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História Friendzone - Um Sonho de Verão


Escrita por: TrainerVick

Notas do Autor


Heeeeeeeeeeeeeeeey ~
Sai do meu hiatus de longa duração... gente, que chatice.
Agora tá difícil de escrever mas eu vou dando meu jeito. Okay? Estou é feliz que vocÊ sentiram falta disso aqui!
Por isso mesmo, o capítulo está gigante... talvez o maior que já fiz.
Mas vá... pela saudade, leiam todo.
Até porque esse é o capítulo meio que decisivo... é o capítulo que eu estive esperando para escrever.
Nada mais digno do que voltar do hiatus logo com algo bombástico!
Música do Capítulo (e eu SUPER recomendo ouvirem, porque foi ela que me inspirou) : Brown Eyed Girls - One Summer Night
~link lá nas Notas Finais ~

Capítulo 10 - Um Sonho de Verão


Fanfic / Fanfiction Friendzone - Um Sonho de Verão

O sol estava no seu ápice, se olhássemos diretamente para ele nossos olhos iriam se ferir, e o céu parecia tão azul e sereno quanto as águas do mar, naqueles dias em que o mar decide ficar calmo e plácido.

 Nossa heroína já se pegava a imaginar a água salgada a bater-lhe pelos calcanhares e a sentir a brisa gélida, típica do mar, que de um jeito arisco chegava até ela e a arrepiava. Perguntava-se se chegaria a ir à praia antes daquele clima tão bom acabar.

Olhava para a porta da escola, esperando que seu pai saisse da secretaria. Sentada no banco, observava uma árvore com o tronco meio torto, o que achava engraçado, que balançava com os ondulações que o vento lhe causava.

Respirou fundo, porque cheirava tão bem... mesmo que Kwang Ji Hee parecesse calma, ela nunca estava realmente em paz. Queria saber logo as notícias! Porque não lhe tinham deixado entrar?! Odiava esperar… sim, era mimada. E daí? Quando quis perder a paciência, uma mensagem chegou-lhe pelo telemóvel :

“Consegui. A maior parte caiu pelo “discurso de diferenças” do teu pai”.

Foi o bastante para Ji Hee sorrir, pensando se, afinal, tinham conseguido que o Concelho Disciplinar não expulsasse o pobre Sehun.

Teve de esperar ainda mais um tempo, o que fez a menina ficar ainda mais mal humorada e azeda do que já era por natureza, até o pai vir pra fora com Sehun e Luhan, ambos um com a mão no ombro do outro.

- E então?!

- Então pronto...! – Sehun abriu um sorriso matreiro, levando a mão pra cima.

Ji Hee também sorriu, batendo na dele. Mas o rapaz pegou-lhe pela mão e puxou-a para perto dos dois irmãos, que abraçaram-lhe em conjunto.

- Ya... vão me sufocar... – D’Artagnan tentou segurar o riso, mas afinal abraçou-os também, usando um braço para dar um tapa na cabeça de cada irmão. E os dois reclamaram disso,soltando-a.

Seu pai assistia a cena com um sorriso leve. Apesar de não gostar que fossem garotos, pelo menos Ji Hee tinha amigos tão bons… certo? Bem, não tinha tanta certeza disso…

- Filha... –chamou ele,com uma ideia- vamos para a praia amanhã?

Ji Hee adoptou sua usual cara de nada, mas era porque estava a pensar.

- Eu quero ir com os meus escravos... – disse,por fim, a por um braço em cada pescoço dos irmãos.

- É sempre assim... – murmurou Sehun.

- Nós é que somos domados... – completou Luhan.

E assim os mosqueteiros combinaram onde e quando se encontrarem. A surpresa é que o senhor Kwang tinha comprado uma casa na praia com o dinheiro guardado, porque sabia que Ji Hee gostava do mar. Combinaram de irem todos e passar lá só uma noite. Haviam quartos suficientes para os quatro, porque a casa, embora não fosse luxuosa, era grande e espaçosa, e ficava bem próxima à areia da baía.

Era para ser apenas uma experiência no mar em que os mosqueteiros iriam se divertir, mas veio a ser um sonho de verão.

