Ponto de Vista da Kathie
Acordei praticamente em cima do Allan. Encaro-o por alguns minutos, caralho como ele é um gato dormindo. Tento me levantar sem acordar ele, porém não tive muito sucesso
— Bom dia Kathie
— Bom dia – Vou em direção ao armário, pego minhas roupas da festa e começo a me vestir sem se importar com o Allan me encarando. Grande coisa também, ele já me viu de biquíni
— Então você vai querer sair?
— Sim, gastei ontem o meu tempo procurando o John e ele não deu nenhum sinal de vida. Ele sabe que sou preocupada. Agora que se foda quero ter as minhas três horas livres
— Mas é domingo, tem quase nada aberto
— Quero ver a minha família e sentir um pouco de liberdade – Termino de me arrumar finalizando um rabo de cavalo no meu cabelo preto. Olho para o Allan e vejo-o se arrumar também.
Saí do quarto e percebo todos me encarando, reviro os olhos e continuo o meu caminho para o banheiro feminino. Não falei com ninguém nem olhei para ninguém, fiquei na minha até aparecer a Jenny e a Morgana rindo
— Oi Kathie
— Olá garotas
— Vai sair? Mas e o John? – Pergunta Morgana
— Vou e o John deve estar bem, ele sabe se virar
— Kathie, acorda – Fala Jenny estalando os dedos na minha cara — É o John, ele é fraco, não tem nenhuma iniciativa, não tem força e é tímido e ele está no Lado B. Agora mesmo ele deve estar todo machucado
Reviro os meus olhos novamente — Jenny, o John não é fraco, ele sabe se virar e não acho que ele foi violentado. O líder do grupo é gay e John é gato, provavelmente deve estar levando cantadas de um tal de Oliver
— Não faço a mínima ideia de quem é Oliver e como você sabe que ele é gay?
— Um dia o Jake me contou, quando ele falou que ele sofre de – Fiz uma pausa, mas que diabos estou falando? — Ah, esquece Morgana, só sei que sei deu para entender? – Saio do banheiro sem ouvir a resposta das duas.
[...]
— Nossa, quem diria que você vai sair Lana
— Pois é Jake , mas e o John?
— Sei lá, não importa muito agora, depois eu falo com ele – Respondo meio triste.
Na garagem ao ar livre do reformatório, uma van cinza com vidros fumê estava esperando a gente, finalmente livre. Tá meio livre. Nós estávamos com a mesma roupa de quando viemos menos a garota de cabelo rosa claro, Lana. Ela estava com um moletom roxo, uma calça jeans rasgada e um tênis esportivo. No ultimo minuto, antes de entrar na van, olhei a paisagem atrás da van e percebi que tinha um carro vermelho, uma mulher e um rapaz que parecia estar saindo do reformatório. Cerrei os olhos tentando reconhecer essa pessoa. E reconheci
— John? – Gritei e fui correndo até ele. Só parei porque tinha uma grade que separava a gente
— Kathie!– Disse ele surpreso
— John, meu deus – Ele chega mais perto da grade para me ouvir melhor pois tinha guardas gritando para eu voltar — John, onde você tava? O que aconteceu? Por que a sua mãe tá aqui? Ah, não acredito, ela vai levar você embora
— Calma, respira – Ele sorri e sorri mais a ainda quando os outros chegam juntamente com os guardas — Oi gente, senti saudades
— Caralho John, fala logo. Plis me tira daqui – Reclamei, estava muito contente por ele estar bem, não tem nenhum machucado só dois chupões no pescoço
— Quando sair daqui vou falar com a mães de vocês para...
— Ei! O que é isso no teu pescoço? – Pergunta interrompendo Jenny com cara de malicia
— Nossa, John arrasa corações – Provocou Jake
— Um foi da Regina e o outro... – Ele abaixa a cabeça vergonhosamente
— Oliver! – Grita Lana animada – John você é gay?
— Não, é que ele me segurou tá legal e os amigos deles também me seguraram, então não pude fazer nada
— John temos que ir, e oi para vocês – Fala a mãe do John voltando para o carro – Prometo tirar vocês daí, querido o seu voo está programado para amanhã as nove e meia da manhã
— Voo? – Falamos todos num uníssono
— Sim, para o colégio interno – Ela entra no carro sorrindo
— John você vai?
