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História Freeze You Out - 2. Rivendell


Escrita por: PandoraCipriano

Notas do Autor


Olá leitras(es)! Lamento se demorei a postar o capitulo, mas aqui está ele! Tenham uma boa leitura!

Capítulo 2 - 2. Rivendell


Fanfic / Fanfiction Freeze You Out - 2. Rivendell

 

A agitação tomava conta ao redor dele, de todos os acontecimentos que já ocorreram naquela floresta longínqua, onde sua casa era a mais escondida possível, jamais vira aqueles animais eufóricos daquele jeito. Quando abriu a porta de sua casa ela foi invadida por todos os tipos que habitavam aquela floresta, os animais menores puxavam a barra de sua roupa, os maiores o empurravam pelas costas e as aves usavam suas garras pequenas para puxá-lo pelas mangas.

Radagast já não sabia mais o que fazer a não ser deixar que seu corpo fosse levado pelos animais afoitos. Mas a medida que ele ia se aproximando seja lá de onde for, ele sentia uma áurea fria cercar certa parte da floresta. Mas também havia alguma coisa sombria pairando em meio aos galhos secos, os olhos do mago se estreitaram procurando qualquer coisa que indicasse um inimigo.

No entanto, os animais não pareciam com medo. Pelo contrario, pareciam que queriam ajudar seja quem for que estivesse com problemas.

E Radagast não demorou muito a encontrar aquela que precisava de ajuda.

Os olhos do mago se arregalaram ao ver o enorme alce parado ali em posição de defesa, mas não era dele que o mesmo queria proteger quem estava abaixo dele. Parecia que havia algo invisível rondando a floresta, algo que somente o alce parecia conseguir ver. Então Radagast avistou o corpo abaixo do alce e parecia sofrer, pois ele dava tremeliques e havia um ferimento grande nas costas dela.

- Céus! – proferiu ao se abaixar ao lado dela.

A intenção do alce não era levá-la até aquele mago, mas no caminho Nye começou a passar mal por causa do ferimento que a irmã causou nela. Coisa que antes parecia inofensiva. O alce não conseguiu levá-la adiante e precisava de ajuda, ele conhecia o terreno e sentiu a áurea do mago e não pensou duas vezes antes de “pedir” por ajuda.

- Ela está sofrendo – comentou tocando a testa dela – E está ardendo, esse ferimento... Onde ela conseguiu? – fitou o alce e este apenas relinchou. Radagast conseguia entender bem os animais, coisa que parecia ser loucura para os outros magos, ele anuiu em consentimento – Não posso curá-la! – disse – Mas sei quem pode! – e em seguida assobiou – Vá avisá-lo, estamos a caminho! – disse quando um falcão sobrevoou o mago.

Assim que o falcão saiu, Radagast moveu a mão como se pensasse, mas quem visse a cena diria que ele estava tendo um devaneio e que era melhor esquecê-lo. Logo ele retornou a sua casa onde guardava algumas coisas que poderiam ser úteis, no fundo de um grande cômodo havia uma espécie de trenó e cordas que poderiam ser puxadas por animais velozes.

- Traga-a! – ordenou ao alce e assim ele obedeceu. Usando sua galhada e com cuidado, Nye fora depositada com cuidado, o que era difícil, a dor parecia rasgar-lhe a alma e sua feição era a pior possível – Vamos levá-la, mas aviso que ela sentirá dor – fitou o animal enorme e ele grunhiu em resposta.

Parecia que sofria em vê-la daquela maneira.

O mago pegou as rédeas e as amarrou em coelhos, o alce tombou a cabeça questionando a decisão dele. Mas o mago sorriu divertidamente.

- Eles são mais rápidos que um coelho comum – disse e sentiu orgulho ao dizer aquilo – Nada pode alcançá-los! – riu ao subir a frente do trenó.

Com um chicote Radagast deu a ordem para eles correrem, claro que fora depois de se certificar que a garota estava bem presa. Em alta velocidade eles saíram deixando até mesmo o alce surpreso, mas logo este também pegou o ritmo e estava correndo ao lado do mago. Sempre olhando para Nye que se agoniava a cada instante.

- Ela ficará bem, agora... O houve para ela ficar assim? Esse ferimento não é comum, é algo das trevas, algo ruim, muito ruim! – sua voz teve que se elevar por causa da corrida que faziam.

Apesar de o animal grunhir, aquilo era como palavras para o mago, que parecia entender cada som emitido.

