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História Gajevy Week 2017 - Grief


Escrita por: A020F0

Notas do Autor


Preparados para o capítulo mais dramático e emotivo de todos?
Espero que sim.
Porque eu me superei mesmo ao escrever este capítulo.
"Grief" pode ser traduzido como 'sofrimento profundo' que geralmente está relacionado á perda de um ente querido.
Ou seja, assim que minha amiga me explicou a palavra, eu sabia que alguém deveria morrer.
É, é isso. aí.
Só espero que ninguém morra junto com o meu capítulo... ou queira me matar. Agradeço, aliás.
Enfim, espero que apreciem a leitura. Aproveitem e até a próxima.
(Se ninguém desmaiar antes)
[p.s.: acabei colocando Gildartz como Mestre, sei que ele recusou uma vez, mas quem sabe ele não cria vergonha na cara e toma juízo pra ficar neste lugar, hein?]

Capítulo 6 - Grief


Aquele dia tinha tudo para ser normal e tranquilo. Os gêmeos brincavam tranquilamente no parquinho que seu pai havia feito no jardim, Lily polia sua espada de batalha e Levy terminava de amamentar o membro mais novo da família, Gael. O bebê tinha cerca de sete meses mas se mostrava uma cópia quase perfeita do pai, tendo os cabelos negros, olhos vermelhos e braços gordinhos, com o qual adorava arremessar todos os brinquedos que tinha em todos os lugares do quarto. Era um de seus passatempos favoritos, principalmente por não ser obrigado a arrumar a bagunça que fazia.

-Querido, você tem certeza disso? – a senhora Redfox perguntou, enquanto lavava no tanque uma das cobertas das crianças. – Posso ligar pra Lu-chan e adiar nosso compromisso.

Seu marido estava ao seu lado na lavanderia, colocando algumas roupas na secadeira e dobrando as que já estavam secas. Encontrou seu olhar sem parar com as suas tarefas.

-A coelhinha precisa da sua ajuda para pintar o quarto do mini-cabeça-de-fósforo, além de montar o berço que chega hoje. Sabemos bem que não deve-se negar ajuda a uma grávida, principalmente por ela estar impossibilitada de usar suas chaves e chamar pelos seus espíritos.

-Sim, eu sei, mas Gael pode precisar de mim, ou talvez você não dê conta de cuidar dos três.

-Oh, eu vejo o problema. – revirou os olhos. – Você acha que eu não sou capaz de cuidar dos meus próprios filhotes.

-N-Não é isso! – resmungou. – É só que Gael anda com muita cólica e fome ultimamente e os gêmeos estão se sentindo deixados de lado.

-Eles lhe disseram isso? – franziu a sobrancelha.

-Não, eu ouvi eles falando isso com Nashi antes de ontem. Eles já estão crescidos, mas devem estar tendo problemas em dividir o quarto com Gael e terem o sono interrompido pelos choros dele. – lavou a mão e começou a ensaboar o cobertor vermelho claro.

-Posso resolver isso. É só eu adicionar mais um quarto, ao lado do nosso, e não irão sofrer mais com o barulho. – divagou por um instante. – Isso até Metalica e Lyra decidirem que querem quartos para eles também.

-Espero sinceramente que esse dia nunca chegue. – suspirou, vendo que a roupa estava limpa das manchas de molho da noite anterior. Deu a Gajeel que colocou para secar. Sentiu ser abraçada pelos ombros. – Sei que Lily está aqui para lhe ajudar, mas mesmo assim...

-Baixinha, não vai acontecer nada enquanto estiver fora. Serão apenas algumas horas e eu posso muito bem lidar com meus próprios filhotes. Fora que você anda muito cansada, precisa espairecer um pouco. – se abaixou e beijou sua têmpora. – Vai ficar tudo bem.

Apesar de ouvir as palavras confiantes e acolhedoras de seu marido, Levy tinha um pressentimento de que alguma coisa de ruim iria acontecer.

