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História Genesis - Capítulo 5


Escrita por: KassyPlatina

Capítulo 5 - Capítulo 5


Tom não conseguiu fazer nada a não ser se virar lentamente e olhar para seu pai com um olhar assustado, ainda segurando a toalha que permanecia com algumas manchas vermelhas.

- O que houve com as suas costas, Tom? - seu pai repetiu.

Mas o menor ainda não conseguia falar. O ar permanecia preso em seus pulmões, não conseguia expirar ou espirar – estava sufocando em seu medo quase que literalmente -. O que Riddle pensaria dele quando visse quão fraco ele era?

- Filho... você está bem? - a voz de Tom Sr. soou extremamente preocupada.

Apenas naquele momento Tom percebeu que suas mãos tremiam. Engoliu em seco e foi então que seus pulões pareceram voltar a funcionar, porém de um modo nada normal; sua respiração saía irregular, estranhamente rápida e entrecortada. Foi então que percebeu estar hiper ventilando.

Ao ver seu filho daquele jeito, Riddle admitiu entrar internamente em desespero. Tom estava à beira de um ataque de pânico, e Tom Sr. Reconhecia aquilo por experiência própria. Sabia em sua própria pele como era aquele desespero, o sentimento de tentar respirar e não conseguir e em seguida perder o controle de seus pulmões.

- Tom...? - chamou novamente e, desta vez, viu resultado, mesmo que quase imperceptível.

Os olhos do mais novo pareceram se focar novamente, mesmo que ele ainda permanecesse hiperventilando e soando frio. 

Tom Sr. deu dois passos adiante, estendendo levemente a mão, mesmo que de modo incerto, em clara menção de alcançar o filho, mas o mesmo deu um passo para trás, balançando a cabeça em negação.

- Eu... eu estou bem. - Tom falou, sua voz um pouco arrastada – Apenas... não toque em mim.

Na mesma hora, Tom Sr. Puxou o braço de volta para sim mesmo. “Pequenos passos”, lembrou a si mesmo “Por ele e por você”.

- Venha. - falou sentindo a saliva descer com dificuldade pela garganta.

Tom congelou. Era aquele o momento em que ele seria mandado de vota para o orfanato?

“Parabéns, Tom! Menos de um dia; seu novo recorde! E ele sequer precisou ver sua magia.”, pensou resignado, mas ainda assim, o seguiu. Se seu pai iria manda-lo embora, o que poderia fazer, a não ser obedecer e ir?

O encarou confuso quando o homem simplesmente foi até o closet e, dando uma rápida olhada em direção à porta, abriu das gavetas, mexeu em algumas roupas e de lá tirou uma caixa de tamanho médio. O que teria ali dentro?

- Se sente. - Tom Sr. indicou a cama com o queixo. 

Mesmo sem entender o que exatamente estava acontecendo, seguiu as palavras do outro e se sentou na cama. Quase conseguia a adrenalina percorrendo suas veias e sua magia se agitando sob sua pele, o deixando pronto para reagir ao mínimo sinal de perigo. O som de seu coração batendo acelerado ecoava em seus ouvidos, deixando claro para si mesmo o quanto estava nervoso.

Seu pai se aproximou, abrindo a caixa e depositando a tampa da mesma ao lado dele. De relance conseguiu ver... materiais para curativos?!

Sentiu a cama afundar atrás de si e pôde ouvir o som de um frasco sendo aberto. O cheiro forte de álcool logo atingiu seu olfato.

- Isso vai arder bastante. – Tom Sr. avisou e Tom só teve tempo de morder o lábio inferior para não gritar quando o algodão ensopado em álcool foi pressionado levemente contra um dos machucados.

Engasgou levemente quando o ardor pareceu se espalhar por todo seu corpo, mas não se afastou ou reclamou. Soltou a respiração tremulamente, tentando não se concentrar na dor.

- Eu costumo me machucar bastante quando saio para cavalgar. – seu pai falou, talvez tentando distraí-lo – Eu sou bem desastrado as vezes, então sempre acabo voltando com algum arranhão, então eu guardo esse kit de primeiros socorros no closet, escondido, porque se minha mãe descobrir que eu sempre acabo me machucando, ela irá me trancar em casa. Sua avó é bastante superprotetora e eu realmente não sou tão gracioso quanto as pessoas supõem, pelo menos não quando não há ninguém observando.

Quase riu daquilo, mas conseguiu segurar. Tom Riddle Sr. desastrado? Essa era a piada do século!

Seu pai pareceu perceber seu divertimento, pois deu um pequeno riso quase inaudível.

- O quê? Eu não estou brincando! As pessoas não sabem, mas eu consigo ser um desastre ambulante as vezes. Uma vez eu estava no campo cavalgando quando vi uma macieira cheia de maças maduras. Eu estava morrendo de fome, mas realmente não queria sequer passar perto de casa naquele momento, então fui pegar uma para comer. Quando eu fui descer do cavalo, tropecei no meu próprio pé. Eu quase ia batendo meu rosto no tronco da árvore, mas consegui me segurar. As mangas da minha camisa estavam levantadas, pois esta calor, então isso me rendeu uma bela trila de arranhões nos braços.

Desta vez Tom não conseguiu evitar de rir, mesmo que baixo. Simplesmente não conseguia imaginar seu pai em uma situação daquelas. Chiou quando o algodão encostou em um ferimento mais sensível e ouviu um rápido “desculpa” vindo do mais velho; achou que fosse coisa da sua mente.

