1. Spirit Fanfics >
  2. Ghost >
  3. Capítulo Único: Haunted

História Ghost - Capítulo Único: Haunted


Escrita por: mrvottomproject e Aashnni

Notas do Autor


Quero agradecer a capista ( @baekpkive ), a beta ( @staerhyung ), a Valery ( @Vluzz ) e a Ari ( @magicsvante ) por tornar essa fanfic possível de existir.
A Valery me ajudou no plot de uma forma absurda. Eu não tinha ideia de como começar e ela foi a minha luz no fim do túnel.
A Ari me deu puxões de orelha e que tem me ajudado desde que me juntei ao projeto e essa sinopse maravilhosa foi ela quem escreveu.
Agradeço a capista ( @baekpkive ) por esse designer maravilhoso e muito lindo. Tô boiola até agora por ela.
E a beta ( @staerhyung ) por ter feito uma correção divina.

Capítulo 1 - Capítulo Único: Haunted


Sentiu a brisa contra os seus cabelos enquanto observava as grandes janelas da mansão e passava seus longos dedos pela cauda do piano naquela sala. Estava se sentindo leve e em casa. O local se mantinha bem conservado, a decoração e a estrutura da casa remetia bem à cultura coreana tradicional, mas detinha um toque moderno devido às reformas que passara nos últimos anos, o que o fez constatar que a casa era perfeita para si. 

 

Só queria um descanso e se esquecer dos traumas adquiridos no exército. Foi um dos médicos na linha de frente na guerra entre a Coréia do Sul e a Coréia do Norte. Observou de perto a crueldade humana e aonde a ganância levava as pessoas. E, desde a última batalha entre os países, soube que todo herói paga um preço muito alto para estar em tal posição. 

 

Só precisava de uma visita para ter certeza absoluta de que queria morar ali.

 

— Negócio fechado! — Taehyung afirmou com entusiasmo.

 

Agora precisava apenas organizar a sua mudança e cuidar da sua saúde mental.

 

[...]

 

Observava a mulher na TV narrando os movimentos do exército naquele momento e apenas desligou, não estava com paciência para ouvir sobre a guerra. Tudo que desejava era que seu marido estivesse vivo, mas tinha que superar o seu passado. Namjoon fora morto e Taehyung precisava ficar bem. Lembrar-se dele e dos planos que tinham juntos somente o afundaram ainda mais em sua depressão. 

 

Ele realizou um dos planos que tinham como casal: comprar uma casa em Daegu para  terem uma vida calma, pois não haviam nascido para a agitação de Seul tão pouco para servirem ao exército e carregaram o título de heróis da nação. Mas a segunda guerra entre as duas Coréias veio e não puderam realizar os seus sonhos de terem sua casa em Daegu e nem mesmo de enchê-la de filhos. 

 

Eles enfrentaram problemas em sua primeira tentativa de adoção. O juiz negou o pedido com uma justificativa sem pé e nem cabeça. No fundo sabiam que as chances de conseguirem adotar na Coréia eram mínimas, por mais que o casamento tenha se tornado legal, o preconceito ainda era presente e um casal gay ainda era visto de forma negativa.

 

Mas agora se concentrava em terminar de arrumar sua mala para ir para o museu nacional. O único local em que ainda tinha alguma lembrança de Namjoon antes de perdê-lo para sempre.

 

Seu marido foi roubado de si há 5 anos e, junto com Namjoon, levaram a sua felicidade e os seus sonhos. Viu seu marido ser morto na sua frente a sangue frio, fizeram-no gritar por piedade e rezar até não poder fazer nada além de chorar e pedir para pararem, mas tudo acabou ao escutar o barulho do tiro contra a cabeça do seu esposo. O que seu pai falou ao voltar do exército, nunca fez tanto sentido:

 

Em toda guerra, soldados perdem algo importante para eles. E, às vezes, nunca mais se recuperam do estrago causado.

 

O seu pai tinha razão: soldados perderam suas famílias e amores. E, no final de toda aquela merda, assistiu a homenagem que prestaram ao seu marido no museu nacional mais uma vez e suspirou, sabendo que aquela seria a última vez. Sentia falta do otimismo de Namjoon. Naquele momento, observava a foto do marido no painel com todas as informações dele. Respirou fundo e despediu-se com um último "eu te amo". 

 

Aquele painel no museu nacional era uma das únicas lembranças que tinha de Namjoon, pois o local em que Namjoon fora morto havia sido encendiado com o corpo dele dentro. Não tinha mais lágrimas para chorar e, sinceramente, estava se sentindo um lixo. Taehyung puxou a mala que carregava em direção a saída do museu e entrou no táxi que o esperava. Dessa vez não perderia o voo ou desistiria de sair de Seul, manteria-se firme em sua crença de que conseguiria se recuperar daquele luto que o levou a três tentativas de suicídio —  sempre fora salvo por algum amigo que o visitava em sua antiga casa.

 

Estava indo morar em Daegu como havia planejado com Namjoon alguns anos atrás, mas agora sozinho. Taehyung queria se recuperar do estrago causado pela perda do marido e queria dar continuidade às tentativas de adoção. Estava feliz por voltar para a cidade onde nasceu. Por mais que existissem lendas sobre a mansão que comprou que o assombraram durante a infância e parte da adolescência, não ligava mais para aquelas histórias. Acreditava que tudo tem uma explicação lógica e que fantasmas e coisas sobrenaturais não existem.

 

[...]

 

— Você sente muita falta dele, não é? — Seokjin se arrependeu de ter perguntado ao ver Taehyung ficar desconfortável ao tocar no assunto, e decidiu falar sobre outra coisa. — Não sente medo de morar na casa da família Jeon? Aqui é bem assustador para ser sincero...

 

— Eu não acredito mais em lendas. Sabe muito bem que penso que toda essa história foi criada para não haver nenhum ato vândalo contra a casa, já que lugares como esse seria alvo de moradores de rua e usuários de drogas — Taehyung disse, enquanto terminava de abrir uma das caixas.

 

— Mudando de assunto, eu fico feliz que tenha voltado para cá para fazer tratamento psicológico e continuar as tentativas de adoção. Eu espero que consiga, você vai ser um excelente pai. — Escutou Seokjin falar de forma feliz, o que o fez sorrir.

 

A verdade era que se mudou para cuidar do próprio psicológico, pois em Seul as lembranças da guerra o atormentavam e sempre se culpava por não ter salvo Namjoon. Queria que Namjoon estivesse ali para o apoiar e para não precisar passar por entrevistas com a assistente social sozinho. Caso não desse certo, poder ser confortado pelo marido, como costuma ser quando ele estava vivo. Por isso, precisava focar no tratamento psicológico, pois isso seria algo decisivo para lhe darem a guarda dos gêmeos, que entrou com o pedido para adoção — eram dois recém-nascidos.

 

Abriu mais uma caixa, escutando Seokjin comentar novamente sobre as lendas da casa Jeon. Não era como se tivesse medo de algo assim, afinal vivenciou o inferno na terra, não tinha como sentir medo de uma assombração, já que nem mesmo existem. Suspirou e passou os dedos entre os próprios cabelos, assustando-se levemente ao escutar o mesmo barulho da noite anterior provindo do porão.

 

— Quer vir comigo? — Taehyung perguntou com a voz baixa.

 

— Eu vou junto, porque sei que se estivermos separados podem nos pegar com maior facilidade. 

 

Apenas riu, por mais que Seokjin parecesse uma pessoa corajosa, era umas das mais medrosas que Taehyung já conheceu — só perdia para o marido dele, Hoseok.

 

— Você fala do Hobi, mas é tão medroso quanto ele — Taehyung disse. Ele escutou Seokjin resmungar ao que desceram as escadas, enquanto iluminava o caminho com sua lanterna.

 

Não havia nada ali além dos móveis antigos que não poderiam ser descartados, já que alguns possuíam valor histórico e cultural. Afinal era uma casa do século XV, em um modelo tradicional que foi passada de geração em geração, consolidando assim o legado da família Jeon na história de Daegu. 

 

Taehyung se interessou pela caixa com os diários do último membro da linhagem Jeon. Ele pegou o pingente que havia dentro da caixa em mãos e mostrou a Seokjin a imagem de um jovem com cabelos escuros e um sorriso de coelho. Ele era fofo e muito atraente aos seus olhos.

 

— Uma pena ter morrido... ele era lindo e um puta de um gostoso — Seokjin disse com a voz carregada de malícia.

 

— Você é tão tarado, Jin. Se o Hoseok ouvisse isso, iria ficar decepcionado com você. — Ambos riram e Taehyung levou consigo o pequeno baú com os diários de Jeon Jungkook.

 

Mal sabia ele que, durante essa aventura no porão, o fantasma de Jeon Jungkook os observava e nem que se tornaria a distração dele. 

 

Isso vai ser divertido!  — Jungkook sorriu, pois aquela seria a sua primeira vez, em 50 anos tediosos, a se divertir atormentando um novo morador. Faria-o engolir todas as suas certezas sobre fantasmas e o mundo sobrenatural.

 

[...]

 

Já havia arrumado todos os móveis em seus devidos lugares e feito outra faxina naquela casa. Agora se mantinha deitado na cama com as pernas para cima, enquanto lia o diário e concluía que tinha muito em comum com Jungkook, o último herdeiro de sangue daquela mansão, que morreu 50 anos atrás.

