História Free Fallin - Prólogo

Até certo ponto, eu nunca realmente me dei conta sobre o que meu pai trabalhava. Desde pequena sempre via a casa cheia de seguranças, pessoas estranhas entrando e saindo. Sempre vivíamos em casas grandes com grandes jardins, sempre tive de tudo, era uma vida boa... até eu completar 10 anos de idade.

    Passei 7 anos presa no Centro de Treinamento Moore (CTM), pra quem estava de fora era apenas mais um local preparatório para os coreanos, e alguns estrangeiros sortudos, antes de ingressarem no exército, para quem estava lá dentro, era o inferno. No final, os que saíam, a maioria conseguia burlar o sistema e iam cuidar das "empresas de comércio" do meu pai, os poucos que ainda iam para o exército, eram infiltrados.

     O tempo que eu passei lá dentro, não teve um dia sequer em que eu não amaldiçoasse meu pai. Cresci rodeada por homens e armas, aprendendo a me defender como podia, os únicos momentos de paz que eu tinha era na hora das aulas particulares pra eu poder pelo menos concluir o ensino médio, aguentei tudo lá dentro só pra ter a chance de usar tudo que aprendi contra o infeliz que se diz meu pai.

   Mas quando finalmente saí de lá, tive a infeliz notícia de que minha mãe estava doente, e ninguém sequer alguma vez se deu ao trabalho de me falar isso em todo esse tempo, era óbvio que eu iria cuidar dela, mas eu precisava de ajuda, de dinheiro, e do meu pai. Foi nesse momento que eu percebi e tive a plena certeza de que ele não me via como filha, e sim como um de seus subordinados, e foi nisso que eu me tornei, ele me daria dinheiro e ajuda, mas em troca eu teria que prestar meus serviços quando fosse necessário, caso contrário ele destruiria minha vida e a de minha mãe.

   Hoje faz três anos que trabalho para o Sr. Kenedy Moore, o mesmo tempo que eu não o chamo mais de pai, seu negócio de tráfico de drogas e armas, e boates com cassinos ilegais crescia continuamente, talvez crescesse mais se não desse tanto trabalho camuflar toda essa tramoia em um país como a Coreia do Sul, porque Sr. Moore ainda era visto como um homem justo que fazia suas empresas crescerem financeiramente ajudando também no crescimento da capital, Seul,  e ainda ajudava sua esposa doente. Mal sabiam eles que eram todos manipulados por esse homem.

   Desde então minha vida tem sido em queda livre, nunca sei o dia de amanhã, nunca sei quando tudo isso vai mudar, as únicas pessoas que tenho comigo são minha mãe, Alfred, o meu mordomo, e Benjamin, meu melhor amigo. Embora saiba que a possibilidade da minha vida mudar seja quase nula, que aos olhos das pessoas eu sou apenas uma garota normal de quase 21 anos, eu sei, eu sinto que se eu não achar um paraquedas, em breve esse meu longo tempo em queda, terá um fim.

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   Seo In-Guk point of view  

Adentrei a empresa e logo comecei a ouvir a chuva de "bom dia chefe" na minha direção, em resposta só acenava com a cabeça. Perda de tempo responder todo mundo.

-Bom dia, Sr. Seo! - escutei Sun Hee me cumprimentar assim que sai do elevador andando pelo corredor em direção ao meu escritório.

-Alguma reunião agora de manhã? - perguntei fazendo a secretária me olhar assustada, ela não era minha secretária pessoal, portanto não era sua função, embora ela devesse saber - Tudo bem, essa não é sua função! - suspirei.

-Eu posso ver se o... - entrei no escritório antes que ela terminasse de falar.

    Suspirei alto quando olhei minha sala. Bagunçada. Assumi o lugar do meu pai na presidência faz alguns meses, ele havia se aposentado. Embora dissesse que eu ainda sou muito novo pra isso e que eu devia aproveitar mais a minha vida, no fundo ele tinha medo que eu tomasse o mesmo rumo que o meu irmão por isso não queria me pressionar. Mas ele sempre soube que meu irmão sempre quis uma vida fácil, nunca ligou pra empresa e vivia se metendo em confusão. Bem diferente de mim que sou uma pessoa extremamente responsável e rígida em ralação ao trabalho, nunca gostei de ter as coisas de mão beijada, tanto é que desde adolescência vinha trabalhando com meu pai, não queria depender pra sempre dele e queria mostrar que ele havia me ensinado bem.

    Foi por causa disso que meu pai acabou dando a presidência pra mim. O único problema que eu tinha agora, é quando se trata de organização de espaço -vulgo meu escritório- que as coisas se complicam.

    Sentei na cadeira atrás da minha mesa, a luzinha do telefone piscava indicando novos recados. Suspirei. Olhei a mesa um pouco menor ao lado esquerdo da sala perto da parede, eu precisava contratar uma secretária pessoal.