De repente o relato do alce foi interrompido por ele mesmo, sua cabeça se moveu como se vasculhasse as árvores que passavam como um borrão ao seu redor. Em seguida emitiu um som alto ao mesmo tempo em que um uivo soou ao longe e o mago rangeu os dentes.

- Pelos Deuses, então era por isso que estava tão na defensiva! Orcs! – exclamou agitando o chicote e fazendo os coelhos correrem ainda mais – Vamos ver se eles vão conseguir nos acompanhar! – riu loucamente enquanto o chicote açoitava o ar.

Já haviam saído da área rodeada de mata e agora estavam em um vale com varias rochas pelo caminho. Radagast desviava delas  com maestria, enquanto os orcs se aproximavam e atiravam suas lanças, suas flechas e quaisquer armas que ainda possuíssem. Um machado quase os acertou, mas o mago conseguiu escapar e o alce também, claro que indo por caminhos diferentes. Logo voltaram a correr lado a lado.

Os ruídos que aquelas criaturas faziam causavam repulsa no mago, que rugia de volta para aquelas criaturas. Pareciam crianças brincando de quem fazia a careta mais feia. E em uma dessas, uma flecha quase o acertou, mas ele riu zombando da mira deles.

- Ora, isso é tudo o que consegue fazer? Estou aqui do seu lado! – ralhou rindo, em seguida mirou o alce – Não vamos conseguir chegar até lá com eles em nossa cola, vou acabar mostrando a entrada do reino élfico, e o rei vai me matar por isso! – alegou – Vamos distraí-los! – avisou açoitando novamente o ar.

Ambos se separaram e correram em direções opostas, o alce combatia os orcs que conseguia enquanto Radagast se movia em zigue e zague para deixar aqueles idiotas tontinhos. Ele ria quando uns trombavam nos outros, derrubavam a si mesmos daqueles lobos que mais parecia hienas sarnentas e em processo de mutação.

Mas as coisas começavam a ficar complicadas, aqueles abutres eram mais persistentes do que ele imaginava e a menina não agüentaria muito se continuasse a sofrer daquele jeito. Os dentes dela se apertavam fortemente, seu corpo todo tenso e o ferimento nas costas parecia irradiar sofrimento só de olhar, imagina o que a pobre garota não estava sentindo.

Mas antes de pensar nela, o mago tinha que pensar primeiro em chegar sãos e salvos. Caso contrario de nada valeria chegar aos pedaços.

Radagast rangeu os dentes em irritação ao ver um orc em sua “cavalaria” se aproximar do trenó. Duvidava que estivessem atrás da menina, ela não seria importante para eles, a não ser que quisessem se divertir com o corpo morto da garota. O que o irritou ainda mais.

Quando o orc ergueu o braço para acertar o mago, no qual estava próximo demais, o corpo do mesmo fora jogado e derrubado de sua montaria pelo alce. Os enormes chifres eram as melhores armas que alguém poderia ter, Radagast comemorou e agitou suas rédeas para que pudessem chegar o mais rápido possível.

Mas talvez a ajuda que procuravam estava mais perto do que imaginavam.

Algo soou ao longe, um sinal de ajuda e Radagast nunca respirou tão aliviado ao ver um grupo de elfos montados em cavalos e armados até os dentes. Em menos de dois minutos os orcs que antes os cercavam caíram, e enquanto os outros procuravam ao redor por mais alguns, o líder se aproximou do mago, que havia parado de correr.

- Recebi seu recado – disse Elrond e logo o falcão os sobrevoava – Onde está a garota? – indagou, mas seu olhar pairava por sobre o alce que estava parado ao do trenó.

- Morrendo... – respondeu Radagast ao fitar a garota que gemia em agonia.

Elrond estreitou os olhos quando a viu, mas seu olhar se tornou duro ao reconhecer tal ferimento. Só havia uma única pessoa capaz de fazer aquilo em alguém e deixá-la em estado agonizante. Os olhos da garota estavam opacos, em um cinza, tal qual o céu ficava em dias de chuva, sua pele se empalidecia a cada instante e sua boca ficava roxeada. Ela tinha pouco tempo.

- Consegue nos acompanhar? – indagou o elfo.

Radagast assentiu e em seguida o seguiu.

