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História Fugitivos - Enquanto você dorme


Escrita por: Ozumbi

Notas do Autor


Gente coloquei um personagem original que pode não parecer agora, mas vai ser importante para a história na lá frente. E mais, sei que querem que eles acordem logo, mas vai demorar uns dois capítulos ainda, porque se eu for muito rápido a história perde o sentido ok. Boa leitura!

Capítulo 4 - Enquanto você dorme


Fanfic / Fanfiction Fugitivos - Enquanto você dorme

Todos os dias são iguais... Repetitivos. Me sinto presa num lupe do tempo, sempre fazendo as mesmas coisas todos os dias, vendo as mesmas pessoas, ouvindo as mesmas piadas, as mesmas provocações... Um ciclo sem fim. Semana começa, semana termina e eu aqui, presa nessa sala mal iluminada e silenciosa. Sinto que estou ficando louca, pois antigamente eu só abria a boca para falar o necessário, mas agora, falo o dia todo, sobre qualquer assunto, por mais bobo que seja, e o pior de tudo, falo sozinha.  

- “Por isso, ele nunca saberá como eu o amo; e não é por ele ser bonito, mas por ser mais parecido comigo do que eu própria. Seja qual for a matéria de que nossas almas são feitas, a minha e a dele são iguais.” - Minha voz alta e cheia de sentimentos como de uma cantora de opera ecoa pela sala silenciosa.  

Fecho o livro intitulado o morro dos ventos uivantes enquanto bocejo. Li esse livro umas três vezes durante as últimas duas semanas. 

Olho pra hora, já passa das duas da tarde.  

Estou morrendo de sono, mas não quero dormir... Nos últimos dias os sonhos realistas tem se tornado mais frequentes, e mais longos também, porém não sinto tanto medo quanto sentia antes, é mais uma sensação de ansiedade e expectativa, como quando assistimos um filme de terror sabendo que a qualquer momento podemos levar um susto, mas, mesmo assim, mesmo sentindo medo não conseguimos parar de assistir. 

No entanto, por mais que eu tenha me acostumado com os sonhos, não consigo evitar sentir um pouco de ansiedade todos os dias, antes de dormir. 

Ainda falta duas horas até a próxima verificação e troca de medicamentos. Olho pro meu beliche abandonado no canto oposto do cômodo e, vencida pela necessidade de dormir – De preferência em um lugar confortável - Caminho até a cama e me deixo cair sobre o colchão macio de molas.  

- Huum, tão bom... – Sinto meu corpo relaxar como se derretesse. 

Fecho os olhos, adormecendo rapidamente.  

Não demora muito e logo mergulho no mundo dos sonhos, mas dessa vez é diferente. Eu não sou a protagonista, muito pelo contrário, eu sou apenas uma telespectadora. 

Estou sentada na poltrona com um livro de capa dura nas mãos, sorrindo vez ou outra enquanto leio. Quando termino de ler, inclino o meu corpo para frente enquanto converso com alguém que está sentado de frente para mim, em um banquinho de metal. Sua mão esquerda sendo usada como apoio para a cabeça me impede de ver o rosto, porém, o físico e a roupa masculina denunciam que é um homem. Ele é alto, magro e veste roupas pretas com alguns detalhes em couro marrom.  

Tudo nele é muito familiar e nostálgico, como se o conhecesse a muito tempo. 

De repente uma  nuvem de fumaça começa a se formar ao redor deles, lentamente, se espalhando cada vez mais, embaçando a minha visão. Em meio a fumaça densa vejo faíscas surgirem, rodopiando pelo ar como confete, queimando onde tocam, provocando um incêndio que rapidamente se espalha por todo o lugar. A Lucy protagonista continua inclinada conversando alegremente, nem parece sentir o calor das chamas roçando seu corpo e suas roupas.  

O incêndio se intensifica se aproximando deles cada vez mais, engolindo tudo o que encontra pelo caminho. Quando as chamas finalmente os alcançam desvio o olhar com medo, segurando um grito preso na garganta. Porém, passado algum tempo, contra a minha vontade, movida por algum impulso do sonho, começo a virar o meu rosto, hesitante, tremendo, com medo da cena que eu veria, mas o que eu vejo é surreal, intenso e realmente parte de um sonho. 

