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História FullHeart - Segredo descoberto


Escrita por: ksnrs

Notas do Autor


Fairy Tail não me pertence e seus personagens também não.
O intuito dessa fanfic é totalmente interativo e sem fins lucrativos.
Por isso, não me processem, por favor. Não tenho como pagar uma fiança e da cadeia não dá pra postar.

Own *.*

Boa leitura!

Capítulo 7 - Segredo descoberto


Realmente tinham ficado o dia todo por ali, sem fazer nada, no apartamento. Sem fazer nada, literalmente. Na primeira vez em que começaram alguma coisa, Levy invadiu o espaço, brigando com Gray e deixando Lucy em pânico. Na segunda, ela notou as roupas dele espalhadas pelo chão e não gostou nem um pouco. Quis estabelecer regras de convivência. O clima foi pro espaço. Na terceira, foi por culpa de Gray. Estava com fome. Bom, já era noite mesmo, decidiram comer alguma coisa.

- Você vai dormir aqui? – Lucy perguntou tranquila. Estava ficando natural já. Parece que a “brincadeira de morar juntos” estava virando uma realidade.

Gray pensou que seria a única chance de conseguir alguma coisa. Além do fato de realmente estar adorando dormir e acordar com Lucy.

- Se você não se importar... – fez manha. Essa de menino carente colava que era uma beleza. Deu certo, mais uma vez.

- Não me importo! – respondeu animada, o abraçando pelo pescoço. – Nem é tão ruim assim, dividir o espaço com você. – fez fita. Ela também sabia jogar esse joguinho.

- Nem é “tão ruim”? Nossa... – aí o menino carente. Tem direito a beicinho e tudo.

- Ué? Você quer que eu fale o quê? – ela brincou.

Hum... Os olhos cinzentos se estreitaram. A boca desceu direto pro ouvido dela.

- Eu quero que você fale que está adorando ficar aqui comigo. – sussurrou baixinho, levando Lucy a fechar os olhos. – Que você gosta de dormir comigo, dos meus beijos, dos meus carinhos... – as mãos espertas já percorriam o corpo dela. – Eu quero que você fale de novo que gosta de mim.

Ela estava em outra dimensão. E nessa, o corpo age sozinho.

- Eu gosto de você... eu gosto muito de você... – balbuciou, sem ar, dentro daquele clima que ele tinha imposto.

- Que bom, hime... porque eu gosto cada vez mais de você... – confessou baixinho, dando um beijinho nela. Mas cortou aí, porque tava com fome de verdade. Olhou de volta em seu rosto e a encontrou ainda com os olhos fechados. Não cansava de admirar a beleza de Lucy. Era extraordinariamente bonita. Quando encontraram o olhar, sentiu um impacto. Apertou os lábios. Talvez não gostasse dela. Talvez fosse mais.

- Onde você quer ir? – Lucy perguntou, ainda dentro do olhar intenso que Gray lançava pra ela. Não teve resposta. Ele só se mantinha a olhando, como se fizesse uma análise completa de tudo, pelos seus olhos. – Gray, o que foi? – já estava ficando preocupada.

Ele voltou à si.

- Não foi nada. – e se afastou. – Eu vou tomar banho... – saiu meio confuso, pegando a mochila no meio do caminho, e entrou no banheiro.

Ok. Lucy esperou. Ainda estava se acostumando à esses olhares perdidos que Gray dava pra ela. Geralmente, depois deles, vinha alguma constatação engraçada, ou alguma gracinha animada. Hoje foi diferente. Talvez, mais tarde, pudessem falar sobre isso. Engraçado como depois de tão pouco tempo, já tinha se desacostumado a estar sozinha, mesmo que por um pequeno período. Era só o tempo de um banho e, ainda assim, achou estranho estar ali, sem nada pra fazer. Trouxe o Plue. Fazia tempo que não o via e ele sempre conseguia alegrá-la. Aos poucos, viu que tinha, sim, coisas a fazer. Gray era ótimo pra arrumar a cama. E só. A louça na pia estava acumulada. Pegou o pequenino, colocou na bancada atrás de si e foi organizar aquela bagunça. Rapidinho, tudo estava impecável, como ela mesma gostava. Se sentou pra brincar com o espírito mais fofo de todos e ele, pelo visto, também sentia sua falta, porque dançava mais alegre do que nunca. Só estranhou ao ver Gray aparecer por ali, no susto.

