História Gangsta (REESCREVENDO) - Passar para o papel

                 Dois meses depois

Sim, dois meses se passaram desde que Castiel foi embora. E caso esteja perguntando, não, eu não superei.

E como poderia? Castiel é inesquecível. O amor que eu sentia por ele era inesquecível.

Estou pronta para ir para a escola, e dessa vez verifico se não fui respondida.

“ Não faz isso comigo, atende, por favor” – Eu, 03/09.

“ Castiel, pelo menos mande uma mensagem.” – Eu, 05/09.

“ Por que fez isso?” – Eu, 09/09.

“ Você poderia ao menos ter se despedido. Eu sinto sua falta.” – Eu, 11/09.

“ A cada dia que passa vejo que não consigo superar você. Pelo menos me ligue.” – Eu, 14/09.

“ Eu te amo.” – Eu, 17/09.

“Estou implorando, fale comigo.” – Eu, 25/09.

“ Sei que você deve estar com Debrah, mas Castiel, não esqueça que eu te amo.” – Eu, 30/09.

“ Hoje eu vi você na tv dando uma entrevista. Você conseguiu, estou orgulhosa de você.” – Eu, 04/10.

“ Você é capa da revista de Manhattan. * Guitarrista Nova Iorquino faz seu primeiro show na Europa. * Soube que não conseguiram lotar o show. Mesmo assim, parabéns.” – Eu, 15/10.

“ Não sei se sinto a mesma coisa por você. Castiel, faz quase dois meses que não tenho contato contigo. Sabe o quanto é difícil para mim?” – Eu, 17/10.

“ Você é egoísta. Só pensou em si mesmo quando foi embora. Eu queria te odiar, mas não consigo.” – Eu, 23/10.

“ Não tenho respostas a muito tempo. Sendo assim, vou parar de encher o seu saco.” – Eu, 25/10.

Suspirei, levantando do sofá. Todas as mensagens era visualizadas, mas nunca respondidas. Em dois meses, bastante coisa aconteceu. Rosalya e Leigh estão planejando montar uma loja de roupas juntos. Alexy encontrou um namorado, seu nome é Valentim. Ele é super legal e trata o Alexy com respeito, gosto dele. Todos na escola estão planejando seu futuro, pensando o que cursar. Já Castiel... Eu o vi na tv umas duas vezes. A primeira vez foi logo quando ele saiu de Manhattan. Ele e Debrah falaram sobre a banda em um jornal de tv aberta. A segunda foi um documentário, na verdade, sobre jovens que largaram tudo para seguir seus sonhos, e obviamente gravaram Castiel e Debrah. Ele foi capa de revista uma vez. Escutei uma música deles tocar na rádio, mas foi só durante uma semana. Segundo Lysandre, Castiel as vezes liga para ele, o que me deixa completamente destruída.

Eu pedi uma vez para Lys perguntar sobre mim, mas Castiel apenas desviou a conversa, falando que Debrah estava por perto. Falando no diabo, o relacionamento dos dois não foi definido pela mídia. É óbvio que os fãs super apoiam os dois, e já rolaram vários boatos de que pessoas viram eles aos beijos no camarim. Tem até uma foto, cujo assim que recebi, apaguei. Era demais para mim.

Sobre meus pais, eles realmente ficaram em Manhattan. Alugaram um apartamento não tão longe daqui, e conseguiram um emprego. Continuo morando com Matt, e frequentemente vamos visitá-los ou vice-versa.

Dake. Realmente, ele me chamou para sair. Fomos a uns três encontros, e ficamos duas vezes. Ele sabia que não poderia passar disso, afinal, eu (infelizmente) ainda sou apaixonada por um certo ruivo que estraçalhou meu coração. De umas semanas para cá, perdemos um pouco o contato por eu estar indo e vindo por conta do tráfico. Não, eu não consegui parar com isso. Tentei diversas vezes sair disso, mas Dajan falou que só era possível se eu entregasse Dake a ele, e aí voltamos ao ponto de partida. Eu não iria fazer isso. Dakota sabe e confia em mim.

Minhas vendas diminuiriam gradativamente, e agradeço a Deus por isso. Sem Castiel, eu não sou nada aqui.

Agora voltando a mim, terminei de escrever mais uma música. Tecnicamente era sobre amor não correspondido, e deixo pra vocês adivinharam quem foi o garoto que pensei enquanto escrevia. Difícil, né?

No caminho para a escola, encontrei Kentin, que me acompanhou.

