História Forever Young • Jikook - Promise

"Estava num corredor bem iluminado, cheio de pessoas que me rodeiam e dizem que me amam, pessoas com quem eu sorrio e me sinto feliz. Era como se toda tristeza, preocupação e frustração que me invadem sumissem, como se nunca tivessem existido. Era assim que deveríamos nos sentir perto das pessoas que amamos, certo?

Todos estavam ali, minha omma e meu appa, meus primos e tios favoritos, e meus amigos - antigos amigos, dos quais senti muita falta.

Minha omma e meu appa estavam parados, sorrindo para mim. Meus primos brincando numa espécie de campo com uma bola branca. Meus tios estavam conversando entre si e as tias fofocando sobre alguma coisa nova que acontecera recentemente - como sempre fazem.

Olho para os lados procurando alguma coisa - ou alguem -, e o encontro parado encostado na parede, sorrindo para mim. Meu peito se enche de alegria e as antigas moradoras na minha barriga são sinal de vida. Ando em sua direção e ele envolve seus braços ao meu redor, me puxando e nos encaixando num abraço aconchegante. A cena muda sem que eu percebesse.

Ele me afasta o suficiente para ver meu rosto, e sorri.

- Pensei que nunca mais ia te ver, você demorou.

Sorrio de volta e balanço a cabeça. 

- Me desculpe por isso, Jaebum.

- Tudo bem, mas da próxima vez que demorar tanto assim - ele sorri maldosamente e eu arregalo os olhos. - Já sabe, né?

Tento me solta de seus braços para fugir daquilo quetanto odeio e tenho medo.

- Anyooooo - faço birra. 

- Minhas mãos vão fazer um ótimo serviço, Mins.

- Por favor, tudo menos isso - peço tentando impedir que ele fizesse isso.

Ele sorri mais uma vez e logo direciona suas mãos a minha barriga, iniciando um ataque de cosquinha. Me contorço sob suas mãos e começo a rir, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. Ele acompanha minha risada e intensifica as cócegas, tento afastar suas mãos.

- Omma, pede pro Jae parar - grito minha omma e vejo ela olhar rindo na nossa direção, estava sentada no sofá, ao lado do meu pai que se divertia rindo de nós dois.

- Querido, seu irmão vai ficar sem ar - ela finalmente fala e vejo Jae se afastar rindo de mim.

Ele fala alguma coisa que não consigo ouvir, a cena começa a ficar borrada e de repente eu não estou mais na minha casa.

Hospital.

Eu vi a mim mesmo ajoelhado ao lado de uma cama, chorando. Eu conheço essa cena, sinto meus olhos se encherem de lágrimas e minhas pernas fraquejarem. Me aproximo daquela cama e vejo ele deitado sobre ela, sua pele mais branca que o normal e seus olhos brilhantes, opacos pela falta de vida em seu corpo. Ele ainda não tinha morrido, mas sabia que estava quase. De repente, estou ajoelhado ao lado da cama, vendo a vida se esvaindo aos poucos do corpo daquele que me fez rir nos piores dias. Ele que me apoiou e doou seu ombro para chorar quando Luhan fez aquilo comigo, meu melhor amigo, meu irmão. Minha ancora e meu apoio, meu chão. Nunca pensei que um dia iria perdê-lo, e a dor que sempre via e nunca compreendia se apossou de mim, esmagando meu peito e me fazendo chorar ainda mais.

A imagem vai ficando borrada e eu me vejo parado naquele mesmo corredor. Antes iluminado e cheio de alegria, agora escuro e triste. Caio de joelhos no chão e me permito chorar, chorar como nunca antes tinha feito.

- Mins? 

Meu corpo inteiro se arrepia e eu ergo a cabeça para encara-lo. 

- Jae - falo num tom choroso e vejo seu rosto triste me encarar.

- Acorda. 

Nego com a cabeça e corro em sua direção, sentindo o calor de seus braços, aquele calor que tanto senti saudades. 

- Acorda.

- Jae, não me deixa, por favor - peço e ele apenas sorri em minha direção. Não foi um sorriso triste, foi um sorriso feliz, aquele que ele costumava a abrir só para mim, aquele que tanto senti saudades.

