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História Fragment - Não está no script


Escrita por: Renata_Maila

Notas do Autor


Annyeong gafanhotos!
Como estão?
Mais uma vez nesse sábado, huh?
Hoje é uma OS dedicada a minha dongsaeng ~Yuki_Chan_Z que pediu uma com o Myun!! *-* nosso líder lindinho como a neve! :3
Enfim, chega de enrolação e espero que gostem!

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Título: Não está no script
Classificação: +12
Gênero: Colegial; Comédia[?]; Fluffy; Shoujo; UA
Avisos: Ciúmes; Linguagem Imprópria
Sinopse: Pelo que parecia, Joonmyun não era muito de seguir script, mas não me importava.

Capítulo 12 - Não está no script


Fanfic / Fanfiction Fragment - Não está no script

   NÃO ESTÁ NO SCRIPT

 

  Nunca desejei tanto na minha vida ser mais alta, carregar um banquinho ou saber andar de salto alto, pois assim, conseguiria enxergar o que estava no quadro de avisos do corredor. Mas todas aquelas pessoas na minha frente só me atrapalhavam. Uma garota saiu chorando dali, provavelmente ela não foi aceita, espero que não tenha o mesmo destino.

  Fiquei na ponta dos pés para poder enxergar, mas não adiantava de nada. Voltei a por totalmente as solas dos pés no chão e suspirei pesadamente. Revirei os olhos e me intrometi no meio das pessoas. E após alguns palavrões e pisadas nos pés, finalmente, consegui chegar à frente do quadro. Meus olhos percorriam o papel em busca do meu próprio nome, meu coração batendo rapidamente a cada segundo de demora. Para meu grande alívio e felicidade, achei-o, porém com o nome de outra pessoa.

 

- Teremos que passar para a segunda rodada. – disse ela com aquela voz irritante que sempre tinha vontade de arrancar a garganta toda vez que a via – Sabe, ainda não sei como deixaram você passar na primeira seleção, mas talvez tenham anotado o seu nome errado, não é? Não duvido nada. Tenho certeza que na segunda rodada, verão que sou a melhor.

- Nunca se sabe. – respondi indiferente –

- Ah, você deveria virar comediante, teria mais sucesso. – e ela foi embora, dando aquela risadinha imbecil –

 

     Respirei profundamente, notando que havia mais outro nome em disputa do papel, mas nem me importava, o meu nome estava ali, dentre um das três e na próxima seleção eu seria a escolhida. Mas primeiro deveria contar para o oppa.

     Saí daquela rodinha que estava em volta de mim e corri pelo corredor, sentindo a minha alegria vir aos poucos por ter conseguido passar.

 

- Myun! – exclamei pelo corredor – Myun!

 

    Não me importava com os olhares dos outros alunos sobre mim, sempre fui um pouco julgada pelos outros, por meu jeito um pouco – talvez muito – espalhafatoso, principalmente pelos colegas de Myun, mas se oppa não se importava, porque deveria me importar com eles, não é verdade?

     Virei o corredor e colidi contra algo maciço e alto, mãos largas em meus ombros, aparando-me e só pelo perfume, já sabia quem era.

 

- Tenha cuidado.

- Ah, desculpa Yifan oppa. Sabe onde está, Myun?

- Ele deve estar no pátio.

- Ah, claro. Obrigada.

 

     Curvei-me e rapidamente saí correndo em direção ao pátio.

     Ao chegar ao mesmo, fiquei um tempo varrendo o gramado com os olhos em busca dele, e após alguns passos, consegui-o avistar. Estava sentado no banco com um livro em mãos, porém, não estava lendo, provavelmente foi interrompido por aquela garota do último ano – sua colega – que estava conversando com ele e o tocando no braço. Por que ela sempre fazia questão de tocar nele enquanto conversavam? Parece até que Joonmyun iria se desintegrar se ela ficasse dois segundos sem fazer isso. Credo!

     Bem, não tenho o direito de sentir ciúmes de Joonmyun, pois sou um ano mais nova do que ele, consequentemente, estou um ano escolar abaixo dele e suas colegas de classe possui a mesma mentalidade e as mesmas preocupações. Mas mesmo assim, aquela garota precisava ficar tocando-o a todo instante?