 

Jungkook era um sonhador com uma paixão tão intensa que as pessoas viam isso em seus olhos. Ele detestava como todos o tratavam como um Deus naquele lugar apenas por carregar o sobrenome Jeon. Muitos viam aquilo como uma benção, mas Jungkook enxergava como uma maldição. Não somente por as pessoas o tratarem como uma divindade, mas também por se sentir pressionado a atender às expectativas que depositavam sobre ele. Taehyung entendia Jungkook, mesmo não tendo passado por um terço do que ele passou, entendia os sentimentos dele. 

 

Todas as vezes em que Taehyung fora humilhado por seu pai, apenas por achá-lo afeminado, a vez em que seu pai o levou a um bordel e tentou fazê-lo transar com uma  prostituta justificando: "Se torne um homem! Ninguém vai respeitar uma bicha igual a você!"... Todas essas memórias passaram pela sua cabeça enquanto lia os diários de Jungkook.

 

Lembrou-se de quando entrou no quarto e esperou seu corpo ser violado, mas recebeu compreensão daquela mulher, algo que nunca recebeu do próprio pai. Fingiram que haviam consumado o ato e Taehyung se tornou amigo dela. 

 

Para Taehyung, Nayeon não era uma simples prostituta, era sua amiga e confidente. Naquela noite havia chorado feito uma criança no colo de Nayeon. Ao saírem do quarto, ela elogiou a falsa "performance" dele, e seu pai sorriu para si, de forma orgulhosa e aliviada, ao ter a "confirmação" de que seu filho não era gay. 

 

Taehyung resmungou ao escutar os objetos caírem no chão mais uma vez, tirando-o de seus pensamentos. Não importava quantas vezes arrumasse as coisas em alguma posição que achasse impossível de cair. Sempre acordava com o som dos objetos indo ao chão. Suspirou e se levantou, colocando os objetos dentro dos armários antes de ir se sentar na sala para observar a primeira neve cair, constatando que não se sentia mais tão preso ao seu passado. Em parte se culpava por estar "superando" a morte do marido, mas sua consciência e coração se sentiam aliviados. 

 

[...]

 

Jimin se arrependia todas as manhãs por beber demais e acordar com uma puta ressaca e uma dor de cabeça insuportável. Ele não era uma pessoa fácil de lidar — era um porre lidar consigo no período da manhã. Nesse momento, agradecia a Deus por não ter sido acordado por nenhuma ligação de alguém exigindo sua presença em algum local mal-assombrado, pois a notícia de que Taehyung havia voltado para Daegu assombrou o seu seu coração com um misto de culpa e esperança. Sabia que era impossível conseguir o perdão dele e que, por culpa da sua imaturidade e egoísmo, havia perdido o seu grande amor para sempre.

 

Mesmo que fosse uma paixão adolescente — como seus pais falavam depois de um término não muito amigável —, a notícia do inferno que Taehyung passou no exército e da perda do marido, faziam Jimin pensar se o seu garoto de sorriso quadrado ainda acreditava em um mundo melhor. 

 

Taehyung era ressentido e rancoroso demais. Jimin experimentou do seu desprezo durante todos esses anos. Enviara cartas pedindo perdão pela sua traição — sim, havia sido um filho da puta e sabia disso —, mas nunca obteve o perdão que procurava. Apesar disso, ainda restava um ponta de esperança em seu coração ao saber que ele havia se mudado para mansão mal-assombrada da família Jeon.

 

Retirou o restante de suas roupas e se enfiou no chuveiro, sentindo a água quente em contato com o seu corpo nu, enquanto encostava a cabeça no vidro do box e tentava a todo custo esquecer de toda a tragédia que a sua vida se tornou. 

 

Desde criança foi treinado para ser um caça fantasmas de sucesso. O sobrenome Park era conhecido dentro da comunidade sobrenatural e pseudocientífica, na qual muitas vezes era visto como um Deus por alguns e como um charlatão que se aproveita da fé das pessoas por outros. No fundo, nunca ligou para tais acusações pois sabia bem que era o grande orgulho de seus pais e avós. 

 

Não podia os decepcionar, por isso a cada caso que caía em suas mãos se esforçava ao máximo para manter a sua taxa de 100% de sucesso.

 

Respirou fundo, terminou de tirar a espuma do corpo, enrolou-se na toalha e encarou no espelho a expressão cansada em seu rosto e as olheiras embaixo de seus olhos, passando uma fina camada de maquiagem ali e ajeitando os fios tingidos de cinza. Queria estar apresentável naquela manhã, pois iria almoçar com seus pais e depois passar em uma livraria para tentar se distrair de toda a merda que precisava viver. 

 

Sinceramente, no fundo, não acreditava que iria ser feliz. A sua única válvula de escape era o álcool e o sexo casual. Muitas vezes, saía para transar com algum dos homens que encontrava nos bares voltados ao público gay daquela cidade — onde muitos dos homens que torciam o nariz para os gays assumidos iam para trair suas esposas e ficar as escondidas com quem eles tanto falavam mal. Queria apenas mandar todos eles a merda, mas precisava do dinheiro e da confiança desses homens.

 

[...]

 

— Como foi o seu dia? — Seokjin perguntou enquanto bebia cerveja. Sabia que algo tinha acontecido com Taehyung, mas ainda estava confuso pelas lembranças da noite passada.

 

— Bom, eu posso ou não ter conhecido um fantasma — Taehyung respondeu e escutou Seokjin rir em resposta, mas logo a expressão divertida dele se tornou séria.

 

— O que aconteceu? — Seokjin perguntou, deixando a garrafa sobre a mesa de centro na sala e se aproximando.

 

Suspirou cansado, tomando o restante do conteúdo da garrafa do outro, e começou a compartilhar as suas lembranças com Seokjin.

 

"Sentia-se observado. Uma sensação de medo preenchia o seu interior a cada noite mal dormida e a cada vez que os barulhos se tornavam mais intensos. Na última noite, jurou ter visto Jungkook em seu quarto, encarando-lhe com uma expressão assustadora. 

 

Respirou fundo e terminou de lavar a louça do jantar, já estava escurecendo e a mesma sensação de medo voltava a apossar o seu ser. O som do relógio e o silêncio que antes era sinal de sua paz, agora era o que mais o apavora. Sentiu um arrepio percorrer a sua espinha e a mesma risada da noite anterior soar em tom baixo aos seus ouvidos, enquanto apertava com força a panela em suas mãos.  

 

O susto foi maior ao ver o jovem homem de cabelos castanhos sorrindo, enquanto se aproximava de si a passos lentos. Quase gritou, mas estava em choque demais para tal. Não conseguia nem ao menos raciocinar o que estava acontecendo e o medo era cada vez mais presente. Tudo piorou ao sentir a mão gélida em contato com o seu rosto junto do sorriso de coelho que admirou enquanto bisbilhotava os quadros e a biblioteca da mansão.

 

Era tão real. Sentiu o toque dele em seu rosto e o escutou rir — a mesma risada dos últimos meses. Taehyung adquiriu o hábito de rezar e de ler sobre fantasmas e espíritos obsessores. A imagem de Jungkook o faria  pensar que ele era até mesmo um anjo, mas anjos não iriam tirar a sua paz e o permitiriam dormir tranquilo durante esses meses.

 

— Eu sou Jeon Jungkook, o último herdeiro de sangue dessa mansão. Se divertiu muito lendo os meus diários, não?! 

 

A voz dele era suave, mas ainda lhe causava arrepios. Taehyung observou ele rir. Não sabia o que falar, ainda estava em estado de choque e rezava para estar tendo alucinações. Seria mais fácil de explicar uma alucinação do que acreditar que havia um fantasma morando consigo.

 

— Eu não irei te matar. Você tem sido a minha distração nos últimos meses. A minha primeira distração em 50 anos. Eu consigo me divertir, mesmo que isso tire o seu sono durante a madrugada.

 

— Sinceramente, eu te odeio. — Taehyung afirmou antes de escutá-lo rir e desaparecer da sua frente."

 

— Eu não me lembro de muito depois disso... eu sei que conversamos um pouco e que eu aceitei ser amigo dele, mas eu rezo para ser uma alucinação. É assustador saber que eu supostamente divido a casa com um fantasma. — Taehyung apenas riu sem graça, sentiu o mesmo arrepio da última noite e escutou a voz do Jeon ao seus ouvidos.

 

— Eu não sou uma alucinação! Eu até ficaria magoado com isso, mas você é o tipo lógico. Eu também era... — Jungkook sorriu e se aproximou de Seokjin. 

 

Taehyung ficou em choque com a aparição do fantasma, observando-o com uma expressão incrédula.

 

Seokjin não sabia o que falar e, para ser sincero, nem o próprio Taehyung sabia o que falar em uma situação dessas. Então observava tudo em silêncio, pensando o que seria de sua vida dali para frente. Agora, dividia a casa com um fantasma e tinha que lidar com as crises dele.

 

Mal sabia que teria um longo e desgastante caminho para encontrar a sua amada paz e superar o seu passado. Naquele momento, só queria beber e fingir que toda essa merda não era real. Mas a verdade era que não podia mais fugir de Jungkook e nem mesmo tentava procurar uma explicação lógica para a existência dele.

