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História From Friendship To Love - AboVerse - Capítulo I - Aquele do buquê


Escrita por: Lundgren

Notas do Autor


⚠ Fanfic ABO, ou seja, Regina é uma mulher alpha, ela tem pênis. Se essa temática não lhe agrada, sinta-se livre para não ler.
Boa leitura!

Capítulo 1 - Capítulo I - Aquele do buquê


— Não posso acreditar que Emma “nada sentimental” Swan, ainda guarde com o maior carinho um velho buquê de noiva, depois de oito anos. Oito anos! — exclamou Regina Mills antes de engolir seu nacho com chilli. 

— Você realmente não vai esquecer disso? — Emma revirou os olhos, meio irritada, encostando-se no assento da cadeira e cruzando os braços. 

Dias antes, Regina foi ajudá-la com a mudança para o novo apartamento e encontrou, encaixotado no meio das coisas da amiga, o buquê de noiva do casamento de Mary Margaret Blanchard com David Nolan, celebrado há quase uma década. Desde então, Regina não parou de caçoar da amiga, até porque zombar das pessoas era o esporte preferido de Regina Mills desde sempre. 

Emma e Regina tinham a mesma idade e comemoravam o aniversário no mesmo dia. Sendo Emma só alguns minutos mais nova do que Regina. Seus pais eram amigos e vizinhos de longa data e, por causa disso, as meninas cresceram juntas. Desde pequenas compartilharam brincadeiras, aventuras, amizades, trabalhos escolares... tornando-se ainda mais próximas e mais confidentes a partir da adolescência, quando as primeiras paixões surgiram e, junto com elas, a descoberta da sexualidade. 

Ainda na adolescência, Regina se apresentou como alpha e logo descobriu seu interesse por garotas. Na mesma época, Emma também tornou-se ômega e experimentou sua atração tanto por garotas quanto por rapazes. Apesar do interesse em comum por mulheres, Regina e Emma nunca foram mais que amigas, mesmo que, durante certo tempo, as pessoas ao redor das duas imaginassem que havia uma atração por baixo da superfície daquele relacionamento fraternal. Mas Emma nunca deu importância a essas especulações e tinha certeza que Regina também não dava. 

Porém não pense que a relação delas sempre foi um mar de rosas, afinal, como amigas muito próximas, as duas também tinham suas brigas que, às vezes, chegavam a ser bastante sérias. Mas era certo que no final do dia, se Emma telefonasse para Regina no meio da noite, dizendo que precisava de ajuda, tinha certeza absoluta de que a amiga largaria tudo para logo ir socorrê-la. E, se fosse o contrário, Emma agiria da mesma maneira.

— Desculpa, Em, mas o que eu vi realmente me surpreendeu! — Regina retomou a conversa, limpando os lábios sujos com o guardanapo, antes de tomar um gole da cerveja no gargalo.

— Não entendo por que você está dando tanta importância a isso. O buquê é apenas uma pequena recordação que guardo do dia do casamento de uma das minhas melhores amigas — queixou-se Emma após ter pego um dos nachos do prato de Regina. 

Ambas costumavam ir àquele restaurante com frequência para comerem o que consideravam ser “a melhor comida mexicana” da cidade. 

— Lembro que não vi você se esforçando muito para pegar a “pequena recordação” — observou Regina, fitando-a com ar sorridente. — Pelo contrário, ficou o tempo todo se escondendo atrás de mim. Mas por sorte, ou azar, o buquê acabou em suas mãos de qualquer maneira. E, se não estou enganada, você ficou em pânico, parecendo segurar  uma pedra quente na mão.

Regina tinha razão. Naquele distante dia, Emma ficou apavorada ao perceber que suas manobras para evitar pegar o buquê haviam sido inúteis. Após apanhá-lo, esforçou-se para sorrir e respondeu às perguntas toscas de sempre a respeito de pretendentes e para quando estava marcada a data de seu casamento.

A única coisa que não haviam lhe perguntado, anos atrás, foi se ela desejava se casar. Emma teria dito que não, pois, embora nada tivesse contra o casamento, esse era um item que não constava em sua lista de prioridades na época.

