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História Gatas Selvagens - 03


Escrita por: Tara-Clear

Notas do Autor


Londres - Inglaterra
Gente deixa eu avisar vcs, eu tinha colocado um avatar na personagem da Maya, mas eu troquei, deem uma olhada lá no primeiro capítulo.

Capítulo 3 - 03


Fanfic / Fanfiction Gatas Selvagens - 03

[Museu Britânico, Londres, Inglaterra — 15h30min] 

— Que lugar maravilhoso! — Brenda comentou jogando-se na enorme cama de casal e Maya apenas balançou a cabeça. — Tinha me esquecido de como Londres é. 
— É mais não esqueça do real motivo real de estarmos aqui. — a garota morena relembrou e a ruiva assentiu sorrindo. 
— Sim senhora. Nossa pequena ninja já foi para o museu? 
— Já sim, nem desfez as malas. — Maya apontou para os pés da outra cama, a mala fechada estava a um canto e uma mochila jogada por cima. — Vamos esperar ela voltar e terminamos os últimos detalhes. Precisamos executar tudo no máximo amanhã à noite.  
— Então hoje à noite podemos aproveitar a vida noturna londrina? — Brenda perguntou esperançosa e Maya sorriu novamente. 
— Desde que estejam sóbrias e em sã consciência amanhã, não vejo problema. 
— Ótimo! Vou falar com a Emily! — a garota ruiva comemorou levantando e correndo até a porta, mas pareceu se lembrar de algo e parou, a mão já na maçaneta. — Você e a Sayuri não querem vir com a gente? 

O primeiro impulso de Maya foi dizer não, mas pensou melhor. Estava em Londres, uma das cidades mais visitadas do mundo, não teria tempo para conhecer todos os lugares que queria, mas podia tomar algumas cervejas em um dos famosos pubs.  
— Vou falar com a Sayuri, mas acho que eu vou sim. 
— Ótimo! — os olhos castanhos claros de Brenda brilharam antes de ela sair do quarto.  

... 

Andando pelos corredores do famoso Museu Britânico, Sayuri observava fascinada os milhares de itens expostos, procedentes de todos os continentes.

Estava ali para observar o prédio, procurar possíveis rotas de fuga e identificar alarmes ocultos, mas nem por isso deixaria de admirar aquele rico acervo. Tudo que descobria tirava fotos e marcava um x em vermelho na planta do museu estampada em um pequeno folheto que havia comprado antes de entrar.

Sem dúvidas nenhuma, o que mais lhe chamou atenção foi a seção sobre o Antigo Egito, poderia perder horas ali observando atentamente cada item.  

Um grupo relativamente grande estava acompanhado por um guia trajado parecendo quase um escoteiro. O rapaz explicava sobre um sarcófago encontrado em uma escavação nos anos 60, provavelmente havia sigo alguém importante em sua época.  

Andando em passos calmos, ela foi até o andar superior onde ficava a seção sobre a Europa. Cada uma das salas abrangia um determinado período do tempo, desde a pré-história até o presente. Grande parte dos itens era de origem anglo-saxônica, uma única sala era destinada a Escandinávia.  

Os objetos ali expostos eram os mais intrigantes possíveis. Espadas, capacetes, pedaços de madeira que uma pequena placa ao lado explicava pertencer aos antigos navios vikings.  

O pequeno baú cheio de moedas de prata não estava à vista, com certeza devia estar escondido em uma das muitas salas subterrâneas do museu. Uma placa de aviso também informava que aquela exposição era temporária e logo voltaria ao seu antigo lar, o Museu Nacional da Dinamarca.  

Dando mais algumas voltas a procura de pontos estratégicos, Sayuri sentiu-se um pouco exausta. O voo de Cancún até Londres havia sido longo e ela nem parou para descansar um pouco, já foi logo ao museu.  

Guardando a câmera profissional na bolsa, virou-se para ir embora e esbarrou em alguém. Erguendo a cabeça percebeu que era um homem, forte e alto. Ele usava boné e óculos escuros. Murmurando um pedido de desculpas, o homem afastou-se apressado em direção a saída.  

Sayuri apenas observou enquanto também se dirigia a saída. Ao parar em frente as escadarias que davam acesso ao museu, olhou em volta procurando pelo tal homem, mas ele havia sumido como em um passe mágica. 