 

***

 

As portas da sala de cura foram abertas com brusquidão por Elrond, que carregava Nye em seus braços. Ela se agoniava a cada minuto e seu estado apenas piorava. Seus olhos minutos antes cinzas agora estavam brancos como se a vida já tivesse deixado aquele corpo. O rei de Valfenda estava só, junto de dois elfos ajudantes e um deles era sua filha Arwen.

A elfa vasculhava cada frasco nas prateleiras que adornavam a lateral da sala que possuía um tom azul cintilante. Havia uma mesa no centro da sala onde a garota se encontrava deitada, uma janela apenas para iluminação, mas esta agora estava fechada bloqueando os raios solares.

Nye movia os olhos para cada canto da sala, mas não via nada com clareza. Ouvia vozes, escutava coisas, mas não sabia dizer o que era real e o que era delírio. Sentia frio, sentia o suor escorrer por sua testa e pescoço, abraçava a si mesma enquanto tremia o queixo. Desde a cabeça aos pés uma dor alucinante percorria seu corpo e a fazia ranger os dentes e gemer alto. Soluçava e dava tremores fortes.

Ouviu um deles falar algo e a voz feminina foi reconhecida, apesar de não fazer idéia de quem seja.

Minutos depois sentiu seu corpo se puxado e agora ela estava deitada de lado, apenas uma luz desfocada era o que ela conseguia ver. Percebeu com dificuldade que sua perna estava sendo segurada e seus pulsos também, seu corpo tremia com toda a força que possuía. Ao mesmo tempo escutava palavras estranhas sendo proferidas, mesmo que sentisse a calmaria delas algo começava a lhe incomodar à medida que elas se tornavam fortes.

A voz feminina repetia as palavras com veemência e firmeza. Nye arqueou as costas quando algo lhe atingiu e então gemeu algo desconexo, lágrimas escorriam por seu corpo e a cada instante, a cada frase repetida ela ia percebendo sua visão se embaçar. O que antes era uma luz desfocada, agora era uma escuridão que começava a tomar conta de si.

Relutou em deixar-se ser dominava, tinha medo de perder o controle, tinha medo do desconhecido. Ainda mais depois do que houve, mas ela estava fraca demais para lutar e mesmo que se entregar fosse o mesmo que morrer, ela não recusaria, afinal, talvez merecesse a morte.

Então ela se acalmou, sua respiração foi se tornando calma até virar um sopro, seu corpo parou de tremer e ficou inerte. O olhar foi recobrando a cor, mas ela já não enxergava mais nada. Não via, não sentia, não ouvia. Havia entrado em um estado de inércia preocupante.

Então a escuridão tomou-a de vez. Fazendo-a esquecer de tudo ao seu redor.

 

*

*

*

 

Elrond se apoiou no parapeito da varanda de sua ilustre casa, observava do andar de cima o alce incomum e conhecido por ele. Seu olhar questionador o avaliava, mas o animal parecia pouco se importar, tal qual seu dono carregava um ar superior e beirando a arrogância. O elfo de cabelos negros não pode deixar de rir, apesar da situação não permitir. Logo depois de cuidar da garota, que para sua surpresa era uma elfa peculiar, Elrond mandou cartas a várias pessoas importantes e principalmente ao dono daquele animal.

Ouviu de Lindir que o mesmo tentara dispensar o animal e fazê-lo retornar para seu lar, mas ele parecia relutante em sair dali. E Elrond podia apostar que o animal apenas deixaria Rivendell junto daquela garota. E novamente questionamentos rondaram sua cabeça.

- Eu também me faço a mesma pergunta – Radagast se pronunciou, se aproximando do elfo com cuidado – Ele parece bem preocupado com ela e a defendeu com unhas e dentes, ou melhor, com chifres, cascos e dentes! – comentou – Aquela garota...

O mago fitou Elrond, deixando a frase morrer. Ele assentiu e se afastou da borda da varanda, caminhando enquanto seus pensamentos tomavam sua mente.

- Sim, eu percebi – avaliou – Mas estou ainda mais curioso em saber como ela conseguiu agüentar aquela ferida! Eu já a vi antes e sei que você também, Radagast, o castanho – falou relembrando o nome importante que o mago pequeno carregava – Como se não bastasse as trevas ganhando força nas áreas mais remotas de Arda, ainda temos que nos preocupar com um possível inimigo perigoso! – temeu.

- Achei que ela tinha sido derrotada! – falou com precaução, como se as paredes de repente tivessem adquirido ouvidos – Aquela criatura não devia estar perambulando por aí!