Pelo contrário, desde pequena, ela sempre quis ser dona do seu próprio nariz e sonhava em ter uma carreira bem-sucedida, por isso planejou e conseguiu tornar-se financeiramente independente antes dos trinta. 

Para ela, o perfume embriagador do sucesso sempre foi bem mais atraente do que uma bonita aliança de compromisso. E a verdade é que seus sentimentos em relação ao casamento não mudaram muito nos últimos anos.

—  Emma?

O som da voz de Regina trouxe-a de volta ao momento presente, embora ela tenha olhado  para a amiga com expressão ainda distraída.

— Desculpe... — disse, pegando o copo de vinho para beber um generoso gole, procurando ganhar tempo e lembrar sobre o que conversavam— Falávamos sobre o quê mesmo?

— Sobre o buquê amarelado que você esconde no armário. —  Regina brincou. 

— Ah, sim — Emma abandonou o copo na mesa e ajeitou-se no assento —  Ainda não superamos esse tema…

Regina sorriu levemente e tomou outro gole de sua cerveja. 

—  Desculpa, Em, mas é por que é muito estranho pensar em você sendo tão sentimental  — deixou a garrafa na mesa, e seu sorriso murchou de repente — Se fosse Isabelle…

Emma enrijeceu quando as palavras murmuradas da amiga cederam espaço a um silêncio carregado de melancolia. Seu coração acelerou ao perceber que Regina deixou-se levar por tristes lembranças.

"Isabelle", pensou. Sempre ela. Isabelle Blanchard, a ômega por quem Regina Mills se apaixonou na adolescência e com quem se casou ainda muito jovem, numa cerimônia emocionante, anos atrás. Infelizmente, Isabelle agora estava morta.

Emma ficou ao lado de Regina desde o início da tragédia. Cuidar do bem-estar da amiga e ajudá-la a reunir as partes de seu coração fragilizado pela perda, tornou-se seu principal objetivo desde a morte de Isabelle. Emma passou horas sofrendo junto com Regina, ouvindo-a relembrar os momentos felizes com a esposa e lamentar sua tragédia pessoal.

Os primeiros meses foram tão dolorosos que Emma chegou a suspeitar que Regina sucumbiria ao sofrimento. Mas, felizmente, o desespero foi diminuindo à medida que os dias passaram e a mágoa transformou-se em resignação, até que, por fim, Emma começou a perceber que a amiga finalmente aprendera a viver com sua dor.

Emma deixou as lembranças de lado, quando enxergou o garçom aproximando-se para servi-las. Neal era muito simpático e sempre as atendia bem.

— Para Emma, o de sempre, burritos de pollo — comentou ao colocar o prato diante da ômega.

Emma adorava aquela iguaria típica, recheada com frango e verduras.

— Obrigada, Neal — ela murmurou com ar menos preocupado.

— De nada — o rapaz sorriu — E para Regina, outra porção de nachos com chilli.

Para alívio de Emma, Regina abriu um caloroso sorriso. A expressão melancólica se fora. Agora, a principal preocupação da alpha era a comida.

— Sei que não é da minha conta, mas por que vocês sempre pedem os mesmos pratos? — Neal questionou com curiosidade. 

Elas duas se entreolharam. 

—  Boa pergunta, Neal —  Regina olhou de volta para o homem com o cenho franzido —  Mas eu não faço ideia… — ela mordeu o lábio levemente e voltou a fitar a amiga —  E você, Emma?

A de cabelos loiros também estava com expressão intrigada. Aparentemente, nenhuma das duas jamais tinham percebido isso. 

—  Acho que simplesmente somos fiéis àquilo que gostamos — Emma ofereceu sua explicação, embora hesitante. 

Neal refletiu por um instante, antes de comentar olhando de uma para outra:

— Isso é muito bonito — mostrou-se admirado — Desejam mais alguma coisa?

— Não, obrigada — respondeu Regina, sorridente.

— Ótimo. Espero que apreciem o jantar — completou o rapaz, deixando-as a sós.

Regina começou a comer a nova porção com ar satisfeito. Emma, por sua vez, se pôs a observá-la, ignorando o aroma delicioso que vinha da sua própria refeição. O apetite da amiga era de fato animador. Lembrou-se da expressão melancólica que tomara o rosto dela minutos antes, ao mencionar Isabelle, mas percebeu que esses momentos agora não a abalavam mais como antes. 

