1. Spirit Fanfics >
  2. Get free >
  3. Sophie - É sempre um prazer, Senhor Salvatore

História Get free - Sophie - É sempre um prazer, Senhor Salvatore


Escrita por: cinnamonbaby

Capítulo 58 - Sophie - É sempre um prazer, Senhor Salvatore


— Tem certeza disso? — Kyle pergunta com uma voz meio trêmula enquanto entramos da Davies & Associados.

— Absoluta — respondo, com um sorriso discreto.

Sinto um frio na barriga quando passamos pelo lobby. Estou tão ansiosa que não dormi a noite toda pensando nos detalhes de tudo - Castiel, inclusive, me expulsou da cama de madrugada porque eu não parava de me mexer e tive que ir para o sofá.

— Kyle, se você desmaiar no meio da reunião eu vou te demitir — Priya diz.

— Me desculpa… É que nós estamos apostando tudo na ideia da Sophie de que eles estão blefando. E se eles não estiverem blefando?

— Tudo bem se vocês não confiarem muito em mim, eu entendo, acabei de chegar. Mas minha intuição… ela sim nunca está errada. Vocês podem confiar nela.

Priya ri e abraça meus ombros ao sairmos do elevador. O caminho até a sala de reuniões é longo e cheio de olhares curiosos. Alguns estagiários apontam o dedo em nossa direção e cochicham sem parar.

Encontramos Nathaniel sentado na ponta da mesa enorme de vidro. Ele exibe seu sorriso convencido quando nos vê e nem se dá o trabalho de levantar. Kyle senta em uma das cadeiras, ainda com a cara de quem vai desmaiar a qualquer momento. Priya e eu ficamos do seu lado e trocamos um olhar cúmplice enquanto pegamos o novo acordo em nossa pasta.

— Mudança de planos, Nathaniel — ela diz, empurrando a folha em sua direção. — Esse é o único acordo que meu cliente vai aceitar.

Ele passa os olhos pelas palavras rapidamente e abre um sorriso, balançando a cabeça negativamente.

— Isso é ridículo, é cinco vezes mais do que o valor desviado... vocês estão malucos.

— Não vamos mudar de ideia.

— Tudo bem, então acho que nós resolvemos isso na Corte. Estou ansioso pra te enfrentar no tribunal, Priya.

— Nós não vamos a julgamento nenhum, Nath — digo com uma voz suave. — Vocês não têm a menor intenção de carregar isso até um tribunal, só estão tentando nos assustar.

Ele fica sério e engole em seco, se encostando na cadeira. Priya e eu o fuzilamos com o olhar por um tempo antes de Nathaniel se levantar e sair pela porta em passos rápidos, levando a folha que o entregamos.

— Onde ele foi? — Kyle pergunta, se virando para trás.

— Correndo pro papai — digo, rindo.

— Puta que pariu... — Priya sussurra. — Acho que você estava certa.

Sorrio, tamborilando as unhas na mesa sem parar.

 

Vinte minutos se passam. Trinta. Quarenta. Uma hora. E ninguém aparece. Até eu me levantar para pegar um café e encontrar David Salvatore, Harry Davies e Nathaniel vindo pelo corredor como se fossem as pessoas mais importantes do mundo. Tomo um gole da minha caneca e ladeio um sorriso quando eles param na minha frente.

David está vestido inteiro de preto e isso deixa seu rosto absolutamente perfeito em contraste. Ele exibe um sorriso fatal, que não chega até os olhos azuis penetrantes. Dou um passo a frente e ele passa as mãos pelos cabelos, que estão um pouco mais curtos, e dá uma piscadinha em minha direção.

— Boneca... — meu pai diz, me olhando de cima a baixo.

— Harry — aceno com a cabeça, fazendo-o rir.

— Kitty... de todos os cenários onde eu queria te reencontrar, esse definitivamente não era um deles — David diz, se aproximando para beijar meu rosto — Mas tenho que admitir que esse visual de advogada realmente combinou com você...

— Senhor Salvatore — dou o mesmo aceno imparcial. Ele e meu pai se entreolham e riem antes de entrarmos. Os dois claramente não estão me levando a sério.

Isso vai ser divertido.

Passamos pela porta e meu pai coloca a mão em minha cintura, se abaixando para sussurrar em meu ouvido:

— Você sabe que eu vou ganhar, não é?

— E você sabe que eu vou lutar, não é?

Me apresso em sua frente, deixando-o para trás e me sento ao lado de Priya novamente. David e Harry se sentam em nossa frente - os dois com a pose arrogante de sempre.

— Chegou ao nosso conhecimento o fato de que vocês estão pedindo uma quantia absurda ao meu cliente.