Dando de ombros, colocou os óculos escuros no rosto e prendeu os longos cabelos negros com um elástico que trazia no pulso.  

Ao cruzar os portões do museu, fez sinal para um táxi que se aproximava.

Cumprimentou o motorista quando entrou e deu o endereço do hotel onde ela e as meninas estavam hospedadas.   

Londres era uma cidade maravilhosa e ela observava admirada pela janela do táxi. Era espetacular o contraste entre o antigo e o novo, os prédios históricos e os edifícios modernos.  

O motorista avançou pelas ruas movimentadas em direção ao distrito de Soho. Verônica o escolheu por ser próximo ao museu, mas também não tão perto assim.   

O engraçado é que o distrito não tinha uma fama muito boa. Soho é uma região de entretenimento adulto na cidade, famoso pelos seus sex shops e vida noturna bem agitada. Mas isso começou a mudar um pouco nos anos 80 e a área começou a concentrar restaurantes finos e em sua grande maioria, empresas de mídia. Os estabelecimentos ainda ligados à indústria do sexo ficam no lado oeste.

Soho também é famosa por ficar perto da Chinatown de Londres.  

Vizinho ao distrito estava um dos bairros mais chiques da cidade, o charmoso Mayfair. Lojas de altíssimo nível, hotéis luxuosos, restaurantes chiquérrimos, assim era a vida exclusiva de quem morava ou se hospedava aqui.

Do ponto onde o táxi havia parado no sinal vermelho, Sayuri pôde ver as belíssimas casas geminadas georgianas. Verdadeiras relíquias britânicas. 

O motorista parou em frente ao hotel modesto e ela pagou a corrida, descendo logo em seguida.  

Cumprimentou o pessoal da recepção e foi direto para o quarto que ocupava junto com Maya. Necessitava de um banho. 
— Até que enfim! — Maya exclamou ao vê-la entrar. 
— Sentiu minha falta? — Sayuri perguntou rindo e a outra revirou os olhos levantando da cama onde estivera sentada lendo.  
— Tava preocupada engraçadinha, são quase cinco da tarde. 
— Eu tava no museu. Amiga você não tem noção, aquele lugar é lindo.  
— Eu imagino, devia ter ido com você. 
— Devia mesmo. — ela concordou rindo e jogando a bolsa em cima da cama. Em seguida sentou-se para tirar os tênis All Stars pretos. — Foi cansativo, mas valeu a pena, consegui tudo que precisava. Agora eu só quero um banho, comer alguma coisa e enfiar a cara no meu notebook.  
— Então, a Brenda e a Emily vão sair hoje à noite. 
— Novidade. — Sayuri comentou arrastando a mala até perto da cama. 
— A Brenda chamou a gente. 
— Você vai? 
— Tô pensando. — Maya respondeu e a outra ergueu a cabeça para encará-la. — Vamos? 
— Não sei não amiga. Eu tenho trabalho pra fazer e além do mais, você sabe que não sou chegada nesses programas. 

Maya sorriu e foi sentar ao seu lado. 
— É só algumas cervejas, poxa nós estamos em Londres gueixa! — ela fez um gesto amplo com as mãos e as duas riram. — Eu quero sair, beber um pouco. Brenda e Emily com certeza vão atrás de homem e eu não quero isso, só quero beber com uma amiga em um pub legal, vamos lá? Nós podemos terminar os últimos detalhes do trabalho amanhã, até a noite vai estar tudo pronto.  

Sayuri pensou em um pouco e viu que ela tinha razão.  
— Tudo bem, mas eu não trouxe roupa pra isso. 
— Não tem problema, vamos revirar nossas malas e se precisar eu te empresto algo. 
— Já falei que te amo? 
— Vai sua boba, abre a mala. — Maya disse lhe jogando uma almofada e as duas riram novamente.  

... 

Duas horas depois, as quatro entraram no táxi que parou em frente ao hotel.  
— London Cocktail Club, na Goodge Street, por favor. — Brenda informou ao motorista depois de sentar no banco do passageiro e ele colocou o veículo em movimento. Maya, Sayuri e Emily foram no banco de trás. 

