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História Friendzone - Primeira carta: o motivo do meu ódio


Escrita por: binizu_zu

Notas do Autor


Eu vou voltar a escrever aqui depois de muito, muito tempo k.

Eu juntei o segundo e terceiro capítulo, e fiz algumas pequenas alterações no texto, mas boa leitura mesmo assim!

Capítulo 2 - Primeira carta: o motivo do meu ódio


Eu poderia começar isso com um "tudo beleza docinho?" ou "ei gatinho, vem sempre aqui?", mas iria parecer que ainda estamos no colegial, sendo que hoje já fazem 10 anos que estamos casados. Pois é, faz muito tempo desde que eu me declarei, que namoramos, noivamos e, no fim, você disse o tão esperado aceito.

Talvez você estivesse esperando uma cesta bem grandona de chocolates e um belo buquê de rosas, ou talvez uma serenata de amor, cantada na nossa sala de estar. Bem, sinto muito, mas não vai ser nenhuma dessas coisas o seu presente. Resolvi separar algo bem melhor, na verdade. Vou levar você em uma viagem ao passado, ao tempo em que você ainda jogava basquete e era o mais popular da escola. A época em que você me via apenas como um amigo de longa data, um hyung querido e respeitado — mesmo que as vezes você fosse bem abusado comigo. Só que, um pequeno detalhe desse presentinho, você vai saber como eu me sentia, como eu via a mim mesmo e a tudo ao meu redor. E a parte mais importante nisso tudo, vou mostrar o quão filho da puta você foi me colocando naquela maldita friendzone.

Enfim, vamos dar inicio a nossa pequena viagem?

Para começar, iremos dar uma passadinha na época em que estávamos recém embarcando no ensino médio. Ou melhor, você estava. Eu já estava no segundo ano e minha vontade era de jogar tudo para o alto, mandar todos os professores – principalmente o de Física, nunca vou perdoar aquela nota ridícula que ele me deu na prova final do 1° ano – irem tomar no cu e nunca mais aparecer naquele inferno. Mas dai eu me lembrava que se fizesse isso não iria conseguir ver você com tanta freqüência, e logo tirava isso da cabeça.

Deixando o meu ódio pela escola de lado um pouco, vamos volta para o meio do mês de abril daquele ano. Sendo mais específico, para o dia 17, se não me engano. Eu não consigo lembrar de como estava o clima. Se fazia frio ou se estava muito quente, se chovia de caírem raios ou se nevava ao ponto de tudo se tornar um grande mar branco; já faz muito tempo, afinal. Mas se o clima batesse com o meu humor naquele dia, certamente estaria ocorrendo uma terrível e violenta tempestade, com direto a tornados e muitas, muitas pedras de gelo – granizo o nome, não é? –, daquelas bem grandonas, caindo do céu em direção as cabeças dos habitantes de Seul.

Eu estava com um humor péssimo e uma carranca de dar medo a qualquer um estampada na cara — não que alguém realmente ficasse com medo, mas isso é irrelevante. E o motivo de todo o meu ódio tinha nome e sobrenome: Yoo Hyunjae.

Essa garota nunca teve dificuldades quando o assunto era me deixar enraivecido. Eu podia estar quietinho, sentadinho do seu lado mexendo no celular enquanto você babava na mesa da cantina – nunca entendi como você conseguia dormir no meio de todo aquele barulho, mas tudo bem –, bastava aquela vagabunda barra sua namorada passar perto – três metros ainda é perto, ok? – que eu ficava violento como um leão em tempos de caça. Tudo bem que ela nunca me fez nada, e se trocamos meia dúzia de palavras foi muito. Eu não devia ter motivos para sentir tanta repulsa da presença da Yoo. Ela era um doce de pessoa, gentil com todo mundo, sorria até para o vento e só faltava falar com os animais e criar arco-íris com as mãos para se tornar uma personagem de contos de fadas. Ela era tipo uma versão feminina e barata de mim mesmo.

Eu até teria me dado bem com ela, poderíamos ter sido bons amigos e talvez até criado uma campanha a favor de cancelar as sextas de macarronada com salsicha – que era tão odiada por nós dois, descobri isso por culpa sua, Jungkook. Bem, poderíamos, se ela não fosse a namorada do garoto pelo qual eu caia — tropeçava e ainda dava cambalhotas se me pedissem — de amores. Ou seja, você.

Mas naquele dia não foi apenas a existência dela ou fato de vocês namorarem que estava me enfurecendo, mas sim o que ela estava fazendo. Certo, vocês eram o casal mais queridinho em toda a escola e o mais fofo – na visão deles, na minha vocês eram um grande bléh – também, mas aquilo era passar de todos os limites existentes neste planeta, nesta galaxia e neste universo!

Você estava lá, todo lindo e pomposo como sempre, a definição da palavra delícia em pessoa, sentado ao lado do capitão do time de basquete — isso foi antes do campeonato interescolar, então Yoongi ainda não tinha saído do time e tinha o posto de capitão —, devorando um potinho de pudim. Aos olhos de qualquer outro aluno presente naquele local, era uma cena normal, de um adolescente normal, comendo um pudim normal. Porém, estava fora de cogitação aquilo ser normal, principalmente por causa do que complementava a cena!