O homem, de pé, com o corpo inclinado sobre o da garota e com os dois braços esticados, se apoiando na poltrona, a protegendo das chamas raivosas que parecem não ter efeito algum sobre ele, como se fizessem parte dele. Seus rostos próximos, a garota sorrindo tranquilamente e ele... 

Batidas fortes na porta me despertam fazendo meu coração acelerar, surpreendido com o som repentino. 

-Lucy! Abre a porta! Eu sei que você está ai! 

-Essa voz... Ksora? – Sussurro com voz de sono. 

Me levanto meio grogue, esbarrando em tudo. 

-Lucy! 

-Já vai! – Grito estressada 

“O que ele faz aqui?” 

Destranco a porta e puxo-a levando um susto quando, por pouco não fui atingida pelo peso de um cara de um metro e oitenta de altura que apoiava o peso na porta. 

-Pensei que tivesse morando em algum lugar bem longe daqui. – Digo sem tentar esconder a minha irritação. 

-E eu estava, mas senti saudades e... Aqui estou. - Diz se apoiando no batente da porta. 

-E como você sabia onde me encontrar? 

-Liguei pro seu pai perguntando. 

“Droga pai!” Grito internamente o amaldiçoando. 

Antes que eu possa dizer qualquer coisa ele entra esbarrando em mim. 

-Que calor Lucy! Deus! Como consegue ficar aqui? – Pergunta abanando a camisa. 

-Eu já me acostumei. 

-Se acostumou? – Exclamou se virando para me olhar. 

-Sim, na verdade nunca me incomodou realmente. – Digo dando de ombros. 

-Como isso é possível? Isso aqui deve estar passando dos quarenta graus. – Diz abrindo os braços de forma dramática. 

-Não exagera... – Digo revirando os olhos. 

- Não é exagero Lucy. Mal entrei e já estou suando. – Diz passando as mãos no rosto. 

-Ta, tanto faz. O que você quer? 

-Só vim te fazer uma visita. 

Ksora caminha pelo laboratório, observando tudo com pouco interesse. O sigo de perto com os braços cruzados, me movendo de um lado para o outro, inquieta.  

Ksora foi meu namorado por três anos, de tanto ele insistir eu acabei aceitando, porém, nunca senti nada por ele, nada além de amizade e, provavelmente desejo, pois, apesar da personalidade horrível ele é bonito... Muito bonito, fisicamente é o homem dos sonhos, mas, em contrapartida,  é controlador, chantagista, agressivo e arrogante. Não sei como eu consegui suporta-lo por tanto tempo. 

Ele foi submetido a várias experiências desde pequeno. Não sei quais experiências fizeram com ele ou que consequências tiveram sobre ele, mas, embora ele seja o que meu pai gosta de chamar de “Ser especial”, continua o mesmo chato de sempre, nada realmente mudou, pelo menos nada que seja visível aos olhos. 

-As cobaias são essas... Seres? – Pergunta, meneando a cabeça em direção às macas. 

-Sim. – Respondo simplesmente. 

Pensando bem, “cobaias” é realmente a forma correta de se referir a eles? Quer dizer, sei que também foram submetidos a várias experiências, mas a verdade é que são extraterrestres, seres de outro mundo e, além do disso, fisicamente são pessoas como nós; não sei dizer até onde exatamente somos iguais, se eles tem sentimentos ou emoções, mas por enquanto quero considera-los como iguais, como pessoas normais. 

Gostaria de saber se eles têm nomes e se tem quais são, mas isso agora é impossível, quem sabe no futuro, talvez algum dia eu tenha a oportunidade de perguntar.  

-Lucy! – Grita Ksora me despertando dos meus pensamentos.  

-Hum? – Pergunto ainda distraída. 

-Estou te chamando a horas. 

-Desculpa, estava pensando. 

-Em que? – Pergunta desconfiado 

- Nada demais. 

Ele me encara por alguns minutos e com um suspiro se senta na minha poltrona apoiando a cabeça no encosto. 

-Então esse é o seu trabalho? - Pergunta 

-Sim. - Respondo incisiva. 

-Parece ser bem chato. 

-E é.  

Relaxo um pouco enquanto sorrio um sorriso cansado. E ele sorri em resposta, um sorriso de lado, amigável. 