(...)

-Eu estou com fome. Quero panquecas. – Lyra declarou em dado momento da brincadeira.

-Mas nós comemos não tem nem uma hora. – seu irmão rebateu.

-Dividimos uma maça, você acha que me contento com isso? – arqueou a sobrancelha. – Não é minha culpa ter tanto apetite.

-Tudo bem, vamos falar com o papai. – os dois desceram da árvore e entraram na casa pela porta da cozinha.

Gajeel havia acabado de dar mamadeira para Gael e agora batia levemente em suas costas. Lyra sentou na mesa enquanto Metalica se aproximava do homem.

-Pai, pode fazer panquecas para nós?

-Claro filho, só me dê um minuto. Preciso fazer seu irmão dormir.

-Mas eu quero agora. – a garotinha resmungara.

-Se estiver muito ocupado, podemos pedir pro Tio Lily.

-Ele foi no depósito perto daqui fazer uma encomenda. – viu os olhos lhe encararem, curiosos. – Preciso de materiais para fazer o quarto de Gael já que vocês dois estão se sentindo tão incomodados com ele. – havia uma leve repreensão em sua voz. Os gêmeos se entreolharam, querendo saber como o Redfox havia descoberto aquilo.

-Não é bem assim... – Metalica começou a se explicar. – É que bebês são realmente barulhentos. Dinda Lucy disse que estamos em fase de crescimento e nosso sono não deveria ser interrompido.

-O meu sono e de sua mãe também não. – rebateu. – Vocês reclamam de Gael mas não desconfiam que deram muito mais trabalho que ele. Quando um dormia, o outro estava acordado e não foram raras as vezes em que você, filho, acordava chorando e fazia tanto escândalo que Lyra acordava e chorava também. – os gêmeos baixaram o olhar, um pouco envergonhados. - Os primeiros meses com vocês aqui foram complicados.

-A gente não sabia disso. – resmungou. – Nunca nos contaram que dávamos trabalho.

-Faz parte da maternidade. – levantou-se. – Vou colocar Gael para dormir e em seguida virei fazer a comida de vocês.

Porém assim que colocou o bebê no berço, ele começou a chorar. Lyra bufou, sabendo que seu pai não voltaria tão cedo. Começou a caçar o pacote de panquecas nos armários e achou-os sem muito esforço.

-O que está fazendo? – seu irmão indagou.

-Plantando bananeira. – revirou os olhos. - Estou fazendo minhas panquecas, obviamente.

-Mas você nunca cozinhou antes e muito menos sem um adulto por perto.

-Eu tenho 10 anos, já sou grande o suficiente para fazer uma simples panqueca. Além do mais eu já vi o papai fazer zilhões de vezes, só preciso fazer igual.

-Oi, deixa que eu faço então. – pegou a frigideira. – Eu sou o mais velho, afinal.

-Por um minuto e meio. – lembrou. – E eu sou a mais responsável.

-Claro. – falou, sarcástico. Colocou a massa na frigideira, foi até o fogão e o ligou. – Estranho, o fogo não tá aparecendo.

-É porque falta o fósforo. Deixa eu procurar. – revirou o armário em busca da caixa. – Não estou achando.

-Como assim? Tem que estar em algum lugar. – falou preocupado.

Segundos se passaram e Lyra desistiu da procura.

-Acho que irei usar minha magia. É mais fácil. Farei algo pequeno o suficiente para acender o fogão.

-Tome cuidado. – Metalica disse antes de ver a irmã pegar a caneta que sempre trazia consigo, pois ao invés da mãe, precisava de tinta para escrever sua magia.

-Solid Scrpit: Fire!

Os dois não estavam esperando por uma explosão.

Metalica foi jogado para trás, batendo a cabeça na bancada e perdendo a consciência. Lyra começou a gritar por ajuda enquanto corria até o irmão e formava uma barreira com magia ao seu redor. O fogo fazia seus olhos doerem de tanta luminosidade.

