História Found a little part of me - Começo-Eunhae

                                                      Narração de Donghae

Regressava a casa depois de mais uma tarde que passava nas ruas para tirar fotos de animais, pessoas e paisagens. Ainda me falava mais uns bons metros para chegar a minha casa, tinha a estranha sensação de estar a ser perseguido mas deixei para lá podia ser só da minha cabeça, mas aí vejo dois rapazes saírem de um beco e pararem a minha frente virei me para trás mas estavam mas dois rapazes com um sorriso perverso caminharem na minha direcção senti um enorme pânico ia começar a correr mas agarram me e atiraram me para o chão. Porque é que àquela hora não havia ninguém na rua?

Senti murros e pontapés no meu corpo e tinha a certeza que eles se riam de mim, quando me levantaram e encostaram à parede reuni todas as forças que tinha e gritei o mais alto que consegui, vi-os afastarem se e afastaram se com uma cara de agonia seria um boa chance para correr mas perdi as forças e desmaiei no chão, só me lembro de ver sombras agitadas e o rosto de um rapaz.

                                                   Narração de Eunhyuk

            Era hora de ir trabalhar naquele maldito bar, odiava trabalhar ali às vezes tinha que aguentar certas coisas que me metiam nojo mas era só até arranjar outro trabalho melhor. Estava a ir para o bar quando oiço alguém gritar ou pelo menos tentar fazê-lo, era horrível vou ver o que era e vi um rapaz a gritar no chão, vi também outros rapazes que iam em direcção a ele de certeza para acabar de lhe dar uma surra, comecei a bater nesses rapazes e quando acabei fui ter com o outro que fechava os olhos lentamente liguei para policia disse que o se passava, peguei nele ao colo e levei o até ao hospital, lá liguei para o bar e expliquei a situação entenderam o que passava e deram me o resto da noite livre, vi uma enfermeira vir ter comigo.

“Qual é a sua relação com o rapaz?”

“Nenhuma, simplesmente fui ajudá-lo, ele foi vítima de um assalto.”

“Podia contar o que viu ao médico e à polícia?”

“Sim claro, e a família dele?”

“Já estão a vir para cá.”

Fiquei ali à espera que os familiares chegassem, vi uma mulher de estatura pequena entrar a chorar enquanto, provavelmente o seu filho, a consolava a enfermeira e o médico chegarem e foram ter com eles.

“Você é a omma do Lee Donghae?”

“Sim, como é que ele está?”

“Bem precisa de descansar, não é nada de grave não partiu nada mas as costelas estão um pouco sensíveis e pode ser que lhe custe ou doa respirar mas vai ficar tudo bem, aquele rapaz ali foi ele que o ajudou acredito que o seu filho poderia ter ficado bem pior se não fosse ele.”

A mulher chorosa olhou para mim, vieram os 4 ter comigo, levantei me cumprimentei os, a mulher veio até mim e abraçou me e claro retribui.

“Muito obrigada por ter ajudado o meu filho, vou estar lhe eternamente grata.”

“Não foi nada, outra pessoa faria o mesmo.”

“O seu filho já acordou, gostaria que me acompanhassem, e você também …”

“Lee Hyuk-Jae, mas prefiro Eunhyuk.”

Entramos no quarto e vi um rapaz deitado na cama um pouco desorientado, a sua omma foi até ele e abraçou o rapaz que estava confuso, quando esta se afastou ele fez uns gestos com as mãos e a sua omma fez outros em seguida, a senhora mexia as mãos rapidamente o que me deixava baralhado mas o rapaz via cada movimento dela atento e por uns momentos olhou para mim e com a mão pediu-me que me aproximasse, e foi o que fiz. Quando lá cheguei ele fez uns gestos com as mãos, olhei para a mulher num pedido que me ajudasse.

“Ele disse que agradece imenso por o ter ajudado.”

“Eu ouviu gritar e fui logo ver o que se passava pois o gritos assustaram me, quando cheguei ate ele já estava no chão, quando deixei os outros rapazes igualmente no chão liguei a policia e depois trouxe o para cá.”