- Dá tempo de eu tomar banho rapidinho? – Lucy perguntou sorrindo. De novo, ele encarou seus olhos. Parece que agora, que tinha constatado o que constatou, era ainda mais difícil de negar. Abriu um sorriso imenso pra ela.

- Claro que dá. O Plue me faz companhia. – respondeu tranquilo. Estava feliz. Extraordinariamente feliz, como nunca imaginou que pudesse estar algum dia.

Lucy levantou com um pulo. Ainda fez uma dancinha com o pequenino, que se estremelicou todo de felicidade. Saiu rindo, sendo acompanhada pelos olhos do namorado. Gray terminou de se trocar, pegou Plue e deitou na cama, o colocando sobre a sua barriga.

- Você gosta mais dela, né? – Gray perguntou sorrindo, ao ver que o espírito estava bem pouco a vontade ali, só com ele. – Eu também gosto. Não que eu não goste de você, mas eu gosto mais dela. Você entende, né? – conversava com o pequeno, todo confuso. O coitadinho só tremia, achando Gray mais estranho que o normal. Brincou com ele um tempo, até fazê-lo se acostumar. Por fim, o pequenino já estava todo serelepe, pulando na barriga delícia, até cair, arfando, cansado. – Plue, se eu te contar um segredo, você não conta pra ninguém? – o encarou por um tempo até deduzir que tinha tido a confirmação. – Eu acho que eu tô apaixonado. – confessou baixinho.

- O que você disse, Gray? – Lucy perguntou com a voz vacilante e os olhos arregalados. Tinha ouvido. Já estava pronta e tinha voltado pra sala no momento em que ele falava isso pra Plue.

Ele se apavorou. Levantou de uma vez, derrubando o pequenino no chão. Lucy fechou o portão dele.

- Não disse nada, hime. – desconversou, com um riso nervoso. – Você está linda. Vamos? – e foi indo em direção à porta.

Lucy quis acreditar que tinha ouvido errado. Não por não querer isso, mas pelo fato dele não ter repetido. Se estava mesmo apaixonado por ela, por que não falou? Gray, por outro lado, não falou isso à ela, pelo mesmo motivo. Se ela tinha ouvido e não disse o mesmo, é porque não sentia a mesma coisa. Simples. Melhor manter tudo como está, pelo menos, por enquanto.

- Onde nós vamos? – Lucy perguntou, tentando disfarçar a frustração.

- Não sei. Onde você quiser. – ele também estava contrariado.

- Vamos pra guilda, então. Talvez a Mira tenha feito alguma coisa gostosa. – falou decidida e foi passando por ele. Propôs a guilda pelo único motivo de saber que ele não queria ir pra lá. Fez de pirraça e ele, pra não discutir, não falou nada. Ficaram em silêncio a maior parte do caminho. Ambos chegaram a abrir a boca pra tocar no assunto, mas nenhum teve coragem de fazer. Preferiram ficar naquele clima ruim, que só tendia a piorar.

Na entrada da Fairy Tail, o negócio já começou a desandar. Juvia, que esperou Gray o dia todo, ao vê-lo, disparou em sua direção. Pela primeira vez, nem notou a rival do amor. Só se pendurou no pescoço dele.

- Gray-Sama! Onde você estava? – perguntou toda carinhosa, suspirando alto.

- Ai, eu mereço ver uma coisa dessas... – Lucy ralhou, revirando os olhos. Gray acompanhou o movimento e viu ela apertar o passo, se afastando dele.

