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História Gentle Lie - Stay with me, Now and forever - Parte II


Escrita por: Lady-nii

Capítulo 16 - Stay with me, Now and forever - Parte II


Capitulo 16

Stay with me, Now and forever - Parte II

 

"Só pude ver a quantidade de erros que cometi, depois de machucar você,

Quando na verdade eu deveria estar cuidando de você.

Sua voz me destrói lentamente... Enquanto você chora."

Pledge – The GazettE

   

O silêncio dominava a viagem, aquele clima leve parecia agora tão surreal, tão distante. Uma mão segurava firmemente o volante, a outra segurava a dele, num carinho contido. E ainda que eu sentisse seus dedos trêmulos entrelaçados aos meus, as lágrimas haviam cessado e ele só parecia meio perdido enquanto olhava a paisagem do outro lado do vidro se transformar pouco a pouco.

Seguíamos já há mais de uma hora nesse clima palpável e triste. Hora ou outra eu ouvia um suspiro frustrado e murmúrios que não faziam muito sentido. Às vezes ele fechava os olhos e se deixava levar, outras, agarrava minha mão como se buscasse apoio, me buscava com um vislumbre de desespero no olhar, ficava me olhando alguns instantes e, num novo suspiro, se ajeitava no banco.

Eu não tinha muito o que fazer de fato. Eu estava ali para ele, para o que ele precisasse, mas isso não mudava o fato de que eu o estava levando a um terreno pouco conhecido e, provavelmente, onde nenhum de nós seria bem-vindo. Isso era um fato e por mais que eu quisesse, apagar esse detalhe não era possível. Tudo que me restava era estar ali, ouvi-lo, consolá-lo e confortá-lo o quanto fosse preciso.

Eu já havia dito, eu estaria ali, enquanto ele me quisesse ali. E se aquele “querer” fosse eterno, ainda melhor.

Akira nos seguia de perto dirigindo o automóvel de Kai. Não queríamos alarde, não queríamos imprensa, não queríamos nada que pudesse feri-lo ainda mais. Tudo bem que andar por aí dirigindo um carro esporte vermelho não seria jamais o melhor jeito de não chamar atenção, mas como o meu antigo carro fora batido e “estava no conserto”, pouca gente conhecia aquele quase que recém-adquirido.

Não era nada adequado à situação, mas veio a calhar.

Mais uma hora de viagem e tudo que ele havia dito fora um “posso dormir um pouco?” que me pareceu mais exausto do que nunca. Obviamente, assenti num sorriso suave, nossos dedos ainda entrelaçados enquanto ele se ajeitava no banco. “Obrigado Yuu” sorriu cansado, ainda que sincero, fechou os olhos e deixou-se cair nos braços dos sonhos.

E fora assim toda a viagem até sua cidade, eu não precisava que ele me guiasse, já havia vindo aqui outras vezes, mesmo com ele já que Reita também era dali. Volta e meia eu observava seu rosto sereno e triste, os olhos sutilmente inchados, os lábios entreabertos, um homem tão alto enroscado no banco dianteiro como faria uma criancinha. E vê-lo daquele modo enchia meus olhos de lágrimas por detrás das lentes escuras que eu usava.

Eu estava tão destruído, ainda que bem menos quando comparado a ele e mesmo assim eu quase não conseguia sustentar a nós dois. Eu queria chorar como um bebê. Queria um colo pra me esfregar, pra dormir, pra sonhar e acordar como se nada daquilo fosse real, como se tudo não passasse de um sonho muito ruim. As dores dele, eu as tomava pra mim, eu as sentia rasgando a minha pele, dilacerando o meu peito, e vê-lo daquele modo tão suave, mudo e depressivo me fazia querer agarrá-lo, guardá-lo num vidrinho e não deixar ninguém se aproximar.

Queria tanto que ele não tivesse que passar por tudo aquilo.

Doía-me. E doía ainda mais quando eu analisava a minha vida até aquele momento, quando eu realizava as reclamações que eu fazia sem motivo, quando eu percebia há quanto tempo ele já tinha que lidar com aquilo tudo e, mais ainda, há quanto tempo eu vinha piorando a situação.

Eu me sentia tão filho da puta, mesmo que eu sequer recordasse o motivo que levara ao nosso afastamento. Os motivos que me faziam observá-lo de longe, criticá-lo de longe, analisá-lo e julgá-lo. Quando eu me tornara esse monstro? Por quê?