***

Em meio a prédios tão altos quanto modernos, a praia de Eurwangni descansava. Por enquanto, com sua maré baixa, com suas ondas a alcançarem grande parte da costa - Luhan até disse que era o natural.

Ji Hee já sentia-se a queimar pelo sol, mesmo estando escondida por roupa. Mesmo com muito protetor solar na cara e nos braços.

Os dois rapazes pareciam nem mesmo precisar de muito protetor, apesar da pele branquinha. Mas fizeram questão de se encherem de creme, porque pareciam tomar muito cuidado com a pele.

 E enquanto eles atravessavam a praia em direção à casa, Ji Hee prestava atenção no cheiro de sal que as águas emanavam, e nos movimentos indecisos de ir e vir delas, que insistiam em bater-lhe nas coxas e molhar suas calças.

“Bem feito pra ela” era o que pensava Sehun, desacreditado que uma menina ia à praia de calça. Quem é que ia para a praia de calças? Estava à espera de um biquíni, naturalmente.

 Apesar de já estar com as barras encharcadas, ela sorria para o mar, como se fosse uma criança. Em verdade, nunca tinha visto nem ondas de mentira de perto.

Abaixou-se para colher da areia uma pequena concha, mas foi puxada pelo braço por Luhan que ria-se dela por parecer uma criança.

Assim que colocaram as mochilas no sofá da sala, sentiram-se em casa. A cor que imitava madeira, típica do estilo coreano, estava por todos os cómodos. Só fazia com que o lugar fosse mais humilde e acomodador. As portas dos quartos abriam-se quando alguém deslizava-as para o lado,como as da escola. A diferença é que não faziam tanto barulho. Apesar das paredes escuras, a casa era bem iluminada.

O pai de Ji Hee foi o primeiro a entrar para um quarto para trocar-se. Ele parecia estar bem animado para entrar na água e para descansar ao sol.

- Ele vai torrar ao sol, isso sim… – Ji Hee deixou que os pensamentos lhe escapassem alto, e os dois irmãos sorriram a imaginar.

D’Artagnan olhou para os dois, a abrir um sorriso animado, de quem fazia algo pela primeira vez. Era estranho vê-la tão sorridente, mas, obviamente, era muito bom.

- Vai-te trocar – sugeriu Luhan.

- Não posso entrar assim? – ela perguntou e os dois olharam-se.

E parecendo que um entendeu o outro, Luhan pegou-a pelos ombros e Sehun empurrou-a pelas costas para dentro de um quarto. Quase que “jogando-a” lá pra dentro,fecharam os dois a porta.

Que tipo de pessoa sem noção entrava no mar de calça e camisa?

Os dois, diferente dela, já estavam prontos, com os calções de praia e camisolas prontas para serem molhadas pela água do mar.

Todos estavam prontos para a diversão.

***

Mesmo o Sr.Kwang mostrava animação. Enquanto Luhan e Sehun atiravam água um à cara do outro, o senhor, mais bruto, pegava os meninos pelo pescoço e “afogava-os” no mar, a rir-se.

Os Irmãos Oh não sabiam se por ciúmes da sua “menininha” ou se só de brincadeira mesmo, mas divertiram-se a tentar lutar pelas suas vidas.

Luhan conseguiu nadar mais pro fundo, notando que o senhor tinha receio de ir onde seu pé não alcançasse.

Já Sehun, como todo bom irmão mais novo, ficou sendo o alvo de bullying do pai de Ji Hee.

Enquanto o irmão mais velho ria do mais novo, avistou Ji Hee a aproximar-se. Queria vê-la com um bikini fofo, a desfilar pela praia com o vento nos cabelos, a sorrir inocentemente... mas não. Ela tinha um maiô azul marinho que cobria-lhe o corpo todo e mais um short jeans na parte de baixo. Pelo menos, já era alguma coisa melhor que camisa social... Até suspirou, deixando-se cair de costas na água, a boiar.