 

[...]

 

Mais uma vez chamava aquele padre para tentar expulsar a alma de Jungkook dali e observava o fantasma rir de sua expressão, enquanto se mantinha sentado no piano, encarando-lhe com a mesma expressão de desafio da última vez. Jungkook desaparecia durante semanas e depois voltava para lhe perturbar e lhe tirar o sono. Estava cansado disso, precisava fugir dos seus pensamentos e dos fantasmas que assolavam a sua mente.

 

Depois que se arrumou, foi em direção a biblioteca central de Daegu. Iria beber chocolate quente com Seokjin como fazia na adolescência e falar sobre os diários de Jungkook — já que ele odiava quando falavam sobre a vida dele na presença dele. Entrou na biblioteca e sentou-se próximo à janela, observando a neve cair. Era inverno e as pessoas estavam se preparando para algum festival que Taehyung não fazia questão de saber qual era. 

 

A verdade era que no início de sua amizade com o Jeon, tudo era um mar de rosas e conhecia apenas o lado poético e apaixonado dele, mas depois ele se transformou em um adolescente birrento. 

 

— Tudo bem? Você não está com uma cara muito boa, me parece cansado... — Seokjin disse. 

 

Taehyung o observou se sentar em sua frente e finalmente pode pedir os seus amados donuts com chocolate quente.

 

— Eu estou bem, mas aquele filho de uma puta voltou a me perturbar fazendo barulho à noite — Taehyung respondeu.

 

— Você devia entrar em consenso com o fantasma ou chamar o Jimin. Ele ajudou a desvendar o mistério daquelas ruínas no meio da floresta. — Seokjin falou e Taehyung revirou os olhos.

 

Sinceramente, não queria ouvir aquele nome tão cedo. Jimin foi o seu primeiro amor e o seu primeiro homem. Só queria esquecer que um dia o amou e que às vezes seu coração lhe traía ao vê-lo em algum talk-show sobre exorcismo, caça fantasmas e rituais satânicos. Além disso, não tinha mais tempo para uma paixão adolescente nem para ressentimentos que já deveria ter superado.

 

Queria voltar a ser o mesmo Taehyung que morava em Seul, que era totalmente cético e acreditava somente na razão. Mas a mudança para a casa assombrada e a lenda que a rodeava o fazia se sentir assustado demais para conseguir ser racional. Chegou até mesmo a rezar de joelhos e fazer promessas para qualquer divindade existente.

 

— Como se entra em consenso com um fantasma feito o Jungkook? Que faz da minha vida um verdadeiro inferno?! — Taehyung retrucou.

 

Era uma pergunta que ninguém saberia responder. Adoraria encontrar uma resposta para tal, mas seus pensamentos estavam uma bagunça e, do fundo do seu coração, gostaria de mandar Jungkook para o inferno —  por mais que gostasse de ouvir a risada do fantasma pelos corredores da casa odiava quando ele atravessava o seu corpo para lhe irritar, o que ele sempre conseguia com êxito afinal não tinha nada que Jungkook não conseguisse fazer.

 

— Eu realmente não sei como ajudar… — Seokjin murmurou.

 

Na realidade, Seokjin sabia como ajudar Taehyung, mesmo que isso levasse o amigo a ignorá-lo por meses. Conhecia a personalidade orgulhosa dele e não o culpava por sentir raiva de Jimin — sentiria o mesmo se estivesse no lugar de Taehyung.

 

[...]

 

Taehyung foi acordado naquela manhã por Jungkook atravessando o seu corpo e lhe provocando arrepios. Só queria que o fantasma ficasse em sua forma física para poder socá-lo com toda a sua raiva e descontar todo o ódio que tem sentia por ele, mas sabia bem que Jungkook não iria fazê-lo e respirou fundo, obrigando-se a sair debaixo das grossas cobertas. Sentindo frio, Taehyung se arrastou para o banheiro. Por mais que o seu dia tenha começado de forma ruim, iria tentar melhorar.

 

Passou bons minutos se depilando e lavando os cabelos. Fazia tempos que não cuidava de sua aparência e estava relativamente feliz ao sair do banho. Ele passou o hidratante com cheiro de morangos, que Namjoon tanto gostava de sentir em sua pele, e sorriu ao se lembrar dos dias de felicidade que teve ao lado do falecido marido. Mas em seguida Jimin veio aos seus pensamentos, provocando um misto de sensações ruins e boas, sobre as quais  predominava a mágoa e a decepção. Apesar de ter saído de Daegu e "superado" Jimin, ainda o amava, só não queria admitir. 

 

Escutar o nome dele nas vezes que o via na TV fazia seu coração bater mais rápido, mesmo que sentisse culpa por ainda nutrir sentimentos por Jimin.

 

— Você ainda o ama... — Jungkook disse, o sorriso de coelho do fantasma o encantava.

 

— Não, eu não amo — Taehyung negou, queria se convencer daquilo, mas a verdade era que ainda desejava Jimin.

 

— Ama sim, eu sinto isso. Você estava pensando nele... me diz o que ele te fez pra você se sentir tão magoado e decepcionado? — Jungkook perguntou. 

 

Taehyung odiava do fundo do seu coração a habilidade de Jungkook de sentir tudo o que sentia e desvendar os mistérios de sua mente.

 

— Ele me traiu — Taehyung confessou e observou a expressão surpresa de Jungkook.

 

— E-eu sinto muito... — Jungkook gaguejou. 

 

Taehyung apenas riu da expressão preocupada de Jungkook. Era impossível não sentir mágoa e nem raiva de Jimin.

 

— No final, ele nunca me mereceu e, sinceramente, eu espero nunca mais vê-lo — Taehyung falou. 

 

— Pode me contar como foi? Claro, se não for te causar mais desconforto ou te deixar mais magoado... — ele perguntou. 

 

Taehyung se deitou no sofá, com a cabeça apoiada no colo de Jungkook.

 

— Meu relacionamento com o Jimin foi um total clichê do ensino médio. Ele era um dos mais promissores do clube de teatro e eu era apenas o excluído do clube de ciências. Eu era apaixonado por ele, e ele... bem... ele se envolvia com quem achava atraente o suficiente para ter uma noite. Nos conhecemos em uma das festas que o Hoseok dava escondido da mãe dele quando ela viajava a trabalho. Naquela noite, nós nos beijamos. Ele me deu o meu primeiro beijo e aquilo me encheu de esperanças... 

 

Taehyung riu ao se lembrar de quase ter desmaiado nos braços de Jimin, mas estava feliz e teve a ousadia de deixar um chupão no pescoço dele. Então, continuou:

 

— No início, eu o evitei e deixei de ir nas apresentações dele, porém fui surpreendido ao senti-lo me agarrar no banheiro e nos beijamos dentro de uma das cabines. Depois disso, nos aproximamos e com o tempo passamos a namorar às escondidas. No meu aniversário de 17 anos, eu tive a minha primeira vez com Jimin e foi um dos melhores momentos da minha vida. Eu me senti amado naquela noite. Eu me senti especial e era como se eu pertencesse a alguém, sabe? Eu me senti seguro porque eu o amava... 

 

Taehyung se lembrou de quando tudo era bom e viviam em seu próprio mundo no início do relacionamento. Perguntava-se até hoje se Jimin o amou de verdade e se ele realmente era o único na vida dele, mas duvidava muito disso, principalmente devido aos sinais de infidelidade que ignorou naquela época e as vezes em que os amigos de Jimin faziam piadas sobre traição com ele. 

 

— Mas como tudo não é apenas felicidade, eu comecei a trabalhar em uma livraria em meio período para conseguir pagar as parcelas do meu apartamento, porque meu pai se negava a ter um filho gay e deixou o restante por minha conta. Eu já estava cansado de viver em uma mentira, fingindo ser alguém que eu não sou. No início, o Jimin me visitava com frequência nas minhas folgas, mas depois começou a aparecer uma vez na vida e outra na morte. Ele passou a evitar me beijar em público também. 

 

“Eu estava cansado demais para analisar toda a situação do nosso relacionamento e perceber que havia algo errado. Eu sempre tentei ser presente na vida dele, mesmo com os meus problemas com meu pai e financeiro, fora a cobrança da faculdade e afins... 

 

“Um dia eu tive a brilhante ideia de aparecer de surpresa na casa dele, pois um dos nossos amigos me disse que ele estava doente. Então eu queria cuidar dele, o mínimo que fosse, mas eu queria. Eu comprei remédios para gripe e ingredientes para fazer a sopa de frango que ele tanto gostava de comer, mas quando eu entrei na casa dele a mãe do Jimin ficou envergonhada. Eu subi direto para o quarto dele e o encontrei entre as pernas do garoto que vivia dando em cima do Jimin, e que ele jurava que eu era um louco possessivo por não gostar do garoto. Ele nem mesmo se desculpou comigo ou algo do tipo. Jimin estragou o nosso relacionamento de um ano por uma casinho. Foi um livramento, ele nunca me amou, porque quem ama não trai”.

 

Taehyung riu, sem humor, observando o fantasma com uma certa expressão de culpa, e se ajeitou melhor no sofá.

 

— E essa foi a minha patética história sobre o meu primeiro amor — ele declarou por fim. Aquela experiência ainda o machucava e doía pra caralho.