— É uma quantia justa pelas perdas e transtornos que a empresa do Senhor Salvatore causou — Priya diz, em um tom sério.

— Nós despedimos o engenheiro responsável no segundo que ouvimos sobre isso — David diz, tomando um gole do copo de água em sua frente. — E estamos dispostos a pagar, sim. Mas não esse tanto de dinheiro.

Rolo os olhos, me intrometendo:

— Seiscentos mil dólares não é nada pra você. Sua empresa fatura isso a cada minuto, se duvidar...

— Sim, mas gosto de evitar jogar dinheiro fora sempre que possível. É assim que você continua rico. E, a indenização de seiscentos mil, mais os cento e cinquenta desviados… isso vai dar quase oitocentos.

— Quanto você está disposto a pagar? — ela pergunta.

— Duzentos… serão trezentos e cinquenta mil dólares no total. É mais do que suficiente.

Priya dá uma gargalhada baixa, balançando a cabeça.

— Não. Nós queremos os seiscentos.

— É o melhor que vocês vão conseguir aqui — Harry diz, se inclinando sobre a mesa. — E se não aceitarem, não vamos hesitar em abrir um processo.

Meu pai me ensinou a jogar pôquer quando eu tinha treze anos. Nós apostávamos coisas pequenas como: quem ganhar escolhe o filme ou o jantar. Quando fiquei boa o suficiente, passamos a jogar dinheiro de verdade - para o desgosto da minha mãe. Isso significa que eu sei quando ele está blefando. Como agora: se inclinando sobre a mesa, trincando o maxilar e comprimindo os lábios. Harry mente muito bem e esse seu olhar assassino poderia enganar qualquer um aqui dentro, mas não a mim.

— Vocês nunca vão abrir um processo nesse caso — digo, sustentando seu olhar.

Ele se encosta, cruzando os braços sobre o peito. Faço sinal para Kyle e ele se levanta, entregando uma folha que imprimimos mais cedo para cada um na mesa.

— Essas são as ações da Salvatore nas últimas vinte e quatro horas... — eles olham para o gráfico de linhas que sobem a cada hora. — Com certeza, enquanto nós estamos aqui, os investimentos aumentaram ainda mais.

David olha para o meu pai, arqueando a sobrancelha e Harry fica mais sério.

— Isso não é relevante para o caso... — Nathaniel dispara. Eu o ignoro.

— No momento em que abrirmos um processo, o caso inteiro vai a público e quase todos os investidores da Salvatore vão dar pra trás. Ninguém vai querer colocar seu dinheiro em uma empresa acusada de desvio...

— E nada impede nosso cliente de dar algumas entrevistas — Priya acrescenta, em uma voz dramática — dizendo o quão covarde é roubar de um projeto que constrói casas para pessoas carentes...

— Em algumas horas essas ações vão despencar e você, Senhor Salvatore, vai perder bem mais do que seiscentos mil dólares. Sua única alternativa é um acordo silencioso — digo, lançando um olhar desafiador para os dois.

— Como você pode ter tanta certeza disso? — Harry pergunta, sem perder o ar arrogante.

— Eu não podia... até que o Nathaniel saiu correndo daqui com o rabo entre as pernas e só voltou uma hora depois, trazendo o dono da Salvatore e o rei de São Francisco em pessoa...

Priya não consegue segurar uma risada baixa e eu aperto seu joelho por baixo da mesa.

— Bom... — David diz, ladeando um sorriso. — Onde eu assino?

Meu pai me fuzila com o olhar enquanto Priya indica os papéis para o moreno. Ele se levanta, abotoando o paletó e sorri.

— Bom trabalho, todos vocês — Harry vem até o nosso lado e aperta a mão de Kyle - que quase desmaia -, em seguida a minha.

— Você achou mesmo que conseguiria me enganar? — sussurro.

— Me lembra de nunca mais te subestimar, boneca.

— Nossos planos de ver The Irishman na netflix ainda estão de pé? Quer dizer... eu acabei de ganhar de você. Entendo se precisar de um tempo sozinho...

Ele rola os olhos, segurando um sorriso.

— Te vejo amanhã. Dessa vez a comida está por sua conta. Preciso de um prêmio de consolação, pelo menos…

Harry acena com a cabeça para Priya antes de sair. Nathaniel vai atrás, sem dizer nada, com uma cara azeda. Droga. Eu deveria ter tirado uma foto dele. Castiel ia adorar.

— O dinheiro vai estar na conta do seu cliente em algumas horas.

— Muito obrigada, Senhor Salvatore.

David caminha em minha direção e estende o braço, me pegando pela mão.