- Eu nunca te deixei, Mins - ele sorri mais uma vez e nos afasta, apoiando a mão em meu peito. - Eu estou sempre com você, aqui dentro de seu coração, Mins.

- Acorda.

- Mas eu quero você do meu lado - falo com a voz triste. 

- Eu estou, você só não consegue ver - ele sorri de forma doce. - Agora você tem que acordar, Mins.

- Não quero.

- Acorda, Jimin.

- Quer sim, você tem que ir e viver, viver por mim. Lembra da nossa promessa? - ele me encara e automaticamente lembro da nossa promessa. - Tem pessoas especiais te esperando lá.

- Eu quero ficar mais com você. 

Ele sorri e me afasta de si.

- Você se tornou tão lindo, Min."

- Jae?

- JAE?

- JAEEBUUUM.

- Ei, Jimin, calma - um par de braços me rodeia e eu me debato abrindo os olhos, vejo todos os 6 me olhando, 2 deles com dó. Me desespero e fecho os olhos tentando o ver novamente. 

- Me solta, eu quero ver o Jae - falo tentando me soltar enquanto enxugo as lágrimas. 

- Se acalma, Chim - Sinto lábios pressionarem os meus, aqueles lábios que tanto amo. Meu corpo amolece e minha respiração cai, me permito deitar em seu peito, descolando nossos lábios e voltando a chorar.

- Eu quero ver o Jae de novo, Kookie - peço com a voz falha e ele me abraça forte.

Depois de alguns segundos, sinto outro par de braços me puxarem do aperto do mais novo e me abraçar por trás. 

- Ele está sempre com você, lembra?

- Ele me deixou sozinho, Yoongi.

- Não deixou, não - ele fala me virando e colocando a mão no meu peito, assim como ele tinha feito. - Ele vai estar sempre com você, aqui no seu coração. E no meu também.

- Ele me disse isso - falo sorrindo. 

- No sonho? - concordo com a cabeça e ele me mostra aquele sorriso doce.

- Eu sonhei com o dia que ele foi me visitar em casa, eu tinha 10 anos, lembra? - ele afirma que sim e eu continuo. - E com o dia do hospital.

- E depois oque aconteceu?

- Ele apareceu pra mim, disse para eu acordar e viver - sinto as lágrimas vindo de novo e o mais velho apenas enxuga elas. - Ele me lembrou da nossa promessa.

- Então você tem que cumprir ela.

Sorrio e olho para cima, ainda sentindo as lágrimas caindo.

- Eu vou cumprir nossa promessa - sorrio triste. - Vou viver por você, Jae.

Depois que digo isso, sinto meu peito se encher de alegria e foi como se ele estivesse ali parado, olhando para mim e sorrindo - aquele sorriso que eu tanto amo.

E oque eu não sabia, era que ele realmente estava ali, como tinha me dito. Me observando e sorrindo orgulhoso, assim como fez quando aprendi a andar de bicicleta. Orgulhoso por eu ter decidido cumprir aquilo que me fizera prometer minutos antes de finalmente partir em paz, livre da dor que o câncer priporcionava à ele.

" - Promete que vai viver.

- Eu não tenho motivos, não se não estiver comigo.

- Eu vou estar, eu prometi nunca te deixar no momento em que nasceu - o mais velho sorri fracamente e o mais novo sente seu peito se apertar.

- Jae, por favor.

- Mins, promete pra mim que vai viver. Promete que vai viver e ser feliz, por favor - o mais velho implora e o menor se desespera.

- Eu prometo, Jae. Vou viver por você, eu prometo.

O maior sorri e sussurra um baixinho "eu te amo", fechando os olhos e deixando o menor chorar desesperadamente assim que ouve o bip de seus batimentos pararem totalmente."

- Eu completei minha missão na terra, Mins. A missão de fazer o meu irmão, que já tinha sofrido muito, sorrir. Não fique triste por mim, fique feliz, eu fui embora feliz, e quero que você continue sempre feliz com esse sorriso que eu tanto amo no rosto. Eu te amo Mins, não se esqueça nunca disso. Eu te amo.