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História Forgetfulness flower - Lumity - Capítulo três


Escrita por: skyatlas

Notas do Autor


Oizinho, me digam se estão gostando dessa história pra eu saber se continuo ou não.

Com flores, Atlas.

Capítulo 4 - Capítulo três


Pov Luz Noceda

Eu estava sentada no lugar que o anônimo me pediu para estar, mas meia hora antes do combinado. Willow estava do meu lado esperando e batendo os dedos nervosamente na mesa.

- Então... - Ela começa depois de longos minutos em silêncio - Você vai falar algo ou?

Respiro fundo e decido finalmente olhar para ela.

- Promete que vai abrir o máximo a mente e tentar entender? - Eu questiono com cuidado.

- Sempre, Luz - Ela diz firme e com um sorriso encorajador.

- Tudo bem, então, lá vai - Eu respiro fundo mais uma vez antes de falar - Eu venho de uma realidade diferente. Quer dizer, uma realidade que foi apagada. Lá uma empresa criou um dispositivo que permitia que a gente visse nossas memórias como um filme, mas um dia eles fizeram uma atualização que permitia que você vivesse a memória pessoalmente sem alterar nada. Eu e a Amity estávamos na memória que nos conhecemos quando o sistema teve um problema e ficamos presas lá, tendo que reviver tudo.

- E o que aconteceu depois? - Willow perguntou seriamente.

- Eu... eu surtei - Eu digo timidamente, o peso da culpa me sufocando - Eu não queria mais reviver aquilo e tava tão cansada.

- Você parou? - Ela questiona com o cenho franzido - Digo, de reviver a memória.

- Sim, e foi aí que tudo mudou - Eu digo seriamente - Eu não lembro exatamente o que aconteceu, mas de repente eu estava aqui, na minha cama. Mas tudo era diferente.

- Quão diferente?

- Eu e você éramos amigas da Amity e do Gus, melhores amigos - Eu digo baixinho, a dor me dominando.

- Gus Porter? E a Amity Blight? - Willow questiona surpresa.

- Sim - Então, porque sei que preciso que ela entenda tudo, eu continuo - E eu e a Amity éramos...

- Namoradas? - Willow me corta com tanta certeza que me surpreende - Pelo jeito que você fala dela e olha pra ela esses dias... é o que parece.

- Não - Eu digo tristemente - Ainda não, mas estávamos caminhando pra isso.

- Apesar de ser uma loucura, eu acredito e faz sentido - Willow finalmente fala depois de alguns segundos em silêncio - Faz duas semanas que você tá diferente, triste como se tivesse perdido algo, triste como quando seu pai morreu. E agora faz sentido, porque você realmente perdeu algo, você perdeu uma vida.

- Eu preciso dela, Willow.

- Eu sei - Ela diz com carinho e me puxa pra um abraço - E eu realmente entendo.

E ela não precisava me dizer pra eu entender que ela está falando da Boscha. Eu não sou a única com o coração partido aqui.

- Então, esse cara disse que tem um dispositivo e respostas - Eu digo ainda no abraço.

- E eu tenho - A voz familiar de Gus Porter chama a minha atenção, me fazendo soltar a Willow e olhar para o garoto mais novo.

Gus está, como dizia no post, de azul.

- Gus? - Eu pergunto surpresa - Como você sabe sobre o dispositivo?

- Eu também era um teste - Ele diz enquanto senta em uma das cadeiras - Quando você mudou as coisas com a Amity mudou nossa amizade também, porque nós nos tornamos amigos no mesmo dia. Lembra?

Eu lembro, e dói. Eu lembro de quando sentamos em uma mesa e ele estava sentado em outra mesa do nosso lado sozinho, e como eu e Amity nos olhamos e sem dizer nada decidimos chamar ele.

Sem ela isso nunca aconteceu. A nossa amizade nunca aconteceu. Eu estraguei tudo, não só com ela.

- Eu sinto muito, Gus, eu realmente sinto muito - Eu digo com a voz embargada - Eu senti tanta a sua falta e sinto muito.

Gus se aproxima e me abraça, daquele jeito familiar que só ele conseguia e que eu tanto senti falta.

- Ei, não é sua culpa. Não é sua culpa. Você não sabia - Ele fala como um mantra no meu ouvido.

- Eu sei, mas...

- Sem mas, aconteceu, Luz, e você não é a única - Ele diz e me solta, me deixando confusa.

- Como assim eu não sou a única?

- Como você deve ter visto naquele grupo nós somos muitos - Ele começa a dizer - E você não foi a única a cansar e sem querer mudar algo. Muitos testes fizeram isso e consequentemente mudaram a vida das pessoas da vida deles.

- E como você lembra se foi a Luz que mudou? - Willow questiona e Gus a olha como se tivesse revendo uma antiga amiga.

- Todos os testes lembram, mesmo que não tenham mudado. Todos lembram - Ele diz sério e então me olha seriamente, me fazendo entender o que ele quer dizer.

- Mas a Amity... Como todos podem lembrar se ela não lembra? - Eu pergunto com a voz quebrada.

- Todos lembram, Luz. Os únicos que não lembram são os que decidiram esquecer e quebraram o dispositivo - Ele diz seriamente - Se ela não lembra, quebrou o dela.