— Já volto — digo para Priya. Ela assente, sorrindo.

Nós vamos até a sala de café e ele se encosta na pia, me olhando.

— Eu teria fechado por setecentos — diz, me dando uma cotovelada de leve.

— E nós teríamos aceitado os duzentos.

Sua risada me contagia e eu o abraço, sentindo sua mão acariciando meu ombro. Ficamos assim por um tempo, em silêncio, até nos afastarmos e David dizer que tem uma reunião em alguns minutos. Fico na ponta dos pés, beijando seu rosto.

— É sempre um prazer, Senhor Salvatore — sussurro, fazendo-o dar seu sorriso pervertido de sempre. Ele beija minha testa e se vira, caminhando para o elevador.

Encontro Priya e Kyle no corredor e nós vamos para a saída. Estamos nos segurando para não dar um grito bem aqui no meio da empresa - o que fazemos no momento em que chegamos na calçada. Os três gritando e pulando, com várias pessoas no olhando como se fôssemos aberrações.

Voltamos para o escritório e Priya dá a notícia à Billy por telefone - ela coloca no viva voz enquanto ele tem um pequeno surto, quase morrendo de felicidade.‌ Na verdade ele não precisava de todo esse dinheiro extra, mas decidiu dividir a quantia entre os moradores, comprando móveis, roupas, remédios, comida… algumas famílias tem muitos filhos e realmente necessitam de uma ajuda extra.

Passamos o resto do dia trabalhando em alguns casos menores, até o horário de ir embora.

Leah traz uma garrafa de champanhe com quatro taças de cristal para comemorarmos a vitória e nós ficamos algumas horas a mais ali, conversando, sentados em cima da mesa.

— Você gosta de uma boa briga — Priya me diz, enquanto olhamos para a vista da cidade escurecendo lá fora. — E eu preciso de alguém que goste de brigar.

Me viro para ela, sorrindo.

— Isso significa que eu estou oficialmente dentro?

Ela assente e me puxa pela mão até uma porta no fundo da sala de reunião. Me entrega a chave e eu destranco, encontrando uma sala espaçosa - apesar de estar lotada de caixas com papéis. Tem uma janela enorme na lateral, onde está encostado um sofá vermelho bem novo. A mesa de madeira ocupa quase a parede inteira do fundo.

— É toda sua — ela sussurra, antes de se afastar.

Eu ando pelo lugar, desviando das caixas espalhadas, sem conseguir tirar o sorriso enorme estampado em meu rosto. Leah entra atrás de mim e dá um tapinha em minhas costas.

— Bem-vinda ao time, princesa — diz. E pela primeira vez consigo perceber seu sorriso sincero, sem o tom hostil de sempre.

— Obrigada, Leah.

 

Os três vão embora às seis da tarde e eu fico mais um pouco, para arrumar minha nova sala. Priya disse que eu poderia guardar todas as caixas para um quartinho que fica ao lado do elevador, então começo com isso. O pó espalhado deixa meu nariz vermelho e eu espirro umas quinze vezes ao levar só cinco caixas. Isso vai demorar pra sempre...

Estou empilhando algumas folhas soltas, quando escuto as grades de ferro do elevador se abrindo ruidosamente. Me levanto depressa e vou correndo para o corredor... talvez alguém deixou alguma coisa e voltou para pegar.

Quando saio da sala de reuniões encontro uma garotinha parada bem no meio, olhando ao redor. Seus cabelos longos e cacheados são um castanho avermelhado, quase cobre. Ela está vestindo uma camiseta amarela muito grande para o corpo tão pequeno; uma calça preta e um par de chinelos encardidos.

Nossos olhares se encontram e ela abre um sorriso caloroso, que faz seus olhos gigantes e escuros aumentarem. Me aproximo e ajoelho em sua frente - seu rosto coberto por sardas é delicado e redondo. Ela deve ter no máximo uns oito anos...

— Você é advogada? — ela pergunta, arrumando a mochila exageradamente grande em suas costas.

— Eu... hã... sim. Eu sou.

— Bom. Eu preciso de uma advogada. — Sua firmeza ao dizer isso me faz sorrir. — Qual o seu nome? O meu é Amélie.

— Sophie. É um prazer te conhecer, Amélie — digo, em uma voz suave.

— Você pode me chamar de Amy.

— Tudo bem, Amy. Como eu posso te ajudar?

— O meu pai... ele faz coisas ruins.

 

 

 

“So I want to say thank you

Cause it makes me that much stronger

Makes me work a little bit harder

It makes me that much wiser

So thanks for making me a fighter.“

Fighter - CHRISTINA AGUILERA



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...