 

— Eu sei que machuca... consigo sentir a sua mágoa e até mesmo ler os seus pensamentos — Jungkook disse. 

 

Taehyung ficou em silêncio e se levantou do sofá.

 

— Você é intrometido, eu devia te mandar pro inferno, mas eu gosto de quando não fica enchendo o saco e me deixa dormir em paz. Você é uma boa pessoa, Jungkook, mas se culpa por algo que nunca foi sua responsabilidade. 

 

[...]

 

Passou a tarde no ateliê pintando enquanto escutava Jungkook cantarolar uma das músicas que tocavam em seu celular. O fantasma era ligado à arte de uma forma bem clara. Jungkook em sua forma material adorava pintar e era capaz de dar uma aula de técnicas e criatividade. Ele não era um homem sem escrúpulos, era apenas um garoto que morreu cedo demais e que nem ao menos teve o seu final feliz ao lado daquele que amava. 

 

No final da história de Jungkook, Yoongi foi afastado dele e obrigado a se mudar para outra cidade, onde se casou com uma mulher sem caráter, que espalhou fofocas sobre a orientação sexual do marido, que foi enforcado em praça pública por conta disso. E Jungkook... bem... ele se matou, pois não acreditava em um futuro sem Yoongi. Ambos viveram um romance trágico e nunca puderam ficar juntos. 

 

Taehyung entendia os sentimentos de Jungkook. Ele próprio tentou o suicídio em momentos de desespero após a morte de Namjoon. Muitas vezes, perguntava-se qual era o motivo para ainda estar vivo e firme. No fundo, ele recusava-se a ser uma estatística de suicídio antes dos 27 anos.

 

— Tem alguém batendo na porta. Vai atender — Jungkook pediu, enquanto trocava a música e colocava em uma do The Weeknd. Ele tornou-se um viciado no cantor por culpa de Taehyung.

 

Taehyung não ligou se estava sujo de tinta, apenas deixou os pincéis para trás e desceu as escadas o mais rápido que podia. Ao abrir a porta, encontrou Seokjin acompanhado de Jimin. Aquela era uma surpresa bem desagradável, pois não queria ver Jimin nunca mais em sua vida. Por isso, franziu a testa, encarando Seokjin com certo ódio.

 

— Você pode entrar. Ele, não — Taehyung afirmou. 

 

Jimin o encarava, parecendo encantado pela sua beleza, mas a mágoa e a raiva ainda estavam presentes no seu coração e predominavam sobre o desejo de beijar Jimin.

 

— Jimin, espera um pouco aqui fora. Vou conversar com ele e daqui alguns minutos você entra — Seokjin demandou.

 

Em resposta, Jimin apenas assentiu e se manteve calado. Não era como se esperasse ser recebido com sorrisos, mas doía saber que magoou tanto Taehyung.

 

Jimin reconhecia que foi um filho da puta com Taehyung. A sua mãe o culpava até hoje por ter o traído. Não havia motivo para justificar o que fez. Taehyung se esforçava para vê-lo em suas folgas, mesmo com os problemas que passava, ele se esforçava e cuidava dele. No início tentou resistir às investidas de Mark, mas quando percebeu já estava envolvido com ele e evitava ver Taehyung, pois se sentia culpado toda vez que o namorado o encarava nos olhos e sorria para si. 

 

Nunca se perdoou por tê-lo machucado dessa forma, mas ainda tinha esperança de conseguir o perdão dele. Precisava de Taehyung em sua vida e, desde que ele fora embora para Seul, afundou-se na bebida.

 

Saiu do transe ao ouvir o melhor amigo do seu amado chamando-o para entrar. Ele não viu Taehyung ali, mas ignorou tal fator. Afinal, iria vê-lo mais vezes de qualquer forma e tomaria cuidado para não pisar em ovos. Mostraria que se arrependeu e que não era mais uma pessoa ruim. Sabia da perda e do luto de Taehyung, até mesmo das tentativas de suicídio dele, mas ainda queria voltar a tê-lo em seus braços e ajudá-lo a se curar dos traumas.

 

— Antes de criar esperança e achar que vai ter a minha ajuda em algo, quero deixar claro que eu não estou tentando juntar vocês dois de novo. Só quero que acalme o espírito de Jungkook para ele não perturbar o Taehyung com frequência e nem machucá-lo. Logo, logo, Taehyung vai adotar os meus afilhados e não quero que nenhum fantasma os machuque — Seokjin disse, enquanto Jimin manteve-se quieto.  

 

Jimin direcionou-se ao porão da casa. Ele tinha uma leve inveja da força de Taehyung e no fundo queria ser o pai dos filhos que ele iria adotar.

 

A presença maior vinha dali, não era apenas um fantasma, mas sim toda a linhagem Jeon, o que o assustou. Ele precisava saber o que tais fantasmas queriam e o que os prendiam ali. Mas sabia que levaria tempo e muitos rituais, que iam além de queimar objetos, para expulsá-los daquele lugar. 

 

Assustou-se quando viu Taehyung interagindo com o mais novo da linhagem, enquanto tinha os cabelos acariciados pelo fantasma. Aquilo o incomodou e o deixou enciumado —  sim, estava com ciúmes, pois infelizmente havia o perdido.

 

Aproximou-se lentamente do local onde seu amado estava e o observou rir de alguma piada do fantasma, enquanto Seokjin apenas os encarava. Aquele fantasma tinha uma áurea boa, diferente dos outros presentes no restante da casa. Observou-o se virar para si sorrindo e em seguida encarar Taehyung, continuando a acariciar os cabelos dele. Jimin percebeu que ele era o tipo que sabe o que as outras pessoas sentem e lê pensamentos.

 

— Boa tarde, Park Jimin, certo? Nunca pensei em conhecer um caça-fantasmas, me chamo Jeon Jungkook, sou o último herdeiro de sangue dessa casa e do legado Jeon — o fantasma apresentou-se. 

 

Jimin riu e apenas observou os três naquela sala o encararem. A proximidade de Jungkook e Taehyung o incomodava. Enciumado, ele observou o fantasma rir de sua expressão e beijar o pescoço de Taehyung, que ficou surpreso, mas permitiu o toque. Ocorreu-lhe que era pra ser ele ali se não tivesse sido tão burro ao ponto de trair a única pessoa que amou.

 

— Com exceção do Jungkook, todos os espíritos daqui são espíritos obsessores. Pelo o que eu estou vendo, Jungkook te protege de ser morto ou machucado pelos outros. Isso é bom, mas por que está protegendo ele? — Jimin o encarou nos olhos e o observou sorrir.

 

— Eu não pude proteger a única pessoa que amei 50 anos atrás. Taehyung é a pessoa que eu preciso proteger agora — Jungkook disse. 

 

A fala dele pegou todos de surpresa, inclusive o próprio Taehyung.

 

[...]

 

Fazia algumas semanas que estava pesquisando o porquê dos fantasmas estarem presos na mansão. À princípio, Jimin achou que seria mais fácil queimar todos os objetos que poderiam manter os espíritos presos ali, mas descobriu que era algo bem mais complicado do que queimar objetos. A segunda hipótese sobre o que poderia estar mantendo o espíritos presos naquela mansão era uma maldição selada com sangue, que apenas uma bruxa de Salém poderia quebrar. 

 

A parte difícil era conseguir contatar uma bruxa. Por sorte, Jimin conhecia a pessoa perfeita para aquela tarefa. Ela possuía um gênio forte e não era de fazer favores — exceto para Jimin, pois fora salva por ele.

 

— Está me dizendo que depois de queimar os objetos, os fantasmas podem acordar e me matar? Já que os objetos eram a principal razão para mantê-los dormindo? — Taehyung indagou. — Quanto tempo eu tenho até eles acordarem e me matarem? — ele suspirou, encarando-o.

 

— Eles não vão acordar e você não vai morrer, porque você tem a mim e ao Jungkook — Jimin garantiu. 

 

Taehyung riu do final e apenas bebeu um pouco da água que tinha no copo.

 

— Em Jungkook eu posso confiar. Agora em você... Qual a garantia que tenho de que não vai largar esse caso por alguém que te pague mais, hm? Afinal, você sempre faz isso, não é? Costuma trair as pessoas. — O lado rancoroso de Taehyung veio à tona novamente e ele apenas o observou se levantar.

 

Ficou quieto, não tinha o que falar ou o que fazer. Para Taehyung, Jimin continuaria sendo o mesmo pau no cu que fora anos atrás. Mesmo que tenha se arrependido, sabia muito bem como ele era rancoroso, mas ainda provaria a Taehyung que servia sim para ser dele e que não o trairia de novo. Por outro lado, observava Jungkook rindo da sua desgraça. 

 

Jimin mal sabia que Taehyung queria apenas os seus lábios juntos aos dele. 

 

Taehyung estava ciente de que se arrependeria caso se entregasse a Jimin, por isso mantinha os seus desejos em segredo.

 

— Vocês são tão complicados. Quem sabe eu te ajude, hm? — Jungkook riu e voltou a desaparecer.

 

[...]