Yoo Hyunjae, a sua namoradinha de araque, estava sentada, de lado, no seu colo e lhe enchendo as bochechas de beijos, com aqueles lábios melecados com algum batom caro dela.

Tem noção do surto que eu tive que impedir a mim mesmo de dar?!

— Você vai derreter eles se continuar encarando-os assim, Hoseok-ah — debochado como sempre, Taehyung falava enquanto mastigava uma batata-frita.

Acho que naquele momento devo ter puxado tanto ar para dentro dos meus pulmões, que poderia encher quarenta balões facilmente. Puxei o ar mais umas duas vezes da mesma maneira, bem fundo e devagar, e em seguida uma profunda e muito irritada lufada de ar escapou pelos meus lábios.

— Cuida das suas batatas, e deixa que da morte por queimaduras terríveis que esses dois vão sofrer, cuido eu. — a fala saiu quase como um rosnado, tamanha era a minha irritação.

— Não está mais aqui quem falou! — Taehyung riu e levantou as mãos em sinal de rendição.

E eu até tentei esquecer aquela cena horrorosa e asquerosa — até porque nem em mil vidas eu gostaria de ter aquilo em um infinite loop mode na minha cabeca —, até me passou pela mente arrancar os meus olhos para não ver algo pior, mas era algo tão nojento que chegava a prender a minha atenção. E o que me parecia ainda mais doloroso, era não poder ir até lá e separar vocês dois, porque como você e todo o resto dos seres desprezíveis com quem eu convivia adoravam esfregar na minha cara, nos éramos apenas bons amigos. E nada mais do que isso.

No final daquela mesma tarde, eu lembro que você havia me chamado para jogar videogame na sua casa durante a tarde — o que era bem estranho, já que você sabia o quão ruim eu era com jogos —, e eu não recusei. Afinal, quem seria louco de recusar a oportunidade de passar um tempo com a sua paixão nem-tão-secreta, sem ninguém para encher o seu saco e te zoar por estar babando por ele? Eu é que não ia ser, era trouxa demais para fazer algo assim.

Só que eu (quase) me arrependi depois disso.

Eu devo ter me esquecido por um milésimo de segundo de quem estava me convidando para uma tarde de jogos. Devo realmente ter sofrido uma perca de memória para ser capaz de esquecer a quantidade de amigos que você tinha e achar que chamaria somente a mim para a sua casa.

Eu era muito iludido, pode falar, eu sei.

Enfim, eu estava na sua sala — assim como outros seis ou sete garotos — assistindo você e um dos ali presentes competindo para ver quem ganhava aquela luta no Mortal Kombat — posso até ser um puta noob quando se trata de jogar, mas os nomes e a fama eu conheço —, e eu estava realmente muito entediado. A minha cara de bunda devia estar tão, mas tão aparente, que chegou ao ponto de um daqueles pivetes do demônio perguntar se estava tudo bem.

E não estava bem, mesmo. Eles estavam impedindo a minha interação com o crush, nem em mil anos as coisas iriam estar bem para mim!

— Jungkook, têm alguma bebida aí? — perguntei sem ânimo, se era para ficar sentado só olhando eles, que eu fizesse isso enquanto enchia a cara.

— Pelo que eu saiba refrigerante ainda é um tipo de bebida, Hyung. — disse sem desgrudar os olhos do jogo. Idiota.

— Eu tô falando de bebida alcoólica, seu pateta. — é crush mas ainda é amigo, então tem que tratar assim mesmo.

— Deve ter alguma coisa na cozinha, vai lá e dá uma olhada. — deu de ombros, fazendo pouco caso.

Eu me levantei, em toda a minha gloria e alegria — para não dizer derrota e total desânimo — e fui em busca de alguma coisa que eu realmente pudesse chamar de bebida. Vasculhei a sua geladeira e a única coisa que eu achei foi uma garrafa de vodka quase pela metade, que eu prontamente agarrei com uma das mãos e levei comigo — junto a um copo, porque eu não sei quem pode ter bebido ou se bebeu no bico — para a sala onde eu estava antes junto com você e os outros.

Eu devo ter passado uns dez minutos na cozinha, mas parece que foi o suficiente para você destruir com um dos garotos — Acho que era Mark o seu nome, não lembro — no jogo e vocês dois darem espaço para que outros dois jogassem.

— Entre vocês dois — apontei para você e o outro —, quem ganhou?

— Jungkook, como em quase toda vez que ele joga com alguém. — um dos pirralhos disse com humor na voz.

— Não exagera, Yug. — você disse rindo. — Eu sou bom, mas não é tanto assim!

Eu dei de ombros, ignorando a resposta. Você ser ou não bom com aquele merda pouco me importava, ia continuar sendo meu crush mesmo que fosse pior do que eu.

Me sentei entre dois dos garotos, no chão — quem estava no sofá era você e os outro dois que jogavam —, com mais um de cada lado desses. Eu acho que os que estavam do meu lado que eram os únicos dos seus amigos que eu conhecia e já havia trocado algumas palavras.