Talvez justamente por isso eu gostaria de ser o seu chão naquele momento: compensar todo o tempo onde eu não pude ser, nem sequer, uma brisa em sua vida. Eu queria amá-lo por todos os anos de afastamento. Compensar toda aquela dor, tomá-la pra mim e transformá-la em felicidade.

Eu faria isso.

Mas antes havia aquele obstáculo maior a ser superado, só depois haveria espaço pra nós dois, espaço pra tudo que eu queria lhe dar de mim, espaço para o “eu” que seria inteiramente dele.

Estacionei o carro chamativo demais em frente ao único cemitério da pequena cidade. Não havia pessoas pelas ruas, nem automóveis cortando o espaço. Havia só um silêncio confortável e quase temível. Apesar da controvérsia que se sentia no ar, desliguei o veículo, observando-o ressonar no banco ao lado. Akira e os demais já saíam do carro logo atrás, aguardando que o personagem principal daquele drama desse as caras.

Suspirei, deslizando meus dedos pelo seu rosto imaculado, virando-me de lado no meu próprio assento. E ele estava tão sereno... Como se o mundo não estivesse desabando sobre seus pés, como se ele não houvesse passado toda aquela manhã apático, buscando o meu corpo em abraços cada vez mais longos, em carinhos cada vez mais sinceros, em sorrisos e palavras otimistas.

– Kouyou! – Chamei baixo, temendo assustá-lo. – Kou-chan, chegamos.

Ele nem se mexeu e eu não o forcei a fazê-lo. Ele estava acordado e eu tinha certeza disso. Seus lábios apertados, seus olhos cerrados, o suave balançar de seus ombros...

Soltei meu cinto de segurança, debruçando meu corpo sobre o dele, acalentando-o no meu abraço, ouvindo um soluço seco largar seu interior, enquanto suas mãos voavam a minha camisa, amassando o tecido, quase a rasgando em seus dedos cada vez mais trêmulos.

– Kou-chan... – Suspirei, beijando-lhe a cabeça. Era óbvio que não seria nada fácil enfrentar tudo aquilo por uma infinidade de motivos, e só ele poderia decidir afrontar aquele momento ou continuar fugindo, como fez nos últimos anos. E eu não o culparia se ele me pedisse pra ir embora ali, nas portas do cemitério.

Provavelmente, eu mesmo faria isso.

Ele me olhou de esguelha, uma única lágrima solitária escorrendo por sua bochecha, morrendo em seus lábios, enquanto ele me olhava profundamente, vacilando entre meus olhos, procurando algo em mim.

Suspirei e sorri suavemente, acariciando-lhe os cabelos enquanto lhe beijava a testa.

– Eu não vou dizer que vai ficar tudo bem.

E seus olhos se arregalaram sutilmente, deixando uma nova lágrima percorrer o mesmo caminho da anterior. Essa, eu tive o prazer de conter nos meus dedos, beijando-lhe os olhos úmidos. Parecia tão contraditório, mas eu não podia fazer aquela promessa pra ele. Eu não prometeria algo que eu não podia cumprir.

– Eu estou aqui com você. Estou aqui por você, para o que você precisar. Mas eu não vou dizer coisas belas agora. Você não acreditaria e ainda assim, inconscientemente, se agarraria a essa esperança... Eu não quero que você chore. Então eu não posso te prometer que tudo vai acabar bem.

Suspirei, trazendo seu rosto ao meu, olhando em seus olhos.

– Eu só posso te prometer que, aconteça o que acontecer, eu vou estar aqui por você. Eu não vou a lugar algum. Eu vou ser tudo o que você precisar de mim, enquanto você precisar.

Toquei-lhe os lábios com gentileza, assistindo seus olhos se fecharem no contato, sua mão então pousava suavemente no meu rosto, enquanto selávamos um beijo inocente. A entrega, o aperto afrouxando na minha roupa, o desespero dando lugar a uma aura pacifica e ele me sorrindo suavemente no final, enquanto colava a testa na minha.

– Você anda tão romântico, Yuu-chan.

E eu tive que rir suave e cálido. Só mesmo aquele loiro alucinado pra dizer algo assim naquele momento. Assisti-o se afastar gentilmente, respirar fundo e me olhar com alguma segurança vinda sabe-se lá de onde.

Sorriu, enquanto pegava os óculos escuros no porta-luvas e escondia seus olhos bonitos. Deu-me um novo selinho estalado antes de abrir a porta do carro e se atirar para o lado de fora.