- Sabe que ela é mais astuta do que parece e agora pelo que vejo tem uma ajuda, mas as lembranças daquela criatura ainda não retornaram, caso contrario, teria matado a pobre garota – supôs.

Radagast anuiu, moveu seu cajado de uma mão a outra e encarou o elfo novamente.

- Senti uma peculiaridade nela, por mais que me chamem de louco, consigo ouvir os animais – disse já pronto para as ofensas, mas Elrond não era do tipo que ofendia, ele compreendia as diferentes formas de vida daquela Terra – O alce grandalhão me contou que no lugar onde a achou, o mesmo se encontrava coberto de gelo. E a garota é uma elfa bem peculiar. Uma singularidade que já vimos antes – disse sugestivo.

No mesmo instante Elrond parou de andar, quando sua mente deu um estalo agudo e de repente tudo pareceu fazer sentido. Ele fitou o mago e o mesmo anuiu em concordância.

- Seria ela... – disse ele, mas se interrompeu.

- Só houve uma família élfica capaz de conjurar magia – disse ele próximo ao elfo, como se fosse contar algum segredo.

- Se isso for verdade...

- Ela correrá perigo! – avisou Radagast – Melhor avisar os outros! Creio que irão gostar de saber que uma parte pequena da família ainda está viva – emendou.

 

*

*

*

 

Duas Semanas Depois

 

Aos poucos seus sentidos foram retornando, lentamente sua audição foi voltando e ela começou a ouvir cantos de pássaros alegres com a chegada da primavera. Seu paladar atiçou e ao engolir a saliva sentiu um gosto amargo na boca como se a muito não comia algo descente ou talvez tivesse comido algo com o pior gosto possível. Seu tato lhe dizia que ela estava em um local macio e confortável, coberta por uma manta aconchegante que lhe lembrava os braços de sua mãe.

Sua visão fora a ultima a retornar, assim que abriu os olhos a claridade lhe acertou, mas com sua visão embaçada ela não soube dizer se aquilo a machucava ou apenas a incomodava. Gemeu ao se virar, quando conseguiu enxergar melhor percebeu que mirava o teto.

Franziu o cenho.

Não estava morta como pensava.

Muito pelo contrario, parecia que estava nas nuvens. A cama em que se encontrava era macia e feita de penas, assim como os travesseiros. Tecidos macios e frios forravam a mesma em tons claros como o branco para os lençóis e azul celeste para as fronhas. O espaço era enorme e constatou estar em uma cama de casal. Mexeu-se em seguida para se levantar, mas temeu, pois sua mente lhe fez sentir algo que já não mais sentia. Só então percebeu que não tinha mais aquela dor alucinante em suas costas.

Tateou as mesmas a procura de algo, mesmo por cima do tecido do vestido que usava.

O local chamou logo sua atenção, o quarto era grande e bem decorado, mas tudo parecia ser do mais simples possível. Ela resolveu então sair da cama, sentia-se bem apesar de que tinha quase certeza de que estava sonhando.

Saiu na varanda de seu quarto observando à bela e estonteante visão que possuía. O céu estava claro e tão azul quanto o vestido simples que usava, havia varias quedas d’águas e o barulho da água escorrendo deixava tudo harmonioso, pássaros voavam e ela observou um ninho em uma árvore próximo ao seu quarto. Sorriu com a cena. Se aquilo era morrer e ir para o céu, então ela estava feliz por ter partido.

Mas algo lhe dizia que ela estava bem viva, o que a fez se questionar onde estava e se preocupar.

Se havia sido salva, onde estava realmente? Estava em um lugar amigo ou era prisioneira?

Nye encarou a porta do quarto e apesar do medo lhe dominar, ela caminhou sorrateiramente até ela e a abriu com o extremo cuidado. Se fosse prisioneiro lutaria para se libertar, não havia saído de um inferno para cair em outro. Mesmo temendo usar seu poder de novo, ela o faria para salvar a si mesma.

O corredor a sua frente estava deserto e possuía pouca iluminação. Somente a claridade que atravessava as vidraçarias estreitas iluminava o caminho, e por ela Nye se esgueirou tomando cuidado com cada passo dado.