    Os olhos doces de Joonmyun me encontraram e este sorriu para mim. A garota também olhou para mim, mas ao invés de sorrir, apenas revirou os olhos, ignorei-a também e dei um passo em direção a eles, mas Joonmyun fez sinal para que esperasse. Levantou, trocou mais algumas palavras com a garota, despediu-se dela e veio em minha direção.

    Cuidei a menina por alguns instantes, vendo-a suspirar e em seguida, me fuzilar com o olhar. Voltei à atenção para Joonmyun que ainda sustentava um sorriso para mim, seus olhos escuros reduzidos pela largura do sorriso, algo que sempre achei adorável. Vestia uma camisa preta e jeans da mesma cor, o que era um grande contraste com sua pele que sempre fora tão branca, bem mais que a minha.

 

- Olá Myun!

- Vejo que me procurava.

- Como sabe?

- Ouvi sua voz ecoando pelos corredores.

- Mentiroso! Foi Yifan que lhe avisou pelo celular, não foi? – e ele riu se entregando –

- Isso não significa que não tenha lhe ouvido.

 

     Revirei os olhos e ele sorriu.

 

- Poderia me acompanhar até o meu armário?

- Claro, oppa! – e me enganchei em seu braço –

 

    Lancei um olhar para trás para aquela garota no banco, e seu olhar sobre mim era assustador. Tinha certeza que em sua mente eu já estava morta e enterrada.

   Quando estava com Myun não me sentia tão baixa perto dos outros, como uma formiga que pudessem pisar e esmagar, era quase como me sentisse armada e protegida, com um grande escudo, não tendo motivo para temer ninguém, nem mesmo o pessoal do último ano.

   Joonmyun guardou seu livro no armário, o qual sempre achei super organizado, por ordem de tamanho e importância – e que também exalava sua fragrância, a qual era a minha predileta – e fechou, olhando para mim.

 

- O que foi? – perguntei um pouco desconcertada por seu olhar –

- Você não tinha algo para me contar?

- Ah sim! Eu passei!

- Sério?

- Bem, tem a segunda seleção, onde está àquela garota que temos um forte relacionamento de ódio mutuo e outra que desconheço. – disse e ele riu – Mas eu passei!

- Isso é o que importa! Parabéns!

 

     Joonmyun me abraçou e em seguida me ergueu do chão, girando-me no ar. Em seguida, pôs-me de volta ao chão e bagunçou meus cabelos.

 

- Eu disse que você ia passar.

- Da próxima vez vou acreditar em você, oppa.

- Então acho bom você acreditar em mim novamente, pois estou lhe dizendo que vai conseguir o papel.

- Eu quero muito o papel de Dorothy para o Mágico de Oz.

- Tenho certeza que vai conseguir, vou dará uma perfeita Dorothy.

- Como pode ter tanta certeza, oppa?

- Porque eu vou lhe ajudar.

- Ah, eu não quero atrapalhar nos seus estudos...

- E não vai. Quero lhe ajudar com esse papel.

- Ah, obrigada, Myun. – e o abracei –

- Que tal começarmos hoje? Podemos treinar na sua casa.

- Ah, pode ser na sua?

- Na minha?

- Eu gosto da sua casa.

 

    E ele riu.

 

- Por mim, tudo bem. Moramos na mesma rua.

 

     O sinal bateu, avisando que teria um teste de Matemática para fazer, revirei os olhos, fazendo Joonmyun rir. Ele desejou-me sorte e beijou meu rosto, pois disse que assim teria sorte dupla, sorri e fui correndo para a sala antes que fosse tarde demais.

 

     Nunca fiquei tão contente por o sinal ter batido, indicando que, por hoje, não teria mais aula. Consegui encontrar o professor de teatro no caminho, onde fiz algumas perguntas sobre a segunda rodada e após, fui correndo em direção à saída, onde encontrei Myun encostado no portão, esperando-me.

 

- Nossa! Você está sempre correndo, sabe que as pernas também servem para caminhar?

- Eu não queria lhe deixar esperando por mais tempo.

- Não se preocupe com isso. – e começamos a andar – Por que demorou tanto?

- Estava conversando com o professor de teatro.

- Sobre...?