A mulher fazia os gestos com as mãos para o rapaz, e enquanto falava para todos daquela sala nunca parando com os gestos.

“Ele desde que nasceu é surdo-mudo, de momento não temos ninguém que possa andar sempre com ele, eu e o irmão temos trabalho e não podemos andar sempre com ele.”

“Você sabe que há uma operação em que se coloca o implante coclear, não volta a ouvir o 100% mas ainda ouve alguns sons alguns ainda podem perceber um pouco a fala mas como o seu filho não ouve desde que nasceu é um caso diferente.”

“Eu sei mas ele não quer desde pequeno que lhe pusemos essa hipótese mas recusa-se.”

O rapaz pede a atenção da sua omma e provavelmente ela explica lhe o que estiveram a falar ele abana a cabeça negativamente.

“Está a ver ele recusa se e sei que essa operação quanto mais cedo melhor, ele já tem 27 anos e continua com a mesma ideia que tinha quando tinha 7.”

“A vida é dele, ele é que decide, amanhã pode voltar para casa, tem que descansar e não fazer esforços.”

O médico saiu do quarto acompanhado pela enfermeira, sabia que também era a minha hora de ir embora mas não queria, queria ficar ali com ele, sentia que se saísse dali algo iria acontecer. Foi aí que tive uma ideia.

“Desculpe, senhora Lee você disse que andavam à procura de alguém para ficar com ele, sei que não sei falar língua gestual mas estou disposto a aprender, por isso será que podia considerar contratar-me?”

Ela olhou para a mim e depois virou se para o filho provavelmente para lhe dizer a minha proposta, viu o semicerrar os olhos e olhar para mim de alto a baixo, pela cara dele não ia aceitar mas depois acenou com a cabeça.

“Amanhã pode vir a nossa casa às 4h da tarde?”

“Sim claro lá estarei muito obrigado pela oportunidade, vou dar o meu melhor obrigado.”

Sai do hospital e fui para casa e deitei, agora era só esperar que me aceitassem e depois largava o meu trabalho no bar. Acordei com o calor, era meio dia e como não tinha trabalho na outra noite aproveitei para dormir tudo que tinha perdido das outras noites, almocei vesti umas calças de fato de treino largas e cinzentas, uma t-shirt larga preta, uns ténis brancos e dirigi me para o local onde dava as aulas de dança, quando lá cheguei a maior parte dos maus alunos já lá se encontravam. Fizemos o aquecimento voltamos a dançar umas musicas que já vínhamos treinando há algum tempo para uma competição e depois mostrei lhes uma nova dança que tinha preparado e comecei a ensinar-lhes. Eram quase 4h fui a casa tomei banho fui até o endereço que a senhora me tinha dado, tive que ir de autocarro, ainda tive que perguntar a umas senhoras onde é que era a casa quando cheguei toquei à campainha e senhora Lee sorridente apareceu à minha frente.

“Entra querido. Vamos para a sala o Donghae está a ver televisão.”

A casa não era grande mas também não era pequena, era confortável e acolhedora fomos até à sala onde vi o rapaz em frente da televisão viu nos chegar e sorriu para mim, sentei me ao seu lado.

“Muito bem, vou ter de lhe perguntar as coisas básicas.”

Dizia ela enquanto fazia gestos com as mãos.

“Como é que te chamas? Qual é a tua idade? A tua morada?”

“Chamo me Lee Hyuk-Jae, mas gosto mais que me tratem por Eunhyuk, tenho 28 anos.”

Apontei a minha morada numa folha assim como o meu número de telemóvel, ela disse que era preciso e eu compreendi.

“Que tipo de trabalhos já fez?”

“Já trabalhei num restaurante, num supermercado, como babysister, num bar e dou aulas de dança.”

“E porque é que quer ajudar o Donghae?”

“Porque estou farto do meu trabalho no bar odeio estar lá de certeza que estar com o seu filho e ajudá-lo é muito melhor e mais divertido.”

“Divertido?”

“Sim por enquanto não nos entende mos pois eu não sei língua gestual, e vai ser divertido tentar adivinhar o que cada um está a dizer.”

“E pretende aprender língua gestual?”