O bar em questão ficava bem próximo, entre o distrito de Soho e o Museu Britânico. Brenda havia pesquisado de antes e achou o lugar legal, além das várias críticas positivas.  
— Olha, se vocês beberem, vai ser difícil trazer todo mundo de volta ao hotel! — Sayuri comentou divertida e todos riram. 
— Relaxa amiga, eu não pretendo beber tanto assim, só algumas cervejas. — Maya prometeu. 
— Já eu quero tomar todas. — Emily se balançou dentro do carro. 
— Não esqueça que amanhã nós temos trabalho. — Maya lembrou e ela sorriu fazendo um joinha. 
— Ok. Tenho o dia todo pra me recuperar.  

Elas conversavam em espanhol e o motorista não entendia nada.  

O táxi parou em frente ao pub e as garotas desceram depois de pagar a corrida.  
— Adorei a fachada, bem diferente. — Emily comentou reparando em cada detalhe. 
— Verdade. — Brenda concordou com ela. — Vamos.  

O pub tinha um ambiente bastante acolhedor. As várias mesas dispostas pelo salão eram separadas por divisórias que davam privacidade aos clientes. No subsolo ficava um bar com música ao vivo.  
— Nós podemos pedir algo para comer e depois ir curtir um pouco lá no bar, que acham? — Brenda e sugeriu e todas concordaram.  

Uma mesa tinha acabado de ficar vaga e elas se dirigiram até lá, atraindo os olhares dos clientes masculinos, principalmente os solteiros.  
— Boa noite moças. — um garçom se aproximou. — O que vão pedir? 
— O que você sugere? — Brenda perguntou de volta esboçando um sorriso encantador, deixando o homem quase babando.  
— Ah... — ele continuava olhando para ela, como um bobo e as meninas riram. — Ah, eu indicaria o Bramble.  
— Interessante. — Maya comentou. — Conte mais sobre ele. 
— Ele foi criado aqui mesmo em Londres na década de 80, por Dick Bradsell, um famoso bartender britânico. É bastante popular em todos os pubs da cidade, leva Gim, suco de limão siciliano, xarope simples e licor de creme de amora. É uma bebida doce e para qualquer momento. Se preferirem, podemos trocar o creme de amora, pelo creme de cassis. 
— O que é cassis? — Sayuri perguntou interessada na explicação do homem.  
— É uma frutinha originária da Europa do Norte, ela é muito parecida com a groselha.  
— Eu quero um Bramble, e com creme de cassis. — Brenda anunciou ainda sorrindo.  
— Eu também! — Emily também estava animada. 
— Nós também! — Maya e Sayuri disseram ao mesmo tempo.  
— E para comer? Querem algo? 
— Por enquanto somente os drinks mesmo, obrigada. — Brenda respondeu. 

O homem anotou os pedidos e afastou-se, depois de olhar mais uma vez para a ruiva.  
— Amiga parece que você conquistou o homem. — Emily comentou maldosa e elas deram risada.  
— Ele até que é bonitinho. 
— Brenda, a devoradora de homens. — Maya provocou e elas gargalharam com vontade. 

Em pouco tempo o drink chegou, parece que haviam realmente conquistado a simpatia do garçom e também do bartender.  
— A nós. — Emily sugeriu erguendo o copo para um brinde. 
— A nós. — Maya aceitou sendo seguida pelas outras duas. 

Brindaram, tomando um longo gole da bebida em seguida.  
— Eu acho que quero ir dançar. — Brenda anunciou tirando a jaqueta de couro que usava. 
— Mas você nem comeu nada. 
— Relaxa pequena ninja, depois eu como. Vocês vão? 

Emily a seguiu animada, enquanto Maya e Sayuri preferiram ficar e pedir algo para comer.  

Naquela noite uma banda da região se apresentava, tocando músicas de autoria própria e de outras bandas também. 
— Eu gostei muito daqui! — Emily gritou ao ouvido da amiga por conta da música alta e Brenda sorriu assentindo. 
— Eu também!  

As duas dançavam juntas ao som do ritmo contagiante. 

No andar de cima, Maya e Sayuri comiam com prazer os sanduíches artesanais que haviam pedido. 
— Cara isso tá muito bom! — a morena de olhos puxados elogiou. 
— Tá mesmo. Eu realmente prefiro esses lanches assim, do que dos grandes fast foods. O tempero deles é diferente, os molhos, tudo é mais saboroso. 
— Com certeza!  
— E a história lá do seu noivado, já pensou no que vai fazer? — Maya perguntou e ela a encarou. 

