História Fragrance - Sete.

Era segunda feira e Louis havia acordado de mal humor. Havia recebido três mensagens de Harry pela manhã o que particularmente era fofo, mas nem seu chiclete de tuti fruti o fizera sorrir naquela manhã. Passou o dia separando vidros de perfumes e atendendo velhas daquelas que não decidem qual produto vão levar e decidem testar todos os perfumes e hidratantes da loja até não saber qual cheiro é o de qual. Para completar, Liam ficou perguntando como havia sido sua noite com Harry insinuando que haviam feito sexo que no caso não haviam e mesmo que insistisse que não acontecera o amigo continuava jogando piadinhas de mal gosto para o lado do rapaz. E finalmente quando o expediente estava prestes e terminar e ele estava feliz para ir para pra casa, afinal, Harry tinha dito ter um convite a fazer e isso já valia pelo estresse alguém apareceu na loja. Não era só alguém. Era um rapaz, um rapaz completamente familiar na vida de Louis Tomlinson.

Steven continuava a mesma pessoa de anos atrás, ele tinha o rosto jovem como todos os namorados de Louis a diferença é que ele não era realmente jovem. Suas mãos largas tinham uma pasta ele prensava o lábio e parecia nervoso. A gravata frouxa denunciava que havia acabado de sair do trabalho. Aquele era o ex-noivo de Tomlinson.  Seria um erro denunciar o quão Louis era terrivelmente apaixonado por aquele homem? Eles tiveram tanta coisa.

“O que está fazendo aqui?” Sua surpresa era um misto de confusão e frustração.

“Vim visitar o meu irmão, também estou a trabalho.” Sua voz. O meu deus. Como ele podia resistir a tudo aquilo? Puta merda.

“Então...?” Ele não sabia exatamente a que ponto ele queria chegar.

“Quer sair comigo? Sabe, faz eu sinto saudades suas Boo, você não me liga e fingo que eu não existo.” O homem cerrou os olhos. “Vamos jantar.”

“Você é um imbecil.” Ele não tinha planos de ceder facilmente.

Seu aparelho celular tocou. O som era um toque qualquer do próprio Iphone do qual Louis fizera questão de selecionar o mais discreto possível. O zumbido não deixava o bolso da calça jeans escura e o toque insistente fez com que ele atendesse a ligasse sem verificar quem a fazia. A voz de Harry soou do outro lado da ligação e ele olhou para Steven por um instante.

“Você ainda não veio, aconteceu alguma coisa?” Harry parecia preocupado.

“Não...” Tomlinson mordia o lábio. “Imprevisto, desculpa Hazza.”

O outro rapaz parecia prestar atenção. Não só no que falavam, afinal Steven não era minimalista. Ele passara tanto tempo sem ver Louis ele queria vê-lo significativamente. Ele ainda mantinha aquela cor estúpida de cabelo.  Quando se conheceram no colégio lembrava-se perfeitamente que o rapaz usara um tom de cor de rosa que o fizera ser repreendido pela diretoria, mas se não fosse isso Louis não seria ele e era isso que o fazia especial e ele não o deixaria tão cedo. Steven na vida de Louis era quase como uma tempestade e ele faria de tudo, inclusive se necessário faria o rapaz mudar a cor das madeixas como um sinal de que havia o afetado da forma como gostaria.

“Eu sinto muito, sério...” Ele limpou a garganta. “Tudo bem, prometo que vou te recompensar... Certo, beijo, tchau, Hazzie.” Ele finalmente havia se livrado do empesilho.

“Podemos ir?” Steven sorriu e ofereceu a mão.

“Se você fizer merda eu chuto seu saco.” Louis lhe mandou um dedo do meio enquanto puxou a alça da sua bolsa e andou em sua frente e claro o outro rapaz sorriu e o acompanhou.

Ele havia sentido falta de tudo aquilo. Ele conhecia Louis Tomlinson melhor do que ninguém e sabia perfeitamente que ele apenas latia, mas não mordia.