Ri baixinho, ajeitando os meus próprios óculos no rosto e abandonando o veículo em seguida. Acionei o alarme e dei a volta, me aproximando de todos. Ruki abraçava a cintura do meu companheiro como uma criancinha desesperada pelo machucado causado em seu amigo. A cena me fazia sorrir doce, enquanto acompanhava Akira se aproximar calmo, as mãos no bolso do terno e o cenho sereno.

Estávamos todos vestindo ternos, eu e Uruha com óculos escuros. Os cabelos estavam o mais próximo do respeitável para a situação: leve, suave e natural.

– Como ele está?

Ouvi a pergunta, colocando as minhas mãos no bolso, suspirando profundamente.

– Ele vai ficar bem. – Falei baixo. – Mas eu tenho medo... – Confessei, trazendo o olhar de Akira ao meu rosto sério.

E sem perguntar mais nada ele apenas ficou me olhando profundamente, sem pedir explicações, sem continuar o assunto... Ficou me olhando até que eu lhe sorri com cuidado.

– Eu não sei se vou conseguir segurá-lo... Se ele cair. – Confessei novamente, voltando meu rosto ao céu nublado enquanto ouvia sua voz serena ao fundo nos chamando para ir. Eu tinha tanto medo, ainda que estivesse fazendo o possível pra não transmitir isso. Tinha medo a cada passo que dávamos rumo ao mausoléu onde sua mãe repousava. Tinha medo à mínima brisa que cortava nosso caminho. E quando aquele medo alucinante já estava prestes a me fazer chorar novamente, ele segurou a minha mão com força e parou. Acompanhando seu olhar, uma garotinha brincava aos portões grandes e enferrujados de um sepulcro à esquerda da paisagem.

Sua mão tremeu, seus lábios tremeram e só ali, quando eu percebi que ele não precisava do meu medo, que ele precisava da minha força, aquela promessa me vinha à mente e me fazia agarrar-lhe a mão com confiança. Eu seria tudo o que você quisesse, Kouyou. E se isso incluísse ser todo o seu apoio, eu daria um jeito.

Recompus-me, olhando-o quando ele voltou a respirar fundo e ensaiar seus passos rumo à garotinha. Esta, logo, se virou em nossa direção abrindo um sorriso tão gêmeo ao dele que o fez sorrir retribuindo e me surpreendendo.

Era linda: branquinha como uma boneca de porcelana, com longos cachos caramelo moldando seu rostinho cheio. Usava um vestido negro rodado e salpicado de estrelas, meias com babados e uma sapatilha também negra.

Assistiu nossa aproximação com um sorriso cativante, largando o que estava fazendo e vindo em nossa direção. Abriu ainda mais o sorriso bem como os bracinhos arredondados e disparou numa corrida sem fim, que só acabou quando encontrou, no fim do trajeto, o colo do meu loiro.

–Tio Kou!

Ele riu, erguendo-a até o alto de sua cabeça antes de aconchegá-la junto ao peito. E aquele sorriso tão gêmeo me fazia suspirar. Ela parecia surpresa e encantada, traçando as linhas do rosto dele com seus dedinhos curtos, traçando seu nariz e fazendo-o rir.

– Olá, Mei-chan.

Ele cumprimentou, enquanto ela abria a boquinha e lhe mordia a bochecha, fazendo-o rir gostosamente. Era tão adorável, não devia passar de seus cinco aninhos, no máximo seis. Soltou a mordida e olhou a marquinha de seus dentes na bochecha do loiro, gargalhando em seguida, enquanto passava os dedinhos pela marquinha deixada, tão pequena, tão meiga.

Ele então olhou-me com o canto dos olhos o que eu interpretei, mudamente, como um convite para me aproximar. O fiz de prontidão, recostando a minha mão em seu ombro, olhando encantado demais para aquela pequena bonequinha.

– Mei, esse é o Tio Yuu. – Me mostrou. – E aqueles... – Apontou os demais da banda, vendo o sorriso dela quase triplicar.

– Aki-chan!

Remexeu no colo até ir para o chão e correr para os braços de Akira. Surpreendi-me, vendo-o sorrir calmo enquanto Akira a pegava nos braços e a jogava pra cima, fazendo-a rir com diversão.

E todos nós parecíamos encantados demais com aquela pequena em seu diálogo único com o baixista. Tão encantados que ríamos com suavidade e nem percebíamos o portão de ferro se mover e uma voz bestial demais cortar o espaço.

