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História Game Over - Solidão


Escrita por: Pesadelo_Proxy

Notas do Autor


Esse cap é um pouco bad vibes e talvez até meio chato, só deixando um aviso, tá?

Capítulo 14 - Solidão


Ben Povs:

Os meus pais acham que estou abalado de alguma forma com o que aconteceu entre nós dois, o que não é verdade. Eu te entendo de alguma forma, como se não fôssemos tão diferentes assim.

Até mesmo me atrevo a dizer que essa foi a melhor forma de acabar com tudo. Te ver morrer me trouxe um sentimento bom por um momento... isso pode parecer meio tosco de minha parte.

- Querido, eu sei que vocês...

- Estou bem. - repeti pela quinta vez com a cabeça baixa.

Você partiu com um sentimento de dever cumprido, mesmo que tenha falhado. Sua alma não ficará presa aqui, Wesley.

Um sentimento de inveja passou pela minha cabeça, mesmo não sabendo o porquê.

Minhas mãos ainda ficam trêmulas só de pensar que nos enfrentamos daquele jeito. Tenho a impressão de que fazia tempo que não me defendia assim... mesmo sem saber se já aconteceu algo semelhante antes.

- Há muito tempo ele procurava por isso. - comentei sem mudar o foco.

Eu sinto que ela me olha procurando sinais de fraqueza.

- Não fale isso! - tentou me repreender.

- Não pude ir ao seu enterro... - tentei sorrir. - acho que seria ainda pior, não?

- Não diga uma coisa dessas. - suas mãos seguraram as minhas, então a olhei. - Não foi culpa sua ele ter... ninguém aqui está te culpando, Ben.

- Já tivemos essa conversa, ambos os lados não mudarão de visão.

- Você está muito negativo.

Não é negatividade.

- Precisa colocar isso pra fora, filho. Dias se passaram mas tudo o que você fez foi ficar nesse quarto.

Ela não entende o que digo, não entende o que faço e não entende o que sinto.

- Tudo bem, se acha que estou mal, só me deixe sozinho por enquanto.

- Só estou preocupada porque você parecia estar se recuperando do que... hum, você sabe... Mas agora você sequer parece o mesmo.

A mulher se levantou, beijou minha cabeça e nos encaramos uma última vez antes dela sair preocupada do quarto.

Droga, estou tão cansado que a única coisa que consigo fazer bem é dormir.

- Pra precisar poupar energia desse jeito... não acha que tem algo muito estranho acontecendo? - a menina apareceu perto da janela. - Se sente quente? Frio? Talvez esteja doente!

- Deixe de besteira. - murmurei antes de voltar a deitar.

Minha saúde é quase perfeita.

- Você deixa metade do prato que já não é muito, e perdeu o pouco interesse que tinha naqueles ao seu redor, tudo bem estar assim?

- Isso não é da sua conta.

- Oh, já sei! Se eles não te satisfazem mais...

Pouco me importava com o que viesse da boca dela. Ao olhar na direção desta, ela estava há pouco menos de um metro de distância com os olhos brilhando de empolgação.

- ... então esse Ben provou do nosso pequeno pote de ouro. - ela ainda me olhava com grandes olhos, abrindo um sorriso perverso. - Como se sentiu? Foi bom não foi?

- Afasta-te de mim, sua esquisita. - contraí as sobrancelhas. - Quem ficaria feliz com a morte de alguém?

- Olha... - a menina se sentou sobre a cama, com a mão sobre o queixo. - Estive do teu lado todo esse tempo, até no hospital, e seu campo de energia nunca esteve tão... "radiante" antes... apesar de tudo. No entanto, você se reprime e se ilude com ideias erradas.

- Nada a ver.

- Jeff tentou do jeito dele te trazer de volta e tudo o que ganhou foi...?

Jeff? Quem é Jeff?

- Não sei do que está falando.

- Ah, fala sério. - ela joga a cabeça para o lado, sarcástica. - Como assim não sabe? Você mexeu tanto com aquele magrelo, foi bem onde dói mais! Ele anda todo irritadiço e resmungão.

Tentei não dar continuidade para a conversa, mas ela infelizmente prosseguiu.

- Queria saber que tipo de coisa aconteceu entre vocês naquela noite.

- Você me incomoda tanto. - murmurei numa tentativa de fazer ela ir embora.

- Eu te incomodo? - riu. - Somos amigos, Ben. Amigos de loooonga data... ou é assim que nos vejo.

Desisto, é simplesmente impossível fazê-la parar.

- Mas eu respeito o seu luto, mesmo sendo incoveniente por vir falar coisas que você nem entende.

Isso está sendo difícil.

- Apenas me deixe em paz.

- Eu não sei o que ainda te prende a essa vida. - ela começou mais baixo. - Não se cansa de sofrer?

Para alguém que disse que gostei dessa situação... está se contradizendo.

- Gosto de ter essa variedade. - soltei por acidente. - Você não odeia estar desse jeito?

- O que eu odeio é você ter me esquecido.

- Talvez se me disser algo sobre você as coisas mudem.

Alguns segundos de silêncio foram adicionados na espera da resposta. A garota também não parecia confortável, ela encarava o chão a sua frente.

- Sally... Williams.

Esperamos que seu nome me trouxesse alguma lembrança sobre ela, sobre a nossa relação, e até senti uma pontinha de esperança vir dela, mas nada aconteceu além de uma sensação de familiaridade.

- Nome bonito, Sally.

Eu não queria a magoar, mas foi isso o que aconteceu. Sally encolheu os ombros e levantou da cama, um pouco curvada, cabisbaixa.