- Se tinha que fazer a mesma cena que fiz na primeira seleção ou teria que fazer outra.

- E o que ele disse?

- O que eu desejasse.

- E o que você quer fazer?

- Outra cena. Não quero me tornar repetitiva.

- Você está certa, mas é arriscado. Por sorte, eu irei lhe ajudar.

- Tem certeza que não vai lhe atrapalhar, oppa?

- Tenho sim. – e ele bagunçou meus cabelos novamente – Que horas sua mãe vai lhe abandonar? – perguntou em tom brincalhão –

- Ela já me abandonou. Apenas me deixou na escola e já foi.

- Ela foi para onde?

- Seul.

- Hum... Então você vai almoçar na minha casa.

- Não quero atrapalhar mais do que...

- Shhh... – e seu indicador tocou meus lábios – Não discute com seu oppa. – e assenti – Agora vamos, não quero que o almoço acabe esfriando.

 

 

     No caminho, passamos pela minha casa, a qual estava toda trancada, do jeito que havia deixado hoje de manhã. E duas quadras depois, chegamos à casa de Joonmyun. Este abriu o pequeno portão da casa e esperou que eu entrasse primeiro. A cada vez mais que me aproximava da porta sentia mais o cheiro de comida.

 

- Omoni! Cheguei! Trouxe uma convidada! – exclamou Joonmyun pendurando seu casaco no cabideiro que havia perto da porta e retirando seus tênis também –

- Quem? Ah! Há quanto tempo, querida!

- Annyeong ahjumma. – e me curvei –

 

    A mulher baixa – do meu tamanho – possuindo cabelos negros e a tez tão branca quanto a do filho, veio em minha direção, limpando as mãos no avental e me abraçou.

 

- Achei que havia se cansado de mim.

- Desculpa ahjumma, mas fiquei ocupada demais com a peça do teatro.

- Ah sim, verdade. E como foi?

- Haverá uma segunda seleção.

- E você foi para a segunda...? – perguntou Sra. Kim receosa –

- Fui.

- Oh! – e ela me abraçou novamente – Parabéns! Tenho certeza que conseguirá o papel!

- Eu irei ajudá-la, omoni. – disse Joonmyun –

- Isso mesmo! Não aguento mais lhe ver enterrado naqueles livros!

 

    Joonmyun sorriu e passou a mão pelos fios pretos, demonstrando estar um pouco envergonhado.

 

- Vão se lavar, daqui a pouco o almoço está pronto.

 

    A Sra. Kim voltou para a cozinha e fomos ao banheiro. E como sempre, Joonmyun jogou água em mim enquanto lavávamos as mãos, começando uma guerra de água que só foi apartada quando ahjumma nos chamou. Estávamos molhados – quase ensopados. 

 

- Ahjumma ficará brava conosco. – murmurei e ele assentiu risonho – Não tem graça! – e dei um soco leve em seu braço, fazendo-o rir –

- Não se preocupe com isso, ok? Agora tenha cuidado para não resvalar e...

 

    Foi só ele ter dito que quase caí, por sorte, Myun me segurou, ficando um tanto próximo de mim. Sentia-me como aqueles filmes clichês americanos ou a um KDrama romântico. O tempo que ficamos nos fitando não estava sendo contado, mas acabamos nos afastando quando a Sra. Kim nos chamou novamente para almoçar.

     Como previsto, ela ficou indignada ao nos ver naquele estado, dizendo que não deveríamos ter feito isso porque poderíamos pegar um resfriado. E se não fosse por Myun, ela nos teria feito trocar de roupa no momento. Felizmente, ela deixou essa passar para que não acabássemos comendo comida fria, porém, deveríamos fazer isso, imediatamente, depois que terminássemos a refeição.

     Durante o almoço, a Sra. Kim me perguntou mais sobre o teatro e o resto das coisas da escola.

 

- Isso é ótimo, querida. Se continuar desse jeito, vai passar direto na escola. – e ela limpou a boca no guardanapo – Mas agora me conte, como vai o coraçãozinho?

- O quê? – perguntei quase me engasgando –

- Não há nenhum menino que lhe atrai?

- Hã... Eu não tenho tempo para isso, ahjumma.