“Claro, mas eu já pensei numa forma de nos comunicar mo nos, através de um caderno e ele podia-me ensinar, escrevia a palavra no caderno e depois fazia o gesto e eu copiava, acho que vai ser interessante.”

Olhei para os dois que me olhavam admirados, ele faz uns gestos.

“Ele diz que está ansioso por começar, e diz que quer assistir a essas aulas de dança.”

“Claro pode vir quando quiser.”

            Fiquei mais um pouco na casa daquela família eram muito simpáticos e o Donghae apesar do seu problema era divertido. Agradeci mais uma vez a chance que me deram e começaria amanha a trabalhar às 10h da manhã teria que estar na casa dele, fui para casa, preparei o jantar vi televisão e preparava me para ir ao bar, quando lá cheguei fui falar com o gerente.

“Eunhyuk, que querias falar comigo?”

“Vim despedir me, a partir de hoje não trabalho mais aqui.”

“Se é assim que preferes, bem amanha traz me a carta de despedimento.”

Sai do bar e fui para casa dormir, e tinha certeza que havia sonhado com aquele rapaz. No dia seguinte acordei cedo para ir ao banco tratar da minha carta de despedimento, deixei a carta em casa e depois fui ter com aquele rapaz de rosto doce, sentia me ansioso por vê lo outra vez. Quando lá cheguei toquei lá campainha e um rapaz veio abrir a porta.

“Olá eu sou o irmão do Donghae, entre ele está lá em cima pode esperar na sala, eu tenho que ir trabalhar, tome bem conta dele se quiser pode ligar a televisão.”

Fui para a sala liguei a televisão e sentei me no sofá, mandei uma mensagem ao gerente do bar a dizer que às 5h da tarde passava por lá, assusto me quando vejo o Donghae sentar se ao meu lado, nas mãos ele trazia um caderno e uma caneta, riu se quando reparou que me assustei, pegou no caderno e escreveu algo que depois me mostrou – Estás pronto para começar as aulas de língua gestual? – acenei com a cabeça – Vamos começar com o abecedário e os números depois com as saudações e as despedidas -  escreveu o abecedário e os números e foi dizendo os um a um, depois tentei imitá-lo, repetimos isso várias e várias vezes até eu já os saber mais ou menos. Tive uma ideia peguei no caderno e escrevi - Podias fazer me uns vídeos onde fazes os sinais e assim posso treinar me casa – ele levantou o polegar e acenou com a cabeça, fiz mais uma vez o abecedário e os números, depois passamos para as saudações era algo simples, então começamos a gravar os vídeos com o meu telemóvel eu filmava e ele fazia. Depois disso ajudei-o a preparar o almoço, comemos e depois fomos ver televisão e “conversar” um pouco. Fazíamos perguntas um ao outro ele perguntou – Como é que é a tua família? – ao que eu respondi – Normal, a minha família e a minha vida nunca foram nada demais, tudo normal e monótono -     - A minha vida sempre foi calma já que é tudo muito silencioso mas irrita me quando as pessoas me olham com pena é frustrante ter que andar sempre com alguém atrás de mim para me ajudar -     - Obrigado pela parte que me toca, porque é que decidiste contratar me sabias muito bem que íamos ter um pequeno problema no que toca a comunicar, mas mesmo assim decidiste contratar -     - Porque estavas disposto a tentar aprender e pela maneira que falaste passaste a imagem de que ser surdo mudo era divertido, o que me deixou feliz, toda a gente vê os surdos mudos como um problema pois nunca se sabe como comunicar com eles e a única maneira dá trabalho – olhei para ele e deu me uma enorme vontade de abraço, parecia frágil naquele momento, peguei no caderno e escrevi – A partir de agora vou estar sempre ao teu lado, se precisares de alguma coisa não hesites em pedir me e por favor não voltes e gritar por ajuda – ele olhou me confuso – Porquê? - - Porque é horrível senti-me desesperado quando te ouvi e depois quer dizer que não estava lá para te proteger – ele arregalou os olhos e corou um pouco, olha mo nos durante um bocado, virei a cara envergonhado quando oiço a porta ser aberta.