— Não sei Kathie
— John, por favor não me abandona como a minha mãe fez
— Kathie – Ele para quando sua mãe buzina e quando os guardas encaram ele — A gente ainda vai se ver...
[...]
Depois de ter às três horas livres, voltamos para a van em silêncio. Quando estávamos parados numa sinaleira ouvimos um miado, mas não era um miado que Lana não pudesse reconhecer
— Snow? – Lana arregalou os olhos azuis e começou a procurar, apesar que na van não tinha muito espaço para se mexer. Apareceu debaixo do banco da Morgana, o gato branco de olhos azuis — Snow, ai meu deus
— Snow? Lana tem um gato? – Pergunta Jenny surpresa
— Ai que fofinho, mas deixe esse bicho aí bem longe de mim, tenho alergia – Disse Morgana já se coçando
E daí em diante que a Morgana não parava de se coçar, tossir e espirrar. Até os guardas ficaram preocupados, mudamos de rua para passar no hospital já que Morgana começava a inchar.
— Mas o que você comeu menina?
— Seu guarda, ela tem alergia a gatos e passou um perto dela na rua – Explicou Jenny
piscando para Lana
— Obrigada –Sussurrou Lana
Ponto de Vista da Morgana
— Gente eu não consigo respirar direito –Reclamei
— Abrem a janelas – Ordenou Allan— Melhorou? – Assenti com a cabeça. Meus braços e minhas pernas estavam arranhados e vermelhos, não parava de tossir. Como eu queria estar em casa agora! E quando você acha que não pode piorar, a vida vai lá e piora e muito. Do nada o gato pula no meu colo. Começo a gritar, Lana vem e tenta tirar ele, porém o gato agarrou o meu vestido e ficou preso durante longos segundos
— Puta que pariu! Está perto do hospital ou não? –Kathie grita desesperadamente para os guardas
— Calma, estamos quase. Olha essa sua boca garota
— Nem vem, a menina está aqui toda inchada e vocês estão andando vinte por hora. Acelera essa coisa – Grita Allan
E passaram longos minutos de gritos, até chegar ao hospital. Eu gritando apavorada, pois nunca estive tão vermelha, Kathie e Allan gritando com os guardas. Jenny chorando porque achava que eu ia morrer, Lana ajudando a Jenny a parar de chorar e Jake tentando abrir mais a janela para eu poder respirar.
[...]
— Ela está bem?
— Não sei, mas eu espero
— Ainda bem que ela desinchou
— Tá acordando pelo menos, fiquem quietos caralho
Só de ouvir o palavrão, sabia que era Kathie falando. Estava meio zonza, mas acordada. Depois de responder as perguntas de sempre, eles me deixaram descansar. O médico virou e olhou para mim
— Teve muita sorte, poderia ter morrido
— O que?
— Não, era só uma brincadeirinha. No máximo você ia desmaiar – Fala rindo — Melhor você dormir um pouco.
Que médico é esse? Quem faz esse tipo de brincadeira?! Mas ele tem razão, bom na parte de eu dormir. A cama do hospital que só tinha um térreo é bem mais confortável do que a do reformatório.
[...]
— Olá, sou seu enfermeiro, tá na hora do seu remédio Morgana – Abro os meus olhos e do de cara com um rapaz que era jovem para ser um enfermeiro, era muito jovem para ter pelo menos dezoito anos, ele tinha olhos castanhos e cabelos loiros. Na mão tinha uma colher e um frasco de veneno, sabia que era de veneno pois estava escrito VENENO bem grande.
— Não vou tomar isso – Falo gritando e tentando sentar na cama, mas com cuidado para não sair a agulha que me dava o soro.
— Mas é o seu remédio, se tomar não vai sentir mais nada, literalmente – Ele coloca o líquido incolor na colher e vai em minha direção. Ok, era o veneno contra eu. O que ia fazer?!
Ele tenta dar o veneno, mas eu recuo para trás, tentando gritar com medo que ele enfie a colher goela a baixo. Então...
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