– Solte a minha neta!

O grito foi tão estridente que mesmo a criança se assombrou e quase veio ao chão no susto. Com cuidado Akira a desceu de seus braços e, com os olhinhos rasos d’água ela se escondeu atrás das pernas de Kouyou, agarrando-se ali e só olhando o avô de esguelha.

E novamente, ele se fez ouvir.

– Solte-a! Saia já daqui, sua besta!

E eu tive ímpetos sinceros de socá-lo naquele período. A voz era tão ferina, tão absoluta que Kouyou não teve opção, senão abaixar-se ao nível da criança, secando seus olhinhos que a muito já haviam despencado, apertando com suavidade o beicinho que a menina fazia, prestes a iniciar uma crise de choro.

– Não chore. – Pediu quase sôfrego demais. – Vai lá, o vovô está zangado com o tio Kou e nós vamos ter que conversar um pouquinho, tá bom?

Mal aquela frase para acalmá-la fora dita, o velho já voava em nossa direção, segurando a menina pelo braço, arrancando-a de perto do loiro.

– Nós não temos nada o que conversar, sua besta! NADA!

Percebi o exato momento onde ele suspirou quase cansado demais com a situação.

– Você a está machucando.

Comentou leviano, na voz suave enquanto se erguia novamente.

– Sai daqui! – Gritou. – Você não é bem-vindo, seu monstro! E como se não bastasse ainda traz esses amigos estúpidos! Com qual deles você se deita a noite, seu monstro?! Você só me deu desgosto nessa vida, a mim e a sua mãe! O que quer aqui?! SAIA!

Mais uma sessão de gritos que só aumentavam, que saíam daquela boca como facas afiadas, todas com um único destino. E eu sabia que ele estava sendo atingido no exato momento onde a mão dele buscou a minha com fervor, ainda que seus olhos estivessem grudados na figura de seu pai.

E mais uma vez eu quis socar a cara daquele velho imbecil! Como ele podia tratar assim o próprio filho? Como ele podia gritar daquele modo tantos anos mais tarde? Como ele podia simplesmente continuar negando a existência dele daquele modo? Eu estava a ponto de explodir por mim e por ele. E eu sabia que ele me odiaria se eu desse um belo soco bem no meio daquele rosto repugnante do meu sogro, mas eu não me aguentaria muito mais.

– Saia, já disse! Seu monstro! Seu... BICHINHA! Saia já daqui! Eu não tenho filhos! Você não é meu filho! Eu não criei esse maldito viadinho! Você, sempre tão inútil! Sempre tão ridículo! Você... – Respirou fundo, quase sem fôlego diante de seu desespero em botar tudo aquilo pra fora.

– Você está assustando a Mei. – E mais uma vez, ele comentou imprudente, a expressão dura, quase ignorando o que se passava. Mas eu entendia a preocupação dele, a criança já estava aos prantos e já era possível ver as marcas dos dedos firmes do avô em seu bracinho branco.

– Você a matou, seu desgraçado! VOCÊ A MATOU! – Gritou ainda mais alto, quase ficando rouco no processo. – VOCÊ A MATOU! – Repetiu novamente.

Apertei a mão dele, já me impulsionando para dar um soco naqueles dentes, quando ele me segurou e acompanhou o grito do pai.

– VOCÊ ESTA MACHUCANDO A MEI, PAI!

Gritou afoito, surpreendendo a todos. Principalmente ao próprio pai que esbugalhou os olhos e aproximou-se dois passos, chegando perigosamente perto. Os olhos ferrenhos, os dentes travados, os músculos tensos.

Mais um passo. – Você... Não é... Meu filho! – Não gritou. Sibilou, dando peso a cada minuciosidade daquela frase. Se todas as outras surgiram como facas afiadas, essa, mais que todas as outras, surgiu com a tortura final: lenta e dolorosa.

E quando, pela primeira vez, eu percebi o loiro perder a postura, quando percebi que ele ia cair, que ele ia ao chão a qualquer momento, olhei para aquele homem com toda a minha raiva, com todo o ódio que, agora sim, me consumia como um todo. Travei a mão em punho e apertei a mão de Kouyou novamente.

– Você não deveria ter nascido! – Gritou finalmente, avançando em punho para o rosto do meu loiro que fechara os olhos, pronto a receber a pancada.

Fora a gota d’água, e quando me movi para encaixar o meu soco bem no centro daquela face, não houve mais nada além de um único estalo.