 

Taehyung acordou naquela manhã já sabendo que o seu dia não seria bom pelo fato de ter acordado com barulhos na cozinha. Sabendo que era Jungkook ali, Taehyung pensou em voltar a dormir, mas lembrou-se de que teria que receber Jimin em sua casa para procurar algo relacionado a maldição-barra-pacto que prendia a linhagem inteira dos Jeon naquela casa.

 

Respirou fundo, tirou o pijama, andou em direção ao chuveiro e tomou banho, sentindo a água quente relaxar os seus músculos. Ele ficou um bom tempo ali, debaixo do chuveiro, lembrando-se de Namjoon e das vezes que fizeram amor embaixo do chuveiro. Taehyung sorriu, mas logo o sentimento de saudade voltou a preencher o seu peito. Pensar em Namjoon lhe fazia bem, principalmente lembrar-se de quando encaixava os dedos nas covinhas dele e o fazia sorrir somente para admirá-las e beijá-las.

 

Mais tarde, depois que Jimin chegou, encontravam-se na sala observando a planta da casa e vendo por quais locais passariam primeiro, Taehyung estranhou o fato de Jungkook não estar ali para sussurrar aos seus ouvidos, em tom de deboche, as fantasias que Taehyung estava tendo com Jimin. Porém,  sentia a presença do fantasma, talvez estivesse indisposto.

 

— Vamos para a biblioteca, lá tem muitos artefatos e pode haver alguma coisa do nosso interesse — Jimin disse e Taehyung apenas assentiu.

 

Ainda se imaginava puxando os cabelos de Jimin, enquanto ele o fodia em cima da mesa do escritório, mas se obrigou a sair de sua imaginação para se concentrar no que Jimin lhe falava sobre o mundo sobrenatural, as consequências dos pactos e as inúmeras formas de quebrar maldições. Não estava concentrado naquilo, mantinha-se em silêncio, pensando se Jimin ainda era capaz de fazê-lo perder o ar, quando escutou Jungkook rir atrás de si e acompanhá-los a caminho da biblioteca particular.

 

— Apareceu finalmente! — Taehyung exclamou e abraçou Jungkook, sentiu o fantasma agarrá-lo pela cintura e passar a mão por sua bunda, fazendo-o ficar surpreso.

 

Enquanto isso, Jungkook sorria sacana e sentia o ódio e ciúmes de Jimin. Precisava apenas disso para  juntar os dois. Ele sentia o arrependimento de Jimin  todas as vezes em que estavam na presença de Taehyung ou quando citavam o nome dele, mas também sentia o desejo e a paixão que havia entre ambos. Por mais que Taehyung estivesse com raiva e magoado, e que Jimin fosse um pau no cu, acreditava que o ex-casal poderia se reconciliar e voltar a ficar juntos.

 

— Sabe, Jimin, ontem o Taehyung sonhou com você. Ele gemia loucamente, chamando o seu nome enquanto dormia. Você é realmente tão bom assim na cama ou apenas nas fantasias que Taehyung tem com você? — Jungkook perguntou e observou Taehyung ruborizar. Percebeu que Taehyung sentiu ódio de si, com uma mistura de vergonha que o fez  querer sumir dali.

 

Filho da puta! Mil vezes maldito! Jungkook de fato é um pau no cu, desgraçado!, Taehyung o xingou.

 

Eram esses os pensamentos de Taehyung enquanto encarava o fantasma sumir e rir de sua expressão nervosa. Tudo o que fez foi observar a falta de reação de Jimin e ir para o outro lado da biblioteca, evitando contato visual com ele pelo resto do dia. 

 

Eles não encontraram nada além de livros do século passado com uma escrita ultrapassada e um globo de neve na biblioteca. Jimin tentou se aproximar de Taehyung, mas logo foi cortado. Afinal, não esqueceu de quando Jimin o magoou e se sentiria um idiota se o perdoasse tão facilmente.

 

A verdade é que nunca seria capaz de perdoar Jimin pela traição.

 

Jungkook sumiu pelo resto do dia, deixando-o sozinho com sua bagunça de pensamentos. Ainda se lembrava do sorriso de Jimin ao escutar a repentina declaração de Jungkook e queria matar aquele projeto de gasparzinho por ter exposto os seus pensamentos. Mas lembrou que o fantasma já estava morto há décadas. Então apenas se concentrou em comer o seu ramen enquanto assistia um dorama, pensando em como seria beijar Jimin novamente e perguntando-se se os lábios dele tinham gosto de whisky barato ou se ainda tinham o mesmo gosto do gloss labial de cereja que Jimin usava.

 

[...]

 

Ainda estava constrangido por conta do dia anterior, mas notava que Jimin o encarava demais. Taehyung desviava o olhar toda vez que ele tentava o encarar nos olhos. A verdade era que Jungkook tinha razão quando disse que ele tinha sonhado com Jimin. Além disso, nas ocasiões em que se masturbou pensando em Namjoon, a imagem de Jimin sempre substituía a de seu falecido marido. 

 

Taehyung suspirou ao que entraram em um dos escritórios. Jungkook voltou a aparecer e a encarar Taehyung com deboche — o que restava a Taehyung era rezar para o fantasma não falar mais nada sobre suas fantasias com Jimin.

 

— Sabe outro desejo que o Taehyung tem? De ser fodido por você em cima de uma mesa, enquanto você o provoca com apertos, tapas e pressiona os pontos mais sensíveis do corpo dele, que apenas você e o marido dele sabem onde ficam, enquanto puxa os seus cabelos para trás, gemendo o seu nome baixinho só pra você ouvir. Era assim que gostava quando estavam namorando? — Jungkook o expôs mais uma vez. 

 

Jimin, em contrapartida, apenas se manteve estático, observando Taehyung voltar a ficar envergonhado e Jungkook rir antes de sumir.

 

Observou Taehyung fugir mais uma vez dele. Jimin se enchia de esperanças ao saber que Taehyung ainda o desejava e que se lembrava do bom relacionamento que tinham antes de estragar tudo por um alguém que nunca representou nada para si. Sabia que havia o magoado e iria lutar pelo seu perdão, mas não fazia idéia de como começar. Seokjin, a sua única fonte de ajuda, estava viajando e aproveitando as férias com Hoseok. Enquanto Jungkook apenas jogava a merda no ventilador e sumia —  sabia que Jungkook estava apenas provocando Taehyung.

 

Dessa vez, Jimin resolveu ir atrás do fantasma. Procurou-o em cada cômodo do andar debaixo e não o encontrou, então suspirou e se levantou, pegando as suas coisas e saindo dali. Admitia que ficou levemente excitado ao escutar o que Jungkook lhe informou. Queria tocar Taehyung, marcar a pele levemente bronzeada dele, reviver aquela sensação de pertencimento, de ser amado. Faria o possível e o impossível para tê-lo de volta.

 

[...]

 

Aquele era o dia do seu aniversário. Taehyung decidiu que queria apenas beber; não queria ver e nem ouvir ninguém. Mandou mensagem para Jimin não ir à sua casa naquele dia, pois queria "privacidade". Então abriu mais uma garrafa de vodka e voltou a beber enquanto chorava, pensando em sua vida. Ele sempre foi deixado para trás. 

 

Primeiro por sua mãe, que o abandonou durante a infância para viver um grande amor, o que o fez sentir raiva dela por muito tempo, mas deixou de julgá-la. Se Taehyung estivesse no lugar dela, sendo humilhada constantemente pelo marido, ele faria o mesmo.

 

Depois por seu pai, que apesar de deixar claro que não o abandonaria — pois era um general e deveria dar exemplo —, sempre o rejeitou. A única pessoa que deveria amá-lo e protegê-lo acima de tudo, era a que mais lhe causava sofrimento. 

 

Então, veio Jimin. Ele achou que Jimin amava, mas o amor dele não passava de uma mentira. Taehyung amou e ainda amava Jimin, mas estava machucado por ele. O seu primeiro relacionamento foi um trauma que poderia ter sido evitado se não tivesse sonhado alto demais e desejado um alguém que nunca o amaria da mesma forma. 

 

O único que não o machucou, havia morrido. Taehyung rezava a Deus para encontrá-lo do outro lado quando morresse. Não aguentava mais chorar, queria apenas a morte e ser enterrado ao lado de Namjoon. Talvez ter um final feliz no mundo dos mortos com ele.

 

A verdade era que se culpava por todos os eventos que aconteceram em sua vida. Culpava-se por não ter sido um bom filho, culpava-se por não ter sido o suficiente para Jimin e culpava-se ainda mais por ter feito Namjoon o esperar e ficar com ele ao invés de deixá-lo ir para a Alemanha. Talvez, se não tivesse sido tão egoísta, ele ainda estaria vivo e estariam com os seus filhos. Mas o que lhe restava agora? Apenas uma mansão mal-assombrada, o sentimento de culpa e mágoa, e a esperança de conseguir adotar os gêmeos.

 

— Eu posso te dar o que você quer... basta me pedir...

 

Escutou uma voz feminina e encarou a mãe de Jungkook ali. Ótimo! Os fantasmas já estavam começando a acordar. Não sentia medo deles, queria apenas morrer e encontrar Namjoon do outro lado.

 

— Se eu aceitar... promete que eu não vou sentir dor? — Taehyung perguntou, abrindo outra garrafa de vinho para voltar a beber.

 

— Claro que não, querido. Vai ser como dormir e descansar tranquilo, só precisa dizer que "sim". 