A loja de perfumes ainda não havia fechado, claro. Liam Payne era extremamente protetor e antes que Steven se pronunciasse a dizer que conhecia perfeitamente Louis ele entraria na frente para assumir esse papel e diria que seu amigo era um grande idiota imbecil. Liam não tinha um bom pressentimento sobre a aparição do maldito Steven Day, o homem que deixara Louis por uma proposta de emprego. Logo agora, que Harry parecia ser um cara tão legal.

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Um chute, dois, três. Haviam dois tickets para patinar no gelo jogados sobre a mesa de estudos do pequeno apartamento do Style e ele parecia estressado, muito. Que tipo de desculpa ridículo fora aquela que Louis o dissera? Além de que parecia impaciente. Jurava que havia tido o melhor encontro a dias atrás e agora isso...? O que havia feito de errado. A televisão fazia um som que preenchia seu apartamento para abafar seus sons de frustração. Vestido no melhor jeans e na jaqueta favorita ele tamborilava os pés calçados em botas marrons no chão. Por impulso acabou por ligar para Niall Horan, seu melhor amigo.

“Oi meu amor, meu chuchu, meu-“ O entusiasmo do loiro sempre foi o melhor.

“Oi Niall.” O tom aborrecido de Harry acabou com o clima.

“O que foi, Harry?” O ômega parou na hora com toda suas brincadeiras. Seu tom de preocupação era notável.

“Escuta...” Ele mordeu o lábio e revirou os olhos. Segurou o ticket e roçou os dedos no emblema. “Quer sair comigo?”

Um silêncio constrangedor se fez do outro lado da linha. Por um instante Niall achou que Harry estava falando sério, digo, como algo romântico, mas então ele se lembrou de Louis e acordou para a realidade e sorriu triste e conformado encarando o livro que lera durante todos os dias que dizera sobre o que sentia em relação ao ômega e o que ômega dizia sentir por ele.

“Claro, eu vou me trocar, passo para te buscar.”

“Tudo bem, obrigado Nini.” O loiro sorriu em relação ao apelido.

E como Horan dissera ele realmente apareceu e não demorou, até porque o loiro nunca foi de muito detalhe. Ele estacionou o carro pequeno que dirigia e ligou para o amigo que para variar desceu tropeçando na própria calçada para chegar ao carro e sentar ao seu lado e se proteger devidamente com o cinto. Ele não abriu a boca por um instante apenas apoiou a cabeça no ombro do loiro que cheira a um perfume que Harry sabia perfeitamente qual era depois de morar com ele por tanto tempo. A mão de Niall o fez cafuné e então ele respirou fundo e Harry pode sentir isso em todo o seu corpo. Niall era tão gentil, as vezes ele se sentia mal por pensar abusar disso.

“Vai me contar o que aconteceu?”

Harry afastou e olhou com um beicinho nos lábios. Segurou os dedos curtos do loiro e sentiu como eram macios. Niall tinham dedinhos mágicos, era um ótimo cozinheiro e mesmo que as vezes fugisse do peso ele conseguia manter-se um pitelzinho. Harry riu do próprio pensamento.

“Comprei entradas para o ringue de gelo...” Mostrou-as. “Disse a Louis que tinha um convite e ele parecia entusiasmado, mas hoje, ele não apareceu, então eu liguei, ele parecia impaciente e queria muito me dispensar...” Deu de ombros. “Disse que havia surgido um imprevisto e que ele precisava muito ficar na loja para resolver uns problemas com o caixa.” Niall parecia digerir a informação.

“Que estranho.” Ele declarou finalmente. “Bem, se ele estiver mentindo é um grande idiota.” Revirou os olhos e deu um soquinho no braço do alfa. “Quer dizer, quem dispensaria Harry Styles?” Mordeu o lábio e piscou para o cacheado e riu em seguida. “Por hora, que se foda, vamos patinar Hazza!”

