História Garota De Vidro - Luau na grama? Quem faz isso?

A semana correu normalmente, Bárbara jogava indiretas toscas,e todos os dias Jonathan tinha que levar eu e Júlia pra escola, de forma que durante os cinco dias pegamos advertência por chegar
atrasados.

Mas hoje eu estava me sentindo estranha. Tentava me convencer de quê essa ida ao
Parque Central seria normal. Até mesmo porque Alex e Júlia estariam la então de fato eu e Jonathan não estaríamos sozinhos.

Hoje o dia havia dado uma trégua, o tempo estava úmido mas não frio, então dava pra por uma roupa leve vesti uma calça jeans preta e uma blusa de frio em gola V.

Tava terminando de prender o cabelo quando Júlia apareceu no meu quarto
falando que Jonathan tava dando cria lá em baixo.

—Pronto apressadinho.–falei e ele não tirou os olhos do celular. Deus,que menino lindo.

—Hm. Tanto faz.–ele disse e me olhou erguendo uma sobrancelha–Você tá bonita, Liana.

Não core! Não core! Merda.

—Jonathan. Eu só estou com uma roupa normal,isso não é ser bonita.–falei fechando a porta e tentando não encarar ele.

Como era perto fomos andando que nem pessoas normais –Mentira ficamos gritando para as pessoas e quando elas olhavam a gente ria– mas então chegamos lá em menos de dez minutos e Alex estava perto de um banco.

—Ei,quanto tá o programa? –Gritei e pessoas que passavam olharam pra ele como se visse um E.T. Ele me olhou e fechou a cara vindo até nós.

—Não quer me fazer passar mais vergonha não? – ele disse quando chegou perto. Balancei a cabeça e Jonathan saiu de onde estávamos indo em direção ao gramado.

—Vamos nos sentar pois provavelmente logo aqui vai estar cheio de gente. –ele falou e eu ergui as sobrancelhas

.
Muitas conversas jogadas fora. Muitas pessoas rindo alto–até de mais–e o pior: Jonathan Shermafalso tentando me fazer rir.

—Vamos,Liana. O que é um pontinho azul no meio do nada?–ele perguntou e eu bufei
revirando os olhos–Uma blueboleta.

Sério alguém me mata.

—Faça um bem para a humanidade Jonathan. Não seja humorista e cale essa boca.–falei e ele riu.

Mas que droga! Durante toda a noite quando ela ria eu sentia uma imensa vontade de rir depois. Meus lábios me traiam e eu era obrigada a me virar e olhar pras outras pessoas.

—Quero ir no banheiro –Júlia falou e eu fiz uma careta.

—Credo. Aqueles banheiros públicos não são limpos,Ju.–Falei e ela revirou os olhos.

—Você ta parecendo uma mulherzinha.

Bom. Era o que eu deveria ser. Mas não sou.

—Eu te levo Ju,tem uma menina que ta lá perto que fica me olhando toda hora.– Alex disse ela sorriu se levantando junto com ele.

Logo os dois sumiram entre a multidão, e eu fiquei sem ter o que fazer diante de Jonathan.

—Sempre quis te perguntar: Porque não ficou com sua mãe já que seus pais se separaram. –ele perguntou e eu fechei os olhos.

—Ela morreu Jonathan. –falei e ouvi um pedido de desculpas da parte dele.

Continuei olhando pros seus olhos sem saber o que dizer. A intensidade com que ele me olhava fazia meus neurônios entrarem em pânico e se chocarem com o outro fazendo tudo em volta parecer mais lento.

Ele foi se aproximando e senti uma sensação estranha na barriga. Sua mão foi
ao encontro do meu rosto e eu senti seu toque quente ali.

Ele vai me beijar. Ai MeU DeUs!

Ele foi se aproximando e eu não sei porquê motivo também. Já podia sentir sua respiração na mi…

—A menina não estava me olhan...ops.

Porra.

Abaixei a cabeça desejando que aquilo fosse apenas uma visão mal feita do futuro, mas não. Alex estava ali,parado nos olhando como se tivesse com o medo da morte.

—Desculpa vocês iam…

—Não! A gente não tava fazendo nada!– Jonathan disse saiu de perto de mim como se eu produzisse uma infecção mortal.

No fundo. Bem no fundo, senti uma pontada de tristeza. Mas ele disse que não ia acontecer nada, quem sou eu pra contradizer?

—Ele tem razão, não iria acontecer nada Alex.–Falei o mais normal possível e notei a cara de espanto de Jonathan.

—Ah não? –Ele mesmo perguntou e eu ri.

—Aonde está a Júlia? – Falei mudando de assunto e notei que Alex abafou a risada.
Jonathan deu de ombros, e logo vi os cabralinos louros dela. Será que essa menina só tem seis anos mesmo?

—Você do tem seis anos? –perguntei e ouvi Jonathan explodir em uma gargalhada.

—A Júlia? Ter seis anos? Nossa Liana. Pensei que era mais inteligente. –Alex disse e eu fiquei sem entender nada.

—Ta bom Liana, eu falei que tinha seis anos só pra te encher o saco. Eu já sabia que você era filha do Henrique.– Ela disse dando um sorriso malicioso.

Tenho que avançar meus níveis de reconhecimento de sacanas.

—Boa garota, boa!–exclamou escondendo minha vontade de mata-la.

Ficamos deitados na grama um bom tempo enquanto ouvíamos um casal tocar violão e cantar ao longe. Era estranho estar ali. O pior de tudo era que Jonathan tava grudado em mim. Talvez a música estava me incomodando por ser melosa de mais. E talvez aquele ar fresco estivesse me
fazendo ver coisas.

Mas de uma coisa eu sei, eu senti ele passando a mão no meu cabelo parando
a mão no meu ombro. Eu não queria de jeito nenhum admitir, que quase pirei e fiz a dança da vitória quando estava prestes à me beijar.

Mas sejamos sinceros; não adianta eu dizer que não sinto nada, quando todos
os fatos mostram o contrário.