— É Hoseok, né? — um dos meninos que estava no chão perguntou, sorrindo.

— Sim. E você é o Seokjin, certo? — perguntei meio incerto, com medo de ter errado seu nome. Mas esse medo foi embora quando o outro sorriu, concordando animado.

— Devo tratar você como Dongsaeng ou Hyung? — inclinou a cabeça para o lado, em um gesto que eu achei muito fofinho. — Aliás, eu tenho 20 anos e sou o mais velho aqui. — sorriu, por fim.

Eu fiquei tipo: uau! Ele era bem mais velho que a grande maioria alí, como conseguia suportar um bando de pirralhos irritantes — essa era a forma carinhosa a qual eu me dirigia aos seus amigos, Jeon — e continuava assim, pleno e sem um pingo de estresse aparente? Eu que era um poço de paciência já estava enlouquecendo, e não faziam nem três horas que estávamos ali!

— Tenho 17 anos, sou seu 'saeng! — sorri divertido. — Desculpa ser inconveniente, mas como você aguenta?

Ele ficou confuso e fez um biquinho muito lindinho na boca, ao mesmo tempo em que suas sombrancelhas se uniram.

Seokjin muitas vezes conseguia ser ainda mais fofo que você, Jungkook, isso é irrefutável.

— Como aguento o que?

— Eles! — sussurrei para ele, apontando para os outros de modo disfarçado. — Como ainda não ficou maluco estando cercado por um bando de adolescentes?

E ele riu. Ele teve a cara de pau da soltar a gargalhada mais alta que eu já ouvi. E, caralho, a risada dele era — e continua sendo — realmente muito engraçada. Era esquisitona e parecia que ele estava se engasgando, mas era bonitinha de um certo modo.

Ok, vamos parar de focar no Jin. Sei que você é ciumento para um senhor caralho quando quer, e não quero que brigue nem comigo e nem com ele ao final dessas cartas. Dessa aqui, principalmente

— Sei lá, só aguento. Trato a todos como irmãos nais novos, cuido de todos com muito amor e alguns puxões na orelha aqui e alí. — riu soprado. — Jeon Jungkook é o que mais leva sermão, vale ressaltar.

— Ouvi o meu nome.

Meu coração pulou, meu cu trancou e minha alma encontrou satanás lá no inferno com esse susto. Cara, eu quis tanto dar um murro em você! Tinha a necessidade de fazer uma coisa dessas, Jungkook? Podia ter chegado mais gentilmente, poxa! Não precisava disso, eu já sou todo cagado por natureza, caralho.

— Você agora é ladrão pra chegar por trás de alguém assim, na surdina, cara?! — coloquei a mão dramaticamente no peito e lhe olhei com uma falsa irritação.

Mas você nem ligou para o meu teatrinho fajuto. Só revirou os olhinhos lindos que mais parecem duas jabuticabas.

— Você faz muito drama, Hobi Hyung! — apertou a minha bochecha. Odiava quando fazia isso.

— Sai capeta, larga daqui! Quero papo contigo mais não, me chamou de dramático. — empurrei a sua mão e fiquei emburrado. Mas não por mais de uns oito segundos, quando você resolveu me fazer coceguinhas.

Aquilo foi tortura, Jungkook. Tortura. O maior vacilo que você já deu comigo foi me fazer cócegas, sendo bem sincero.

E o pior é que você não parava, mesmo eu gritando — parecia mais uma gargalhada histérica do que um grito, mas relevemos —, pedindo para que você me deixasse quieto e tirasse as suas mãos do meu corpo.

Se era para por a mão em mim, que colocasse em lugares que me dessem prazer pelo menos, seu mané.

— T-tá doendo... mi-minha barriga... — era uma pausa, uma gargalhada, uma pausa, outra gargalhada. — Ch-chega!

— Promete que não vai ficar mais emburrado, que eu paro. — ainda fazia cócegas em mim.

— Prometo! — consegui falar sem rir no meio da palavra, graças a meu bom Deus.

E bem, você parou. Só que parou e fez algo que eu não esperava fazer.

Você me deu um beijo!

Tá que não foi um beijo como eu queria, tipo na minha boca com a sua língua brincando com a minha do jeito mais despudorado possível, foi um beijinho na bochecha, bem gentil e carinhoso. Deu até um estralinho quando você desgrudou. Mas, ainda assim, você nunca tinha feito isso antes. Quem dirá na frente dos seus amigos heterossexuais com H maiúsculo.

Bem, eu achava que eram na época, né. Descobri anos mais tarde que a maioria dos seus amigos era do vale, e você sabe a qual vale eu me refiro.

Voltando para onde eu estava antes, você fez isso e deu um sorrisinho aberto e voltou a sentar no sofá. E alí, com aquele beijinho extremamente fofo na minha bochecha e o seu sorrisinho sincero de mais, foi que eu fiz a merda de criar muitas expectativas que podiam, sim, se tornarem certezas concretas. Mas, lá no fundo, eu ainda sabia que você não gostava de mim.

Ainda bem que esse lá no fundo estava totalmente errado, não é, amor?


Notas Finais


Espero que tenham gostado, até a próxima!


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