Não teve problema por percorrer o caminho todo, o que lhe causou estranhamento, mas também esclareceu que ela não era uma prisioneira, se fosse assim não teria conseguido nem ao menos abrir a porta do quarto em que se encontrava. Quando enfim andou através dos outros cômodos e saiu daquele lugar, adentrando em um espaço onde varias varandas se encontravam e algumas trilhas levavam a caminhos desconhecidos.

A visão tomou seu fôlego, realmente era um belo lugar. Mas não fora aquilo que a fez se aliviar, e sim quando avistou o alce parado perto de uma árvore, onde próximo havia um banco de mármore com algumas rachaduras.

Nye sorriu ao vê-lo e o animal ao sentir o cheiro dela virou sua cabeça na direção da mesma, se animou quando a viu vir em sua direção e o abraçar. O alce a recebeu como um amigo que a muito não via.

- Pensei que estava sozinha aqui – comentou acariciando da pelagem do animal.

O alce grunhiu como se resmungasse algo e abaixou a cabeça, apoiando-a no ombro da garota élfica.

- Ficou preocupado? – indagou ela e o animal resmungou novamente – Desculpe – pediu.

- Vocês parecem ser bem amigos – comentou alguém que se aproximou. Nye se afastou do alce bruscamente e fitou a pessoa que apareceu de repente, ficou na defensiva, pronta para machucar aquele homem se necessário – Não estou aqui para feri-la! – avisou.

- Da ultima vez em que ouvi essa frase uma coisa ruim aconteceu – falou Nye desconfiada. Ela avaliava aquele homem de cabelos negros e longos, penteados tão perfeitamente que ela se sentiu feia diante da presença dele, suas feições pareciam joviais apesar de haver expressões marcadas em seu rosto – Quem é você? – indagou com medo, agarrando-se ao alce com mais força.

Mas antes que o homem pudesse responder, o animal grunhiu mais uma vez e Nye o olhou, logo suavizando sua expressão séria, mas vacilando em demonstrar seu medo no olhar.

- Consegue entender o que ele diz? – indagou.

- Mais ou menos, apenas deduzo dependendo da situação. Sei quando algo está errado pela forma como ele fica, mas ele parece calmo em relação a você, então presumo que não seja um inimigo – contou e o homem assentiu, esboçando um sorriso singelo.

- Me chamo Elrond, e está em Rivendell! Uma casa amiga e que irá acolhê-la com braços abertos – falou e diante disso viu a menina abaixar os ombros, respirando mais calmamente – Como se sente?

- Bem, estranhamente bem... Eu não morri, não é? – questionou e Elrond riu discretamente.

- Não, minha senhora, não está morta – falou e Nye franziu o cenho.

- Não sou tão velha a ponto de me chamar assim ou casada – disse com a cabeça baixa, envergonhada, ninguém nunca falou com tanto respeito com ela que era até uma situação embaraçosa.

- Senhorita está do agrado?

- Nye – disse ao erguer o olhar com certa dificuldade – Me chamo Nye, meu senhor.

- Nye – repetiu e ali Elrond teve a confirmação que queria – Deve estar com fome – ela assentiu – Lhe acompanharei até o salão de jantar para que se alimente. Logo mais teremos que conversar, Nye – estendeu a mão para convidá-la.

Receosa Nye olhou para o alce, que apenas moveu a cabeça como se pedisse para que o seguisse. E confiando no animal, ela seguiu o elfo gentil.

- Sobre que quer conversar comigo? – indagou enquanto percorriam uma escadaria na parte lateral da casa de Elrond.

- Sobre você, sobre seu passado e sobre o que houve em Erenon – falou e Nye sentiu seu sangue gelar – Não se preocupe Nye, apenas queremos ajudá-la!

- Como sabe de Erenon? – parou de andar.

- O seu amigo alce nos levou até lá, o gelo ainda cobre todo o reino – disse e voltou a guiá-la em direção ao cômodo em questão.

- Serei presa ou enforcada por matar minha mãe e o resto do reino? – indagou ela e Elrond notou que ela não parecia com tanto remorso pelo que aconteceu, tanto que não a ouviu falar do pai.

Mas quando falava da mãe seu olhar se tornava – por meros segundos – melancólico.

- Ninguém irá lhe prender aqui, Nye, como disse queremos ajudar você – garantiu e ela assentiu, apesar de ainda não acreditar em suas palavras.

- Ajudar como? Não sou merecedora de ajuda – falou virando o rosto.

- Por enquanto esqueça sobre isso, apenas se alimente e então conversaremos – afirmou.