Harry riu e concordou. Sabia que Niall conseguiria distrair seus pensamentos frustrados, por isso seria a companhia perfeita. Ele teria uma noite ótima e seria muito divertido. Se Louis estivesse mentindo estaria perdendo muita coisa.

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“Me ajuda a amarrar essa merda!” Niall estava irritado. Já era o terceiro par de patins que ele provava e aquele maldito teria que dar certo.

A alfa que acabou por enfiá-lo naquele fiasco acabou por se agachar para ajudá-lo amarrando adequadamente os patins em seus pés. O segurou pelos dedos e o trouxe para dentro do ringue e claro não o soltou, Niall não sabia patinar no gelo, do contrário de Harry, que era ótimo, inclusive já se apresentara na época do colégio. Os dedos do ômega eram firmes ao redor dos seus e ele parecia nervoso. Na cabeça do Horan ele tinha um aviso estranho: PERTO DEMAIS. Ele e Harry era extremamente amigos, muito íntimos, dividiam sofá, roncavam juntos, cozinham, tagarelavam, mas aquilo parecia diferente, até porque era um encontro romântico arranjado para Louis e tudo o que Harry queria era que fosse Tomlinson no seu lugar. Niall estava tão perto e ele estava nervoso. Naquele ângulo ele podia ver como o rosto de Harry era tão masculino e acentuado, os cachos emolduravam sua beleza, além de que seu corpo, ele era tão atraente, mas que caralhos. Todos aquelas piadinhas estúpidas, sobre eles, sobre saírem, sobre dormirem juntos no bom e no mal sentindo da coisa, merda.... Talvez aquilo não estivesse o fazendo bem. Enquanto Harry estava concentrado em seus pés ele estava se questionado se em agora ou antes em algum momento ele já pensou já sentiu ou sente ou nutriu ou agora será se... Não, que bobeira.

Harry por outro lado o puxava às vezes pela mão as vezes o trazia pela cintura sem se importar com a proximidade, quer dizer, eram melhores e ótimos amigos, sem problemas e faziam seus corpos fluírem sem problema sobre a pedra maciça de gelo. Por hora ria quando Niall desequilibrava, ou aplaudia e comemorava quando fazia bem e então em algum momento conseguiu foca-se na figura em um restaurante atrás deles. Ele trouxe Niall para o outro lado e pode olhar melhor. Sentado e rindo, Louis dividia com copo de uma bebida cor de rosa com um homem. Aquele com toda certeza não era seu colega de trabalho. Com as sobrancelhas franzidas ele deslizou para o outro lado com pressa. Grande erro.

Um desequilíbrio fatal. Ele caiu de forma terrível contra o gelo. Niall caiu, não como ele, mas caiu e ralou o cotovelo. Apoiou as mão com as luvas no gelo e o ajudou a se erguer. O grunhido de dor por parte do alfa o fez preocupado. Sentou-se no gelo queimando a bunda. Quem se importava. Ele tirou os cabelos compridos do homem do rosto dele. Era isso que ele era um homem.

“Harry, o que você tem afinal...?” Niall tocou sua mão.

Um aglomerado de pessoas se fez ao redor. A ajuda se preparava para tirar Harry do gelo enquanto este em um tempo que fora tão depressa para os demais, mas para ele fora uma eternidade, se inclinou sobre seu amigo, seu grande amigo Niall e sorriu triste antes de por um ato inconsciente, carente e perdido o roubar um selar longo de lábios para logo depois ser levado para fora do gelo.

Enquanto recebia auxilia para deixar o ringue Styles cruzou os olhos esmeraldinos com safiras. Um olhar magoado. Afinal, o que havia acontecido? Um Harry frustrado, um Louis desorientado e culpado de braços cruzados com um alfa que parecia sentir-se vitorioso e claro, o foco, mesmo que não parecesse, um pequeno ômega de cabelos tingidos de loiro. Que fora tornara a ficar de pé e agora sentado no banco tirava os patins dos pés e parecia ainda tentar racionar o que diabos estava acontecendo com ele e com Harry Styles, talvez ele estivesse biruta.