-Met, acorda! – o sacudiu de forma desesperada. – Acorda! Precisamos sair daqui. Papai, papai! – gritou. – Socorro! Papai, socorro!

-Lyra! – Gajeel gritou irrompendo na cozinha. – Por Mavis! - olhava abismado para as cortinas, as toalhas e armários sendo consumidos pelas chamadas. Em segundos fez escamas de ferro crescerem no corpo e foi até seus filhos. – Estou aqui, o que aconteceu?

-Quis fazer minha comida sozinha e usei minha magia. Não sabia que isso ia acontecer eu juro! – havia lágrimas em seus olhos. O garoto começou a se remexer. – Metalica! – ele tossiu por conta da fumaça que se alastrara no ambiente.

-Não temos tempo pra isso. – colocou o garoto nos ombros e a filha debaixo do seu outro braço. Depois saiu em disparada por entre o fogo até chegarem a porta que levava à biblioteca. Soltou os dois enquanto observava Metalica ter dificuldades para respirar. O sentou e massageou suas costas, fazendo-o engasgar e tossir um pouco mais.

-Pai? – perguntou com a voz trêmula, abrindo um dos olhos.

-Não fale, se concentre em limpar os pulmões. – o garoto fez o que lhe era pedido, abrindo a boca ao máximo e respirando com força. – Isso, muito bem. – ele fungou, sentindo o cheiro de fumaça do outro lado da porta. – O fogo está se alastrando. Lyra, preciso que faça um feitiço na porta. Lembra-se daquele que sua mãe lhe ensinou?

-S-Sim, mas não s-sei se eu consi-... – foi cortada pelo Redfox.

-Lyra, você tem que fazer. Temos que tentar conter o fogo antes que... – e parou subitamente. – Gael! Eu o deixei no quarto! – pânico inundou o seu corpo. – Merda. 

-Papai você não pode voltar lá! – gritou ao vê-lo se levantar. – É perigoso, você pode se machucar.

-Apenas faça o que eu falei. – ele tinha a cabeça erguida. - Darei um jeito de sair, apenas faça a merda do feitiço. Ligue para a guilda, sua mãe e a Dinda Juvia, vamos precisar de ajuda. Não podemos perder mais tempo.

-Pai... – chamou em vão, vendo as costas largas do homem irem em direção a cozinha. Lyra não sabia mas aquela foi a última imagem que teria de seu pai.

Forçou sua mente a lembrar do encantamento que aprendera com Levy. Se afastou do irmão, ainda tossindo e um pouco atordoado. Se aproximou da porta e começou a escrever com a caneta reserva que tinha na sua bota esquerda. Não demorou muito para que runas aparecessem ao longo da madeira e formassem uma barreira. Teria ficado orgulhosa do seu trabalho se não estivesse preocupada com seu pai.

Segundos depois ouviram um barulho de porta e PhanterLIly apareceu em seu modo de luta.

-Tio Lily! – as crianças gritaram se jogando em seus braços.

-Graças a Mavis vocês estão bem. Vi a coluna de fumaça assim que subi a colina. O que aconteceu? – pediu, vendo a garota começar a chorar.

-Foi tudo culpa minha! Eu usei minha magia e a cozinha pegou fogo. – fungou. – Papai está lá dentro procurando Gael mas não sei se vai conseguir sair.

-Por favor se acalmem. Temos que ligar pra Levy e pra guilda. – olhou no ambiente até uma estante onde uma lacrima repousava. – Tomara que Juvia esteja na cidade. 

Os gêmeos se abraçaram e ficaram sentados em um dos sofás enquanto o Exceed contatava o máximo de pessoas possíveis, ajudou bastante que muitos estavam reunidos na guilda. Quando ligou para Levy, ela não precisou ouvir nem duas frases para largar tudo e vir correndo para casa. Chegou segundos depois de Natsu aterrissar com Happy no jardim. O Dragon Slayer de Fogo começou a consumir o fogo, enquanto Freed lançava encantamentos e Wendy tentava soprar as chamas, o que piorou a situação, então resolveu ajudar Mira e Lisanna, que tinham mangueiras nas mãos e drenavam a água da piscina.

