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História Garoto Prodígio - 18


Escrita por: awkwardlypretty

Notas do Autor


VOLTAY ALELUIA O BLOQUEIO CRIATIVO ACABOU
rs desculpa a demora
toma esse capitulo enorme ai como desculpas
boa leitura galero

Capítulo 18 - 18


[P.O.V. Taehyung]

Acordo com uma pontada forte na minha cabeça causada pela luz solar que passa pelas janelas. A primeira coisa que faço quando abro os olhos é ser lembrado da minha ressaca. Fecho os olhos com força, resmungando por causa da dor e puxando as cobertas até acima da minha cabeça. Assim que me viro e pressiono o rosto contra o travesseiro, sinto a umidade presente ali. Eu dormi chorando. Resmungo de novo, sentindo o sono se esvair, mas deixando um cansaço gigante no lugar.

Alguma parte ainda lúcida do meu cérebro me lembra que eu tenho que levantar, tomar água e comer alguma coisa, consertar os estragos causados no meu corpo pela bebedeira de ontem. Nunca, em toda a minha vida, eu bebi tanto quanto naquela festa de formatura. Tiro o cobertor de cima do rosto, abrindo os olhos lentamente para diminuir a dor de cabeça.

Me sento na cama, olhando em volta. Meu corpo está doendo e eu ainda estou com o terno que vesti na festa. O meu quarto está uma bagunça e um Hoseok ainda inteiramente de terno estava jogado no chão, dormindo de boca aberta. A cena me faria rir em qualquer outro momento, mas agora só reviro os olhos. Cutuco o seu ombro e ele resmunga, sem acordar.

Levanto-me e vou até o banheiro do meu quarto, tirando minha roupa pelo caminho sem me me importar com Hoseok. Eu confiava nele e, mesmo se não confiasse, ele estava praticamente em coma. Sem nem me dar ao trabalho de trancar a porta, entro debaixo do chuveiro, resmungando baixo ao sentir a água quente contra a minha pele.

Enquanto a água escorre pelo meu corpo, tento me lembrar de ontem, flashes bagunçados na minha cabeça. Lembro de chorar no meio da festa, de Baekhyun tirando o décimo copo de bebida da minha mão e falando para eu ir para casa, de ajoelhar na frente de um vaso sanitário e sentir uma mão desconhecida nos meus cabelos enquanto eu vomitava tudo, de voltar a pé para casa com Hoseok, cambaleando no meio da rua. E, de repente, estou chorando.

Chorando nesse banheiro cheio de fumaça, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto e se misturando com a água que cai nele, tão quente que a sinto me queimar. A dor é irritante e incômoda, mas bem-vinda agora. Ela me distrai.

Me distrai do fato de que meu namorado - ex-namorado - está em outro país nesse exato momento, provavelmente se preparando para entrar em uma faculdade cheia de alfas que sentem de longe o cheiro de um alfa solteiro. E de Hoseok, que provavelmente vai me fazer um interrogatório completo sobre Yoongi assim que me ver.

Depois de quase meia-hora debaixo da água, esperando que ela pudesse lavar a ressaca também, desligo o registro e me seco, colocando uma bermuda e saindo do banheiro. Uma rápida olhada no espelho do meu banheiro é suficiente para ver minha cara inchada pelo choro e pela água quente do banho, os olhos e o nariz vermelho. Até alguém meio cego conseguiria ver que eu não estou bem. Não, eu estou destruído.

- Parece que alguém te deu um soco. - a voz de Hoseok é ouvida. Me viro e o vejo sentado na minha cama, as mangas do terno arregaçadas e a gravata frouxa. - Você estava chorando. - não é uma pergunta.

Olho para baixo, envergonhado, e ele assente com os lábios comprimidos, se levantando e entrando no banheiro sem falar nada. Assim que a porta se fecha, vou até a minha calça jogada no chão e pego o meu celular no bolso, desbloqueando a tela e puxando a barra de notificações que estava cheia. Metade das notificações eram apenas interações do Twitter e outras redes sociais ou ligações perdidas da minha mãe. A outra metade era composta de mensagens de pessoas que me viram chorando na festa ontem à noite e ficaram preocupadas.