Aos poucos, Regina voltava a se parecer com sua velha amiga. A garota sempre feliz que jamais havia sido tocada pela perda. Que sorria facilmente para o nascer e o pôr do sol. 

Emma voltou a pensar no velho e amarelado buquê cuidadosamente guardado em seu armário, imaginando o motivo de ainda conservar aquele arranjo de flores murchas como se fosse um precioso tesouro.

Regina tinha razão por não considerá-la uma mulher sentimental. Realmente, Emma nunca foi como a maioria dos ômegas. Ela não gostava de alimentar fantasias românticas, mas isso também não significava dizer que era insensível. Seus romances, por mais que não durassem, costumavam ser intensos, e ela amava profundamente as pessoas que realmente lhe importavam, mesmo que não fosse afeita a demonstrar seus sentimentos.

Por outro lado, Isabelle Blanchard sempre foi absolutamente sentimental. Do tipo que suspirava, enlevada, diante da beleza da chuva, do sol, da lua e das estrelas. Do tipo que soluçava nos casamentos e com os finais felizes dos filmes. Suas músicas prediletas também sempre foram as baladas mais românticas.

Emma, a princípio, julgou que esse comportamento de Isabelle não era genuíno. Por mais que os ômegas fossem mais sensíveis, a sensibilidade excessiva de Isabelle lhe parecia forçada. Emma demorou a entender - e a aceitar - que alguém pudesse ser tão romântica do jeito que Isabelle era. Também custou a entender que era justamente por isso que Regina amava tanto a esposa.

Emma estava tão imersa em seus pensamentos que não se deu conta que observava a amiga fixamente já há algum tempo. 

— Por que você está me olhando assim? — perguntou Regina repentinamente, arrancando Emma do seu torpor.

— O-o quê?

— Você está esquisita, muito pensativa. Ainda não tocou na sua comida e se demorar mais, vou acabar roubando-a de você — Regina sorriu carinhosamente para a amiga. 

—  Ah, desculpa — Emma murmurou, sem saber ao certo o que dizer — Não pensava em nada de especial — preferiu não dividir seus pensamentos. 

— Ei — Regina estendeu a mão por cima da mesa para apertar a de Emma — Você sabe que se não tivesse ficado ao meu lado depois da morte de Isabelle, eu poderia não estar aqui hoje. 

Emma se comoveu com a repentina e emotiva confissão de Regina. Era também a primeira vez que a amiga revelava o quão importante fora o papel de Emma nos meses que sucederam a partida de Isabelle.

— Você sabe que sempre foi uma prioridade em minha vida, Regina — disse Emma, mais emotiva do que queria transparecer. — E que espécie de amiga eu seria, se não tivesse junto com você no momento mais difícil que já enfrentou? — sorriu suavemente. 

Regina observou as mãos unidas das duas, antes de voltar seus olhos hesitantes para Emma como se tivesse medo de abordar a próxima questão. Emma percebeu isso. 

— Então, é óbvio que ainda penso muito em Isabelle e isso machuca, mas não da maneira como já machucou.

— Entendo  — Emma balançou a cabeça. 

— Mas acho que é hora de você parar de se preocupar sempre que menciono o nome dela.

A princípio, Emma sentiu-se chateada com a reprimenda, apesar de ter sido feita num tom mais gentil possível. Estava prestes a protestar, mas Regina se antecipou e falou:

— Não me entenda mal, eu serei eternamente grata por tudo que fez por mim — suspirou profundamente — Mas, agora eu queria te pedir outro tipo de ajuda, por assim dizer… 

Emma permitiu que vários segundos passassem, enquanto observava Regina com atenção: — Como assim?

Regina sorriu sem jeito e Emma viu a amiga soltar sua mão para recostar-se novamente no assento, mostrando certa ansiedade.

— Preciso que me ajude a viver de novo em sociedade, Emma — mordeu o lábio levemente.

Emma franziu o cenho levando alguns segundos para entender o que parecia implícito nas palavras de Regina. 

— Você está pedindo para que eu... te ajude a arranjar mulher?



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