Sayuri colocou a metade do sanduíche de volta no prato e limpou os dedos com o guardanapo enquanto mastigava.  
— Eu pensei bastante esses dias. — respondeu depois de engolir. 
— Eu percebi, mas não quis perguntar. 
— Eu to pensando em aceitar. 

Maya a encarou surpresa. 
— Tá falando sério? 
— Tô sim, eu pensei e pesei todas as opções. 
— E? 
— Posso aceitar e fazer um acordo com ele de continuar “trabalhando” lá no México depois de casar. — Sayuri explicou fazendo aspas com os dedos. — Vou falar com a Verônica e pedir para ela confirmar com a minha família que eu trabalho em sua empresa.  
— E se ele não aceitar esse acordo amiga? 
— Essa vai ser a minha condição, não vou parar de fazer o que eu gosto por causa de ninguém.  
— Não sou a melhor pessoa pra te dar conselhos em relação a isso, mas você vai se casar com uma pessoa que não ama e mal conhece.  
— Boa parte dos casamentos japoneses ainda são feitos assim amiga, e depois os noivos se acertam.  

Maya pensava que tudo aquilo era loucura e acabaria mal, ainda mais começando com uma mentira.  
— Sayuri eu não quero que você sofra e nem se arrependa, pensa com calma antes de tomar qualquer decisão. 

A garota sorriu e afagou o braço dela com carinho. 
— Prometo que vou pensar bastante. Obrigada por se preocupar comigo. 
— É isso que irmãs fazem né? — Maya perguntou sorrindo e ela concordou também com um sorriso.  

O companheirismo da duas também vinha do fato de serem filhas únicas, o fato de terem crescido sem irmãos fez com ambas se tornassem um pouco solitárias. 
— Quer pedir mais alguma coisa? — Maya perguntou quando terminou e a outra negou ainda terminando de mastigar. — Ótimo, vamos pedir mais dois drinks e ver como nossas amigas estão. Garçom! — chamou erguendo a mão.  

... 

Já passava do meio-dia quando Brenda e Emily acordaram e pediram uma refeição leve.  
— Que horas a gente chegou mesmo? Não lembro. — Emily perguntou enrolando os longos cabelos.  
— Acho que passavam das duas da manhã. — Brenda respondeu enquanto levava a bandeja até a pequena mesa no centro do quarto. — Vamos comer e tomar um banho rápido, se eu bem conheço nossas amigas, as duas já estão com a mão na massa.  

Ela tinha toda razão, no quarto ao lado, Maya e Sayuri terminavam de definir as possíveis rotas e verificar os últimos detalhes do serviço.  
— A troca dos guardas acontece a meia noite em ponto. — Maya comentou andando pelo quarto. — Isso nos dá mais ou menos uns cinco minutos para entrar sem sermos vistas. Depois disso, o próximo vigia começa o seu turno e vai verificar cada corredor e sala.  
— Sim. Podemos entrar pelo telhado, cortar o vidro de uma claraboia. Consigo desativar os alarmes próximos com o meu celular, o aplicativo vai ficar aberto criando uma espécie de ponto seguro ao nosso redor.  
— Isso é ótimo. Eu estava pensando, nós nunca invadimos algo como o Museu Britânico, é mais arriscado. Acredito que alguém deva ficar do lado de fora, vigiando caso algo aconteça.  
— É uma boa ideia, mas quem ficaria? — Sayuri perguntou a encarando e Maya sentou-se em sua própria cama. 
— Brenda não pode ser, ela precisa estar lá dentro. É a melhor de nós sem dúvidas.  
— Você também não pode ficar, é tão boa quando ela. — Maya sorriu perante o elogio da amiga. — A escolha mais lógica acho que sou eu. Posso ficar de olho e observando vocês de fora. 
— Tem certeza? 
— Eu até prefiro. — Sayuri respondeu sorrindo. — Você fica com o meu celular para o aplicativo agir.  
— Tá certo. Algo a mais para acrescentar? 

Antes que ela pudesse responder, bateram à porta e Maya foi abrir. 
— Good morning girls! — Brenda disse animada e entrou no quarto sendo seguida por Emily que bocejou ao murmurar um bom dia.  
— Boa tarde vocês querem dizer né? — Maya replicou com um sorriso.  
— É por aí. — a ruiva apontou para ela e sorriu. — Então, como estamos? 