Vendo as mensagens que representam a quantidade de pessoas que se importam comigo, me sinto um pouco mais animado. Mas não me dou ao trabalho de responder elas agora, não saberia o que dizer. Ainda não tinha posto em palavras o que Yoongi tinha feito, e não pretendia tão cedo.

Bloqueio a tela do celular, o jogando de qualquer jeito em cima da cama e indo até o meu armário. Eu queria colocar uma camisa e ir até a farmácia mais próxima, me dopar até essa ressaca do demônio acabar. Abri a porta, me surpreendendo quando algo cai de dentro do armário.

Encaro o boné dos Yankees no chão, sentindo meu coração se apertar. Consigo lembrar perfeitamente dele na cabeça de Yoongi, ontem no parque. Dele sendo jogado para trás quando puxei Yoongi para o dar um último beijo. Pego o boné do chão, tentando me lembrar se eu trouxe o boné para casa depois que Yoongi foi embora ou se eu o deixei ali.

Tenho certeza de que eu deixei o boné lá, mas a ressaca faz eu questionar a minha capacidade de lembrar de algo. Sacudo a cabeça, tentando passar por cima da névoa da dor de cabeça e ressaca para me lembrar. Eu lembro de olhar para as costas de Yoongi até ele desaparecer em uma esquina, sem sequer olhar para trás. Lembro de chorar até algumas crianças naquele parque me olharem estranho, de levantar e… sair correndo. É, eu deixei o boné lá, tenho certeza. Então como ele veio parar aqui?

Talvez Yoongi tenha trazido, penso. Assim que completo o pensamento, olho em volta, como se o ômega fosse aparecer e dizer que tudo não passou de uma pegadinha. Mas não há ninguém, e o quarto está silencioso exceto pela minha respiração e o chuveiro enquanto Hoseok toma banho. Volto a encarar o boné, fechando meu punho em volta dele e sentindo as lágrimas se acumularem nos meus olhos. Yoongi voltou. Antes de pegar o avião que o levaria para longe de mim por tempo indeterminado, ele voltou e pensou em mim.

E agora ele não tem nada meu, percebo. Ele se livrou do último resquício que tinha de mim antes de ir embora.

Esquecendo completamente do meu objetivo inicial de colocar uma camiseta e sair de casa, fecho o armário e vou até a minha cama, me enrolando em uma bolinha em torno do boné, sem pretensão de sair tão cedo.

 

[...]

 

Fazem sete dias que Yoongi foi embora.

Eu ainda não saí do meu quarto. O sol está brilhando lá fora, não há uma nuvem no céu e os pássaros cantam. É o que eu suponho, pelo menos. Fechei as cortinas do meu quarto no primeiro dia e não as abri nenhuma vez até agora. Hoseok aparece de vez em quando, me faz comer. O vejo quase todos os dias. Quando não é ele, Jin vem até o meu quarto.

Em uma das últimas visitas de Hoseok, enquanto eu perdia no videogame pela vigésima vez porque eu simplesmente não queria jogar, ele me contou o que aconteceu com Jimin e Jungkook. Os pais de ambos tinham descoberto sobre o relacionamento. A família Park e a família Jeon se encontraram para um jantar formal, onde Jimin e Jungkook deveriam agir como amigos normais.

Desnecessário dizer que eles não conseguiram e, vinte minutos depois de se encontrarem na casa de Jimin, estavam se pegando em um banheiro como se não houvesse amanhã. A mãe de Jungkook abriu a porta e deu um berro assim que viu o filho querido sentado no colo de outro garoto, o beijando com tanta intensidade que nem percebeu a porta sendo aberta.

- Os pais dos dois ficaram uns dias sem falar com eles. - Hoseok me contou. - O fato de Jungkook já ter sido marcado e ter sido encontrado praticamente transando com Jimin não ajudou nada. Mas depois de um tempo os pais deles acabaram aceitando, com muita relutância. A marca é impossível de ser desfeita, então não é como se eles pudessem fazer alguma coisa de qualquer jeito.

Quando ouvi a história, apenas assenti com um muxoxo, sem animação. Eu estava feliz pelo meu melhor amigo, claro que estava. Ele estava feliz com a pessoa que amava, sem nada para impedir, não é todo mundo que tem essa sorte. Mas é meio difícil ficar animado e feliz com notícias boas quando até a luz do sol te irrita.

