço direito - Precisamos ouvir o que está para acontecer.

*JungKook POV*

- Já pode me dizer o que está acontecendo, Soo-Yun.

Desde que entramos aqui, a única coisa que a mulher fez foi andar de um lado para o outro, cruzar as mãos e apertar as costas de uma das poltronas do escritório da casa. Já estava apreensivo o suficiente, e o comportamento deveras estranho e nem um pouco comum dela só piorava a situação.

Respirei fundo e cruzei meus braços, já insatisfeito com a espera. Soo-Yun, que agora está de costas para mim, solta um suspiro falhado e finalmente se pronuncia.

- Jungkook - diz, sem expressar qualquer sentimento ao dizer meu nome, algo que normalmente fazia com nojo - Me... Me perdoe.

Sinto um arrepio estranho percorrer minha nuca.

Eu ouvi direito?

- Que? - sussurro de modo quase inaudível.

Vejo ela se virar, seus olhos negros marejados e transbordando um sentimento que eu já não via há muito tempo em seu olhar.

Culpa.

- Me perdoe, filho.

Meu estômago revira bruscamente e minha vontade no momento é pôr tudo o que comi hoje para fora.

O que está acontecendo com ela?

- Se isso é algum tipo de brincadeira, Soo-Yun, já adianto que eu não caio mais nos seus teatrinhos fúteis - Cuspo as palavras, raiva tomando uma certa parte da minha mente.

- Eu não estou para brincadeiras, Jungkook. Eu nunca pediria perdão a você se não estivesse falando sério.

Sinto meus olhos queimarem, então suspiro, tentando distrair as lágrimas - Por que isso agora? Você está doente?

- Estou doente, sim. Mas doente de alma - Começo a mudar meu foco para outras coisas, tentando não chorar. Eu não irei chorar… - Eu e seu pai… tivemos mais uma discussão.

Ela se senta numa poltrona à minha frente, porém não me movo. Não me afasto, mas também não me aproximo. - Eu joguei novamente a traição na cara dele, e ele sabia que eu iria fazer isso até um de nós dois morrer. Mas ele jogou outra coisa bem pior na minha. O fato de eu ter rejeitado o meu único menino. - Abaixo a cabeça, sentindo uma lágrima teimosa correr, logo a seco - O fato de ter jogado a culpa em seus ombros do que nos dele. De ter te humilhado e ter feito você rastejar por ter me "apunhalado" pelas costas. De ter te rejeitado quando você mais precisou. Eu me ocupei demais em pensar que havia levado um chifre e me esqueci totalmente de cuidar do coração dos meus filhos ao verem que logicamente o meu relacionamento com Jongdae iria terminar em divórcio. Eu fui tão egoísta a ponto de nem sequer ligar para os sentimentos de vocês. O quão ruim eu fui e o quão ruim eu sou?

Rios de lágrimas escorriam por sua face claramente cansada. Eu não podia dizer que estava diferente, pois meus soluços já se faziam audíveis. Ser rejeitado pelos pais, suportar uma culpa que não era minha. Tantos passam por isso.

- Logo com você, que era tão carinhoso. Que me dava flores e presentes mesmo eu tendo tudo em casa. Sempre trazendo Jimin e Hoseok para alegrar a casa mesmo quando eu me sentia triste e sozinha e não queria ninguém por perto. Você sempre foi o meu maior orgulho, Kookie, mas a mágoa me cegou total e completamente. Quando você conseguiu firmar um contrato no meio da crise que passamos, eu fiquei tão feliz, mas o meu ódio só permitiu com que eu te humilhasse na frente de todos, inclusive do Taehyung.

A essa altura, eu já havia sentado e colocado as mãos no rosto, tendo os braços de apoio no joelho. Logo sinto duas mãos encostarem em minhas coxas e fazerem um leve carinho. - Você já amava o seu irmãozinho, e eu não tive condições de trazê-lo à vida, eu te agradeço por seu carinho e preocupação em tentar me privar de qualquer tipo de stress, mas eu não podia ter ficado sem saber. Descobrir mais tarde só me trouxe raiva por ter engravidado dele ao mesmo tempo que ele dormia com aquela vadia. Eu te agradeço mesmo, querido, mas eu prefiro que me conte a verdade do que me afogar com uma mentira. Mesmo que isso valha uma vida.

- Era uma criança, inofensiva. Ela não tinha culpa - digo, entre soluços.

- Eu sei disso. Você também era um adolescente e não tinha culpa dos meus problemas conjugais. E acabou escorrendo pro seu lado também - Sua mão direita acaricia meus cabelos enquanto a outra continua em minha coxa - Eu também amava o meu filho, JungKook, tanto quanto você, mas eu não podia ser enganada.