- Juvia, me solta. – primeiro, foi um pedido. – Me solta, agora! – aí, foi uma ordem. – Pela última vez, eu vou falar com você: se quiser ser minha amiga, tudo bem. Mas se você fizer isso de novo, de ficar pulando em cima de mim, eu não vou nem falar com você mais! – era uma ameaça e ela entendeu. Arregalou os olhos e ameaçou chorar. – Não chora! Eu tô falando sério, Juvia! Se você não se afastar, nem amigos nós seremos. – encerrou firme e saiu andando atrás de Lucy.

Já lá dentro, ela tava soltando faísca. Encostou no balcão ao lado de Cana.

- Você tá com cara de quem precisa de uma bebida, Lucy. – ela já estava naquele grau. Não era uma má ideia. Aceitou o conselho. Viu Cana estender um copo a ela. Nem sabia se era do estoque pessoal, ou se tinha vindo do balcão. Só tomou. E num gole só. – Isso aí, garota!

- Lucy, você viu que eu não... – Gray já chegou ao lado dela tentando se justificar, mas Lucy o interrompeu.

- Relaxa. – respondeu sem emoção nenhuma. – Já resolveu? – e olhou pra ele com os olhos mais frios que ele tinha visto.

Ele deu um suspiro alto. Só piorava. Só piorava! Saiu dali antes que o clima ruim virasse briga e, a briga, virasse espetáculo.

De longe, Erza, Natsu e Happy espiavam tudo e notaram isso.

- Chegaram juntos? – Erza perguntou à Happy.

- Aye. – confirmou. – Mas Juvia interceptou o Gray na entrada. Por isso a Lucy entrou sozinha.

- Por isso estão tão nervosos... – ela devaneou, vendo Lucy tomar o segundo copo de bebida com Cana e Gray beber do outro lado, sozinho. – Natsu, você entendeu o que tem que fazer? – perguntou à ele pela milésima vez.

- Já disse que sim. – respondeu um pouco desconfortável. – Só não sei se vai dar certo. A Luce é minha amiga...

- E o Gray é meu amigo! E ambos estão mentindo pra gente! – ela tava muito brava com isso. – Happy, você dá um jeito de tirar a Cana de lá.

- Aye! – e já saiu voando.

Quando viram que ele, por um milagre, tinha conseguido afastá-la de Lucy e do barril, era a hora de pôr o plano em prática. Foi cada um pra um lado. Natsu, extremamente sem jeito, tinha que seduzir a Lucy. Erza, usando de toda sua técnica como atriz, faria o mesmo com Gray. Um dos dois mentirosos ia ter que gritar, ao ver o namorado ser atacado. Ou, na pior das hipóteses, Erza e Natsu estariam na maior saia-justa de todas.

- Luce. – Natsu se apoiou no balcão, ao lado dela, que só o olhou, sem resposta. – Estranhei você não aparecer hoje.

Ela deu de ombros.

- Tava ocupada. – deu uma desculpa qualquer. Conhecia Natsu, ele não tava nem ouvindo. É, não hoje.

- Pensei em ir lá no seu apartamento, mas eu fui proibido... – fez charminho, se apoiando nos braços e chegando mais perto dela.

Não poderia tirar essa proibição, pelo menos, não por enquanto.

- Você não está merecendo, Natsu. Tá sendo um amigo muito chato. – respondeu firme, tentando não olhá-lo pra não entregar a mentira.

Ele respirou fundo. Teria que começar agora, o plano de Erza.

- Eu posso ser menos chato por você, se quiser... – falou mais baixo, se inclinando pro seu ouvido. – O que eu tenho que fazer, pra poder dormir na sua casa de novo, Luce? – nem ele acreditou que tinha conseguido falar isso com tanta naturalidade.

Lucy arregalou os olhos e o encarou. Viu um sorrisinho bem suspeito.

- O-O que você está fazendo? – perguntou, assustada.