É, eu não estava nos meus melhores dias. Depois que Hoseok foi embora aquele dia, passou duas semanas inteiras duas semanas inteiras sem me ver ou sequer mandar uma mensagem, e eu estava desanimado demais para ir atrás dele e perguntar o porquê. Jin veio até o meu quarto, ralhar comigo porque eu estava trancado em um quarto e não aproveitando as férias só por causa de Yoongi.

Porém, no momento que meu irmão mais velho tocou no nome do ômega, desatei a chorar novamente. Eu sentia falta de Yoongi. Fazia menos de um mês que ele foi embora, mas eu sentia a sua falta como se ele tivesse me deixado ontem. Ele não tinha me ligado, nem mandado uma mensagem. Nem para mim, nem para nenhum dos nosso amigos. Yoongi sumiu do radar completamente. Mas, apesar de saber que ele provavelmente não voltaria a aparecer por um tempo, ainda havia uma parte de mim que esperava.

 

[...]

 

Fazem dois meses que Yoongi foi embora.

Nesses dois meses, eu devo ter saído da minha casa cerca de três vezes, por puro desânimo. Uma delas foi quando Hoseok me levou para assistir um filme no cinema junto com meu irmão, Seokjin. Porém o protagonista era baixinho e loiro assim como certo ômega que não saía da minha cabeça - o que não seria um problema se eu não fosse esse dramático incontrolável que quase começou a chorar na sala de cinema. Hoseok pareceu perceber a semelhança do ator com Yoongi, mas não comentou nada.

Quando o filme acabou, Hoseok me contou porque ele estava me visitando menos. Falando assim, até parece que eu tenho alguma doença ou algo do tipo, mas não acho que desânimo completo conte como doença. A verdade é que Hoseok havia se assumido para os pais dele, e os mesmos o expulsaram de casa. Ele passou cerca de duas semanas morando no sofá de Jimin enquanto parecia gastar cada segundo livre procurando um emprego para continuar a estudar na nossa escola e um apartamento que pudesse pagar. Depois de um tempo, conseguiu um emprego de meio período em uma livraria que pagava relativamente bem e um apartamento bom o suficiente e perto tanto da livraria quanto da escola.

Admito que me senti culpado ao exigir tanto da presença de Hoseok quando ele estava passando por tanta coisa, mas ele logo me censurou.

- Não se preocupe, TaeTae. - disse, bagunçando o meu cabelo com os dedos. - Eu já não aguentava aquela casa de qualquer jeito. Agora, pelo menos, não me sinto mais tão dependente.

    “Não me sinto mais tão dependente”. Essa frase de Hoseok ficou na minha cabeça por horas depois que cheguei em casa, me acompanhou até na hora de dormir, quando me deitei de barriga para cima e fiquei encarando o teto, me perguntando porque uma frase tão simples me abalara tanto.

 

[...]

 

Fazem três meses que Yoongi foi embora.

As férias pareceram durar uma eternidade, já que eu não tinha aproveitado nada, mas acabaram no fim das contas. Seokjin viera ao meu quarto na manhã do primeiro dia, pronto para ralhar comigo caso eu pensasse em faltar por causa de um certo ômega baixinho. Imagine a surpresa dele ao entrar no meu quarto e me encontrar já acordado, tomado banho e inteiramente vestido, com a mochila nas costas.

A verdade é que eu precisava urgentemente de uma distração.  Ter passado três meses sem fazer nada só colaborou para que eu ficasse me lembrando dos cinco meses de namoro com Yoongi antes que ele terminasse comigo. Minha situação é patética, eu sei, mas meu cérebro parecia gostar de me bombardear com lembranças dele toda vez que eu me distraía - o que era o tempo todo.

Era isso, eu precisava me ocupar. Precisava voltar ao estresse das aulas e encher a minha cabeça com fórmulas e dissertações, para que Yoongi não conseguisse mais tomar um espaço nela. Só mesmo aquele ômega para me fazer querer um negócio desses, logo eu que sempre odiei a escola e todas as matérias.