- Ah, isso não significa nada. Nosso coração sempre arranja algum tempo para se apaixonar. Tenho certeza que seu coraçãozinho bate por alguém. É alguém de sua sala? – perguntou ela animada –

- Não, na minha sala não há ninguém que interesse.

- Então é da outra sala? Talvez de outro ano?

 

    Comecei a tossir por causa da bebida. Sentia-me nervosa ao perceber que Joonmyun também me olhava, interessado pelo assunto. Ambos me fitando, apenas me deixavam mais nervosa. Como diria a Sra. Kim que gostava de seu filho? Bem, a minha melhor opção seria não dizendo.

 

- Eu acertei! – exclamou a Sra. Kim – Então é de outro ano! Mais novo? Mais velho? Algum oppa conquistou seu coração?

- Não tenho tempo para isso, ahjumma. – disse com um sorriso amarelo no rosto e voltei a olhar para o prato, lançando um olhar de soslaio para Joonmyun que bebia seu suco de modo pensativo –

- Hum... Entendi.

 

     Olhei para ela, a qual me olhava com um sorriso nos lábios, significando que ela havia descoberto. Gostaria de saber como arranjou o dom de adivinhar as coisas.

 

- Ahjumma... – murmurei –

- Não precisa me explicar nada, querida.

- Eu perdi alguma coisa? – perguntou Joonmyun –

- Você deveria comer mais a salada, como vai ter energia para ajudá-la e para estudar se não come os legumes?

- Estou comendo, omoni! – respondeu Myun em tom manhoso, fazendo-me sorrir –

 

     Após o almoço, a Sra. Kim me levou até seu quarto onde me emprestou um de seus vestidos, já que a minha roupa ainda estava molhada. Em seguida, ela pegou minhas roupas, pois iria estendê-las para que as mesmas secassem e durante isso, fui ao quarto de Joonmyun onde bati a porta.

 

- Myun? – chamei –

- Pode entrar.

 

     Fiquei boquiaberta ao ver o seu quarto, o qual sempre fora muito organizado, agora, bagunçado. Tinha pilhas de livros no chão e outros que estavam espalhados e abertos. Na verdade, parecia uma bagunça organizada, pois os livros estavam separados por matérias.

 

- Nossa! Por acaso entrei num campo de batalha? – brinquei –

- Abaixe-se! Não quero que seja atingida! – exclamou e rimos –

- Sabia que estava estudando, mas não tinha noção que era tanto assim. – disse ao olhar mais detalhadamente para a “bagunça organizada” –

 

    Joonmyun passou a mão pelos cabelos, um pouco constrangido.

 

- Você estuda isso todo dia? – e ele assentiu – Nossa, Myun! Como você consegue?

- Não sei... Apenas leio e faço anotações. É muito difícil a faculdade de medicina e quero ter uma grande chance de entrar.

- Se continuar assim, vai conseguir o primeiro lugar.

 

     E ele sorriu.

 

- Tem certeza que quer me ajudar? Não quero atrapalhar em seus estudos.

- Estou há semanas estudando... Não aguento mais. Preciso de alguma folga.

 

     E ri.

 

- Já que você tem certeza... – e me joguei em sua cama, fazendo-o rir –

- Você já sabe que cena vai apresentar?

- Não sei...

- Como assim? Você sempre tem tudo mentalizado... A Dorothy precisa saber para onde vai.

- Eu sei, mas não sei que cena irei representar... E se as outras duas forem melhores?

- Não vão. Você será melhor. Sabe, vou começar a lhe chamar de Dorothy.

- Por quê?

- Se você começa a determinar tal coisa, essa coisa acaba se tornando realidade.

- Sério?

- Sim, Dorothy. – e sorri – Bem, você não tem alguma parte da história que gosta?

- Gosto de quando ela encontra com os outros... Gosto do Homem de Lata. – disse, sentando-me na cama –

- Homem de Lata? Por quê?

- Ele vai à busca do Mágico de Oz para pedir um coração, acho isso muito bonito.

- Temos uma Dorothy romântica. – brincou –

- Eu só acho bonito, Myun. Os outros pedem coragem e inteligência... E o Homem de Lata pede um coração.

- Bem, já que você quer a cena do Homem de Lata, então me dê o script para ler.