Caminharam em silêncio até uma ampla varanda com uma visão mais estonteante que a da de seu quarto, agora ela via inúmeras copas de árvores que formavam um mar verde e o céu azul podia ser admirado por ela sem pudor. Estatuas adornavam o local e uma mesa enorme e repleta de comida das mais variadas se encontrava sobre a mesa. O cheiro logo atingiu Nye e seu estomago pareceu dar sinal de vida.

Elrond tocou seu ombro e ela então percebeu um rapaz elfo se aproximar. Ele possuía cabelos negros e tão lisos quanto os de Elrond, cordialmente ele se apresentou e fez uma mesura diante de si. Nye ficou sem jeito, mas repetiu o gesto.

- A deixarei com Lindir, logo retornarei para buscá-la e levá-la – avisou.

- Me levar... Para onde?

- Tudo no seu tempo – disse antes de sair.

O que não ajudou em nada, já que Nye ficou ainda mais ansiosa e preocupada com tudo aquilo que estava acontecendo.

- Sente-se, minha senhora – pediu Lindir ao mostrar uma cadeira feita da madeira mais firme e que fora decorada com galhos finos e adornavam o encosto da cadeira.

Por mais que tudo ali fosse feito de coisas simples como gravetos e troncos de madeira, tendo uma decoração com mármore para deixar mais requintado, Nye ainda não conseguia deixar de se deslumbrar com tudo. Sentou-se na cadeira e então fitou todas as iguarias sobre a mesa, notara que eles não eram de comer comidas muito pesadas como a maioria dos humanos.

Mesmo não sendo humana, ela se acostumou com a vida de uma e principalmente com a comida deles. Ver frutas, pães élficos que sabia – através de livros – que eram secos e crocantes quase parecidos com torradas – comida feita pelos humanos. Não havia leite ali, somente suco ou chá. Mas agradeceu por sua mãe gostar apenas de chá no café da manhã, então não teve timidez quando pegou o bule, mas logo teve sua mãe segurada por Lindir. Ela o fitou apreensiva.

- Deixe que as servas lhe sirvam, minha senhora – Lindir falou e com um sinal de mão elas logo começaram a servir a menina, que olhava tudo espantada.

Mesmo tendo morado em um palácio, sob riquezas, Nye nunca viu nada dessas coisas. Tudo do bom e do melhor ia para Ilis, no café da manha, ela recebia apenas um pão quase duro e um copo de leite e quando se comportava poderia conseguir uma fruta prestes a apodrecer. Nem mesmo comiam a mesa com ele, somente no jantar elas podiam “desfrutar” de sua companhia.

As refeições eram feitas em seu quarto, e o mesmo ocorria com sua irmã e sua mãe.

Uma xícara da porcelana mais bem esculpida fora posta perto de si, três pratos com comida para mais de uma pessoa fora colocada diante de si e Nye duvidou que pudesse comer tudo aquilo. Cada item da mesa fora pego para ela e por mais que sentisse que não daria conta, percebeu sua boca salivar com toda aquela comida.

Pegou primeiro um cacho de uva e foi saboreando-a devagar, enquanto sentia o gosto da fruta, Nye observou os inúmeros lugares à mesa e percebeu que em alguns lugares havia xícaras e pratos que foram tocados, dando sinal de que alguém havia comido e isso a fez pensar que haveria mais pessoas naquele lugar enorme.

Ela continuou a provar de sua uva calmamente, mas a cada uva que pegava seu estomago gritava pedindo mais, até que ela não se agüentou e avançou sobre a comida, foi pegando cada pedacinho de pão élfico, cada fruta inusitada na qual ela nunca vira antes, cada doce e salgado sobre a mesa. Bebericou seu chá por ultimo, empurrando a comida pela garganta.

De repente percebeu que Lindir e a serva lhe observavam curiosos. Ela levou a mão a boca e encarou os pratos vazios assim como sua xícara.

- Lamento, confesso que não sou esfomeada, mas... – tentou explicar.

- Compreendemos, minha senhora, pelo tempo que passou desacordada é natural que estivesse faminta. Sem contar pela forma como fora criada, humanos sentem mais fome e com freqüência do que elfos – Lindir explicou, apesar dela saber que ele estava pensando mal dela, afinal, elfos eram delicados até mesmo para comer.

Algo estalou em sua mente ao ouvir a fala do elfo, sentiu certa hostilidade por parte dele sobre a raça humana, algo beirando a deboche, mas o que lhe fez ficar em alerta fora a frase anterior dele.