-... Eu estava pensando... Que tal a gente sair? – Pergunta repentinamente, em tom de conversa. 

-Sair? Não sei se percebeu, mas eu tenho mais o que fazer. 

-É coisa rápida. Caminhamos, conversamos e tomamos um sorvete. 

Encaro ele pasma. Como tem coragem de falar comigo como se nada tivesse acontecido? Depois de tudo o que ele me fez passar, vem conversar comigo como se fossemos melhores amigos. 

Tenho muitos motivos para odiá-lo. Ksora sempre foi muito ciumento e possessivo comigo, mesmo antes de começarmos a namorar. Ele não me deixava sair com os meus amigos, não me deixava usar roupas curtas ou até mesmo sair com a minha irmã a noite. Na maioria das vezes ele agredia os meus amigos, tanto fisicamente quanto verbalmente e, além disso, discutíamos quase todos os dias, erguendo a voz e ofendendo um ao outro.  

Terminar com ele foi a melhor coisa que eu fiz. No começo foi difícil me livrar dele, me ligava o tempo todo e sempre me seguia aonde quer que eu ia, mas com o tempo ele acabou aceitando e decidiu ir morar em outra cidade, bem longe daqui e de mim. 

Mas agora, ele está sentado na minha poltrona me chamando pra sair.  

“É sério isso?” Me pergunto massageando as têmporas.  

-Eu não quero. Vai embora. – Falei impacientemente.  

Ele ficou surpreso.  

-Lucy... – Murmurou ele. 

-Vai, por favor. 

O silêncio estava se tornando realmente difícil de suportar, quando Ksora disse repentinamente.  

-Eu quero que saiba que eu ainda não desisti de você. Me afastei e te dei espaço, mas agora pretendo te reconquistar. – Falou ele suavemente. 

Se levantou da poltrona e fechou a porta atrás de si ao sair. 

-Ótimo. – Murmuro olhando para baixo. 

(...) 

Depois que eu troquei os medicamentos sai rapidamente para comprar um hidratante e tinta de cabelo na farmácia mais próxima. 

Estranhamente, mesmo sendo um dia quente, eu senti frio assim que sai do prédio. Me abracei sentindo meu corpo estremecer com a mudança de temperatura. As pessoas que passavam me olhavam curiosas e confusas. 

Acho que deve ser algum tipo de reação do meu corpo que está tão acostumado com o calor do laboratório.  

Assim que eu cheguei me senti aliviada com o calor aconchegante do laboratório.  

Logo enchi as mãos de creme e passei sobre a pele ressecada dos corpos imóveis sobre as macas. Um por um, passei creme nos braços, penas, nas mãos e no rosto.  

Deixei por último a cobaia de cabelos rosados que com o tempo se tornou o meu favorito. Não sei bem o porquê, mas me apeguei mais a ele do que aos outros. 

“Se eu passar o creme neles todos os dias, logo, logo, estarão com a pele hidratada e bonita.” Penso sorrindo. 

Contornei os braços firmes dele espalhando o hidratante com movimentos circulares e constantes. Em seguida passei o creme nas mãos, nas pernas, e nos pés.  

Quando estava passando creme na mão direita dele, entre os dedos, acabei segurando-a por acidente, como quando cumprimentamos alguém. Senti meu rosto esquentar e por causa da vergonha acabei soltando-a fazendo com que batesse na lateral de ferro da maca. 

-Ah! Me desculpa! Foi sem querer! - Exclamei 

Peguei a mão dele no mesmo instante colocando-a entre as minhas e esfregando-a com o pouco cuidado que eu tenho.  

Não sei se está ou não sentindo dor, mas, por via das dúvidas... 

-Sinto muito..., mas não se preocupe! Eu trouxe algo que vai te animar. - Digo entusiasmada. 

Já faz um tempo que eu estou morrendo de vontade de testar uma coisa. E hoje, quando estava na farmácia e vi a prateleira de tintas de cabelo, não consegui me segurar e acabei comprando... 


Notas Finais


Obrigada por lerem! Quero agradecer a quem favoritou e está acompanhando.
O próximo capitulo vai demorar um pouco, tipo uns quatro dias, porque eu estou trabalhando. Mas não me abandonem!


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