 

     Rapidamente, levantei-me de sua cama e fui até a minha mochila pegando o script.

 

- Eu só tenho um.

- Não tem problema, podemos ler juntos. – e assenti um pouco receosa –

- O que acha de ensaiarmos lá no quintal? Aqui está acontecendo uma guerra. – brincou apontando para a bagunça –

- Boa ideia, não quero acabar sendo atingida.

 

     Descemos as escadas e passamos pela cozinha, onde estava a mãe de Myun misturando alguma coisa, mas não sabia o que era, pois ainda não tinha cheiro. Acompanhei Joonmyun até a macieira onde nos sentamos perto da mesma.

     Joonmyun se aproximou de mim, para podermos ler o script juntos, o que me deixou nervosa. Podia sentir vivamente seu perfume a todo instante, dificultando a minha concentração nas palavras, por sorte, sabia todas as minhas falas de cor. A minha respiração parecia superficial e por alguns instantes parava de respirar para ver se dava para ouvir meu coração batendo acelerado. Esperava que não.

 

- Ok, acho que estou pronto. – disse ele se levantando –

- Pode ficar com o script, sei as minhas falas de cor.

- Que garota aplicada... Ok, vamos começar.

 

      Nas duas primeiras horas, fiquei apenas ajudando Joonmyun a entrar no espírito do personagem, já que ele não tinha nenhuma experiência em atuar. Após, começamos realmente a ensaiar, mas fomos interrompidos pela Sra. Kim que nos chamava. Na mesa, havia uma bandeja com bolo de chocolate e chá para o nosso lanche.

 

- Como está indo o ensaio?

- Está ótimo, ahjumma. – respondi –

- Ela está sendo gentil, porque eu sou um zero a esquerda em atuação.

- Não é não. Até que leva jeito, só precisa de um pouco mais de prática.

- Então, Joonmyun tem talento para atuação?

- Sim, ahjumma.

- Viu, querido? Se não passar em medicina pode tentar ser ator.

- Omoni...

- Vai ser um oppa bonito nos KDramas com monte fãs a sua volta. Todas ficaram suspirando por você  quando aparecer sem camisa e vão criar fanfics descrevendo o quão branco você é.

- Omoni!

 

     E rimos.

 

- Ahjumma, você teria fitas de cabelo?

- Claro, querida, quer um par? – e assenti – Já volto.

 

     Distraí-me com a saída da Sra. Kim que me sobressaltei com o toque do polegar de Joonmyun em meu rosto.

 

- Tinha farelo de bolo aqui. – disse com um sorriso –

- Ah... Obrigada, oppa.

   

     Ahjumma voltou com duas fitas vermelhas e me entregou, levantamos e voltamos para a sombra da macieira do quintal.

 

- Por que você pediu fitas?

- Para entrar no personagem. – disse dividindo meu cabelo ao meio e os prendendo – Pronto, agora sou Dorothy.

- Só faltam as sapatilhas vermelhas... Sabe, você deveria usar esse penteado mais vezes, fica bonito em você...

- Hã... Obrigada. – disse torcendo mentalmente para não estar tão corada – Bem, que tal continuarmos?

- Estou por você.

- Acho que desta vez não precisamos citar a parte do Espantalho, se não, ficará muito cansativo.

- Concordo.

 

     Pigarreei para me concentrar e para fazer com que ele não me olhasse mais daquela forma instigante.

 

- Ok, vamos começar.

    

 

***

 

 

- Trouxe chocolate quente. – disse Joonmyun entrando no quarto com uma bandeja –

- Obrigada, Myun. – e espirrei –

- Sabia que não devíamos ter ficado tanto tempo lá no quintal, mas você é teimosa.

- Preciso ensaiar. Quanto mais pronta estiver, mais chances terei de passar.

- Entendo isso, mas você precisa se preocupar com sua saúde.

- Se você não tivesse me tirado de lá pelos ombros, ainda estaria lá.

- Eu sei. Sorte sua que fiz isso, podia estar de cama agora.

- Mas eu estou de cama. – e rimos –

- Por que você foi inventar de buscar o script depois do banho! Você é louca.

- Só tenho um script, não podia deixá-lo lá para ser molhado.