Maya sentou-se novamente e Emily se jogou em sua cama de bruços. 
— Você tá bem? — perguntou a ela enquanto as outras duas conversavam.  
— Eu abusei ontem à noite, bebi demais. 
— Falei pra você não se empolgar com o Bramble. — Brenda comentou.  
— Esse é o problema das bebidas doces, você não sabe a hora de parar. — Maya disse levantando. — Acha que consegue se recuperar até a noite? 
— Não sei... — Emily respondeu quase em um sussurro. — Talvez sim... 

Brenda olhou para ela balançando a cabeça.  
— Melhor ir só vocês duas. — Sayuri sugeriu. — Ela nesse estado vai mais atrapalhar do que ajudar. 
— Por que somente nós duas? E você? — a ruiva perguntou olhando de uma para a outra. 
— Eu e Maya conversamos antes de vocês chegarem e achamos melhor uma ficar do lado de fora, observando. Eu fico. 
— Ah sim, então tá bom. Pronta para o serviço gata? — Brenda perguntou encarando Maya com um sorriso debochado no canto da boca. 
— Mais que pronta. — respondeu também com o mesmo sorriso.  

... 

Faltavam exatamente cinco minutos para a meia noite.  

Sobre o telhado do Museu Britânico, Maya e Brenda estavam posicionadas esperando o momento certo para agir.  

Viram através da claraboia quando o guarda passou, o caminhar suave e tranquilo demonstrava que não havia nada fora do normal. As duas trocaram um olhar e sorriram confiantes.  

Na van preta com vidros fumê, Sayuri havia conseguido invadir o firewall e acessar o sistema operacional do museu. Não podia mexer em nada, pois saberiam que tinha um hacker acessando as informações, mas podia observar todas as câmeras, dentro e ao redor do prédio.  

Na rua em frente ao museu, alguém espeitava nas sombras, pronto para agir também.  

... 

Os ponteiros do famoso relógio Big Ben marcaram meia noite e as duas se prepararam para agir. 
— Os guardas estão na troca, é agora. — Sayuri avisou pelo ponto no ouvido. — Vão!  

Brenda pegou o batom no bolso da calça e abriu, revelando na verdade um aparelho que emitia raio laser.  

A incisão foi precisa e rápida. Maya checou mais uma vez o celular de Sayuri para ver o funcionamento do aplicativo de bloqueio do sinal dos alarmes e câmeras de segurança. 

Fez um joinha para a amiga e guardou o aparelho no bolso de dentro da jaqueta enquanto Brenda jogava a corda para baixo, a ponta estava bem amarrada em uma viga de ferro.  

Elas entraram no museu sem nenhum problema e prenderam a corda em uma pilastra para não ser notada.  
— Os guardas estão conversando, vocês têm que ser rápidas. — Sayuri informou. — Desçam pela escada e vão para o segundo corredor a esquerda, lá fica a sala do diretor onde tem um alçapão secreto, só pode ser lá que ficam as peças valiosas que não são expostas.  

Seguindo as instruções, elas conseguiram chegar à sala sem problema. O cômodo era espaçoso e muito bem decorado.  

Sayuri não conseguia vê-las pois o aplicativo interferia no sinal das câmeras, confundindo as imagens.  

Brenda procurava no chão enquanto Maya verificava as paredes, e ao mexer em um dos livros arrumados na estante de mogno, o enorme móvel se moveu, revelando uma passagem secreta. 
— Ora vejam só! — comentou em um sussurro e Brenda sorriu.  

A abertura revelava uma escada que descia em espiral, o caminho estava escuro e elas acenderam pequenas lanternas.  

Os degraus de pedra eram largos e compridos, facilitando a subida, ou no caso delas, a descida. 
— Tô me sentindo em um daqueles filmes em que eles exploram lugares antigos e descobrem um monte de passagens secretas, câmaras ocultas. — Brenda sussurrou divertida e Maya a encarou tentando não dar risada. 
— Só você mesma. 
— Com certeza só ela. — Sayuri concordou. — Foi bom Emily não ter ido, ela não ia gostar muito dessa aventura.  