Seco meu rosto com as mãos e me afasto de sua mão - Por que isso agora? O que te fez enxergar isso?

Ela se levantou e começou a rondar novamente o escritório - Taehyung.

- O que tem Taehyung? - pergunto, já nervoso.

- Ele nunca teve o amor dos pais. Desde pequeno sofreu tanto com a negação, com a falta de um carinho, com a falta de elogios e estímulos pelo seu desempenho escolar, com a rejeição, e o pior: falta de amor. Hoje, aquela família não existe mais. Por mais que os pais e a irmã dele se considerem uma família, o elo sempre estará quebrado porque ele não estará lá. E eu não quero que você sofra assim também, por algo que eu sabia que não era sua culpa mas que eu insistia em te culpar - Ela se aproxima e põe as mãos em meu rosto - JungKook, eu te amo. E eu me arrependo tanto por ter feito você sofrer, meu menino… - Ela chora e me abraça. Não me afasto, porém não a abraço de volta. Meus olhos doem de tanto chorar.

- Por que você fez isso comigo? Eu tentei apenas ajudar… - sussurro, como uma criança perdida, e ela afaga meus cabelos.

- Eu sei, meu amor, eu sei… - Continuamos naquela mesma posição por alguns minutos silenciosos, tendo apenas nossos soluços ecoando pelo cômodo.

Eu esperei tanto por esse dia…

- Eu me orgulho muito do que você se tornou, JungKook, e sei que parte disso vem do Taehyung. Ele é um menino de ouro e um genro adorável - Ela comenta e eu esboço um sorriso.

- O Tae é o amor da minha vida. É com ele que quero viver todos os meus dias e ter uma família. Ele foi o meu maior apoio durante todo esse tempo e eu vou recompensá-lo com todo o meu amor.

Ela se afasta e sorri - É tão bom ouvir isso.

Ficamos novamente num silêncio constrangedor, até ouví-la falar novamente:

- Eu sei que uma mágoa não se apaga de uma hora para outra e entendo se não me perdoar, mas, por favor, não me odeie… Eu nunca te odiei, não seria capaz.

Me levanto e respiro fundo, sentindo meus olhos arderem e um peso ser tirado de meus ombros - Eu te perdoo, mamãe.

A mais velha sorri e me abraça como não fazia há anos, chorando copiosamente. É claro que eu não esqueceria o que ela me fez, mas eu não conseguiria ficar sem perdoá-la. O meu eu não permitiria.

- Você está um homem tão bonito e maduro, parece seu pai quando era mais novo.

Solto uma risada e me afasto - Por isso que se casou com ele, não é?

- Quando um homem desses passa na sua frente, não pode deixar escapar, querido - Ela pisca e abre a porta do escritório, logo vendo dois fofoqueiros na porta, com os olhos vermelhos - Duas crianças fofoqueiras, não têm bons modos?

Ambos riem, o que me faz sorrir.

- Eu estou louquinha pra comer a sobremesa, podemos voltar à mesa? - minha irmã se pronuncia e volta para a sala de jantar com Soo-Yun, me deixando a sós com o meu moreno.

- Foi tão lindo ouvir isso - ele diz e envolve seus braços em meu pescoço - Como se sente?

Suspiro - Me sinto leve, apesar de não ter esquecido de tudo.

- Sua mãe é tão incrível, Kookie. Ela já até me considera como filho.

- Pera, como vocês estão tão íntimos? - pergunto, já estranhando.

- Por que você acha que aceitei tão facilmente passar o Natal na casa dos seus pais? - ele ri, sapeca.

- Então vocês planejaram tudo isso? Como você sabia que a Soo-Yun não estava mentindo?

- A gente conversou, e eu dei uma chance, agora quem tem que acreditar é você, amor - diz enquanto brinca com minha orelha.

- Você é incrível, sabia? - declaro e selo nossos lábios.

- Uhmm.. - É o que sai de seus lábios antes de aprofundarmos o beijo sem nenhuma malícia.

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6 meses depois

- Nae pi ttam nunmul - termino de cortar os legumes e despejo na panela - Nae chagaun sumeul, da gajyeoga… ah…

Normalmente, a essa hora, eu não estaria em casa, muito menos na cozinha. O movimento de pessoas costuma ser frenético nas sextas-feiras, na cafeteria onde trabalho. Mas, sem motivo algum, meu chefe havia me dado o dia de folga. Até perguntei se havia feito algo de errado, mas ele apenas me mandou para casa e pediu para que voltasse apenas na segunda. Aproveitei para fazer o almoço já que JungKook iria comer comigo.