- Você é impossível. – e se sentou na beirada de sua cama –

 

     E espirrei. Joonmyun colocou a mão sobre minha testa e fez uma careta.

 

- Você está com um pouco de febre.

- É exagero seu, oppa. Estou bem. – e me sentei – Estou perfeitamente bem, posso ir para casa.

- A essa hora da noite? Nem pensar. Não vou lhe levar até sua casa.

- Então vou sozinha.

- Nem por cima do meu cadáver. As ruas a noite são perigosas.

- Já sou bem grandinha, oppa.

- Não interessa. Você está aqui e é a minha responsabilidade.

- Tem ahjumma também.

- Ela saiu.

- Para onde? – perguntei de olhos arregalados –

- Para o clube de mulheres que ela participa.

- E a minha omma?

- Ela ligou para cá, dizendo que passará a noite em Seul. Ficou aliviada ao saber que você está aqui.

- Como aconteceram tantas coisas em pouco tempo?

 

     Joonmyun riu.

 

- Você dormiu, sua boba.

- Por quanto tempo?

- Quase três horas.

- E você deixou? Por que não me acordou? Sabe que não gosto de ser um fardo.

- E quem disse que estava sendo um fardo? Deixei que dormisse. Você é mais legal quando dorme.

- Ei! – protestei e ele riu -

- Está com fome? Está quase pronto o jantar.

 

     Assenti timidamente. Joonmyun ajudou-me a levantar e me levou até a sala de jantar, onde a mesa estava arrumada. Após ocupar meu lugar, Myun me serviu, em seguida, o silêncio preencheu o ambiente.

 

- Quem vai fazer o papel do Homem de Lata?

- Baekhyun.

- Ah, aquele que gosta de você.

- De onde tirou isso, oppa?

- É um pouco óbvio, não acha?

- Hã... Não sei. Nunca reparei.

- Sério? Ele está sempre tentando lhe agradar. Acho que até entrou no teatro por causa de você.

- Besteira, oppa.

- Não é besteira, é verdade. Você é muito tosca para não perceber uma coisa dessas.

- Aish! – reclamei e ele riu –

- Mas você gosta dele? – perguntou receoso –

- Não. Por que pergunta isso?

- Curiosidade... – e ele comeu uma garfada de sua comida – Então você gosta de um oppa?

 

    E me engasguei com a comida. Por que tinha que dar tão na cara?

 

- Eu o conheço?

- Por que essa súbita curiosidade, Myun?

- Gosta do Yifan-ah?

- O quê?! Não! De onde tirou isso? – e ele riu –

- Várias garotas gostam dele. – disse simplista –

- Mas eu não. Não que eu não goste de Yifan oppa, ele é uma boa pessoa, mas não faz o meu tipo.

- E quem faz o seu tipo?

- Não sei. – menti, dando de ombros – Não tenho tempo para isso, oppa. Estou ocupada demais com o teatro e as provas.

- Bem, mas minha mãe teve razão ao descobrir que você gosta de um oppa. É uma pessoa mais velha? Não vai me dizer que gosta do Prof. Minseok, várias garotas também gostam dele.

- Ele é uma boa pessoa, mas não exagera, ele é muito velho. Pode ser fofo e bonito com aqueles cabelos pretos, mas... É muito velho para mim, além de que é um professor.

- Então você gosta de caras com cabelo escuro. – disse passando a mão por seus cabelos pretos, não sabia se era mais um reflexo de sua mania de quando pensava ou se tinha feito de propósito – Seria Yixing?

- Não! Myun! Pare com isso!

 

     E ele riu.

 

- Você fica tão nervosa com esse assunto, chega ser adorável.

 

    Revirei os olhos e voltei a fitar a comida.

 

- E você oppa? Gosta de alguém de sua sala?

- Com certeza que não. São todas repetitivas.

- De outras turmas?

- Não.

- É alguma professora?

- Por que acha que gostaria de uma professora?

- Não sei, talvez o seu tipo seja noona.

- Prefiro dongsaengs.

- Então gosta de creches?

- Ei! Não sou um pedófilo! – e ri –

- E aquela garota?

- Que garota?

- Aquela que estava conversando com você mais cedo, na hora do intervalo.