As duas ficaram em silêncio, mas sabiam que a dona da voz que soava em seus ouvidos tinha razão.  

A escada chegou ao fim revelando um ambiente espaçoso e com iluminação natural que entrava por pequenas aberturas nas paredes de pedra.  
— Uau! — Brenda murmurou soltando um assovio ao observar as diversas peças dispostas ali. — Não é de admirar que estejam escondidas aqui embaixo, tudo isso aqui vale uma fortuna. 
— Com certeza, vamos procurar o tal baú viking.  

Tinham objetos de todos as culturas naquela espécie de porão. Artefatos muito antigos que Maya reconheceu como sendo da dinastia Ming. 
— Duvido que os chineses saibam disso. — murmurou baixinho consigo mesma.

Peças egípcias feitas de ouro, algumas com pedras preciosas incrustradas. Muitas joias que nunca seriam expostas. 
— Verônica disse que podíamos pegar alguma coisa se quiséssemos. — Brenda disse se aproximando e Maya virou-se para olhá-la. — Algo contra? 
— Nada contra, desde que não chame muita atenção caso você queira usar, ou vender. 

A ruiva sorriu maliciosa arqueando uma sobrancelha.
— Não se preocupe meu bem, essas belezinhas aqui não serão expostas a qualquer um. — afirmou revelando as joias que estavam em suas mãos. 

Um conjunto de ouro com rubis composto por um colar, pulseira, anel e um par de brincos, porém o que chamou a atenção de Maya foi o belíssimo colar de pérolas. 
— Você definitivamente sabe escolher joias. — comentou ainda chocada por conta da beleza daquelas pedras e Brenda sorriu.  
— Eu sei. Posso escolher algo para você, Sayuri e Emily, se quiserem é claro. 

Maya pensou em recusar, mas eram peças tão bonitas e tão raras que era impossível não ceder a tentação.
— O que acha amiga? — perguntou a Sayuri sabendo que ela estava escutando. 
— Eu quero uma joia. — respondeu com um sorriso. 

Maya apenas assentiu rindo e Brenda exibia um sorriso de satisfação enquanto guardava as joias em sua jaqueta e ia procurar pelos itens perfeitos para suas amigas. 
— Vou levar algo para a Verônica também. — comentou agachando-se em frente a um mostruário. 
— Tenho certeza de que minha tia vai adorar.  

Entretida na conversa, Sayuri desviou o olhar da tela no notebook para tomar um gole de seu cappuccino, mas algo lhe chamou atenção. 

Clicando na imagem da câmera que filmava o corredor principal do museu, notou alguém se movendo por trás das pilastras, tentando se manter oculto. Se ela havia notado, quem estivesse vigiando as câmeras na sala de controle do museu também notaria, o que era péssimo para suas amigas.  
— Meninas, nós temos um problema. 

Maya e Brenda pararam o que estavam fazendo e olharam uma para a outra. 
— O que foi?  
— Tem alguém aí com vocês Maya. 
— Como assim alguém? Mas quem? 
— Tá se movendo tentando ficar longe das câmeras, só consigo vê-lo por que dei zoom na tela. O guarda está no segundo andar, e ele ou ela, não para ver se é homem ou mulher porque está vestido todo de preto e com uma máscara no rosto, tá tentando descer as escadas.  

As duas amigas trocaram um olhar preocupado. 
— Pra onde tá indo? — Brenda perguntou. 
— A julgar pelos seus movimentos, diria que exatamente onde vocês estão. 
— Quanto tempo até chegar aqui? — Maya indagou voltando a procurar pelo baú. 
— No máximo um minuto, se apressem!  

Brenda guardou as outras joias em seus bolsos e se concentrou na busca, eram muitos objetos pequenos o que dificultava a ação. Até que ela encontrou o que estava procurando debaixo de uma pele que parecia ser de tigre. 
— Achei! — exclamou triunfante e Maya a olhou com repreensão. 
— Shiu! Quer que nos escutem? — sibilou baixo.  
— Foi mal, e agora? 
— As moedas tão aí? 
— Tá trancado com um cadeado, pode ser arrebentado, mas precisamos de alguma coisa pra quebrar. 
— Estamos sem tempo, vamos ter que confiar. Vamos embora! 

Sayuri viu quando o homem vestido de preto entrou na sala do diretor e percebeu que suas amigas estavam em apuros.  
— Meninas, ele acabou de entrar! 