- É claro... por que se lembrar de alguém como eu? Você já encontrou alguém para me substituir mesmo.

- Desculpe.

Kessy Povs:

Como não vejo mais propósito para manter esse cartucho, acho melhor devolver ao dono antes que seja tarde demais. Jack também me advertiu algumas vezes para que o fizesse, dizendo que não era bom alguém como eu ficar com isso.

Acho que já posso devolver para o Ben, afinal, têm uns dias que ele voltou para casa. Eu quero ir vê-lo, checar se está bem depois de tudo aquilo.


Um dia se passou, eu estava pronta para encará-lo finalmente, então depois do almoço fui para a casa dele. Sua mãe parecia um pouco alegre em me ver, e cansada acima de tudo. Ela me deixou subir e disse que estaria a disposição caso precisassem dela.

Ben por outro lado não pareceu sequer se importar comigo... qual é, nenhuma olhadinha?

Ele jogava alguma coisa em seu portátil, sentado perto da cama, no chão.

Propositalmente andei arrastando os pés pelo piso e sentei nada delicada sobre a cama, suspirando. Deu pra perceber pelo reflexo da tela o incomodo que causei, mas não desistiria até que ele falasse comigo, por isso continuei fazendo sons irritantes com a boca e fazendo a cama ranger.

- Certo, agora eu vejo que não funciona. - me encarou.

- Ah, quê isso... pode continuar jogando, ficarei quieta como uma boneca.

Ben parece cansado, será que não está dormindo bem?

- Te trouxe uma coisa, mas quero saber primeiro como vem estado.

- ... Estou vivo, não estou?

- Sinceramente, com esse olhar parece mais um zumbi.

- Talvez não esteja muito longe disso. - sorriu um pouco e o desfez.

Como finalmente tinha sua atenção sem precisar disputar com seja lá o que ele jogava, estendi o cartucho para o Ben, que por um instante pareceu confuso, porém reconheceu o objeto e o tomou da minha mão.

Valha, que menino bruto.

- O que isso fazia contigo?

- Encontrei lá fora jogado, guardei pra você.

- Como isso foi parar lá fora? Eu guardei, é impossível.

Ele... começou a me olhar estranho como se suspeitasse de mim.

Não acredito que ele acha que eu peguei essa fita!

- Ei, ei! Não venha me acusando, eu só achei isso por aí! E tem mais, você esteve me evitando, nem teria como eu pegar esse negócio se nem por aqui estive.

Acho que esse quatro olhos não quer ouvir o que digo, ele parece estar muito irritado.

- Você mexeu nele! - ele falou um pouco alto demais.

Como ele sabe disso?

- Mas você nem olhou pra ele direito! - apontei para a fita nas mãos dele. - Como pode dizer que mexi nele? Está como sempre esteve.

- Eu sou míope não cego, você abriu ele, mexeu nele sim!

Como ele pode deduzir isso? Ela está literalmente igual a antes, Samuel só mexeu um pouco.

Se Ben continuar o apertando desse jeito, tenho a impressão de que irá se quebrar, mesmo que pareça impossível.

- Tá bom, tudo bem, é verdade eu mexi um pouquinho de nada. - assumi o feito do Samu, magoada. - Mas não quebrei ele nem nada do tipo. Estava curiosa sobre o tipo de jogo que tem aí, mas como não possuo um console...

Nem esperou eu terminar, ele levantou levando o cartucho consigo.

- Ben?

Por um momento senti que tinha feito besteira, ele estava tão sério que achei que fosse me expulsar e acabar a nossa amizade ali mesmo.

- Curiosidade... você estava apenas curiosa.

Ele diminuiu o volume enquanto analisava o objeto de costas para mim.

- Me desculpa por não ter devolvido antes... - digo enquanto estou entrelaçando meus dedos. - você estava no hospital e... depois disso achei que iria querer um tempo sozinho.

Eu não quero tocar nesse assunto pois também me sinto responsável pelo o que houve.

- Por que apenas não esquecemos isso? - ele me pergunta, para minha surpresa. - Vamos jogar um pouco.

- Um jogo? S-sim! Vamos - respondi um pouco acanhada.

Nós jogamos um pouco um jogo de cartas, ele até que foi interessante. Normalmente venço os duelos quando tenho a chance de tocar em cartas de yu-gi-oh, mas o Ben me destruiu. Parecia um campeão derrotando iniciantes. Eu deveria me envergonhar de ter sido conduzida nesse duelo.

- Não sabia que você tinha experiência com outras categorias de jogos... quero dizer, está sempre de olhos nas telas.

- Essa é a primeira vez em muito tempo que me divirto jogando isso. Fico surpreso de não estar enferrujado.

- Enferrujado? - eu ri. - Você varreu o chão com o Castor Guerreiro. Combateu minhas cartas armadilhas e... você é um gênio! E eu achando que eu era boa. Não sabia que você era o rei dos jogos.

- Não precisa me superestimar desse jeito, você também fez jogadas mirabolantes, foi um bom duelo.

Pelo menos ele não parece mais estar pra baixo como antes.

- Ben...

Me aproximei um pouco mais para apanhar uma carta que havia escorregado das mãos dele. E tendo posse dela, a estendi para ele.

- Você é muito bom nos jogos, passa muito tempo jogando? - ele concorda com a cabeça.

- Já faz um tempo desde que me interessei por isso... desde que eu cuide direito desses cartuchos... eles sempre estarão aqui. Além de serem um ótimo passatempo.


Notas Finais


Eu disse.
Cara, lidar com a morte é realmente algo difícil, só espero que o Ben fique bem logo.


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