- Ah! Aquela...

- Sim, aquela.

- Nada demais, ajudo-a com a matéria de matemática.

- Ela gosta de você...

- Ah sim.

- Você só tem isso a dizer?

- Quer que eu diga o que mais?

- Não sei... Ela parece gostar mesmo de você... Já que sempre faz questão de lhe tocar quando conversam. – disse sem poder conter um leve tom de irritação na voz, fazendo Joonmyun rir –

- Por acaso está com ciúmes?

- Quê? E-eu? Por que acha isso? Que ridículo, oppa!

- Você parecia bem irritada alguns segundos atrás.

- Impressão sua. Você deve estar bem cansado para estar imaginando coisas.

- Estou? – perguntou incrédulo –

- Claro que está, seria melhor descansar. Passa o tempo todo estudando... Deve dormir.

- Achei que você quisesse ensaiar mais um pouco.

- Para você ficar azucrinando nos meus ouvidos por dizer que preciso descansar para me livrar do resfriado? Não, obrigada. Já tive a minha cota preenchida de cuidados de Kim Joonmyun.

- Isso é jeito de falar com seu oppa?

 

     E sorri, logo o senti bagunçando meus cabelos.

 

- Vai indo dormir, eu só irei lavar a louça.

- Eu vou lhe ajudar.

- Não precisa, nem vou demorar cinco minutos. Pode ir indo. – disse pegando meu prato –

 

     Assenti e me dirigi ao seu quarto.

    Olhei para todos aqueles livros no chão e me debrucei no mesmo, lendo um deles. Havia muitos termos técnicos, os quais não entendia absolutamente nada. Espero que ele saiba o que está dizendo aqui, se saber apenas isso, para mim, já terá passado no exame de medicina.

 

- Se interessou por medicina também? – perguntou brincando e o vi escorado na entrada da porta –

- Estou tentando entender o que tudo isso quer dizer... E isso é algo de outro mundo. Não entendo como pode compreender.

 

     E ele riu.

 

- Não é tão difícil quanto pensa.

- É sim. Nada nesse mundo vai me fazer mudar de opinião. Ei! O que você fez? – perguntei apontando para sua camisa –

- Eu molhei enquanto lavava a louça. – e foi em direção ao seu closet – Fecha os olhos.

 

     Fiz o que pediu e em seguida ouvi o som da porta de seu closet. Por um momento, não consegui ouvir nada e logo uma espécie de brisa quente. Abri os olhos e vi Myun a poucos centímetros do meu rosto, fazendo-me ir para trás e bater a cabeça na parede. Joonmyun riu.

 

- Aigo Myun!

- Não achei que ia levar um susto tão grande.

- Você é muito mal. – disse manhosamente, massageando o local –

- Você que é muito frouxa. – e soltei um muxoxo – Está doendo muito? Deixe-me ver. Hum... Não aconteceu nada... Logo vai passar... – e selou o local – Pronto, agora está melhor? – e assenti e ele apertou minhas bochechas – Você é muito dramática. – e ele se deitou ao meu lado – Durma, temos que ensaiar amanhã.

- Vai dormir aqui?

- Qual o problema? Fazemos isso desde criança.

 

     Assenti e ele sorriu, desligou a luz do abajur e fechou os olhos, suspirando. Essa seria uma longa noite.

 

***

 

     As semanas se passaram um pouco rápido, para a minha infelicidade, pois por mais que soubesse todas as falas de cor, parecia que não sabia nada e não iria conseguir o papel de Dorothy. Sentia-me muito nervosa, principalmente por ser a última das três. A garota desconhecida estava no palco agora, fazendo a mesma parte que fez na primeira audição.

 

- Ainda está aqui? Poderia ir agora, ninguém vai saber que você desistiu, até seria menos vergonhoso. – disse à garota que odeio eternamente –

- Você devia ter cuidado de quando estiver recitando as falas, e não cuspir veneno no professor.

- Olha, quem está botando as garras de fora! Talvez todos saibam o quão vadia você é.

- Você não tem educação? – disse Joonmyun – Com essa boca suja teria o prazer de lavar com cloro.