Natsu se aproximou ainda mais, fazendo Lucy se inclinar pra trás no banco.

- Depois que você me proibiu de ir na sua casa, eu não tenho feito nada, esse é o problema. Eu comecei a pensar muito... – sibilou as palavras. Tava indo bem demais, nesse negócio de seduzir.

- P-Pensar em quê? – a essa altura, já tinha descido do banco e estava andando de costas. Cuidado Lucy, existem paredes.

- Comecei a pensar em você... em como eu gosto de ficar perto de você... em como você é bonita... – respondeu naturalmente, sem nem precisar pensar muito, analisando o corpo dela de cima a baixo. Foi chegando mais perto. – Eu posso ir na sua casa hoje, Luce?

- I-Isso não tá acontecendo... – murmurou baixinho, vendo ele rir de cantinho. A parede chegou.

Natsu colocou uma mão ao lado do rosto dela e se inclinou, bem próximo.

- Posso, Luce? – sussurrou baixinho. Ela só fechou os olhos com força. Ia acordar. Era um sonho e ia acordar.

Ao mesmo tempo em que Natsu fazia isso, Erza aplicava o mesmo golpe em Gray.

- Por que está bravo? – chegou como sempre chegava, séria, firme, determinada. Ele deu de ombros, não respondeu. – Sabe, Gray, acho que o que está te faltando é uma mulher.

Aí chamou a atenção dele. Olhou pra Erza abismado.

- Tá me faltando o quê?! – perguntou chocado.

- Uma mulher. – ela respondeu confiante. – Mas eu digo uma de verdade, não esses casinhos que você tem por aí. Alguém que consiga aquietar seu coração. - Ele riu da ironia. Engraçado Erza falar disso justamente hoje. – Eu serei essa mulher pra você. – disse como se fosse a coisa mais banal do mundo.

Outra vez, ele a olhou chocado.

- Você vai ser o quê?! – tinha até um pouco de desespero na voz.

- Eu vou ser a mulher que vai te sossegar. – respondeu com malícia, passando a língua nos lábios. Ele arregalou os olhos.

- Erza, você tá bem? – foi o máximo que ele conseguiu perguntar.

- Ainda não, Gray... – ela respondeu com a voz rouca, se aproximando dele no banco de madeira. – Mas você pode me ajudar a ficar... – sussurrou em seu ouvido.

Ele afastou na hora. Os olhos nem se fechavam mais.

- O que tá acontecendo aqui? É alguma pegadinha? – perguntou, desconfiado.

- Pegadinha, Gray?! Eu sei muito bem que você não tem pegadinha. – ela debochou. – Ouvi histórias tentadoras sobre você... – a malícia era assustadora.

Ele fechou os olhos. Isso não tava acontecendo. Quando abriu, ela estava ainda mais colada.

- Erza, por favor, vai mais pra lá. – pediu firme, desconfortável com a proximidade dos corpos.

- Por quê, Gray? Você não quer? – perguntou sussurrando, soprando no ouvido dele, que balançou a cabeça pra não se deixar tocar pelo ar quente da boca dela. – Pensa bem, nós somos do mesmo time. O Natsu já está se arrumando com a Lucy... – ele a olhou na hora. Erza deu uma risadinha vitoriosa.

- O Natsu está o quê?! – o tom era raivoso.

- Pensamos nisso juntos. – respondeu o mais cínica que podia. – Ele fica com a Lucy e eu com você. Uma ótima ideia, não é? – e riu, dissimulada.

- Uma péssima ideia! – respondeu gritado. – Onde aquele idiota tá? – perguntou se levantando, buscando Natsu com os olhos. Tava tão bravo que não o viu, prendendo Lucy em uma parede lateral.

Erza, ao ver o comparsa naquela posição, chegou a se admirar. Pra quem não queria fazer nada ele tava bem posicionado. Chegou nas costas de Gray e despejou a maldade.