Então segui um Seokjin tagarela - apesar de ter acabado de entrar na faculdade, assim como Namjoon, ele fez questão de me levar para a escola de carro. Cheguei pronto para esquecer tudo quando a realidade me deu um tapa na cara e me mostrou que não ia ser assim tão fácil.

Não tinha passado pela minha cabeça que, naquele mesmo colégio, quando ainda estávamos no segundo ano, eu e Yoongi estávamos namorando. Algo tão óbvio, mas em que eu não pensei porque lembrar do nosso namoro era doloroso demais, e que destruiria o meu plano de esquecer aquele ômega.

Porque cada canto daquele colégio tinha uma marca nossa. A árvore onde passamos o intervalo inteiro dormindo porque ele varou a noite estudando, a sala de história onde passamos a aula toda trocando bilhetes, o gramado em que ficávamos com os nossos amigos, a estufa onde o pedi em namoro. E ainda tinham as pessoas. Eu não tinha ideia de quantas pessoas me shippavam com Yoongi até ele me dar um pé na bunda.

Perdi a conta de quantas pessoas vinham até mim, perguntando de Yoongi. Eu me forçava a dar um sorriso triste e murmurar que não estávamos mais juntos. A maioria das pessoas ficava triste e falava algo como “ah, que pena, vocês ficavam tão lindos juntos!” como se tudo o que eu quisesse fosse ser lembrado de como eu ficava lindo com o meu ex-namorado. Algumas ômegas pareceram felizes com a notícia e duas delas até me passaram seus números, que eu fiz questão de jogar fora assim que elas viraram as costas.

Não, não foi a melhor ideia vir ao colégio. Mas não é como se eu pudesse evirar - se eu sequer pensasse em faltar Seokjin me estrangularia -, então me forcei a ir todos os dias, tentando não sofrer ao ver que a cadeira na minha frente estava ocupada por uma alfa de cabelos cacheados e não pelo meu ômega.

Eu minha defesa, eu não demonstrava metade de como eu sentia falta de Yoongi, pelo menos não na escola. Eu não queria ficar conhecido como o garoto carente que virou um um zumbi depois que foi largado pelo namorado. Minha vida não era apenas Yoongi. Eu estava no terceiro ano agora, tinha matérias novas para aprender e professores que falavam do vestibular desde o primeiro dia de aula. Eu tinha que escolher uma faculdade, decidir o que eu vou fazer depois daqui.

Mas doía, admito. Doía não o ver mais durante as aulas de história, nem no gramado durante o intervalo, com os fones de ouvido tocando alguma música indie com um nome estranho e longo demais que eu não conseguia pronunciar, acima do volume considerado saudável. Doía ouvir o sino tocar e não ter mais que sair correndo para encontrar ele na estufa para ficarmos sentados sem que nossos amigos nos achassem.

Doía não entender o porquê de Yoongi ter simplesmente fugido, sem falar nada mais que “não é o suficiente”. Doía perceber que, apesar de estarmos namorando, aparentemente Yoongi não me considerava seu amigo o suficiente para me contar o que estava pensando quando decidiu largar tudo, incluindo eu.

Doía não ter Yoongi por perto, e doía saber que foi por escolha dele.

 

[...]

 

4 meses.

Foi quanto tempo demorou para a paciência de Hoseok acabar.

Eu estava até surpreso por ele ter durado tanto tempo, quando todos os outros já tinham desistido de me fazer sair de casa. Jimin, Jungkook e Jin já estavam de saco cheio do meu estado letárgico e desanimado por causa de Yoongi. Como Namjoon não me conhecia muito, Hoseok era o único que ainda tentava me animar, mesmo sem sucesso.

Demoraram quatro meses para que ele perdesse a paciência. Eu lembro do momento exato. Estávamos jogando Call Of Duty na televisão do meu quarto, sentados na beirada da cama, quando eu morri pela milésima vez. Enquanto a contagem regressiva para que o meu personagem voltasse à vida aparecia no meu lado da tela, apenas deixei o controle de lado e me joguei para trás, deitando na cama sem nenhuma vontade de voltar a jogar com Hoseok e voltar a morrer cinco minutos depois.

Assim que a contagem regressiva terminou e meu personagem apareceu novamente na tela, esperando por comandos, Hoseok bateu com o joelho dele no meu.