- WONHAE MANHI MANHI AH! - Grito, extasiado com a música que tocava no meu celular - MANHI MANHI… WONHAE MANHI MANHI AH! - Rebolo enquanto mexo a carne e o macarrão - MANHI MANHI…

Sinto duas mãos em meu quadril e dou um pulo, gritando ao mesmo tempo.

- AH! Porra, Jeon! - bato em seu peito enquanto ele ri altamente.

- D-desculpa, amor - ele me abraça - É que você estava tão concentrado em rebolar desse jeito…

Como sempre, pensando em merda.

- Seu tarado - reclamo enquanto tento me soltar dele.

- Não é isso que você diz enquanto rebola em cima de mim na cama, amor.

Sinto um arrepio em minha nuca enquanto ele dá aquele sorrisinho safado.

- O que temos para comer? - vejo-o chegar perto das panelas.

Serve eu? Ou quem sabe você?

- Taehyung, pare de pensar nisso e preste atenção no que estou dizendo. Depois você diz que o safado sou eu.

Sinto minhas bochechas corarem - Só você abrir a tampa da panela que vai ver - Respondo e vou até a geladeira.

- Grosso - ouço dizer baixinho.

- E grande - falo enquanto pego uma garrafa de água.

- Sabemos disso - ouço a campainha tocar e JungKook vai até a porta. Encho um copo e bebo o líquido até a metade do copo.

- Taehyung, venha aqui! - Jeon grita. O que está acontecendo?

Faço caminho ao mais novo e me surpreendo com quem encontro na porta.

- Oppa, será que posso ficar aqui?! - Vejo Taerin com algumas malas. Eu e Jungkook nos entreolhamos, como se já soubéssemos que isso iria se suceder.

- Entra. O que houve? - Jungkook pega suas malas enquanto a direciono para dentro de casa.

- Fiz o que devia ter feito a tempos, saí daquela família infeliz - Minha irmã diz e se senta.

- Por que você fez isso? - Jeon tira as palavras de minha boca.

- Adivinhe?! Mamãe queria me forçar a um casamento com um cara 15 anos mais velho que eu.

Repulsivo.

- Já imaginava que aquela desgraçada faria isso. Achei até que estava demorando. Ainda bem que você veio para cá. Ela que não se atreva de aparecer aqui, vou tirá-la daqui à facadas.

A maknae ri ao mesmo tempo que o som do celular de JungKook toca.

- Sim?! - ele diz e em menos de três segundos fica apreensivo e alterado - É sério? - vejo o sorriso em seu rosto. Me levanto para ir em sua direção mas ele me pára - Claro, iremos sim. Obrigado - ele desliga a ligação e me encara - Conseguimos, Tae.

- O que? - Sorrio já em expectativa.

- Entraram com o processo de adoção da nossa menina - mal ele finaliza a frase eu corro para abraçá-lo e começo a chorar.

- Eu vou ser tia?! - ela fica boquiaberta - TaeTae, isso é tão incrível - Taerin nos abraça.

- Finalmente, depois de tantos meses correndo risco de perder Sooyoung - digo, limpando as lágrimas - Parece que agora tudo está correndo bem.

- Daqui pra frente, meu amor, vai dar certo sim, temos que ser positivos - Jeon beija meus lábios e abraça Taerin ainda mais.

- Preciso entrar com um pedido pela guarda de Taerin também, senão a Seohyun vai continuar infernizando nossas vidas - digo, sentindo um leve nervoso.

- Não se preocupem comigo agora, primeiro temos que focar em trazer Sooyoung para seu novo lar - A mais nova diz e pela primeira vez na vida, me sinto em paz.

Mesmo continuando a ter dificuldades, eu sabia que tinha pessoas especiais ao meu lado que se preocupavam com meu bem estar. Claro que a vida não é um mar de rosas no qual nos jogamos e tudo fica lindo, mas nós podemos fazer de nossos dias chuvas de pétalas de amor, compreensão, paciência e união. Nem tudo vai ser como queremos, mas nós temos o poder de escolher o melhor caminho para nós mesmos. Eu escolhi deixar meus pais para trás e seguir em frente com minha nova família que, pode até não ser de sangue, mas que é unida a mim por laços de amor, pra mim é o que mais vale. 

Claro que a história da minha vida não terminou aqui. Por mais que os dias fossem cansativos e rotineiros, JungKook, Taerin e Sooyoung faziam deles dias melhores e mais bonitos. Isso pra mim era o que importava, mesmo se brigássemos, no fim do dia a familia se unia novamente e ficava tudo bem. Sempre ficaria e sempre ficará, enquanto estivermos juntos, o que garanto que vai ser por bastante tempo.

Fim.