Escutei batidas soarem na porta do meu quarto. Murmurei um espere enquanto me observava atentamente.
Tinha em meu corpo um vestido vermelho colado, um salto preto e uma maquiagem simples com um delineado quase que perfeito. Meus cabelos caiam soltos por minhas costas e um topete enfeitava o topo dos meus cabelos. Exuberante, me atrevo a dizer.
Caminhei insegura até a porta do meu quarto e esperei alguns segundos para poder abrir. Quase caí para trás quando observei Lucas escorado no batente da porta. Ele estava muito mais que a perfeição poderia chegar. Seus olhos me observavam milimetricamente e um sorriso brotou dos seus lábios, fazendo-me prender o ar. Que diabos Lucas tinha que me fazia ficar completamente maluca?
- Feliz natal, anjo! – abraçou-me, fazendo-me esquecer de como ficar em pé. Seu cheiro inconfundível entrou em minhas narinas e eu suspirei. Eu amava Lucas completamente que me esquecia de mim. Drogas não tinham, nem de perto, o efeito que Lucas causava em mim.
Pensar em Lucas longe era um martírio para mim. Passei todas as noites chorando acordada, pensando em como é ter Lucas longe, e todas as vezes foram terríveis. Não conseguia parar de chorar. Era a faz de abstinência e eu a queria bem longe.
- Feliz natal, bebê! – beijei sua bochecha, ainda aquecida pelo seu abraço. Por que eu estava me sentindo desse jeito? O chão parecia ter aberto e eu só caía e nunca chegava ao fim; como num abismo.
- Impecável – minha tia apareceu na porta do meu quarto e me abraçou - Você está linda, Lilian!
- Obrigada – agradeci, sentindo minhas bochechas corarem.
- Bom rever-te, Lucas! – abraçou-o e puxou sua bochecha, deixando marcas vermelhas por causa da pressão que seus dedos exerceram contra ela – Já tomou vergonha e pediu minha sobrinha em namoro?
- Não – observei suas bochechas corarem junto as minhas. Tinha como ser menos vergonhosa a situação?
- Vim deixar minhas coisas no quarto de hospedes – avisou e continuou a caminhar pelo corredor com sua mala de carrinho atrás.
- Oi, prima! – apesar da conversa e músicas altas, escutei a voz de Julia soar por todo corredor. Revirei os olhos e sorri forçadamente; sua voz me causava náuseas.
- Que bom que tenha vindo nesse natal – escutei Lucas sorrir baixinho ao meu lado e eu dei-lhe uma cotovelada.
- Surpreendi-me também de ter aceito o pedido da sua mãe – deu ombros.
- Lucas?! – perguntou surpresa e o puxou para um abraço. Queria socá-la até soltar Lucas e empurrá-la da escada, mandando-a para fora de casa - Você está uma gracinha!
- Você também, Júlia – respondeu e eu desci as escadas. Não queria ter que discutir com Júlia hoje. Encontrei com minha mãe na cozinha, ofereci-lhe ajuda, mas esta negou , dizendo que já estava tudo pronto.
Depois de cumprimentar todos os meus parentes, sentei-me no sofá. Odiava quando eles intrometiam em minha vida amorosa. Tudo bem que não havia arranjado um namorado, mas minha vida sentimental/amorosa não tinha nada a ver com a vida delas. Só queria que elas me deixassem livres de questionamentos estúpidos.
No canto da sala estava Lucas e algumas das minhas primas. Elas teimavam em mexer em seu cabelo ou em seu braço e isso me irritava muito mais que os questionamentos intermináveis sobre minha vida amorosa com minhas tias.
Era pra ser o melhor natal que já tive, mas estava sendo o pior de todos. Não porque queria ficar o tempo todo com Lucas e mal havia conseguido sua atenção. Espero que ele esteja se divertindo. Quer dizer, ele estava quase pra ir para São Paulo e sei que ele precisava dar um até mais para as pessoas e eu não queria ser chata ou ficar pegando em seu pé. Mas é complicado quando se ama, e não se pode exigir nada.
Peguei uma taça de vinho que minha mãe trazia em uma bandeja e dei uma golada enorme. Tinha como o natal ficar pior?
- Começou sem mim, dona Lilian? – perguntou Lucas divertido e pegou uma taça de vinho para si.
- Alguém tinha que começar a beber, não é? – dei ombros sorrindo. Lucas passou o braço ao redor dos meus ombros, de modo que eu ficasse aconchegada em seus braços.
- Você não parece estar se divertindo – sussurrou.
- Mas eu não estou me divertindo – bufei e coloquei minha cabeça no vão do seu pescoço – Só de pensar que você não vai estar mais aqui me dói bastante.
- Você falando assim parece até que eu morri – beijei seu pescoço e o senti arrepiar. Adoro o efeito que causava em Lucas.
- Como você sentira se fosse eu a mudar e não você? – perguntei, cruzando os braços abaixo dos seios.
- Não sei responder, mas me dói ter que deixar você aqui. Se fosse por mim já teria te levada comigo – sorri e o abracei de lado.
- Vamos jantar, pessoal – minha mãe chamou e todos se levantaram e caminharam até a cozinha.
[...]
- Dorme aqui? – perguntei manhosa. Havia poucas pessoas na sala e o sono me consumia pro completo. Não queria deixar Lucas ir embora.
- Só se você não roncar essa noite – falou e eu bati em seu braço – Ei! – resmungou e eu puxei-o para o meu quarto.
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