 

Sentia a áurea ruim dela, mas não tinha forças para resistir a oferta da fantasma. Afinal, não tinha nada para prendê-lo ali ou motivos para continuar tentando. Não era feliz há muito tempo. Sentia-se cada vez mais vazio, dizia a Seokjin que estava se sentindo melhor apenas para não preocupar seu melhor amigo. Quanto a Jimin... Bem, ele tinha aquele bar para se divertir e nunca o amou. E Jungkook só o protegia para não se sentir culpado e para tentar compensar o fato de que não protegeu quem ele amou décadas atrás.

 

— Ele não vai dizer nada! — Jimin disse. 

 

A voz dele foi seguida por um barulho de tiro e pelo cheiro de sal e algumas ervas. O fantasma da mãe de Jungkook desapareceu ao ser atingido.

 

Taehyung apenas encarou Jimin. Sentia mais ódio e raiva daquele homem do que nunca, mas não estava bem o suficiente para brigas e provocações que não os levaria a nada. Por isso ficou quieto, escutando-o brigar com ele. 

 

Jungkook apareceu novamente, com uma expressão preocupada, querendo matar Taehyung  por cogitar a ideia de dizer que queria morrer.

 

— Calem a boca! — Taehyung gritou. — Primeiro que você só me protege por puro remorso por não ter protegido quem você amava e deposita esperanças em mim. Ao contrário de Yoongi, eu não quero estar vivo e eu não sei porque eu continuo tentando — berrou com Jungkook. —  E você — voltou-se para Jimin —  é só um traidor! Eu nem sei o que te motiva a ficar aqui. Você só me magoou e me deixou com a cabeça mais fodida do que já era! Eu te amo, seu filho da puta, mas eu nunca vou te perdoar por ter me traído! — disse entredentes. — Porra! Você nem mesmo pensou em mim antes de se enfiar entre as pernas daquele seu amigo! Sempre dizia que era paranóia da minha cabeça. Eu nunca fui o suficiente, não é? — perguntou já derramando lágrimas. 

 

Não demorou para que Taehyung começasse a chorar de forma copiosa e a soluçar enquanto puxava os próprios cabelos.

 

Ambos ficaram sem reação perante o desabafo de Taehyung. Jimin o pegou no colo, apesar da relutância inicial, e o levou para tomar um banho. Tirou as roupas de Taehyung, levando-o até a banheira que já estava cheia e o colocou dentro dela. Jimin deu banho nele e o observou cochilar dentro da água. Céus, ele o amava tanto.... Escutar o desabafo dele o fez se sentir um merda, mas, dessa vez, não iria deixá-lo e lutaria pelo seu perdão.

 

Tirou-o da banheira e secou-o, observando-o se arrepiar a cada vez que passava as mãos por suas coxas para secá-las. Jimin sentiu uma enorme vontade de beijá-lo ao ver o bico que se formou nos lábios de Taehyung enquanto dormia. Enfiou-o debaixo das cobertas e velou pelo sono dele. 

 

Sentiu Jungkook apertar seu ombro antes que ele se deitasse ao lado de Taehyung. Tinha ciúmes do fantasma apesar de acreditar que ele era só uma criança brincando de ser cupido. Jimin faria de tudo para reconquistar Taehyung e para dar a Jungkook o final feliz que ele merecia.

 

Mas foi desperto dos seus pensamentos por um Taehyung mal-humorado, que o xingou de todos os nomes possíveis e jogou na sua cara toda a traição e o transtorno que passara. Jimin respirou fundo e afundou-se na poltrona que moveu para o lado da cama dele. 

 

— Amanhã iremos conversar! Agora volte a dormir e beba isso aqui — Jimin afirmou e entregou uma pílula e um copo de água para Taehyung.

 

O remédio evitaria a ressaca e não o deixaria tão desidratado. Sempre andava com as pílulas no bolso, mas sempre esquecia de tomar.

 

— Eu só vou tomar porque sei que isso vai me ajudar amanhã — Taehyung disse e tomou a pílula, enquanto se ajeitava para dormir.

 

— Durma bem! — Jimin desejou.

 

Aproximou-se de Taehyung e o observou dormir de forma serena, enquanto arrumava as cobertas. Sentou-se na poltrona ao lado da cama de Taehyung. Pensando em inúmeras maneiras de como obter o perdão dele e mostrar que realmente havia mudado, mas agora lhe restava somente o admirar dormindo.

 

[...]

Na manhã seguinte, Taehyung acordou com uma leve dor de cabeça e de péssimo humor ao dar de cara com Jimin logo que abriu os olhos. A reação nada amigável de Taehyung desencadeou mais uma discussão entre os dois, que assim como todas as outras brigas que tinham era repleta de xingamentos e acusações, e parecia que não os levaria a lugar algum.

 

Sinceramente, Jimin só queria calar a boca de Taehyung, mas não de uma maneira convencional. Queria calar a boca dele com o seu pau, fazê-lo o chupar, enfiar o seu pau até a garganta de Taehyung e depois tirar de dentro da boca dele. Queria observar as lágrimas que se formariam no canto dos olhos dele e bater com o seu pau no rosto de Taehyung, vê-lo lamber os próprios lábios e ouvi-lo dizer que aquele era o seu gosto favorito. Sentia-se quente apenas em imaginá-lo assim.

 

— Eu te odeio! — Jimin escutou a última afirmação de Taehyung e decidiu que não iria mais se controlar. 

 

Jimin apenas subiu sobre o corpo de Taehyung e o encarou nos olhos.

 

— Não! Você não me odeia, você me deseja... — ele afirmou, passando os lábios pelo pescoço de Taehyung, observando-o se arrepiar com tão pouco, e sentiu-se orgulhoso de tal feito. — Me deseja tanto que sonha comigo toda noite, me deseja tanto que em todas as vezes que se tocou, você pensava em mim e gemia o meu nome. Nós dois sabemos que você não me odeia e está longe de odiar, mas você é orgulhoso e está machucado… eu sei que fiz muita merda, mas eu quero te mostrar que eu mudei... — Jimin disse. 

 

Ele escutou Taehyung arfar e o viu amolecer embaixo de si. Aquela situação toda apenas alimentava o seu ego.

 

Jimin encarou-o nos olhos e aproximou-se para beijá-lo, enquanto puxava os cabelos dele com certa delicadeza para não machucá-lo, e enfim selou os lábios dele. No início foi algo tenso, ambos lutando pelo controle da situação, mas tornou-se um beijo suave que soava como um "eu senti a sua falta". Observou Taehyung com os olhos fechados e a boca entreaberta, queria muito mais do que isso.

 

— Eu não vou fazer nada que não queira... é só pedir para que eu me afaste e eu vou te escutar — Jimin disse, mas não ouviu nada além de um gemido frustrado ao se afastar minimamente dele.

 

Sabia que ele queria, mas que não iria admitir em voz alta. Talvez essa fosse a deixa para torturar Taehyung um pouquinho, afinal ainda sabia onde ele era sensível, onde tocar e em que região pressionar e chupar.

 

— Você está engolindo o próprio orgulho, Tae? Não era você que me odiava? Por que está duro feito pedra com tão pouco, hm? — Jimin sussurrou. 

 

Para Taehyung, escutar Jimin sussurrar dessa forma apenas piorava o seu estado. 

 

Jimin o encarava como se fosse uma presa prestes a ser devorada e que não tinha intenção alguma de fugir.

 

— Diga, Taehyung! Diga o que você quer! Diga que me deseja e que sonha comigo te fodendo... — Jimin demandou. 

 

Taehyung soltou outro gemido ao sentir os dedos dele em volta do seu pau, movimentando de forma lenta, causando-lhe sensações extremamente prazerosas que se tornavam nítidas em seus gemidos e arfadas.

 

— Não era você quem estava puto e com vontade de me matar, hm? — Jimin continuou o provocando. — O gato comeu a sua língua? Ou é só o seu orgulho que não permite dizer em voz que me deseja? 

 

Sentiu os movimentos da mão de Jimin irem mais rápidos e soltou outro gemido, mantendo os olhos fechados e tentando controlar a sua respiração ofegante. Taehyung não queria que Jimin parasse o que estava fazendo, mas também não queria admitir isso e muito menos dar essa "vitória" a ele. Então respirou fundo e abriu os olhos. Jimin o encarava com desejo e isso apenas piorava a sua situação naquele momento.

 

— Você é um filho da puta... — Taehyung o xingou, mas antes de conseguir completar a frase, os toques de Jimin se tornaram mais intensos, fazendo-o gemer ainda mais. — Você está com roupas demais... — reclamou, pois queria tocar e sentir o corpo dele colado ao seu.

 

— Você quer tocar? Então peça! — Jimin ditou. 

 

O sorriso daquele filho da puta abalava o seu psicológico e, mesmo que tenham se passado dez anos, Taehyung continuava apaixonado por ele.

 

— Isso é tortura... — Taehyung resmungou, escutando-o rir e depois voltar a beijar-lhe. 

 

Ele sentiu seu corpo ficar mais quente, mas dessa vez não iria ficar à mercê de todas as vontades de Jimin. Pretendia o enlouquecer e mostrar que quem mandava ali era ele.