- Anda logo, eu ‘to sendo massacrado aqui! - falou, completamente concentrado no jogo. Ao contrário de mim, Hoseok jogava relativamente bem sem um parceiro, o que  era uma vantagem, já que eu não tinha a menor vontade de voltar a jogar.

Apenas ignorei Hoseok e continuei ali deitado, olhando para o teto do meu quarto sem animação nenhuma. Encarei aquelas rachaduras no teto me perguntando se elas seriam para as aranhas como as rachaduras no asfalto são para nós, e se as aranhas tinham ciência de que tinha alguém deitado em uma cama agora pensando nelas e em como deve ser incômodo andar por todas aquelas rachaduras com perninhas longas demais.

O que me fez pensar em outras aranhas em outras rachaduras em outras casa, e em outra pessoa em outra cama, e se no momento ela estava sequer pensando em mim ou se eu já tinha virado um pensamento tão inútil quanto aranhas e rachaduras.

As lágrimas surgem nos meus olhos tão aleatoriamente quanto o pensamento sobre aranhas na minha cabeça e, antes que eu sequer perceba, estou chorando aparentemente sem motivo. Tento não fazer barulho, mas eu nunca fui o tipo de pessoa que chora em silêncio e logo Hoseok percebe, pausando o jogo e me encarando.

Ele olha as minhas bochechas molhadas e franze o cenho.

- Ele de novo? - é a única coisa que pergunta e eu apenas assinto, os lábios contraídos e envergonhado por ter sido pego chorando de novo.

Hoseok não me consolou ou me abraçou, apenas se levantou e foi até o interruptor, ligando a luz do quarto que até agora só estava sendo iluminado pela luz da televisão. Ele volta até a cama pegando um travesseiro para si e atirando o outro em cima de mim, sentando-se em cima da cama com as pernas cruzadas e o travesseiro no colo, como em um filme colegial. Me encara até que eu levante e imite a sua postura, sentando-se na sua frente sem entender o que Hoseok pretendia com tudo isso.

- Me diga um defeito do Yoongi. - falou, sem mudar a expressão.

- Hoseok, o que…

- Você não vai superar esse ômega enquanto não tirar ele desse pedestal de perfeição que você mesmo criou. - Hoseok me interrompe. - Ele não é perfeito e nem é o único ômega do mundo, e o único jeito de você perceber isso é se me falar um defeito que ele tem.

Só suspiro, sem responder corretamente de início. Mais um exercício mental estranho de Hoseok definitivamente não era algo que eu gostaria de fazer agora, principalmente com essa nuvem de desânimo pairando em cima de mim. E eu também não sabia se eu seria capaz de simplesmente desatar a falar de Yoongi, já que esse era um assunto que todos - tanto eu quanto meus amigos - simplesmente ignorávamos.

- Hoseok, eu não acho que eu consigo… - eu mesmo me interrompo dessa vez. - Me parece maldoso simplesmente… falar mal dele.

- Não vamos falar mal, vamos falar a verdade. - disse, me encarando como se eu fosse a pessoa mais idiota do mundo. - Ele não é perfeito, me diga o primeiro defeito dele que vier na sua cabeça.

Apenas desviei o olhar, encarando as minhas mãos entrelaçadas no meu colo. Eu estava fazendo algum esforço, mas simplesmente não conseguia pensar em um defeito. Parecia que toda essa saudade que eu sentia dele apenas o deixava mais perfeito na minha cabeça, como se até os defeitos dele fossem qualidades quando era aquele ômega loirinho que os possuía.

Ouço Hoseok suspirar.

- Não vai começar? Tudo bem. Eu começo então. - falou, me beliscando no braço para que eu olhasse para ele. - Depois de cinco meses de namoro com você, quase um ano de amizade com todos nós e só Deus sabe quantos anos de amizade com Jimin, Yoongi simplesmente foi embora. Trocou todos nós pelo irmão que ele não vê há quatro anos e uma faculdade em outro país. Se despediu apenas de você antes de ir embora, o que não o absolve do fato de que ele não se despediu do resto dos amigos dele e, pior ainda, terminou com você no dia do baile de formatura do seu irmão mais velho. Essa atitude foi…?

