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História Free As A Bird - Capítulo 23


Escrita por: marysheezus

Capítulo 24 - Capítulo 23


- Stuart? – Eu pisquei os olhos algumas vezes e balancei a cabeça um pouco, para ver se era realmente aquilo que eu estava vendo.

 

- Olá Paul. – Ele estava deitado, com as pernas cruzadas e uma postura folgada por cima da cama feita de John.

 

Então eu finalmente tomei coragem, virei lentamente meu pescoço para John pra demonstrar minha cara de indignação. Era isso?

 

Ele simplesmente ficava com qualquer um por ali? Qualquer um já podia ir chegando, deitando na cama dele daquele jeito? Era fácil assim ter um pouco de John Lennon?

 

- Ah, deixa pra lá, eu não queria atrapalhar nada... – Eu fiz menção de dar meia volta.

 

- Nós só estávamos conversando. – Ele puxou o meu braço. Além de galinha ainda era grosso.

 

- Tudo bem, John... Isso não é da minha conta não é mesmo? – Tentei tirar meu braço de sua mão, em vão.

 

- Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? – Stuart se sentou na cama.

 

Eu não sabia de quem eu tinha mais raiva. Da cara de sonso do Stuart achando que eu era idiota ou de John, agarrando meu braço daquela maneira bruta. Não sei se era por causa da minha posição, mas eu tinha apenas vontade de socar John primeiro, e deixar uma marca vermelha naquela cara idiota e...

 

- Dá pra me soltar? – Eu aumentei o tom de voz.

 

- Não! – Ele também falou um pouco mais alto.

 

- Caras? – Stuart disse, quase delicadamente, enquanto se levantava. – Vocês não vão brigar de novo, vão?

 

- Agora não, Stuart! – Dissemos, quase em coro, sem desviar o olhar um do outro.

 

A intensidade com que estávamos nos olhando chegava a incomodar, era quase uma coceira, e eu quase me deixei levar e abaixei minha cabeça. Quase. Eu resisti, e continuei encarando ele, com raiva, enquanto ele me olhava com surpresa, dúvida e um pouco de nervosismo também.

 

- Me solta, seu idiota! – Eu bufei, com raiva.

 

- Você não disse que ia me mostrar uma coisa? – Ele balançou a cabeça e me olhou mais suavemente, suavizando também sua voz.

 

- Perdi a vontade. Não quero te dizer mais nada. Posso ir embora?

 

- Não, não pode...

 

- E quem disse que você manda em mim?

 

- Deixa de ser criança, Paul.

 

- Eu acho que eu já vou indo... – Stuart começou a andar de fininho atrás de nós, em direção a porta, e ele saiu, quase silenciosamente.

 

- Eu não sou criança! Você que é um babaca!

 

- O que foi que eu fiz agora? – Ele apertou o olhar já antes direcionado para os meus olhos.

 

Esse olhar, esse maldito olhar, fez com que eu perdesse minha voz aos poucos, eu abri minha boca para falar, mas não consegui. Eu não consegui soltar uma palavrinha sequer. Eu não consegui. A única coisa que eu fiz foi deixar a minha boca aberta, mostrando a minha derrota na tentativa de explicar alguma coisa. Eu respirei fundo e me preparei para tentar dizer algo, quando ele abriu um sorriso aparentemente malicioso.

 

- Eu não acredito que você está com ciúmes.

 

- Eu não estou com ciúmes!

 

- Está sim! – Ele riu e soltou meu braço. – É a mesma cara que você fez quando me viu com aquela garota!

 

- Não é! Eu não estou com ciúmes agora e nem estive com ciúmes de você e a Monoko!

 

- Acho que o nome dela era Yoko... – Ele franziu as sobrancelhas.

 

- Foda-se! Foda-se você, ela, Stuart... Foda-se todo mundo! – Eu olhei pelo quarto, com raiva.

 

- Você está sendo ridículo, Paul... A gente só estava conversando...

 

- Na cama? – Eu cruzei os braços.

 

- Qual é o problema, hein? Mesmo se nós estivéssemos nos pegando loucamente aqui, por que é que você se importaria? – John levantou um pouco os ombros antes de terminar a frase.