-Mamãe! – os dois choraram quando foram abraçadas pela azulada.

-Shhhh, está tudo bem, estou aqui. – olhou para Lily, acenando para que fosse do lado de fora da casa e ajudasse no controle do incêndio. – O que aconteceu?

-E-Eu fiz isso acontecer, mamãe. – a garota parecia desolada. – Eu quis cozinhar sozinha e usei magia pra acender o fogão porque não achei o fósforo. Eu sinto muito, não queria que isso acontecesse.

-Eu sei querida, eu sei. – embalou os dois, sentindo o coração disparar. De repente notou a falta do marido. – Onde está Gajeel?

-No quarto com Gael. – Metalica soluçou a fazendo olhar para a porta selada com magia, uma proteção que havia ensinado a filha a fazer. – Ele disse que ia sair de algum jeito mas continua lá dentro.

Aquilo foi no mínimo preocupante. Ouviu mais que viu quando Juvia chegou junto de Gray, fazendo uma tempestade se formar e cair por toda a casa, com a ajuda de Laxus.

Então Levy sentiu uma dor aguda e forte em seu corpo, como se uma faca tivesse atravessado seu coração. Ela parou de respirar, levantou a cabeça e rugiu, fazendo os filhos tamparem os ouvidos por conta do barulho. A casa poderia ter tremido perante tal potência do seu rugido.

Levy foi atingido por um único pensamento antes que mergulhasse na escuridão.

Gajeel havia morrido.

(...)

-O que foi isso? – Wendy gritou por cima da chuva, olhando para Charlie sem perceber que ela estava chorando.

Natsu e Laxus estavam imóveis. Então o rosado tremeu no lugar e começou a mover as madeiras queimadas, tentando desesperadamente entrar na casa. Laxus fez o mesmo e com rapidez conseguiram abrir um buraco para o que achavam ser o quarto do casal, todo destruído, em cinzas e aos pedaços. A fumaça embaçava a visão dos dois, que mal pareciam ligar para aquilo.

-O quarto do Gael é do outro lado. – Lily acenou para Juvia, que assentiu e transformou seu corpo em água, atravessando a parede e não muito depois fazendo com que a porta fosse aberta em uma enxurrada de água.

Os Dragon Slayers se esbarraram na entrada, mas pararam depois de alguns passos. Lily entrou no recinto e observou por trás da fumaça Juvia ajoelhada no chão perto do berço do caçula da família. O Exceed se aproximou e tremeu com o que viu.

Gajeel estava deitado de barriga para cima, com metade do corpo enterrado pelo teto que havia desabado. Um pedaço de madeira havia fincado em seu abdômen, fazendo sangue fresco jorrar dali. Seu rosto estava arranhado e quase desfigurado, os piercings se destacando na confusão de sangue. O cabelo havia sido praticamente queimado e seu pescoço estava em um ângulo estranho. Seu braço direito era o único coberto por uma camada de escamas de ferro e em sua mão, havia uma capsula de ferro de tamanho mediano, que emitia um som baixo e angustiante.

Foi só Juvia encostar no objeto que ele começou a rachar e se desfazer, revelando um amontoado de cobertores cobrindo Gael, que chorava e gritava sem parar. A mulher o tomou nos braços trêmulos e olhou para o gato, que também chorava.

Wendy apareceu, mas já era tarde. Gajeel havia morrido salvando o filho do incêndio.

Quando Lily saiu do lugar com o bebê nas mãos, os magos aos poucos compreenderam que ele era o único com vida. A chuva acima deles se intensificou pela tristeza de Juvia por ter perdido um amigo tão importante.  

A morte de um nakama fez as fadas chorarem novamente.