- Ah, olá, oppa. – disse ela dando um largo sorriso para ele. Quem ela pensa que é? –

- Volte para o bueiro que você veio! Ou melhor, o cardume que veio, piranha não sobrevive sozinha! – disparei –

- Você...

- Será que não é sua vez? – disse Joonmyun, mas sabia que ele estava mentindo, pelo menos a garota foi embora –

- Odeio aquela garota... Víbora de primeira, teria um belo prazer de...

- De...?

- Nada, oppa. – e ele riu – O que está fazendo aqui? Sua prova não é amanhã? Deveria estar revisando o conteúdo.

- Estou aqui para lhe dar apoio, depois reviso mais um pouco, ok? Não se preocupe. Mas e você? Como está se sentindo?

- Que meus ossos podem desmontar a qualquer momento. – e ele riu –

- Você sabe todas as falas de cor.

- Eu sei, mas parece que não sei nada.

- Quer repassar mais uma vez as falas comigo?

 

    E assenti. Suspirei, tentando me acalmar.

 

- O que é isso? – perguntei, interpretando a Dorothy – Ignoro a parte do Espantalho... – e olhei para Myun para que continuasse –

 

     Joonmyun ficou parado como um robô, fazendo-me sorrir, como todas as vezes que ensaiávamos.

 

- Poderia me ajudar? Lubrifique as minhas juntas, por favor.

 

     Fingi pegar uma lata e me aproximei de Joonmyun, fingindo lubrificá-lo passando a mão por seu corpo, sentindo – novamente – minhas bochechas esquentarem.

 

- Obrigado. – disse Joonmyun – Aonde vocês vão?

- Ao Mágico de Oz, para ele me ajudar a voltar para casa. E aí tem o Espantalho que diz que está junto para pedir inteligência.

- Será que ele poderia me dar um coração?

- Um coração?

- Sim. – continuou Homem de Lata, vulgo Joonmyun, aproximando-se de mim lentamente – Eu prefiro a paixão de viver... É o sentimento que trás a felicidade. – e ele se aproximou mais de mim – Quero ter um coração para poder sentir o amor... Saber como é amar alguém... Senti-lo bater aceleradamente apenas de ouvir sua voz. Por isso que quero ter um coração... Quero amar.

 

    Franzi a testa e olhei para as falas.

 

- Espera... Isso não está no script.

- Claro que não. São palavras para você.

- O-o quê?

 

    Joonmyun colocou a mão em meu rosto e se aproximou de mim, selando meus lábios e os mordendo no final. Nesse momento, havia me esquecido de tudo... Nem sabia mais onde estava e nem o motivo de estar nesse lugar. O importante eram os lábios de Joonmyun, os quais desejei por tanto tempo, contra os meus.

    Ele se afastou de mim e acariciou minha bochecha com o polegar.

 

- Eu gosto de você. – disse ele, fitando-me profundamente –

- E-eu...

- Eu sei que também gosta de mim. – e ele me beijou novamente, mas desta vez, aprofundando o beijo – Acho que estão lhe chamando. – e selou rapidamente meus lábios – Esse foi para dar sorte... Vai lá Dorothy... Fighiting!

 

***

 

     Estava um pouco frio caminhar no parque, mas segurar a mão de Joonmyun me aquecia de um modo inexplicável. Ainda não acreditava que estávamos namorando. Isso era um sonho, não era? Se fosse, espero estar em coma.

 

- Por que está sorrindo?

- Nada, Myun.

- Hum sei... Está pensando em Baekhyun?

- E por que estaria?

- Não gosto que ele fique perto de você.

- Ele é Homem de Lata, Myun, precisamos ensaiar, então não precisa ficar com ciúmes.

- Mas você é a minha Dorothy.

- E você é o meu Dr. Kim. – e ele sorriu –

- Daria uma ótima história. – e beijou o topo da minha cabeça –

- Quem sabe uma peça de teatro?


Notas Finais


E aí? O que acharam? Espero que tenham gostado, principalmente a minha dongsaeng... Já que não me considero muito boa fazendo coisas desse tipo... Fazer o que! kkkkkk

Enfim! Não há muito o que falar... Até semana que vem!
xoxo

PS.: Como estou com pressa por causa de um compromisso, revisei superficialmente, então espero que não tenha um erro... Se tiver, avisem! kkkkk


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