- Não está animada? É hoje que Faraize irá falar sobre o trabalho.

- Nossa, eu esqueci. – Bati a mão na testa.

Com tanta coisa na cabeça, o trabalho de Faraize não havia passado pelo minha mente.

- O que você acha que será? – Tentei puxar assunto.

- Talvez algo relacionado a teatro. – Olhei para ele de sobrancelha franzida – Pense comigo, ele irá avaliar nossa escrita, podendo ser um roteiro. E ele falou que permitiria “tudo”, só pode ser uma peça de teatro muito foda.

Ri.

- Nunca tinha pensado nisso.

- As pessoas não têm a capacidade mental avançada igual a minha. – Brincou.

Entramos em Sweet Amoris, e tratei logo de ir para a aula, sentando no meu habitual lugar.

- Finalmente comprei todo o tecido que preciso! – Rosalya entrou gritando na aula, me pegando desprevenida.

- E você está gritando por...?

Ela virou a cabeça para mim, sentando no antigo lugar de Castiel (a minha frente).

- Isso é uma ótima notícia! Leigh está vendo alguns lugares para alugar, mas não está sendo fácil. – Ela gesticulava, como se fosse a coisa mais importante do mundo, ajeitando seu cabelo preso.

- Por causa do dinheiro?

- Não! Os pais dele vão dar de Natal para ele. Está difícil porque não achamos um bom ponto. O centro está todo ocupado, só nos resta lugares próximos a Times Square, mas não sei se seria uma boa ideia. – Ela mordeu o lábio – Espera, seria sim!

- Vamos com calma? Daqui a pouco você enfarta. – Ela riu, indo para seu lugar.

- Bom dia. – Professor Faraize adentrou a sala.

Um burburinho começou logo em seguida. Como eu falei, todos estavam animados com o trabalho, e eu estou com a sensação que não será nada de mais.

- Vamos começar falando do trabalho. – Ele ficou na frente de todos – Vocês vão produzir um texto.

Todos se inclinaram para frente, em expectativa. Faraize olhou para nós, como se quisesse dizer: Estão esperando o quê?

- E...? – Armin indagou.

- É isso. O tema do texto será o amor. Escrevam o que quiserem sobre ele, sejam criativos.

Bingo. Foi o suficiente para que todos gritassem em reprovação.

- E aquilo que o senhor falou? Sobre permitir tudo? – Iris perguntou.

- O “tudo”, será palavras de baixo calão. Eu quero sentir tudo que tem guardado no coração de vocês. Podem usar palavras ruins, não terá problema.

- Mas professor... – Nathaniel começou.

Imaginei Castiel o xingando agora. Eu sinto tanto a falta dele. Mordi o lábio inferior tentando enviar o choro, vendo a cadeira vazia em minha frente.

- Mas nada. Já está resolvido. – Ele virou para começar a escrever no quadro, mas deu meia volta – Ah, e vale 80% da nota de vocês.

- 80%? – Melody gritou – As provas serão apenas 20%?

- Que esperta, sabe a matemática. – Zombou Kim.

- Eu nem tenho sobre o que escrever no trabalho. – Ela se encolheu.

- Escreva sobre seu amor por Nathaniel e o quanto ele foi rejeitado. – Ambre riu.

- Não de bola, Melody. Enquanto a você, quieta. – Nathaniel assumiu o papel de irmão mais velho.

- Chega, assunto encerrado! – Faraize voltou a sua aula, passando a data de entrega no quadro. Era para daqui a dois dias!

No final de tudo, meus colegas estavam decepcionados.

- Pensei que seria algo maior. – Priya admitiu. Lysandre concordou.

- E pelo que ele falou, deveria ser mesmo. – Até Violette estava frustrada.

- Bom, o melhor que eu posso fazer é começar logo. Tenho tanta coisa pra escrever. – Eu estava rindo, mas na verdade eu queria era chorar mesmo.

Chorar pelo meu amor patético. Se não fosse triste, seria até engraçado.

- Tchau. – Falaram em uníssono. Eles estavam com pena. Eu não queria pena.

Abanei eles e fui para a casa. Depois de almoçar com Matt, sentei em minha escrivaninha, peguei meu caderno e uma caneta. Eu tinha tanta coisa pra escrever, pra demonstrar. Comecei o texto, e tive que parar na metade para enxugar minhas lágrimas. As emoções estavam vindo a tona, e era óbvio que eu ficaria mal com isso. Mas eu precisava continuar, precisava passar tudo isso para o papel.