Lyra observava da janela e não conseguiu entender porque todos haviam largado tudo e estavam parados no lugar. Começou a ficar aflita e olhou para trás, onde Metalica tentava em vão acordar Levy desmaiada no meio da biblioteca.

Retornou o olhar para fora, reconhecendo a silhueta de seu tio em modo de combate. Ele abriu a porta da entrada e o choro de Gael foi suficiente para fazer sua mãe despertar em segundos.

-Filhote! – ela se aproximou e o tomou nos braços. Estava descabelado, um pouco vermelho mas fora isso, nem um mísero arranhão. - Graças à Mavis você está bem!

-Tio, está tudo bem? Onde está o papai? – a menina indagou. Viu o gato engolir em seco e sua mãe paralisar no lugar, começando a derramar lágrimas ao lembrar do que sentiu instantes atrás.

-Lily, cadê o papai? Onde ele está? – Metalica pediu desesperadamente. Sua mãe tremia e o gato a abraçou, tanto para lhe dar apoio como para se apoiar. O que tinha para dizer não seria fácil.

-Ele... ele se foi. – murmurou, piscando os olhos. – Ele se foi.

A chuva continuava a cair lá fora, mas dentro do ninho destruído, era possível ouvir o choro de uma família que havia acabado de perder seu dragão protetor.

(...)

O enterro aconteceu três dias depois. O clima era de pura melancolia entre todos da guilda, principalmente o Mestre Gildartz, que deveria enterrar um companheiro que tinha como filho. Cana, ao seu lado, sofria também, principalmente por não ter uma bebida para esquecer sua dor.

Levy estava mais pálida e silenciosa do que nunca. Ficava ainda mais evidente com a roupa preta que usava. Nos braços, Gael resmungava vez ou outra, porém em momento algum chorou. Lyra e Metalica estavam taciturnos, a perda os havia afetado profundamente. Nem mesmo Lily ou suas madrinhas conseguiram arrancar um único sorriso que fosse naqueles últimos dias.

Apesar de Juvia estar no enterro e ter chorado, controlou seus poderes e não fez chover. Lembrava-se mais do que nunca como o amigo e antigo companheiro dos tempos da Phantom reclamava por ela trazer chuva consigo. Achou apropriado que ele fosse velado debaixo de um clima nublado, porém não chuvoso.

Gildartz terminou o discurso com uma lágrima e desceu o cachão. PhanterLily colocou um buque de rosas assim que o corpo foi enterrado, já que Levy segurava Gael e os gêmeos tinham travado no lugar. Um a um os magos da guilda deixaram alguma flor (no caso de Juvia, um boneco de pano) na lápida e ficaram por perto, rezando e confortando uns aos outros.

Aos poucos foram se despedindo e tomando um rumo diferente. No caso de Levy, foi a guilda para que pudesse ter um lugar reservado para amamentar Gael. Lucy foi a única a acompanha-la, num ritmo mais lento por conta da barria de oito meses. Juvia foi para a periferia de Magnólia, chorar e finalmente deixar a chuva cair ao seu redor. Natsu foi com Erza para um campo de treinamento para tentar distrair a cabeça. Cana finalmente foi autorizada á beber, mesmo que isso não conseguisse a fazer esquecer do luto. Jet e Droy foram para uma igreja, rezar pela alma do cara que aprenderam a chamar de amigo. Wendy foi procurar consolo na namorada, Cheila. Happy e Charlie ficaram conversando com Lily e tentando animar o amigo.

Lyra e Metalica ficaram no cemitério até o anoitecer. A garota finalmente se aproximou e deixou um punhado de pregos na lápide, que dizia apenas “Gajeel Redfox. Grande amigo, parceiro, companheiro, pai-herói.”