- Eles estão ali, ó! – e apontou o dedo. – Mas não atrapalha eles... – em vão. Ele já tinha partido firme. Esfregou as mãos, satisfeita. – Agora eu pego esses dois mentirosos! – e já foi pro lado dos dois.

Gray arrancou Natsu de cima da Lucy e já deu dois socos. Deu um, ele bambeou, puxou pelo cachecol e deu outro. Só não deu um terceiro, porque precisava tirar uma história a limpo.

- Você falou que não gostava dela, seu desgraçado! – gritou com ódio, pra um Natsu que sabia que apanhar fazia parte do plano.

- Mudei de ideia. Agora eu quero. – respondeu arrogante. – Agora, dá licença que eu tava conversando com a minha Luce, aqui...

Ele ferveu. Pegou de novo e deu mais dois.

- Sua?! Sua?! Ela não é sua! – estava colérico.

Pra Natsu, a naturalidade daquela briga estava um tanto estranha. Era comum rolar com Gray pelo chão mas, seguindo o plano, ele devia estar, no mínimo, desconfortável por mentir sobre Lucy desse jeito. E era exatamente isso que o estava deixando encafifado. Não se sentia mentindo totalmente. Estava adorando provocar Gray do mesmo jeito que adorou provocar a moça.

- Nem sua, até onde eu sei. – respondeu com um risinho no canto da boca, debochado. – Sou amigo da Luce há muito tempo. Eu gosto dela, ela gosta de mim. Não tem porquê não tentarmos nada. – alinhou as roupas e foi desviando de Gray, rumando de volta pra Lucy, congelada encostada na parede e sob o olhar de admiração de Erza.

Gray começou a rir. Um riso meio louco, desesperado.

- O que deu em vocês?! – e apontou Natsu e Erza. O rapaz, só o olhou com desdém. Ela, colocou as mãos no peito se fazendo de desentendida. – Você nunca quis nada com a Lucy, inclusive me falou isso outro dia. – se dirigiu à Natsu. – E você... porra, Erza! Você tentou me seduzir! – ainda tava em choque com o que tinha acontecido.

Ok. As últimas palavras descongelaram alguém da parede. No máximo, suportava Juvia. E, ainda assim, não era fácil da engolir. Agora, a Erza?

- Ela tentou fazer o quê?! – perguntou com a voz mais assustadora de todas, correndo os olhos de Gray pra moça.

- Deixa eles se entenderem, Luce. Vem cá, vamos conversar nós dois... – Natsu tentou puxá-la dali, mas foi interrompido.

- Tira a mão de mim e meu nome é Lucy. – respondeu direta e olhando fixamente pra Erza. – O que você fez? – perguntou com os olhos estreitos.

A Titânia deu uma recuada. Não esperava essa postura de Lucy. Não mesmo. Tentou recolocar a atriz no lugar.

- Eu e Natsu achamos que era uma boa ideia se nós formássemos dois casais com o time... – foi interrompida.

- Eu não perguntei isso. Perguntei o que foi que você fez? – as palavras saíam tão ameaçadoras que, associadas às passadas lentas e firmes, assustaram até a Erza. – Ela beijou você, Gray? – perguntou à ele, mas encarando a outra.

- Quase! – ele respondeu, apavorado.

- Ah, quase... – Lucy rebateu, irônica. – O que você pretendia, Erza? Levá-lo pra cama? – foi acuando a Titânia do mesmo modo em que estava antes.

Por um segundo, Erza esqueceu do plano, de quem era, de tudo. Só se arrependeu de ter entrado no meio disso. Mas, agora que estava lá, tinha que ir até o fim.

- Talvez! – respondeu, arrogante. – Por que está agindo assim, Lucy? O Gray é lindo. Não vejo o menor problema em estar atraída por ele. – encerrou, desafiando. Agora ou nunca.

- Eu vejo um imenso problema em você estar atraída por ele... – os olhos até faiscavam de ódio.