Kwang Ji Hee nadou rapidamente para o meio, com braçadas violentas que faziam a água voar para todos os cantos, típicas de iniciantes. Quando conseguiu, de modo desajeitado, chegar perto dos dois, subiu nas costas do pai, tentando ajudar Sehun a livrar-se do senhor. Ela até conseguiu, mas caiu na água assim que Han Woo chacoalhou-se um bocado. Todos paralisaram um momento, por causa do choque. O pai ia mover-se, mas Sehun foi mais rápido. Rapidamente chegou até ela, a ajudar sua noona a levantar. Mesmo que na água as pessoas fiquem mais leves, não conseguia puxá-la toda só pelas mãos. Por isso mesmo Sehunie pegou-a pela cintura.

Ele sentiu-se estranho, claro. Mas estava tudo bem, até que ela sorriu outra vez, agora a olhar nos olhos dele. Parecia que o mar fazia-lhe mesmo bem… sua noona despenteou então o seu cabelo, que já estava todo molhado e espetado.

Sabem como é que ele se sentiu?

Era como perder o ar por 60 segundos, apesar de não estar imerso debaixo d’água.

Muitas coisas levam apenas 60 segundos. Um olhar, um sorriso, uma onda do mar, uma vida como a de Athos... e se apaixonar. Embora isso, e ele soubesse, já tivesse feito antes. Só não sabia quais 60 segundos tinha utilizado. Tinha sido quando ela lhe tinha tratado dos ferimentos? Ou enquanto sua noona preocupava-se com sua expulsão? Ou antes ainda de a conhecer? Quando ela tinha desaparecido e nem ele, nem o irmão, não tinham impedido. Embora tivessem visto a rapariga a sair andando do hospital. Talvez... quando seus olhos tinham se encontrado pela primeira vez? Parecia que os 60 segundos tinham passado em câmera lenta, e ele tinha se apaixonado aos poucos, em vários e vários segundos fragmentados entre si...

O caçula tirou rapidamente as mãos da cintura dela, pois o seu medo tinha sido liberado através do toque leve que acabou tendo com as mãos dela. Levou uma mão ao coração. Já o sabia, mas era tão estranho que agora tivesse a certeza... mas não precisava de nenhuma razão.

Sehun acordou dos seus devaneios quando o irmão lhe gritou. Correu para alcançá-lo mais ao fundo, enquanto Ji Hee travava uma batalha contra si mesma e as ondas que insistiam a levá-la pra trás, consecutivamente. Mesmo assim, suas pernas foram mais fortes para conseguir ir até os Irmãos Oh. E quando aproximou-se, só levou com muita água e sal na cara, de Luhan que ria-se dela, enquanto o irmão estava virado de costas.

- YA! – gritou, irritada, logo abaixando-se para dar luta.

A guerra tinha se iniciado.

Luhan chegou a tirar a sua parte de cima e usá-la pra prender as mãos de Ji Hee umas nas outras, assim os dois eram capazes de darem “um caldo” nela. Foi o que disse, chamando pela ajuda do seu irmão mais novo, mas ele não respondeu e até afastou-se.

A rapariga gritava cada vez mais para que fosse liberta, então Luhan pegou-a no colo, indo mais para o fundo para jogá-la lá.

A pobre menina começou a espernear, com medo. Cerrou os olhos, triste por reconhecer que era uma cobarde e tinha medo das coisas mais idiotas do mundo. Mesmo assim, no desespero, gritava para ele “eu tenho medo! Tenho medo!” – mas Luhan parecia não parar de afastar-se mais pro fundo.

Ji Hee sentiu o corpo cair,então gritou,mas percebeu que sua cabeça ainda continuou fora da água. Com o coração a bater fora de compasso, agarrou-se a Luhan com força, enquanto ele sorria.

- Ya, achas mesmo que te vou soltar, Kwang Ji Hee...

Era um alívio. A menina, aos poucos soltando-se dele, conseguiu olhar para o oppa e soltar um berro aborrecido :

“YA!”

O que se seguiu, da parte de Luhan, foi apenas um riso sincero.

***

Como a praia começava a ficar cheia, o senhor Han Woo chamou os mosqueteiros. Iam comer algo pelas redondezas, ver o que havia de interessante na vizinhança e então descansar em casa ou voltar à praia.