Olhando para a pedra fria a única coisa que conseguiu foi sussurrar “Desculpe”. Após isso, tomou a mão do irmão e seguiu para casa, sendo acompanhado de longe por Sting e Rogue, que haviam chegado um pouco tarde para prestar as homenagens e notaram que em meio a toda a dor, os magos da Fairy Tail não perceberam que os gêmeos tinham ficado naquele local. Por isso os escoltaram até o ninho destruído que tinham.

Levy tomou o antigo quarto que pertencera ao marido. Lily cedeu o seu para acomodar os gêmeos, pelo menos por enquanto. Lucy fez questão de dar o berço recém-comprado para eles (junto com algumas roupas e fraudas), poderia fazer outra encomenda e seu pequeno Lucky demoraria algumas semanas para chegar ao mundo. Gael agora dormia no mesmo quarto que Levy, para que fosse mais fácil de cuidar dele.

O tempo passou e quando o gato parou pra pensar, viu que um mês havia passado. As 4 semanas mais silenciosas que já vira na vida. Levy ficava a maior parte do tempo na cama, olhando para o nada ou dormindo. Levantava apenas para alimentar e dar banho em Gael, ou comer e tomar banho quando Lily a incomodava muito. O Exceed sabia que a dor de perder um companheiro era profunda, porém não podia deixar a maga se afundar em suas tristezas. Metalica já começava a notar que ela ficava cada vez mais magra.

Lyra estava desolada e não conseguia mais chegar perto de um fogão sem que tremesse ou começasse a chorar. Ficava o mais distante possível e segredara ao irmão que nunca mais iria cozinhar novamente. Ela achava (e sabia) que era a culpada pela morte do pai. Lily sabia também, pois Gajeel já teve o mesmo olhar antes. E isso fazia seu coração doer. Ela só tinha 10 anos, não merecia carregar tamanha culpa.

A guilda tentou ao máximo ajudar a família Redfox, mas ao passar dos dias, perceberam que não podiam fazer muita coisa. Nem Lucy, Lisanna, Juvia ou Jet e Droy conseguiam fazer Levy voltar ao normal e à realidade. Nashi parou de brincar com os gêmeos, Charlie não trazia mais comida para Lily e nem mesmo Gildartz conseguiu oferecer algo além de dinheiro para as despesas básicas. A família estava quebrada, mergulhada no luto e sem saber para qual direção seguir.

Em um dia aparentemente igual, Levy teve um sonho tão vívido que pareceu real.

-Onde estou? – indagou, olhando para o horizonte e não conseguindo ver nada além de uma planície com relva dourada. – O que faço aqui? O que está acontecendo?

-Baixinha. – um arrepio percorreu sua coluna ao ouvir aquela voz. Se virou e se surpreendeu ao encontrar Gajeel de pé ao lado de um grandioso dragão, seu pai, Metalicana. – Foi realmente difícil encontrar você.

-G-Gajeel... – ela deu um passo em sua direção e a imagem dele se desfocou por um segundo.

-É realmente difícil olhar por alguém tão pequeno, uma pena que não esteja mais ao meu lado. – lhe ofereceu um sorriso triste. – Sinto sua falta e gostaria de lhe ver novamente. Mas acho que desejar isso não é uma coisa boa.

-V-Você está morto?

-Sim. – soltou um suspiro. – O destino me levou até você e da mesma forma, me tirou de você.

-Oh Gajeel, eu sinto sua falta.

-Eu também. – ele a abraçou e ela quase podia sentir o calor vindo dele. – Mas você se esquece de que eu continuo ao lado de vocês, mesmo que não possam me ver. E se eu morri é porque queria que vocês pudessem ter um futuro juntos.

-Não sei mais o que fazer, eu me sinto tão triste, desmotivada, deprimida. – ela começou a chorar. – Não sei como posso viver sem você ao meu lado, é como se fosse uma parte de mim.

-Você é forte, vai sobreviver. – sorriu, embora chorasse também. – Mas agora precisa aproveitar a chance que eu lhe dei de ter um futuro ao lado dos nossos filhotes. Viva, Levy.