Do lado, Gray deduzia o rumo dessa conversa. Tava tentando conter a ansiedade, mas chegava até a apertar as mãos. A lentidão com que Lucy falava era excelente pra assustar, mas estavam acabando com os nervos do coitado, que já esboçava um sorriso mal contido.

- Não seja ridícula, Lucy... você vai fazer o quê, quanto a isso? Me impedir de me aproximar do Gray? Por quê? – última chance. Respirou fundo e esperou que desse certo.

Deu. Com direito a dedinho apontado e tudo, ela berrou.

- Pois fique sabendo, Erza Scarlet, que se você se aproximar dele de novo, com essas intenções erradas, eu abro todos os portões que eu puder e te dou uma surra que você nunca mais vai esquecer. Não interessa se eu consigo ou não, você não encosta mais no Gray, entendeu? – já aproveitou e apontou Juvia, que assistia tudo boquiaberta. – Isso serve pra você também! Experimenta pular no pescoço dele de novo, pra você ver se eu não invento um novo estado físico pra água: o inexistente! – voltou pra Erza. – Ele é meu namorado! Meu!

O esboço de sorriso virou um mais largo. Instantaneamente, ele virou pra Natsu:

- Você vai parar de gracinha, ou eu vou ter que te surrar até amanhã? – perguntou, sem esconder a felicidade.

Os olhos de Natsu estavam arregalados, vendo Lucy fazer tudo o que fez. Ouviu as palavras de Gray, mas não tinha uma resposta pra elas. Tinha outra pergunta.

- Então é verdade? – perguntou em choque, com a voz vacilando.

- O quê? Que a Lucy é minha namorada? A mais pura e feliz verdade. – respondeu satisfeito de poder falar isso em voz alta. Só foi cortado daquele momento, pela risada histérica das duas que quase se pegaram há meio segundo.

- Gray, nós somos dois idiotas... – Lucy falou rindo. Ele não entendeu. – Era tudo um plano dos dois, pra desmascarar nosso namoro secreto e nós caímos como dois patos! – só aí ele começou a ver sentido no inexplicável. Realmente. Erza nunca agiria daquele jeito. Deu risada também. Ficaram os dois ali, atualizando a Titânia sobre os fatos, nessa nova configuração: agora, Lucy abraçava Gray pela cintura, que passava a mão pelo ombro dela. Namorados. Tão casal, quanto Levy e Gajeel.

Happy chegou voando, todo arranhado da luta contra Cana, pra se encontrar com Natsu, que se manteve afastado dos outros três.

- E aí? Deu certo? Eles assumiram? – perguntou curioso. Natsu só indicou com a cabeça pro lado onde o casal estava. – Há! Então a gente tinha razão! – exclamou animado mas percebeu que o amigo não o acompanhava na empolgação. – O que foi Natsu?

- Não sei. – resmungou baixinho. Happy não gostou daquele olhar parado, entristecido.

- Natsu, não me diga que... – nem completou. Não quis dar forma ao pensamento.

De alguma forma, a quase indagação do amigo, trouxe ele à tona. Balançou a cabeça, como se quisesse espantar o que tinha dentro dela.

- Acho que eu tomei um soco muito forte do cueca de gelo! – respondeu rindo alto. – Aliás... isso não vai custar barato. – e já saiu em direção à Gray, o puxando pra mesma briga de antes. Agora sim, parecia tudo muito mais natural. Menos pra Happy, que se preocupou de vê-lo daquele jeito, e pra Juvia, que choramingava baixinho reclamando que a rival do amor tinha roubado seu Gray-Sama.

O plano inicial de ir pra guilda, nessa noite, consistia, basicamente, em comer alguma coisa. Jogo rápido: jantavam, saíam e, muito provavelmente, terminariam aquela briga suspensa. Coisa de uma hora já estariam de volta no apartamento. Bom, estavam de volta. Cerca de três horas mais tarde, com um Gray todo esfarrapado depois de ter rolado pelo chão com Natsu trocentas vezes, dois bons pedaços de torta que tinham sido embalados pra viagem e um namoro assumido.