Ji Hee é que parecia iluminada com a ideia de fazê-lo. Sorria de orelha a orelha, e era super estranho vê-la tão expressiva. Mesmo que tivesse sua personalidade forte e mesquinha, e fosse andando na frente de todos, não parecia fria.

Han Woo parou numa barraquinha de batatas escadadas no espeto. “Escadadas” chamou-lhe a própria Ji Hee, como se fosse o nome correto. Mesmo que os meninos tenham rido disso, compreendiam que as batatas estavam todas dispostas como uma escada em caracol no palito. Até fazia sentido. Mas quando lhe disseram isso, óbvio que Kwang Ji Hee apenas falou que “claro que faz sentido”, então todos sabiam que o seu eu egocêntrico nunca a deixara. E Luhan voltou a revirar os olhos.

O que era interessante era ver, agora já de uma distância mais relativa, os pinheiros e as rochas que circulavam a praia de Eurwangni, em contraste com os edifícios próximos. A brisa também tornava-se cada vez mais fresca, visto que a temperatura já começava a baixar na Coreia por causa do mês.

Mesmo que já não fosse verão, a sensação era a mesma. Infelizmente, por causa do vento forte, alguns turistas começavam a retirar-se e as ahjummas e ahjusshis que vendiam mariscos à beira da praia, sentiam-se já mais mal dispostos para continuar com o trabalho em meio a ventania.

Ji Hee abraçou o pai, porque começava a tremer de frio. Han Woo, curiosamente, sentiu-se bem aquecido. Porque sentia que a viagem os juntava cada vez mais. Sua menina estava agindo como uma menina e não como uma mulher que tentava ser, e ainda mais, sentia-se livre para abraçar o pai e pedir coisas, além de comunicar-se mais com ele.

Enquanto o senhor se enrolava nos seus pensamentos, a nossa rapariga escolhia um colar feito de casca d’árvore, bem natural e praiano, de uma barraquinha cheia de ahjummas histéricas, que gritavam sobre a protagonista não ficar com o homem certo do triângulo amoroso do dorama semanal, a conversar com as ahjummas da barraca da frente.

- Eurwangni é bem conhecida pelo seu por-do-sol de tirar o fôlego, mas com esse frio, não sei se seremos capazes de andar pela praia de noite... – comentou Luhan, o que fez o resto dos mosqueteiros suspirarem.

Enquanto Ji Hee brincava com o novo colar, porque era tão diferente e intrigante, e tinha o nome de “Primeiro Amor” - CheoSarang, 첫 사랑 - o senhor Han Woo decidia voltar para casa, por causa do frio.

Todos eles o fizeram, mas os mosqueteiros, embora não o dissessem, queriam estar lá fora, ao mar. O por do sol daquela específica praia da alucinante Incheon era deslumbrante e conhecido por todos os coreanos. Não era ventania nenhuma que os impediria de ver.

Mas primeiro... o jantar. Quero dizer, que tipo de herois partem pra alguma aventura sem primeiro comer? Os mosqueteiros é que não. Desde que houvesse carne em jogo, lá estariam todos os três.

Sentaram-se todos ao redor de uma mesa redonda, a cruzarem os pés debaixo da mesa e a ajeitarem-se nas almofadas que tinham por baixo, a mantê-los longe do frio do chão.

Após darem os agradecimentos, a típica cena de qualquer dorama começou : uma família, a pedir o kimchi dali, o arroz daqui, os mariscos acolá... e a carne. Óbvio que a carne não podia faltar.

Era bom. Ji Hee pensou que, embora no início não tivesse muitas expectativas sobre sua ida pra Incheon, nem tivesse a ilusão de ir viver num conto de fadas, a verdade é que sua vida tinha mudado da água pro vinho. Mas não do nada, e sim, de alguma forma, as pingadelas. Não se lembrava da última vez em que sentira-se assim tão feliz e em família.