Ela sentiu sua cabeça formigar e as bordas da visão escurecer. Começou a se desesperar com a hipótese de perde-lo novamente.

-Como posso viver sem você?

-Terá que descobrir. – sorriu abertamente. – Até lá, eu e o velho estaremos olhando por vocês cinco. Diga a Lyra que eu a perdoo e diga ao Metalica para cuidar bem dela. E nunca se esqueça de dizer a Gael o que eu fiz por ele. – sua imagem começou a sumir. – E nunca se esqueça: eu amo vocês.

Ela acordou suando e chorando. Sentou e tentou acalmar o coração acelerado. Tinha certeza que havia falado com Gajeel novamente, aquilo tinha que ser real.

Olhou para o relógio e viu que eram 6:30 da manhã. Gael dormia tranquilamente no berço e a casa estava em silêncio. Porém isso começou a incomodá-la, decidiu dar um basta naquela situação. Não aguentava mais ficar no quarto, chorando pela morte do companheiro.

Andou calmamente até o quarto onde Lily e os gêmeos dormiam. Para sua felicidade, encontrou os três acordados.

-Mamãe? –o menino foi o primeiro a notar sua presença. – O que aconteceu?

-Nada. – se aproximou e começou a pentear seus cabelos. – Quero saber se estão ocupados.

-Não, porque a pergunta?

-Eu quero fazer uma coisa. – Lily a olhava com confusão, tentando compreender se ela havia pirado ou se estava sã. – Só que irei precisar da ajuda de vocês, de todos vocês.

-Dependendo do que for, claro que podemos ajudar. - o gato disse.

-Eu vou reconstruir a nossa casa. – os gêmeos se entreolharam. – O incêndio levou muita coisa do nosso ninho. – eles compreenderam o que dizia. – Mas agora temos que levantar a poeira e construir novamente. Eu nunca fui expert neste assunto, mas creio que podemos conseguir se trabalhamos juntos.

Um pequeno silêncio se seguiu.

-Eu farei um quarto separado para Gael, não se preocupem.

-Não, não é isso. – seu filho se manifestou. – Só queremos saber se... as coisas vão voltar ao normal agora.

-Somos magos, nada nunca será normal. – sorriu minimamente. – Estou pensando em construir um altar também. É um costume antigo que minha avó fazia. Sempre colocava uma parte da refeição ao lado de um pedestal, para que os ancestrais pudessem se alimentar e trazer boa sorte. – perdeu-se um pouco na memória. – Acho que Gajeel iria gostar.

-Você acha que ele me perdoa? – Lyra se pronunciou pela primeira vez.

-Tenho certeza que ele lhe perdoa, filha. – se aproximou e lhe beijou na têmpora. – Gajeel morreu como um herói, da forma mais digna que merecia. Ele nos permitiu que tivéssemos um futuro juntos. – ela puxou os dois para um abraço, chamando Lily com um aceno de cabeça, para participar daquele momento. – Ele sempre estará em nossos corações e a nós só nos restam as lembranças. É por isso que para nós, estará sempre vivo.

-V-Vamos dar o nosso melhor para te ajudar, mamãe. – Metalica falou, emocionado.

-É, vamos fazer um quarto maravilhoso pra gente e pro Gael. Ele vai amar. – Lyra sorriu.

-E nós iremos celebrar a alegria de estar vivos e de estarmos com a nossa família. – Lily fungou. – Mas primeiro precisamos comprar todo o material necessário. Talvez Elfman me ajude a trazer tudo para cá, ele sabe muito sobre construções, fez até uma estufa para a Evergreen.

-E podemos chamar a Dinda Juvia pra arrumar a decoração. Ela realmente sabe fazer coisas impressionantes. – a garota lembrou.

Levy observou, pouco a pouco, a alegria e energia contagiar seus filhos. Uma nova fase se iniciava em suas vidas e o primeiro passo era o mais importante. Reconstruir o ninho para que pudessem ter novos momentos e histórias para celebrarem. 



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