Ela só conseguiu ouvir estática e notou que a conexão havia caído, o que era estranho.  
— Meninas! — chamou mais uma vez e nada.  

Ela precisava avisá-las do perigo, talvez se saísse da van poderia reconectar. Era arriscado, mas não tinha outra opção.  

Ao abrir as portas traseiras da van, tomou um enorme susto. Um homem moreno sorria e apontava uma arma para ela. 
— Fiquei me perguntando quanto tempo levaria até você sair. — disse em uma voz rouca e aveludada enquanto mostrava um pequeno aparelho com a outra mão, ele tinha um forte sotaque, mas ela não conseguia reconhecer de onde. — Brinquedinho útil, bloqueia qualquer sinal de comunicação em um raio de até cinco metros. 

Então foi assim que ele havia cortado o sinal de comunicação com as meninas.  
— Agora seja uma boa garota e tire o ponto do ouvido. — mandou com um sorriso cínico no rosto e Sayuri teve vontade de lhe acertar um soco bem no meio da cara. 

Mas ela teve que conter a fúria, como uma boa guerreira sabia quando estava em desvantagem. Não tirou os olhos dele um minuto sequer enquanto retirava o pequeno fone preto do ouvido.  
— Muito bem, agora sente e fique quietinha enquanto esperamos.  
— Quem é você? — a garota perguntou fazendo o que ele havia mandado. 
— Alguém com objetivos, e por favor silêncio. Parece que a programação de hoje está interessante. 

Sayuri voltou o olhar para a tela do notebook e tomou um susto ao ver que suas amigas brigavam com o tal homem pelo baú. 
— Você está junto com ele! — balbuciou surpresa encarando novamente o homem ao seu lado. 

Ele apenas sorriu encarando-a e ainda apontando a arma.  

... 

O homem caiu de costas e Maya tentou lhe dar outro chute, mas ele foi mais rápido e puxou a perna dela pegando-a de surpresa. Brenda foi para cima dele e tomou um soco no estômago, que a jogou no chão gemendo de dor. 

Maya levantou irada e cerrou os punhos com força. 
— Hei babaca! — chamou e assim que ele se virou socou seu nariz com toda a força que tinha jogando-o no chão também. — Amiga, tudo bem? 

Seu erro foi ter virado as costas para ver como Brenda estava, pois, ao fazer isso, o homem acertou um objeto em sua cabeça, deixando-a tonta e sem reação.

Cambaleando, o homem pegou o baú, mas Brenda levantou para detê-lo. Ele a empurrou contra a parede fazendo quadros caírem e seus cabelos ruivos se prenderem em ganchos que tinham na parede.  

O homem correu para fora da sala levando o pequeno tesouro viking e tentou voltar pelo mesmo caminho que veio, mas sua visão estava embaçada pelo soco que havia tomado. 
— Vadiazinha desgraçada! — murmurou consigo mesmo.  

Brenda foi até Maya e a ajudou a levantar. 
— Tudo bem? Consegue andar? 
— Acho que sim, e você? 
— Tá tudo bem, vamos sair daqui.  

... 

Sayuri viu o homem sair da sala do diretor carregando o baú enquanto suas amigas tentavam levantar depois da surra que levaram. A raiva queimava em suas veias e aproveitando uma pequena brecha de distração, avançou contra o homem ao seu lado. 

Os dois lutaram no interior apertado da van e ela conseguiu desarmá-lo com facilidade. Ele logicamente não sabia que havia acabado de despertar sua fúria de ninja. 

O homem ficou chocado ao ver o modo como ela lutava, rápido e habilidoso.  
— Mas o que... — não teve tempo de completar a frase ao ser jogado de cara no chão com um golpe letal. 
— Eu poderia matar você! — Sayuri murmurou raivosa agarrando seus cabelos castanhos e pressionando o joelho em suas costas.  
— Tudo bem garota ninja, você venceu! Agora me solta. 
— Nem sonhando babaca! 

Ele puxou um pequeno canivete do bolso e cravou em sua perna. Sayuri gritou de dor e o soltou, o homem aproveitou e cambaleou pra fora da van.  
— Au revoir, fille ninja. — murmurou sem olhar para trás e Sayuri reconheceu de onde vinha o sotaque.  



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