Conversaram sobre os professores, porque Han Woo mostrava-se curioso das fofocas que diziam que o Senhor Choi, de coreano, tinha uma filha que ia casar com um homem rico. E parecia também que o estrangeiro, o professor de inglês, Mister Oswald, afinal era casado com uma outra professora desconhecida, que gostava muito de viajar.

As fofocas sobre a escola duraram um bom tempo, e na verdade, ninguém notou quando os relógios apontaram para 00:00h. Mas logo, o próprio sono veio avisar o Mr.Kwang que era hora dele ir deitar-se. Fechou primeiro a porta da casa à chave, e depois checou todas as janelas da casa, uma por uma. Era um ritual sagrado que sempre fazia questão de seguir antes de ir dormir... compreensível vindo de um pai que teve a filha nas mãos de um psicopata que nunca chegou a ser preso.

- Vou dormir, e vocês deviam fazer o mesmo, crianças... – aconselhou o senhor depois de checar todas as entradas mais uma vez, e dirigiu-se ao seu quarto ao ouvir que eles iriam todos dormir, de certeza.

Mas é claro que não.

Quando o homem fechou a porta, levantaram-se os três da mesa de uma vez. E parecia que tinham todos a mesma ideia.

- Não... – avisou Ji Hee, atraindo a atenção dos dois irmãos – vocês vão dormir.

- Eu duvido que tu vais pra cama já agora! – acusou Sehun.

- Já perdemos o por do sol, mas agora temos a praia de noite – completou Luhan.

- Já passa da meia noite, pessoal... sem fazer patetices ao estilo dos irmãos Oh com o meu pai aqui! Vão os dois pra cama.

- Tu falas como se fosses a mais velha aqui... – protestou Luhan, cruzando os braços.

- Some.

E, novamente, essa incrível palavrinha, quando dita por Kwang Ji Hee, soava pertinente e convincente, assim como imponente. Os dois irmãos ainda pensaram um bocado, mas dirigiram-se os dois para os diferentes quartos.

Sim... maravilha! Foi o que D’Artagnan pensou, a abrir um sorriso controlado, enquanto entrava no seu quarto e tirava da mala um maiô... nada azul, nada esquisito. Poderia usá-lo sem ninguém por perto e fazer algo errado sozinha. Era estranho, mas desde que começara a andar com aqueles rapazes, fazer certas coisas erradas era mais empolgante e dava mais adrenalina.

Vestiu-se logo no quarto, pegando um casaco e saindo com uma toalha e chinelos. Foi cuidadosa o bastante para esperar as luzes dos quartos dos rapazes apagarem-se, e depois de uns dez minutos que não passavam mais, a rapariga destrancou apenas a porta da frente, sem fazer barulho, e saiu. Fez questão de trancar a porta novamente e levar a chave consigo, apesar de com medo de perdê-la.

Correu rapidamente pra longe dali, já pensando que a praia estaria totalmente deserta e que seria super divertido. Claro que teria de tomar alguns cuidados, porque a maré devia estar a subir e aquilo estaria deserto. Provavelmente se ela entrasse muito pro meio, não teria ninguém para acudi-la caso se afogasse, tivesse uma caimbra, ou sei lá.

Andou um bom bocado até chegar ao seu destino, mas assim que o fez, o cansaço das pernas despareceu. Tirou o casaco e jogou as coisas na areia.

Hesitou um bom bocado, porque sabia que a água devia estar loucamente gélida aquela hora. Mesmo assim, avançou com coragem, com o corpo todo a levar um grande choque térmico ao entrar.

Dizem que depois que se molha o cabelo, não se sente tanto a temperatura. Foi  o que Ji Hee pensou também, ao mergulhar. Mas depois achou que esse conselho popular era uma grande mentira, e se arrependeu, ao tremer o corpo todo e a bater os dentes uns nos outros.

Mesmo assim, ficou ali mais um tempo a pensar. A ideia de Sehun ou Luhan ser Aramis lhe intrigava. Lembrou do segundo papel amarelo que tinha recebido. Nele, apenas uma palavra, “culpa”. Apesar de intrigar-lhe quem estava a mandar-lhe as mensagens no papel amarelo, e de sentir-se constantemente seguida, Ji Hee tentava direcionar o pensamento para coisas que “lhe serviam”, como : quem era Aramis?