Lucy já estava até comendo, enquanto ele ainda resmungava sobre a incapacidade do cabeça de fósforo de saber quando parar. Irônico.

- Você não vai comer? Tava reclamando de fome... – ela apontou com o garfo pro prato na frente dele.

- Nossa, tô morrendo. – parece que ele nem tinha visto. Quando viu, destruiu. Ainda ficou de olho no dela, que deu o aval pra atacar, quando estava satisfeita. Só aí relaxou. Esqueceu briga, esqueceu fome e lembrou do que mais tinha deixado ele feliz: ela mesma assumiu o namoro.

- Por que você tá com essa carinha? Essa risadinha? – Lucy perguntou rindo de volta.

- Porque foi você que contou! – falou alto, apontando pra ela e dando risada.

Lucy não caiu no riso. Teve um motivo muito justo.

- Não tinha como não contar. E se fosse sério? – perguntou apavorada. – E se a Erza e o Natsu realmente estivessem querendo alguma coisa com a gente?

Ele deu de ombros. Não queria nada com a Erza e, até onde sabia, Natsu não queria nada com a Lucy.

- O que importa, é que agora todo mundo sabe que você é minha namorada. – e abriu um sorriso largo, bonito, satisfeito.

Esse ela acompanhou. Levantou da cadeira dela e foi até ele. Rápido como nunca, ele já a puxou pro colo.

- E você é o meu namorado. – falou sorrindo, olhando diretamente no fundo dos olhos dele. – E eu gosto muito de você.

Gray deu uma risada seca.

- Você não faz a menor ideia do tanto que eu gosto de você... – respondeu baixinho, com o rosto demonstrando a rendição ao sentimento.

O sorriso de Lucy aumentou. Foi abaixando o rosto em direção à ele. Roçou o nariz em sua orelha e perguntou baixinho:

- Gosta muito?

Os olhos de Gray já estavam fechados. Aos poucos, Lucy estava se soltando e era maravilhoso quando ela invadia esses espaços.

- Gosto muito... – respondeu sem nem controlar as palavras.

- Gosta mais do que muito? – ela continuou, mordiscando de leve a orelha dele. O choque se espalhou pelo corpo de Gray. Perdeu a força.

- Muito mais do que muito... – já não tinha mais um pingo de consciência.

- Então fala pra mim... fala de novo... – pediu com a voz mansinha, ainda sussurrando no ouvido dele.

- Eu gosto muito mais do que muito de você... – balbuciou, meio molenga.

- Não, Gray... fala pra mim o que você falou pro Plue...

Aí ele acordou. Buscou os olhos dela e a encontrou sorrindo e corada.

- Você ouviu. – era uma afirmação chocada. Lucy balançou a cabeça devagar, mordendo o lábio, ansiosa. – Ai, droga... – ele resmungou, tirando ela do seu colo e saindo pro outro lado.

- Por que, “droga”? Você mudou de opinião? – Esses rompantes de Gray tinham a capacidade de deixar Lucy extremamente insegura. Esperava dele mais segurança. Nesse momento, ela já estava uma pilha de nervos, como na noite anterior, quando ele invadiu o apartamento dando chilique.

- Não, claro que não! – respondeu confuso, girando no próprio eixo. – Eu só... eu sei lá. É cedo, não é? – perguntou à ela, esperando que Lucy pudesse dar uma resposta.

Pronto. Era esse o problema. Ela esperava as respostas certas dele. Ele, pelo visto, esperava a aprovação dela pros próprios atos. Os dois viravam um caco.

- Eu sei lá se é cedo, Gray! Nunca namorei ninguém! – rebateu de imediato, assustada com a batata quente na mão dela.

- Você tem razão... – resmungou, agitado. – Eu também não sei.

- Não sabe o quê?! – Lucy tinha se perdido no meio do caminho, vendo ele andar de um lado pro outro.