 

Taehyung inverteu as posições encarando Jimin nos olhos e sorrindo. A expressão surpresa e a boca entreaberta dele, junto dos cabelos levemente bagunçados, deixavam Jimin com um ar muito mais sexy que o normal. Jimin já carregava uma áurea sexual por natureza, mas quando estava com tesão, era muito pior. 

 

A verdade era que Jimin odiava receber ordens e ficar por baixo. Porém, também era verdade que o próprio Taehyung estava cansado de ficar por baixo e queria mostrar que não era mais o mesmo garoto de 17 anos — que era tímido demais até para cavalgar.

 

Jimin não esperava ver essa áurea dominante emanando de Taehyung. Afinal, ele sempre fora tímido demais para dominar. Mas uma coisa era certa: a áurea dominante que o cercava e a expressão de raiva e desejo dele foi o estopim para enlouquecê-lo. 

 

Taehyung sabia que Jimin odiava ficar por baixo, mas ele estava disposto a provar de novas sensações. Por isso, Jimin observou Taehyung se virar e ir em direção a uma cadeira. Ele arrastou a cadeira até ali e o mandou sentar nela. A ordem era um pouca estranha, mas Jimin fez o que foi mandado. O que o assustou de verdade foi ver cordas nas mãos de Taehyung e ter os seus pulsos amarrados no apoio da cadeira enquanto ele sorria perversamente para si. 

 

— Você fica mais bonito quando está com a boca fechada — Taehyung disse. 

 

O sorriso que ele costumava usar quando eram adolescentes voltou a aparecer em seu rosto. Porém, Jimin estava mais concentrado no quanto estava fodido naquele momento.

 

— O que você vai fazer? — Jimin perguntou. O medo era palpável em seu tom de voz.

 

— Você é muito curioso... Por que está com medo? Não era você quem estava provocando? Cadê a sua confiança, Jimin? — Taehyung o desafiou. 

 

Jimin apenas engoliu em seco e sentiu as suas calças sendo baixadas junto com a sua cueca que já estava manchada pelo líquido pré-seminal.

 

— Você se molhou com tão pouco...— Taehyung observou. — Ainda se garante como antes? Ou você estava apenas blefando enquanto estava por cima? — Ele esmagou o seu orgulho. Talvez provocá-lo tenha sido uma de suas piores ideias. — Quanto tempo você aguenta, hm? 

 

Taehyung observou que Jimin estava tão excitado quanto ele próprio e riu soprado, colocando a mão na extensão mediana dele e o escutando gemer. Ele mordeu o lábio inferior tendo uma ideia do que iria fazer. Seria divertido para si e um tanto doloroso para Jimin, mas não se importava com isso. Queria apenas testar os limites de Jimin e ter uma pequena vingança, afinal ainda sentia raiva e mágoa em relação ao ex-namorado. E, por mais que o desejo tenha falado mais alto desta vez, não conseguia e não pretendia esquecer o que Jimin fez.

 

— Será que você merece um boquete, Jimin? — Taehyung perguntou, passando a movimentar a sua mão de forma lenta, sentindo o pulsar do pênis dele, escutando-o gemer.

 

— Por favor, Tae... — Jimin implorou. 

 

Taehyung riu ao vê-lo suplicar e o encarou no olhos, aproximando-se ainda mais do pênis dele e observando-o se arrepiar, antes de soltar a respiração sobre a glande que já expelia pré-gozo.

 

— Você está tão sensível... nem parece que alguns minutos atrás você se encontrava no controle de algo, hm? Sabe, Jimin, hoje eu vou te fazer implorar para me sentir sentar no seu pau — Taehyung observou-o estremecer na cadeira e riu.

 

Ele voltou a masturbá-lo em uma velocidade lenta. Mas o que fodia com as estruturas de Jimin era quando sentia a sua glande ser acolhida pela boca quente e macia de Taehyung, sentindo a língua dele fazer movimentos circulares na região mais sensível do seu pênis. Sabia o que Taehyung queria com aquilo tudo e não iria ceder tão fácil, ainda prezava por sua dignidade — que em muitas ocasiões era jogado fora nos banheiros dos bares. 

 

Enquanto isso, Taehyung se divertia com o sofrimento de Jimin.

 

[...]

 

— T-Taehyung-ah... — Jimin iria enlouquecer. Os seus pulsos já doíam pela força que usava tentando se soltar das amarras enquanto escutava-o rir.

 

Já se encontrava suado e vermelho pelo tesão que sentia. Taehyung era o próprio satanás quando queria e agora tinha a prova disso. Para Jimin, só restava implorar por um pouco de alívio em meio aos gemidos roucos e cansados que soltava. Parecia que iria entrar em combustão a qualquer momento pelo tesão provocado.

 

Por mais que estivesse revirando os olhos de puro prazer, não queria perder a imagem de Taehyung ajoelhado, encarando seus olhos com aquela maldita expressão inocente enquanto tocava seu pau com as mãos macias. Era a imagem do céu, ou melhor, a do inferno. Sentia seu corpo reagir ao mínimo estímulo e, porra!, Taehyung era o próprio satanás entre quatro paredes. Nunca esperou vê-lo atuando de forma tão sádica.

 

A destra encharcada por lubrificante de Taehyung subia e descia no pau grosso e mediano de Jimin em uma velocidade moderada. Aplicava certa força com o seu punho, mas não o suficiente para machucá-lo enquanto o masturbava com vontade. A canhota também encharcada de lubrificante brincava com os testículos de Jimin, fazendo-o delirar ao escutar aquela risadinha de Taehyung. 

 

Filho da puta!, Jimin xingava Taehyung em seus pensamentos. Não aguentava mais. Sentia que iria desmaiar de exaustão. 

 

— O que foi, Minie? — ele perguntou, com um tom lascivo carregado de malícia. Estavam nessa situação há alguns minutos, e Jimin estava sedento por um bom orgasmo, do que era impedido pelos dedos de Taehyung. — Algum problema? Você quer alguma coisa?

 

— A-ah, seu filho da puta! — Jimin exclamou entre dentes. Taehyung sabia exatamente o que ele queria, mas gostava de testar os limites dos outros. Era uma satisfação imensa para si saber que ele era o causador de tamanho estrago. — Não brinca comigo!

 

— Por que, Jiminie? É tão divertido te ver assim... — Taehyung disse e parou os seus movimentos, escutando-o choramingar. Ele apertou a base do pau de Jimin. No fundo, queria cair de boca nele, mas tinha outros planos para Jimin. — É tão divertido te ver tão sedento pela minha boca... Você é tão safado, Jiminie. — Ele riu soprado, levando a canhota até a glande, fechando-a em volta da região sensível e esfregando as palmas juntas em torno do eixo, enquanto o encarava de forma intensa. Quem costumava perder o ar nesses momentos era Taehyung, mas hoje quem iria perder o ar era Jimin. — Você só quer meter esse pau em um buraquinho bem apertado, não é, Jimin? Você quer meter bem forte em mim para descontar a sua raiva, não é, hyung? — Regozijou-se internamente ao ver as lágrimas escorrendo pelo rosto dele, causadas pelo tesão e pelos estímulos provocados.

 

— Taehyung-ah... me deixa gozar, por favor! — Jimin pediu. 

 

Taehyung apenas riu da súplica feita por ele e voltou a encará-lo, ainda observando as lágrimas descendo pelas bochechas vermelhas de Jimin.

 

— Eu deveria? Você me causou tanta dor, hyung... — Taehyung falou. 

 

Aquilo era demais para Jimin. Ele sentiu que iria gozar, porém, mais uma vez, sentiu os polegares de Taehyung acima da sua glande, impedindo-o de ter o seu tão desejado orgasmo.

 

— P-por favor... — Jimin implorou. Estava cansado, com um puta tesão, e os estímulos apenas pioravam o seu estado de superestimulação.

 

— Eu vou ser um pouco bonzinho com você hoje — Taehyung disse, e, antes de sair da posição em que se encontrava, deu uma longa chupada na glande inchada, observando-o estremecer. Então, soltou os pulsos de Jimin e voltou a encará-lo nos olhos. — Se você tentar sair, eu juro que te deixo sozinho aqui, sem gozar.

 

Jimin assentiu rápido e tomou fôlego antes de sentir aquelas mãos macias no seu pau mais uma vez, masturbando-o. Taehyung estava ajoelhado, encarando-o nos olhos, com o mesmo sorrisinho inocente de antes. Novamente, Jimin pensou que aquilo era demais para si. A combinação do polegar de Taehyung trabalhando na sua glande inchada e sensível era como ir do céu ao inferno em questão de segundos; sentia-se pulsar ainda mais só de imaginar a sua porra manchando o rosto dele. 

 

Jimin já sentia o seu orgasmo chegar. Isso o deixou surpreso, pois sempre conseguia segurar o ápice para prolongar as suas transas. Dessa vez, Taehyung não o impediu de gozar. A sua porra sujou o rosto dele, principalmente a boca, e Jimin observou-o passar a língua sobre os lábios. Podia jurar que poderia gozar mais uma vez só com aquela imagem. Abaixo de si estava uma pequena poça de porra. Ele escutou Taehyung rir da sua situação. 

 

Para a sua surpresa, Taehyung não parou de estimular o seu pau de modo que Jimin já se sentia sensível e duro mais uma vez.