Me encarou, esperando que eu completasse a frase dele. Suspirei pela milésima vez, demorando alguns segundos para conseguir responder, minha voz quase inaudível:

- ...Corajosa?

- NÃO! - Hoseok quase berrou, me dando um tapa na nuca. - Foi egoísta, sua anta. Foi egoísta, egocêntrico, individualista, use a palavra que quiser, só admita que Yoongi foi egoísta.

- Mas hyung, - falei, apesar de Hoseok ser apenas alguns meses mais velho que eu - ele só foi porque era o sonho dele, todo mundo sabia que ele queria isso desde pequeno, não o culpo por…

- Shh. - fui interrompido pela mão de Hoseok na minha boca. - Eu me recuso a deixar você acreditar que Yoongi é um deus sem defeito nenhum, você nunca vai superar esse garoto desse jeito. Apenas admita que o que ele fez foi errado.

- Eu nunca falei que Yoongi não tem defeito nenhum. - falei assim que Hoseok tirou a mão da minha cara, já ficando irritado.

- Mas se recusa a acreditar no defeito principal dele.

- Defeito principal?

- É, egoísmo. - falou, explicando logo depois quando viu minha cara de confusão. - Todo mundo tem um defeito que é o defeito. Aquele defeito maior que todos os outros e que se destaca. E se você não consegue ver o defeito principal de Yoongi, então nunca vai ver os outros. Ele pode até ser incrível, mas a falta completa de hesitação dele na hora de ir correndo pros Estados Unidos deixa bem claro qual é o defeito principal dele.

Depois dessa conversa estranha - em que Hoseok continuou tentando me convencer dos defeitos de Yoongi e eu apenas assentia, sem cabeça para sequer ouvir o nome do ômega - Hoseok foi embora, indo para o seu apartamento porque nós tínhamos escola no dia seguinte. Tomei banho, escovei os dentes, coloquei o meu pijama e me enterrei debaixo dos cobertores, olhando para o teto e esperando o sono me tomar.

Mas, como eu já estava ficando acostumado, ele não veio. A conversa com Hoseok ficou sendo repassada na minha cabeça, como um disco riscado. Eu ainda não conseguia pensar precisamente em um defeito para Yoongi - ao contrário de Hoseok, eu o amava demais e o conhecia demais para simplesmente sair colocando defeitos nele -, mas a última frase de Hoseok me fez pensar. Se todos tinham um defeito principal, então qual era o meu?

Passei cerca de uma hora deitado daquele jeito, repassando cada momento da minha vida, tentando achar algum momento específico que me dissesse qual era o meu pior defeito, o defeito maior que todos os meus outros defeitos. Demorou um tempo, porque o momento em questão era relativamente recente, quando Hoseok foi expulso de casa.

    “Não me sinto mais tão dependente”

A frase de Hoseok que me afetara tanto em uma noite que parecia ter ocorrido mil anos atrás. Repassei o ano passado na minha cabeça. Como eu era extremamente dependente do meu melhor amigo, Jungkook, até que ele foi marcado e começou a namorar Jimin, me deixando sozinho e resultando em uma pequena briga. Como eu comecei a namorar Yoongi e fiquei extremamente dependente do meu ômega, mesmo que ainda não o tivesse marcado como meu. Como Yoongi terminou comigo e eu fiquei devastado, como fiquei dependente de Seokjin e, principalmente, de Hoseok depois disso.

Sim, eu era dependente. Eu não sabia tomar conta de mim mesmo, eu não sabia viver sem me apoiar em alguém. E eu sempre me devastava quando alguém me deixava sozinho. Como essa dependência fez eu ficar quatro meses sem fazer nada, simplesmente deixando uma névoa de desânimo me tomar porque eu tinha levado um pé na bunda.

Foi com o pensamento de que eu finalmente faria algo para mudar isso que eu dormi, entrando na minha noite de sono mais calma há quatro meses.


Notas Finais


GALERO
vou panfletar a fanfic da minha amiga aqui rapidao ok? ok.
https://spiritfanfics.com/historia/the-seven-deadly-sins-8001598
link ai p vcs
deem muito amor
só isso mesmo
até o proximo #ehnos


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