- Ou... - É Willow que diz, e ela tá com aquela cara dela de quando tá pensando muito em algo - Ou ela finge.

- Como assim? Por que ela fingiria? - Eu rebato.

- Gus, por que você fingiu? Por que você nunca nos disse? - Willow pergunta e Gus suspira.

- Eu ia esquecer, eu achei que tornaria as coisas mais fáceis já que vocês claramente não lembravam - Ele começa a dizer, se apoiando em uma das mesas - Mas aí a Luz começou a agir estranhamente, principalmente com a Amity, e eu percebi que talvez ela lembrasse. O post só confirmou.

Willow fica quieta, e então de repente se aproxima do Gus e toca a mão dele com carinho.

- Se você não quiser esquecer, podemos tentar - Ela diz com cuidado, como se temesse que ele se afastasse - Eu sei que sou a única de nós três que não lembra, mas podemos criar novas memórias. Se vocês quiserem.

E como resposta eu e Gus nos olhamos e então a abraçamos, porque desde que cheguei nessa realidade isso era tudo que eu mais queria. Um abraço dos meus três melhores amigos.

- Eu sinto muito, Luz - Ele diz assim que a gente se solta - A primeira coisa que notei nessa realidade foi você e a Amity e eu imagino o quanto tá doendo.

- É tão estranho - Eu digo baixinho - Como ela tá ali, bem na minha frente, e eu simplesmente não posso ser quem eu era com ela.

- Elas eram extremamente grudadas - Gus diz para Willow - E apaixonadas.

- Eu a amo - Eu digo depois de uns segundos em silêncio - E eu quero tanto que ela me ame de volta, dói tanto saber que ela não pode.

Gus se aproxima de mim e tira algo do bolso da calça. O maldito dispositivo. Como algo tão pequeno causou tanta dor?

- Você perdeu o seu, não foi? - Ele diz com cuidado e eu apenas concordo - Se você quiser, pode usar o meu. É só você tocar na ponta dele com a sua digital e vai estar configurado pra você.

- Mas pra que?

- Pra esquecer - Ele diz com cuidado - Eu sei que dói, Luz, eu realmente sei. Principalmente por lembrar. Agora tá tudo bem pra mim e eu não preciso mais desse dispositivo porque eu tenho vocês, mas você... você precisa.

Pego o dispositivo da mão dele com cuidado e apenas o seguro sem fazer nada.

- E eu só preciso quebrar?

- Simples assim. Um minuto depois as memórias vão sumir - Ele responde e meu peito dói.

- Mas e se ela lembrar? - Willow intervém, tocando na mão que eu não seguro o dispositivo - E se ela lembrar, Luz?

- Essa possibilidade existe. Ela pode estar fingindo - Gus concorda - A gente pode tentar descobrir.

- Eu acho que fizemos progresso ontem, conversamos depois do treino e ela disse que podíamos ser amigáveis e deixar o passado pra trás - Eu digo enquanto olho o dispositivo - Eu posso me aproximar dela e ver se ela lembra. E se ela não lembrar... eu esqueço.

- Mas você vai esquecer do Gus de novo - Willow diz, e eu olho para o Gus.

- Não vai - Ele diz enquanto dá de ombros - O dispositivo vai apagar as memórias passadas, mas não as atuais.

- Então eu vou lembrar que o dispositivo existiu. Do que adianta?

- Adianta que você não vai lembrar da Amity na outra realidade, você não vai sentir - Ele diz e eu arregalo os olhos.

- Eu não vou a amar - Eu digo e ele concorda.

- Eu... você lembra do Matt? - Ele questiona e eu concordo, lembrando do crush dele da outra realidade - Eu tentei fazer ele lembrar, mas as coisas ficaram complicadas.

- Complicadas como? Ele era um teste, não era? - Eu pergunto.

- Ele era, mas foi aí que eu descobri sobre a possibilidade de apagar as lembranças. Ele apagou - Gus responde e eu posso ver a dor nos olhos dele - Então, bom, as coisas entre nós não deram certo.

- Eu sinto muito, Gus. Você pode usar o dispositivo pra apagar ele - Eu digo e entrego o dispositivo pra ele, mas ele recusa.

- Não, significaria apagar vocês e eu não quero - Ele diz sério - E ele era um crush, você ama a Amity. A dor nem se compara.

- Tudo bem - Willow diz e ela parece tão séria que me assusta - Então você vai se aproximar da Amity, descobrir se ela lembra e se ela lembrar tudo fica bem, se ela não lembrar você apaga. Certo?

- Certo - Eu digo - Mas, se um dia chegar o momento e eu tiver que apagar, eu vou deixar cartas para mim mesma. E vocês me entregam essas cartas um dia.

- Que dia? - Willow pergunta confusa.

- No dia que eu me apaixonar por ela de novo - Eu respondo com um sorriso de lado - Não existe um universo em que eu não queira ela, cara. Então, se eu tiver que esquecer para recomeçar, eu vou. Mas no meu recomeço eu quero ela, eu quero a gente.

Willow e Gus sorriem na minha direção e não dizem nada, mas sei que eles concordam porque estão sorrindo daquele jeito familiar.

E apesar de tudo e a pequena dor que ainda existe no meu coração pela falta dela, eu tenho esperança.



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