Às vezes, pensava que era Luhan. Ele é querido, e  calmo, mas ao mesmo tempo, irrita-se um bocado fácil quando lhe desobedecem. 

Talvez fosse Sehun, ele era mais infantil, dizia as coisas com carinho e bondade, mas também estava sempre a meter-se em porradaria e a pensar em meninas sexys.

Nenhum deles encaixava perfeitamente. Pudera... os dois devem ter mudado quando sairam daquele inferno. Assim como ela, que criou as barreiras que pode para não se machucar mais. Assim como ela, eles também devem ter se sentido diferentes, duros, frios, miseráveis, indignos... depois da morte do menino Minseok.

Tentou pensar de modo claro e objetivo. Luhan cuidava sempre do irmão, o que nos fazia supor que ele tinha uma clara culpa. Mas culpado podia sentir-se tanto Porthos quanto Aramis.

Sehun desenvolveu um louco sentido de justiça, proteção ou pancadaria... que seria mais o modo de Porthos de agir. Mas o pequeno Porthos era um rapaz aterrorizado que na hora final, não conseguia ser corajoso.

Ji Hee levou as mãos à cara, totalmente confusa. O profile não batia certo. De jeito nenhum e com nenhum dos dois. Porque? A morte de Athos tinha sido assim tão marcante a ponto de mudar a personalidade dos rapazes? Agora, eles... até pareciam semelhantes. Às vezes pensavam na mesma coisa e respondiam do mesmo jeito...

Ji Hee optou pela teoria dos dois terem sido tratados pelo mesmo psicólogo, na mesma sala. É como muitos pais tratam da questão financeira, de só pagarem uma sessão em que os dois entram juntos, quando se tem dois filhos doentes. Coloca-se os dois juntos no médico... mesmo tempo, menos dinheiro.

Mas de certeza tinha sido difícil confessar tudo à uma pessoa com o seu irmão envolvido do lado. Mesmo assim tinham crescido um a apoiar-se no outro. Só assim tinham conseguido manter-se em pé, realmente...

Pensa... pensa. E nisso, já tinha passado meia hora de pensar.

Porthos sente-se mal pelo irmão Aramis. Aramis sente-se mal por ser um cobarde... Aramis cuida das pessoas... Luhan? Aramis, por causa do trauma de ser cobarde, assim como tinha salvo sua vida aquele dia, agora defende as pessoas... Sehun?

Ji Hee deixou os olhos arregalarem-se e o oxigénio afundar-se em seu próprio peito quando notou a grande onda que vinha lá de trás e que finalmente chegou até ela batendo-lhe no pescoço, numa área onde a água deveria estar nas suas ancas. A maré subia. Perigosamente. Sentiu-se ficar branca.

 Uma mão tapou-lhe a boca, e um braço agarrou-a, puxando-a para trás.

Quase insistivamente, esperneou, fazendo com que água espirrasse no seu possível sequestrador, maníaco, psicopata, de trás.

Claro que estava em pânico. Só pensava no... no Jackpot. De certeza ele tinha voltado por ela. Era ele quem lhe enviava os papeis amarelos, era ele quem estava a segui-la... sentia-se seguida. Tinha adquirido o instinto de sentir quando era seguida, achava que estava constantemente sob observação.

Estava a ponto de morder a mão da pessoa quando sentiu a mão deslizar calmamente da boca aos olhos de Ji Hee. E os braços que a seguravam, abraçaram-na por trás.

Tomou uma golfada de ar. Não era o Jackpot, o maníaco que não era capaz de não ser rude e grosseiro, porque essas características estavam implícitas no seu Modus Operandi.

Os braços que lhe abraçavam... a mão que lhe tapava o rosto... aquela doçura era de alguém que ela bem conhecia. Ainda mais... a pessoa tinha acabado de lhe salvar… certo?

- Aramis...? – sussurrou, enquanto tentava virar-se para quem estava atrás, que desesperadamente manteve-a no mesmo lugar.