 

O silêncio matador, que era para ter assassinado qualquer sentença que pudesse sair da minha boca, me deu ainda mais força para cair naquela piscina de orgulho e ironia que havia se tornado aquela conversa. Apenas balancei minha cabeça, com meu olhar mais sarcástico e o inicio de uma ferida sendo aberta no meu peito.

 

Eu queria cair no chão e suspirar mais uma vez. É claro que nada daquilo, nada que havia acontecido entre nós dois, havia tido o mesmo significado para John. Eu era apenas um deslumbrado, enquanto ele... Ele era forte, convincente, valentão... Ele nunca precisaria de mim, pra nada.

 

- Tem razão, John. Eu não vou me importar mais. – Eu sai pela porta, andando em passos pesados e rápidos.

 

- Espera, Paulie! – Ele tentou me seguir, mas parou a poucos passos da porta do quarto.

 

O “Paulie” quase me parou e me fez voltar. A voz de John dizendo aquele apelidinho único, quase me vez dar meia volta, correr para os braços dele e pedir desculpas. Outra vez, quase.

 

Eu segui meu caminho, de olhos ardentes. Mas desta vez, eu não chorei. Eu estava com muita raiva para chorar. Eu não queria chorar. Usando o maior dos clichês: John não merecia minhas lágrimas. Meu rosto estava quente, eu sentia meu rosto quente, quase suando com a temperatura. Deixei uma, uma única lágrima rolar pelo meu rosto e se perder por aí, secando ao vento. E foi só ela, mais nenhuma.

 

Fui andando em direção ao teatro, raiva de tudo e de todos. Acho que eu socaria o primeiro que aparecesse na minha frente, principalmente se fosse Stuart. Mas, antes de entrar, respirei fundo. Esfreguei a minha mão contra meu rosto, eliminando qualquer vestígio da pequena lágrima.

 

Quase todo mundo já estava lá. Havia se formado uma enorme (ENORME) fileira, um do lado do outro, em cima do palco. Brian andava de um lado para o outro e falava algumas coisas, ele se virou para mim quando viu que eu havia chegado.

 

- Aí está você, McCartney! – Ele sorriu. – Estávamos esperando por você, já escalamos os papéis que sobravam.

 

- Ah, sim... – Eu subi no palco e me coloquei na fileira, ao lado de George e Pete, com minha visão periférica vi que Stuart estava perto.

 

- Ótimo, então, repassando o elenco, prestem atenção... – Epstein começou a falar os nomes seguidos pelos personagens, primeiro começou com alguns papéis secundários masculinos, depois disse o nome de Ringo, o apresentando como Capuleto, pai de Julieta e George como Lady Capuleto, mãe de Julieta. Não pude deixar de soltar uma risadinha abafada, George me acotovelou.

 

- Muito engraçado, Julieta... – Ele sussurrou enquanto os nomes continuavam a serem chamados. Stuart e Pete, pelo que eu ouvi, pegaram os papéis de Lady Montecchio e a Ama de Julieta, respectivamente. Segurei um sorriso ao saber que não estaria sozinho usando vestido.

 

Então o professor disse meu nome e eu dei um passo a frente, como os outros haviam feito até então. Por último, o professor chamou o nome de John, que não estava lá.

 

- Onde ele está, Paul? – Sr. Epstein me perguntou como se eu fosse obrigado a ter tal informação.

 

- E eu lá vou saber? – Dei de ombros. O resto da turma, que não iria atuar na peça, havia ido para os bastidores, aparentemente preparando algum material técnico.

 

- Mas ele devia estar aqui...

 

- Eu não sou obrigado a saber que raio de lugar John está ou não, Sr. Epstein. Ele é um irresponsável, e acho que o senhor já devia saber disso. – Pus minhas mãos para trás, num ímpeto de coragem para dizer algo assim para um professor.

 

- É isso que você acha de mim? – John entrou no teatro. Parecia despreocupado. Ele havia trocado de roupa.

 

Engoli a seco e olhei para ele, assim como todos na sala, que nos encaravam. Acho que eles realmente esperavam que fossemos bater um no outro ou algo do tipo.

 

- Muito bem rapazes, sem discussões agora. – Brian bateu algumas palmas. – John, para o palco. Vamos passar alguns textos...

 

- O que aconteceu com vocês dois? Vocês brigaram? – George falou baixo para mim.

 

- John é um idiota. Só isso.

 

 

 

 

 



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