- Se é cedo! – Gray gritou de volta, apavorado.

- Cedo pra quê, criatura?! – agora, ela tava confusa. – Do que você tá falando, Gray?

- O que você ouviu? – a resposta foi imediata.

- Você dizer que estava apaixonado. – respondeu naturalmente.

Ele congelou.

- Isso. É cedo? – perguntou estático, olhando pra ela com os olhos arregalados.

- Como assim, “cedo”? Existe um prazo pra isso acontecer? – a confusão de Lucy chegava a ser reveladora.

Ao ouvir aquilo, ele analisou direito. Desde que tinha resolvido que queria namorar com ela, percebeu uma série de coisas que já gostava em Lucy e que nem mesmo sabia. Ainda não a olhava com esses olhos na época mas, sob nova ótica, era óbvio que já se interessava por ela. Então, se perceber apaixonado não seria nada irreal. Se já gostava de Lucy há tanto tempo quanto podia ter notado, ao se conectar com ela, o sentimento só aflorou. E aumentou. Em um nível exponencial. Deu um sorriso tranquilo.

- Não. Não tem. – respondeu com calma.

Aí sim que Lucy pirou. Até agora ele tava parecendo um leão na jaula. Do nada, abre aquele sorriso manso e fala com aquela calma toda?

- Gray, você enlouqueceu? – era uma pergunta válida.

- Talvez! – ele respondeu rindo. – Mas é a verdade, hime. Eu tô mesmo apaixonado por você. – constatação simples e pura.

Aí ganhou a princesa. Lucy sorriu manhosa, escondendo o rosto nos ombros.

- Por que você sempre faz as coisas do jeito mais difícil? – perguntou toda mansinha, jogando charme pra ele. – Custava só ter repetido?

Ele não resistia à essas bochechinhas rosadas. Chegou até ela e a abraçou pela cintura.

- Eu já disse. Quer que eu digo de novo? – perguntou todo carinhoso e viu ela concordar com a cabeça, rapidinho. Levou a boca até o ouvido dela e sussurrou bem baixinho. – Eu amo você, Lucy Heartfilia.

Era bom ouvir isso. Bom em um nível que Lucy não imaginou que seria. Mas, e o que ela sentia? Certo, se envolveu com Gray desde o encontro na guilda, naquele dia. Claro que já tinha notado o tanto que ele era atraente e tudo mais. O corpo dele a chamava como o mel chama abelha. Mas tudo isso eram coisas físicas, desejos, necessidades. O importante, nesse segundo, foram as pequenas conclusões: a insana vontade de descobrir qual a constelação que se formava nas manchinhas do olho dele. A solidão pontual e intensa, quando ele se afastava apenas pra ir tomar um banho. O aperto no peito ao nota-lo triste. A calma que o sorriso dele lhe passava. O quanto era bom acordar e saber que ele estaria ali, ao seu lado. A capacidade ímpar de lhe passar confiança e maior ainda de lhe dobrar quando estava brava. Os carinhos despretensiosos. Era fácil demais namorar com Gray. Era fácil demais gostar de Gray. E era pouco demais, só gostar. O que sentia era outra coisa. Por mais que não soubesse com certeza, ele não era só um namorado. Era o namorado. A pessoa pra quem ela se entregou. Em quem confiou. Ora, com quem estava dividindo uma casa! E não pensava em mais ninguém com quem pudesse estar mais feliz.

- Eu também. – respondeu rindo. Era uma constatação.

Gray voltou a olhá-la.

- Lucy, você não precisa falar nada... – foi interrompido pelos braços dela que se enroscaram em seu pescoço.

- Eu também amo você, Gray Fullbuster! – era honesto, consciente e limpo. E ele notou isso. A felicidade dos olhos cinzentos era notória. Se perdeu dentro daquele mar de chocolate, sabendo que aquelas palavras, aquele pequeno conjunto de palavras, tinha mudado a vida dos dois.

Pra sempre.

Pra melhor.



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