Ah... teve um deja vu. Quando estava presa e sentia falta do seu pai, ele não tinha feito a mesma coisa? Tinha tirado sua venda, mas não lhe tinha deixado ver o rosto. Aquela mão também estava sob seus olhos nesta noite.

- Porque não te posso ver agora? – como que se levantasse o tom de voz, ele fosse surmir, D’Artagnan continuou aos sussurros – estamos livres...

O rapaz foi virando o corpo dela pra ele aos poucos, mas continuava com a mão nos olhos dela. Ji Hee semicerrou os olhos, tentando ver algo de jeito, mas só conseguiu notar um pouco de pele nua na sua frente. Tudo o que conseguiu foi entender que ele estava sem camisa, porque a escuridão da noite e as mãos que lhe cobriam os olhos, não lhe davam espaço para pormenores.

- Se tu não queres, eu não vou olhar... como daquela vez.

Pareceu ter sido o suficiente, pois o rapaz a sua frente, tirou a mão dos olhos dela. Mas D’Artagnan fechou os olhos mais uma vez.

Sentiu agora as mãos do rapaz chegaram-lhe pelos ombros, a acariciarem sua pele fria, e a fazer a garota sentir-se cada vez mais quente por dentro, como era o dom especial de Aramis desde sempre. Seu... seu primeiro amor.

Sentiu o rapaz aproximar-se dela e ao deixar sua mão molhada deslizar sobre o braço da rapariga, acabou por arrepia-la. Aramis puxou-a levemente pelo braço pra mais perto dele.

Sentiu a respiração do menino, ali, bem à sua frente. Quis olhar. Quis abrir os olhos... mas estranhamente, tinha medo. Estava nervosa. Não sabia porque.

Ele deu-lhe um beijo na bochecha, que pareceu-lhe quente e suave, embora demorado.

Ji Hee murmurou algo, a tentar protestar... porque estava nervosa, além de confusa. Não sabia quem era… meu Deus, não sabia quem era. Mas… mas não importava.

Não houve mais tempo... seus lábios ficaram ocupados com os do rapaz a sua frente. Foi um choque, mas logo começou a parecer certo... como se fosse para ser daquele jeito, assim, simplesmente. Nessa hora, só teve a certeza de estar sob as estrelas com alguém que gostava de estar. Lembrou-se duma frase do John Green que tinha lido por engano na internet : “meus pensamentos são estrelas que eu não consigo arrumar em constelações”. Disse pra si mesma “dane-se todas as constelações”.

Ji Hee pela primeira vez em anos era sentimental, em vez de tentar fazer constelações de pensamentos racionais. Assim, correspondeu o beijo dele suavemente, enquanto o rapaz intensificava-o e colava mais o corpo dele ao dela.

Sentiu uma mão segurar-lhe pelas costas, a medida que também as ondas batiam-lhe nas ancas.

Aquela noite era maravilhosa... esperava que nunca mais acabasse. Seu primeiro amor retornava mais presente que nunca. Mais real... tão real quanto o colar que tinha em sua posse, que também chamava CheoSarang, Primeiro Amor.

Infelizmente, aquilo parecia um sonho. E sonhos de verão acabam assim que o outono cai, como suas folhas secas que acabam no chão.


Notas Finais


Música do Capítulo : https://www.youtube.com/watch?v=RuxwyQ5JqVs&list=PLZsNYmspxqbNjS-fM8PUU0MYkWhR56QSL&index=10
Sim, eu me inspirei no colar do MV. Problem?
Ai vocÊs podem ver que a música está numa playlist... essa é a play da fic! Se quiserem, podem fuçar por ai e relembrar ^^ Ou descobrir umas músicas muito <3
Gentiiiiiiiiiii ~ hoje não tem EXO aqui nas notas finais porque ... porque não sei.
Eles estão de férias e eu atrasei o pagamento deles e.e'' Sorry.
Eu senti falta de vocês e vou trabalhar duro daqui pra frente... a fic tá gigante e.e
Enfim.... digam o que acharam por favor. Assim dão mais força pra uma escritora meio sem tempo e.e''
Beijos Heroicos \o


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