E o mais surpreendente: não fora do meu soco nele, nem do dele em Kouyou.

– Antes de tudo, solte a Mei agora! – A voz cortou tão ferina quanto a do velho. – Depois, cale a boca. – Deferiu, enquanto a menina, enfim solta, corria aos prantos para o seu colo, agarrando-se nela e chorando absurdamente.

– Onee. – ouvi-o chamar baixo, ainda mais surpreso que todo o resto.

Ela dera um tapa estalado bem no rosto do pai, ela que o defendera, que evitara o pior pra todos ali. Mesmo o pai a olhava atônito, como se não reconhecesse a própria filha que agora tentava acalmar o seu bebê.

Era a irmã mais velha, aquela que decidira não se envolver, que decidira não tomar partido e simplesmente deixar as coisas caminharem em seu ritmo, aquela que não fazia questão de se posicionar. Ela o havia defendido no fim das contas.

– Você. – Indicou o pai com o dedo rígido, apontado bem na sua face. – Chega, okay? A cidade inteira já ouviu esse discurso um milhão de vezes e eu não sei por que o senhor continua com ele. Eu estou cansada de você jogar toda a culpa em alguém que passou tanto tempo longe só pra te poupar. CHEGA, entendeu? Ele é Takashima Kouyou, meu irmão e seu filho e veio ver a nossa mãe que, querendo ou não, era muito mais sensata que o senhor! – Respirou fundo. – CHEGA, entendeu bem? A mamãe queria vê-lo e eu tenho certeza de que ele tinha a mesma vontade e não só por ela, mas por você também. Você já o afastou de casa por muitos anos, ele já construiu a vida dele independente de todos nós, ele fez o que queria, conseguiu o que queria e TUDO sem o seu apoio. Ele venceu na vida enquanto você continua o mesmo velho ranzinza, remoendo as mesmas bestialidades.

“Agora nós vamos pra casa e o senhor vai se virar pra conseguir o perdão da Mei, e se esse roxo durar muito tempo o senhor vai se vir comigo!” – Finalizou enquanto, enfim, a menina se calava. Respirou fundo e se aproximou do rosto estupefato do meu loiro.

– E você, chega de fugir okay? A Mei sente sua falta... Eu sinto a sua falta! Então pare de ser um cabeça-dura também e volte a nos visitar, sim? O seu quarto continua intacto, esperando você. – Sorriu suave com o mesmo sorriso, acariciando-lhe a face com delicadeza e saiu.

– Vem pai!

Determinou por fim e foi com surpresa geral que ele, calado, a acompanhou. Como uma criança que leva bronca da mãe e sabe que vai ficar de castigo mais tarde. Seria cômico. Seria não, era muito cômico. Mas aquele não era um momento bom pra risadas.

Percebi-o acompanhar aos dois com os olhos, genuinamente assustado com a situação, fazendo-me rir enquanto o abraçava suavemente.

– Tudo bem assim, né? – Questionou quase boquiaberto com a forma como tudo se desenvolveu, me fazendo rir.

– Tudo ótimo, não?

E ele riu. Riu gostoso, gargalhou enquanto as lágrimas escorriam por baixo de seus óculos. Não era tristeza, tão pouco era alegria. Era uma mistura de alívio, desespero, adrenalina, angústia, descrença. Era tudo, todos aqueles anos escorrendo naquelas lágrimas, ecoando naquela risada.

Sorri satisfeito, apertando-o no meu peito enquanto um novo olhar surgia de dentro do mausoléu. Um olhar de moleca risonha que logo se juntou ao nosso abraço. E, assim como ele, ela chorava no mesmo alívio e eu nem precisava pensar muito pra saber quem era: a irmã do meio. Não era muito velha, na verdade não tinha cara de mais de quinze, mas como era a do meio devia ter seus vinte e tantos.

Ele nos apresentou, e foi logo puxado pra dentro do sepulcro com a garota, deixando-me do lado de fora com um sorriso quase bobo demais esculpido no rosto. Os demais se aproximaram. Akira soltando uma risada louca enquanto se aproximava de mim, me fazendo olhá-lo meio assustado, o que o fez cair numa crise de riso ainda mais hilária a meu ver.

– Que? – Questionei sem entender bulhufas.

E ele segurava a barriga em seu riso único que só fazia sentido pra ele. Quando, por fim, resolveu se acalmar, apoiou-se no meu ombro. E olhou-me com o mesmo rosto divertido.

– Você ia bater no velho.