- Fiquei tanto tempo desacordada assim? – indagou fitando o elfo e a serva.

Ambos se olharam e Lindir tomou a frente.

- Você chegou a duas semanas atrás, minha senhora, estava realmente ferida e para que ficasse bem fora preciso ceda-la – contou com calma, para ela ir assimilando as coisas devagar – E sua recuperação e leito era prioridade, talvez por isso esteja sentindo tanta fome – emendou.

E não era atoa, duas semanas era tempo demais até mesmo para um elfo comum. E mesmo que estivesse satisfeita – naquele momento – ela sentia que logo sentia mais fome, ainda não estava completamente saciada e não supriu os dias em que ficara desacordada.

Pensar no motivo que ela se encontrava ali lhe causava um revirar no estomago, tanto que sentiu medo da comida voltar e passar ainda mais vergonha na frente daqueles elfos. Ela se lembra de pouca coisa, a ultima coisa que se recorda com clareza é do seu amigo alce correndo para fugir dos orcs que os pegaram de surpresa e então sua ferida começou a arder de tal forma, que logo foi perdendo a consciência.

Afastando a cadeira e se levantando, após limpar a boca, Nye fitou Lindir dizendo que estava pronta para seja lá qual for a conversa que Elrond queria ter com ela.

- Me acompanhe, minha senhora – pediu ele e assim ela o seguiu.

 

***

 

A trilha que seguiam agora fez Nye se perder varias vezes, não no caminho e sim na beleza que ali carregava. Havia varias trilhas em meio a pequenos canteiros e o mármore sob seus pés era de cor escura e que contrastava com os arcos que formavam acima de sua cabeça. Luminárias em formas de flores se encontravam sem velas, mas ela tinha certeza de que durante a noite aquele lugar ficava ainda mais belo.

- Esse jardim é bem especial para o senhor Elrond, sua falecida esposa gostava muito dele. Então sempre o mantemos limpo e bem cuidado – Lindir contou ao ver o fascínio nos olhos da garota.

A trilha começava a terminar e mais a frente em meio a algumas árvores pequenas ela notou um gazebo, com pilastras altas e espaçadas uma das outras sustentando o teto redondo e que possuía desenhos geométricos do lado de fora. No centro dentro do gazebo, Nye pode observar uma mesa de mármore – mesmo material que era feito o gazebo – no centro, onde um jarro com água e algumas taças se encontravam enfeitando a mesa.

Mas todo o deslumbre passou quando ela percebeu que o lugar estava lotado, cheio de pessoas das quais ela não conhecia e de repente sentiu-se uma formiga diante de uma pedra preciosa. Engolindo em seco ela ajeitou seu vestido alisando o mesmo e depois fez o mesmo com o cabelo castanho que só agora notou estar um pouco desgrenhado, afinal, ela despertou e logo saiu do quarto, sem nem se quer prestar atenção em sua aparência.

Seus olhos azuis varreram o local passando de elfo em elfo e cada uma deles a fazia se encolher, mesmo aqueles que sorriam ternamente para ela. Até que logo parou na figura de uma mulher, ela possuía cabelos dourados e levemente cacheados, trajava um vestido longo e com um decote generoso, um vel cobria-lhe o topo da cabeça e a deixava quase que imaculada.

E mesmo que soubesse que ela era parte elfa e familiar aos outros que se encontravam no recinto, aquela mulher que lhe observava com curiosidade era extremamente familiar. Porém, algo mais chamou a atenção dela, um elfo enorme e postura altiva e que carregava um ar de superioridade no olhar.

Nye jamais vira alguém com um olhar tão frio quanto ele e ninguém tão bonito quanto.

 

 


Notas Finais


Bom, espero que tenham gostado do capitulo! Como puderam ver suspense e rumores de um inimigo começam a aparecer e também uma parte do passado de Nye. Sei que devem estar curiosas(os) em saber, mas tudo tem seu tempo, tudo será explicado ao longo da fic. No próximo capitulo teremos a revelação da origem de Nye, esse eu não poderei prolongar, agora sobre Maere (irmã adotiva de Nye) vamos com calma, mas tudo sobre ela será revelado também!
Espero que tenham gostado e não esqueçam de comentar!

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Vestido de Nye: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/5b/c2/0d/5bc20d96bf35062542d34dd93881f0cf.jpg


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