- Por que o senhor não queria ir para casa? – perguntou e logo em seguida se repreendeu pela sua curiosidade.

- Meus pais estavam tentando arrumar uma pretendente para mim, mas eu nunca... me interessei por mulher alguma - Tom Sr. pareceu um pouco desconfortável quando falou aquela parte em específico -, então eles tentavam dar uma pequena ajuda, me apresentando moças que eles achavam que eu pudesse gostar. - seu pai fez uma pequena pausa, começando a passar um remédio em suas feridas - Aquele dia eles iam trazer a filha de um casal amigo da família. Eu já conhecia a moça e ela era simplesmente insuportável, não conseguia passar meio minuto sem falar sobre como ela era maravilhosa.

Tom fez uma careta, sentindo uma real pena do seu pai por ter que aguentar pessoas desse tipo, que se acham o centro do universo, que acham que qualquer coisa que aconteça gira em torno delas.

- Saí logo de manhã, antes que meus pais percebessem e fiquei o dia inteiro fora. Sequer tomei café da manhã. O episódio da maçã ocorreu já era quase dez da manhã. Na hora do almoço resolvi ir até a casa da minha melhor amiga, Cecília. Almocei lá, ela me ajudou a fazer curativos nos braços e ficamos o dia inteiro conversando. Só voltei para casa quando estava anoitecendo, para ter certeza de que a garota que eu ia conhecer já tinha ido embora. Infelizmente ela não tinha. Me fingi de chocado e arrependido, dizendo que havia esquecido totalmente e ido logo cedo para a casa de Cecília para ajudá-la com a égua preferida dela. Ela, é claro, confirmou tudo aos meus pais no outro dia, mesmo sendo mentira. Ainda tive que aturar a outra por uma hora até ela ir embora.

Sentiu quando seu pai começou a colocar os curativos. As mãos dele eram impressionantemente leves e gentis, o que deixou Tom desconcertado. 

- Você tem uma melhor amiga? - perguntou surpreso.
Era extremamente raro um homem e uma mulher serem amigos na idade adulta, principalmente se fossem melhores amigos.

- Sim. O nome dela é Cecília Whitehall. - Tom Sr. respondeu  - Nos conhecemos desde que eu tinha 13 anos e ela 14. Somos inseparáveis desde então. Por ser filha única, ela praticamente me adotou como irmão mais novo, e eu, por também ser filho único, não me opus a ideia de tê-la como irmã mais velha postiça. Quando eu disse que eu deixava poucas mulheres se aproximar de mim alguns meses depois... depois de Mérope, esse “poucas” se resumia a minha mãe e a ela. O marido dela ficou desconfortável com a nossa amizade no início, mas... - ele riu – bem, ninguém é louco o suficiente para ir contra Cecília; a palavra dela é lei. Acho que ela amaria você.

Seu pai parecia ter um carinho grande por essa Cecília. Ela devia ser realmente importante para ele.  Fanziu a testa ao se pegar desejando que Cecília também viesse a gostar dele, pois talvez isso fizesse seu pai gostar dele também.

Para ser sincero, Tom não achava que seu pai gostasse dele. Estava quase certo de que tudo o que o mais velho sentia era a obrigação de cuidar da criança que era seu filho. Por que alguém iria gostar ou até mesmo amar uma aberração como ele? Sentiu seus olhos arderem ao pensar naquilo, mas fez de tudo para afastar o choro.

Permaneceram o que pareceu uma eternidade em silêncio, mas logo Tom Sr. acabou de cuidar dos ferimentos do filho.

- Pronto. – falou se afastando um pouco – Está doendo ou incomodando?

Tom mexeu levemente as costas, tentando localizar algum ponto de dor, mas felizmente não sentiu nada insuportável.

- Obrigado. – falou quase em um sussurro.

- De nada. – seu pai passou a mão pelo seu cabelo ao se levantar.

O mais novo observou enquanto seu pai pegou a tampa e fechou a caixa, indo em direção ao closet e a guardando em seu lugar anterior. Aproveitando o momento em que o mais velho foi até o banheiro para jogar os algodões fora, Tom vestiu cuidadosamente uma blusa. 

Observou seu pai voltar e se encararam até que o próprio Tom quebrasse o silêncio quase que sepulcral.

- Não vai me perguntar nada sobre o que houve com as minhas costas?

Tom Sr. Balançou a cabeça em negação e o menor ficou surpreso. Imaginou que, logo que tivesse a chance, seu pai iria interroga-lo sobre aquilo.

- Tudo ao seu tempo, Tom. – falou – Quando você estiver pronto para falar, estarei pronto para ouvir.

E, novamente, Tom sentiu vontade de chorar. Seu pai estava sendo... compreensivo, estava entendendo que ele ainda não estava pronto para dizer nada sobre aquilo. Ele não iria força-lo e... aquilo era tudo o que ele queria e precisava naquele momento.

- Seus avós estão nos esperando para o almoço. – Tom Sr. avisou calmamente – Temos que descer agora para a sala-de-jantar.

Tom soltou o ar tremulamente. O que seu avô iria achar dele? Sua avó, aparentemente, seria fácil de lidar, mas seu avô era território desconhecido.

- O que eu devo fazer? – perguntou automaticamente.

- Apenas seja você mesmo.



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