Constatou, sem questionamentos, ele tinha certeza de que eu ia fazer isso. E eu realmente iria, o que acabou me fazendo acompanhá-lo no riso.

– Eu dava tudo pra te ver socando o cara! Sério!

E caímos os dois num riso compulsivo imaginando a cena. Eu definitivamente não era um cara de brigar, eu não era forte e, diferente dos playboys da boate de um tempo atrás, o pai dele parecia forte. Eu com certeza desmaiaria se ele resolvesse revidar, o que me fez rir ainda mais, enfim realizando qual era o motivo.

Eu iria apanhar.

Ficamos naquela crise por um bom tempo, até o estomago doer e água sair dos olhos. Quando por fim nos acalmamos, olhei-o de esguelha, num ultimo suspiro.

– Você sabia de tudo, não é?

Questionei o que estava me matando desde antes. Ele sorriu calado, com um que de safadeza no olhar que respondeu a minha pergunta.

– E por que...

–... Eu não fiz nada? Eu fiz. Tentei, por muito tempo. Mas não adiantava, Yuu. Eu me comunicava com as meninas, eu tentava argumentar, tentava convencê-lo de vir, mas não adiantava. Sinceramente, eu não sei como ele teve coragem de vir hoje. Quando vocês demoraram a sair do carro eu já estava esperando que você fosse sair sozinho e me dizer pra voltar pra casa. – Riu suave. – Ele sempre teve medo e sempre teve saudade. Eu acompanhei tudo isso, então não me trate com um desgraçado insensível.

E apesar da frase forte, ele me sorria carinhoso.

– E você ainda sabe tão pouco sobre o Uru e conseguiu arrastá-lo pra cá, conseguiu apoiá-lo e ainda teve ímpetos de bater no pai dele. – Riu novamente. – Quem é você e o que fez com o Yuu-chan?

Ri novamente, pulando em suas costas como uma criancinha levada.

– É um dom! Um dia eu te ensino Rei-rei.

Rimos enquanto ele tentava me jogar no chão.

– Então, só porque você foi um bom garoto e fez a boa ação da sua vida, eu vou te dar uma sugestão.

Olhei-o com uma sobrancelha erguida, desconfiado daquela sentença, fazendo-o rir novamente.

– Ta vendo aquele loiro gostoso ali? – Apontou Uruha, ao que eu tive que rir novamente. – Pergunta quando foi que ele se apaixonou por você. É uma informação preciosa, hein?

Olhei-o ainda mais desconfiado enquanto Ruki e Kai riam atrás de nós dois.

– Muito preciosa!

Okay, agora eu estava assustado, todos sabiam menos eu. Desci das costas de Akira observando o loiro voltar do mausoléu sorridente, de mãos dadas com a irmãzinha. Sorri cálido, olhando-o se aproximar com quase adoração, a aura gostosa que agora o envolvia me faria agarrá-lo ali mesmo, embora eu não fosse realmente o fazer.

– Do que estão rindo tanto?

E numa nova sessão de risos, eu o olhei divertido.

– Kou-chan ~ Quando você se apaixonou por mim?

Akira quase caiu no chão com a gargalhada que o tomou, Kai e Ruki igualmente morriam de rir enquanto eu assistia Kouyou corar violentamente, me deixando ainda mais intrigado.

– Fala sério, eu perdi alguma coisa importante não foi? Olha a reação dele! – Brinquei, vendo-o enfiar os dedos entre os fios de cabelo, bagunçando-os e respirando fundo.

– Quando a gente voltar, Yuu, eu te conto a história toda. – Respondeu desconcertado. – Seu bando de mexeriqueiros! – Acusou, fazendo-os rir ainda mais.

– Agora, Yuu-chan... Tem alguém aqui a quem eu gostaria de te apresentar formalmente, se você não se importa.

Ergueu-me a mão num convite que eu jamais poderia recusar. Meus dedos alcançando os seus sem pensar, meu sorriso se abrindo ainda mais, se é que era possível e assim, nesse clima afável ele me levou pra dentro daquelas grades.

Era hora de conhecer a senhora Takashima.


Notas Finais


Espero que tenham gostado, é um dos, senão o mais, capítulos preferido. Ele resolve praticamente tudo então, percebam: eu não sei prolongar o drama rs' Mas também não consigo não colocá-lo rs'
Enfim ~ Até o próximo capitulo! ;)
Aguardo comentários *-* (pq o ultimo me deixou chateada ;;~)
Seeya ;)


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