 

— Tae... hm... para. — Jimin se contorcia na cadeira. Na verdade, não queria que ele parasse. Ele segurava a mão de Taehyung para detê-lo, mas ele apenas se desvencilhava e continuava a masturbação.

 

Jimin teve um orgasmo múltiplo, observando Taehyung o encarar e voltar a passar a língua pelos lábios. 

 

— Você gozou, mas continua tão duro... O que você ainda deseja, hyung? — Taehyung perguntou, vendo o pau ainda duro e molhado pelo sêmen de Jimin.

 

A cada vez que o filho da puta o chamava por hyung, fazia-o se lembrar de como Taehyung era submisso a ele. Estava ciente de que essa encenação de uma falsa inocência e submissão era uma provocação. Taehyung sabia muito bem como levá-lo à loucura, e enlouquecê-lo era a intenção dele desde que cedeu para Jimin mais uma vez.

 

— Eu quero o seu cuzinho quente me apertando até eu gozar tanto que vai escorrer pelas suas pernas. Eu quero te foder tanto que você vai perder o fôlego, e eu sei que você quer isso também. Vamos, Tae, sabemos que você é uma vadiazinha que só se contenta se estiver sendo fodido com vontade — Jimin disse. 

 

— Você foi um bom garotinho hoje, Jimin-hyung.  — Taehyung sorriu, enquanto se sentava no colo dele, deixando a ereção de Jimin entre suas nádegas e sentindo o corpo tremer dele embaixo de si.

 

— Taehyung-ah... por favor... — Jimin implorou. 

 

Taehyung se perguntava onde estava a confiança que Jimin exalava no começo. Mas apenas pegou o pênis de Jimin e o encaixou entre as bandas de sua bunda, esfregando-o em sua entrada pulsante, fazendo-o tremer mais. Então, sentou de forma lenta, jogando a cabeça para trás e gemendo baixo. Assim que todo o comprimento estava dentro de si, alargando-o com gosto, encarou Jimin nos olhos e, pela primeira vez, não sentiu tanta raiva assim dele.

 

Enquanto isso, o aperto que Jimin sentia em seu pau era tamanho que o fazia gemer mais alto do que Taehyung.

 

— O que você quer agora, hm? — Taehyung indagou.

 

— Cavalga em mim, bem rápido! — Jimin pediu.

 

Taehyung riu soprado, negando, e sentou devagar, mas com força, enquanto pressionava a sua entrada contra o pau de Jimin. 

 

Ele o fez delirar e gemer abafado. Jimin queria muito impulsionar os quadris para cima, mas as suas pernas tremiam e estavam sem forças para tal, visto que Taehyung se mantinha em seu colo gemendo manhoso e rebolando lentamente, fazendo-o perder a noção do tempo.

 

Taehyung rebolava com força e fazia questão de gemer manhoso no ouvido dele, sorrindo ao vê-lo tentar vencer o próprio cansaço para ter algum tipo de domínio ali. A verdade era que aquilo só aumentava o seu ego.

 

— Tão gostoso... É gostoso sentir o meu cuzinho te apertando, hyung? — Taehyung questionou.

 

Jimin gemia descontrolado. Estava enlouquecendo com a pose de dominador de Taehyung. 

 

— Sim... é muito bom... mas ficaria ainda mais gostoso se você fosse mais rápido, não? — ele sugeriu.

 

Taehyung assentiu, colocando ambas as mãos nos ombros de Jimin. Firmou seus pés no chão e impulsionou os quadris, cavalgando tão rápido que nem o próprio Jimin acreditava ser possível. Não era pra menos, Jimin fora tão estimulado e gozou tanto que isso o fez ficar dez vezes mais sensível a qualquer toque. Aquele aperto gostoso o fazia ver estrelas e jogar a cabeça para trás, revirando os olhos de puro desejo e prazer. 

 

Taehyung gemia alto e manhoso ao ter sua próstata estimulada, suas pernas tremiam a cada vez que seu ponto erógeno era atingido com força, mas ainda tentava manter o ritmo dos movimentos.

 

Era incrível como ambos se perdiam no prazer. Era como se o mundo sumisse e nada mais importasse além do encaixe dos seus corpos e da forma como se completavam. A sensação de estar com quem se ama e esquecer das mágoas e ressentimentos, mesmo que fosse por meros segundos, era incrível. Era como se Taehyung nunca houvesse ido embora de Daegu e se casado com outro homem, e era como se Jimin nunca houvesse o traído.

 

Jimin não conseguia se segurar mais, seu baixo ventre se contraía e seu pau pulsava dentro de Taehyung. Sentia-se cada vez mais extasiado na medida que o seu orgasmo se aproximava pela terceira vez naquele dia. 

 

Ele queria apenas aproveitar o encaixe de seus corpos e se aprofundar no prazer que era estar com Taehyung. 

 

— Porra, eu vou gozar... — Jimin avisou, levando as mãos até a cintura alheia, escutando-o rir novamente e se levantar do seu colo. — Deixa eu gozar... — pediu, com a voz chorosa e com lágrimas nos olhos, que logo começaram a escorrer por suas bochechas onde beijos foram depositados.

 

— Você teve dois orgasmos, hyung, e um deles foi múltiplo... — Taehyung respondeu e voltou a se sentar, agora de costas para Jimin. Sabia bem o que o enlouqueceria de vez. — Eu sei que você gosta de ver o meu cuzinho engolindo o seu pau e eu vou te dar isso.

 

E assim foi feito. Taehyung encaixou o pau dele em sua entrada, descendo devagar até que estivesse com tudo dentro de si e passou a rebolar com força. Por mais que estivesse de costas, observava pelo espelho do guarda-roupas as expressões de Jimin. Ambos reviraram os olhos em puro tesão e desejo. Era surreal, até com aquilo sentia sua próstata ser estimulada, enquanto soltava gemidos baixos e escutava Jimin xingar baixinho.

 

Jimin apertava a sua cintura e arranhava a sua pele para tentar descontar o prazer sentido, mas já estava voltando a ficar ofegante. A sensação do orgasmo que se aproximava preenchia os dois, e dessa vez não queriam parar. Eles queriam mais. 

 

Taehyung se contraia ainda mais envolta do pênis de Jimin. Ele respirou fundo e parou por breves segundos antes de voltar a se movimentar lento, porém forte, enquanto ambos se encaravam através do reflexo deles no espelho.

 

— Me encha com a sua porra! — Taehyung ditou e Jimin o fez, enchendo-o tanto que escorria por suas pernas até sujar o chão mais uma vez. 

 

Jimin respirou fundo ao sentir Taehyung se movimentar mais rápido para chegar ao próprio orgasmo. Os gemidos dele eram como música aos seus ouvidos.

 

Jimin ainda respirava ofegante e a dor em seus pulsos havia voltado — que estavam roxos pela força que aplicou ao tentar se soltar da cadeira. Ele apenas percebeu que Taehyung havia saído do seu colo ao vê-lo limpando suas coxas e seu pênis com lenços umedecidos. Jimin não pode evitar o espasmo, seu pau ainda estava hipersensível e semiereto, porém não aguentaria outra rodada.

 

— Vamos dormir — Taehyung disse. 

 

Então, eles se deitaram juntos e Jimin o abraçou por trás.

 

— Promete que não vai me ignorar depois? — Jimin perguntou enquanto acariciava os cabelos escuros dele. Taehyung se virou de frente para si, encarando seus olhos.

 

— Eu não quero pensar no nisso agora. O sexo foi bom e eu não quero me sentir culpado, ao menos não agora, então só... vamos dormir?  

 

[...]

 

Meses haviam se passado desde o ocorrido. Eles conseguiram quebrar o contrato-barra-pacto que prendia os fantasmas na mansão. A despedida de Jungkook e Taehyung fora dolorosa. Ambos choraram feito duas crianças, mas no fundo Taehyung sabia que o fantasma precisava partir. A verdade era que Yoongi esperaria por Jungkook até o fim dos tempos se fosse necessário e que eles se encontrariam do outro lado.

 

Taehyung agora se concentrava no processo de adoção e se sentia feliz. A audiência com o juiz havia dado certo e enfim pode pegar seus filhos no colo e chama-los de seus bebês. Eram dois meninos lindos que tinham alguns traços seus — quem os visse na rua, acharia que era o pai biológico dos dois. Os batizou de Jungkook e Namjoon, em homenagem ao falecido marido e o seu grande amor e ao fantasma que se tornou seu amigo e carregava uma paixão tão grande pela arte que era visível em seus olhos.

 

E sua relação com Jimin? Bem… não iria dar certo e decidiu terminar com aquilo de vez. Não eram feitos um para o outro tão pouco se amavam ou haviam amadurecido o suficiente. Se houvesse voltado, Taehyung se tornaria mais inseguro e se sentiria pior, pois nunca iria voltar a confiar em Jimin. Torcia pela felicidade dele e pela recuperação dele do vício em álcool. 

 

Como dizia uma grande amiga: às vezes o amor machuca e nem sempre é o suficiente para manter duas pessoas juntas. 

 

E ela tinha razão, seu caso com Jimin era muito além de sentimentos. Não tinha confiança nele e não conseguia perdoá-lo — nem mesmo queria. Além disso, não se imaginava tendo um futuro com ele muito menos uma família com Jimin.

 


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...