História Garotos bonitos caem do céu - Capítulo Único

O tempo chuvoso e nojento não era um dos favoritos do tailandês, mas não poderia se dar ao luxo de ficar em casa quando se estava quase finalizando seus estudos. Ainda assim, a carranca em sua face era perceptível. O suéter amarrotado não lhe protegia do frio, o que lhe restava vestir a única jaqueta que encontrara no guarda-roupa, pois tinha pressa. Assim que ficou pronto, pegou sua mochila e seguiu para fora.

  Odiava ter que andar na chuva, apressando seus passos para evitar ao máximo os pingos gelados. Felizmente não demorou para que chegasse no ponto de ônibus, respirando aliviado e sentando-se sobre o banco atrás de si. Queria poder aquecer suas mãos gélidas, mas nem os bolsos de sua jaqueta o ajudavam. Nem sequer se dera conta de que alguém se aproximava, somente notando uma outra presença quando a voz masculina se pronunciou.

ㅡ Você deveria usar luvas.

  Ten franziu o cenho, desviando seu olhar para o rapaz ao lado. Era ele. O garoto ao qual Chittaphon via todos os dias no ponto de ônibus, mas nunca trocara uma palavra. Talvez fosse sua timidez, ou o medo de falar com um cara estranho ao qual ele não sabia sobre e ainda assim achava que tinham alguma ligação. Era um pouco patético para si pensar daquela forma.

ㅡ É, eu deveria.

ㅡ Desculpe, eu não sei como iniciar uma conversa. ㅡ Ele sorriu um pouco sem graça, sentando-se um pouco afastado de Ten.

  O tailandês não evitou sorrir também, balançando sua cabeça positivamente. Tinha a sensação de que borboletas faziam uma festa em seu estômago, e tudo por estar dialogando - ou quase isso - com aquele homem.

ㅡ Eu sou o Ten. ㅡ Proferiu, estendendo sua mão para ele. ㅡ Você é...?

ㅡ Lee Taeyong. Seu nome é mesmo Ten?

  Lee segurou sua mão logo em seguida, causando algum tipo de choque entre ambos, pois a mão de Taeyong estava quentinha - diferente da sua -. Fora impossivel não encara-lo por alguns instantes, como se as lumes brilhantes do rapaz fossem revelar tudo o que gostaria de saber; os segredos mais profundos do universo. Taeyong era misterioso e interessante.

ㅡ Ah, bem...não exatamente. ㅡ Respondeu, ainda confuso com o que acontecera e já escondendo suas mãos nos bolsos novamente. ㅡ Chittaphon Leechaiyapornkul.

  Taeyong parecia surpreso, mas tratou de disfarçar aquilo rapidamente, sorrindo para ele.

ㅡ É peculiar. Tailandês?

  Chittaphon assentiu, desviando seu olhar. Não queria correr o risco de se perder no olhar do Lee novamente e parecer um louco.

ㅡ Ah, o ônibus.

  Suspirou aliviado por ver o veículo se aproximar, o que não durou muito, pois pela primeira vez, Taeyong sentou-se ao seu lado. Não entendia porque justo naquele dia, ele resolvera falar consigo. Talvez lhe observasse como ele fazia, ou não.

ㅡ Não sei se vai me achar um stalker louco, mas eu sempre quis falar com você naquele ponto de ônibus. E nunca o fiz, só o observava. ㅡ Lee começou, parecendo envergonhado. ㅡ Você parece legal.

ㅡ Eu te chamaria de stalker louco se não estivesse fazendo o mesmo.

  Ambos riram e novamente seus olhos fizeram aquele intenso contato visual. Estava consideravelmente próximo de Taeyong, mas fora forçado a se afastar quando o veículo passara sobre uma lambada, causando um leve solavanco.

ㅡ Seu nariz é estupidamente fofinho.

ㅡ Foi um elogio?

ㅡ Claro, eu realmente gostei.

  Chittaphon riu, desviando seu olhar para suas pernas. Estava gostando de conversar com Taeyong, mesmo que ainda não o conhecesse.

ㅡ Está muito frio, não acha?

ㅡ Sim. O tempo perfeito para um cappuccino bem quente, hm?

  O tailandês arqueou uma sombrancelha, sorrindo de canto para o rapaz.

ㅡ Está me chamando para sair?

ㅡ Depois da aula, na cafeteria do outro lado da rua. Topa?

  Aquilo estava mesmo acontecendo? Era surreal, mas Ten gostara da idéia.

ㅡ Por que não? Eu topo.