História Ghost (Jeon Jungkook) - Capítulo especial: Para sempre

FAZER ENCONTROS na floresta que tinha na nossa cidade já era tradição entre os jovens, nós levávamos comida e passávamos o dia inteiro conversando e tomando banho na cachoeira que havia lá.

Hoje era um desses dias, Jisoo, Jennie e eu estávamos caminhando por uma das trilhas que levava até a cachoeira, a intensão era apenas conversarmos mas pela nossa empolgação eu já sabia que iríamos voltar para casa molhadas depois de um dia inteiro embaixo d'água.

— Eu achei o Jiungwon mais bonito.

— É claro que o mais charmoso é o Jeongso. — Jennie e Jisoo discutiam para decidir quem dos irmãos da família que acabara de se mudar para nosso bairro era o mais bonito. Eu não estava dando muita bola para aquelas duas, estava mais ocupada em tentar não furar meus pés em um dos galhos finos que estavam espalhados pela trilha. — Yosun, você é a nossa salvação, quem é o mais bonito?

— Não sei porque vocês estão brigando tanto já que os dois são gêmeos idênticos. — Eu não consegui deixar de revirar os olhos.

— Gêmeos idênticos? — As duas perguntaram em uníssono. — Yosun, você deve estar cega, o Jiungwon tem aquela pinta na bochecha e aqueles lábios rosadinhos... — Jennie prosseguiu.

Deus! Eu só quero chegar logo nessa cachoeira e me afundar em baixo da água pra não ter que ouvir mais essas loucas.

Minutos depois nós já estávamos na água tentando afogar Jisoo. Minha amiga segurou nos nossos pulsos e com uma força surpreendente nos atirou para o outro lado do rio, assim que subiu para a superfície começou a respirar rápido para recuperar o fôlego enquanto eu e Jennie riamos alto.

— Vocês são loucas, eu quase morri! — Ela reclamou e arremessou água na gente, Jennie revidou e eu apenas fui para perto de Jisoo para me desculpar com uns beijinhos em seu rosto.

— Desculpa a sua unnie, eu não queria te matar afogada. — Eu a abracei de lado e quando ela disse que me perdoava a afundei na água novamente.

— YOSUN! — Assim que larguei Jisoo recebi um banho de água dela junto com alguns xingamentos. Eu aguentei tudo segurando o riso para não estressá-la ainda mais.

— Acho que está na hora de afogar a Yosun... — Jennie disse ameaçadoramente enquanto se aproximava sorrateiramente de mim, eu engoli em seco, ela é completamente louca, seria capaz dela me matar afogada ali sem querer.

— Oh, eu acho melhor não, se afogarmos a Yosun o namorado dela pode dar uma lição na gente.

— Namorado? — Perguntei confusa enquanto me sentava na beira da cachoeira.

— Sim, Kim Taehyung. — Assim que ouvi Jisoo falar aquilo revirei os olhos, elas realmente não cansam de implicar comigo.

— Eu já te disse que Taehyung e eu não somos namorados, ele só é meu melhor amigo, assim como vocês. — Expliquei pela milésima vez.

— Não sei não, algo me diz que ele queria ser muito mais que só seu melhor amigo. — Jen indagou assim que se sentou ao meu lado na grama.

Como resposta apenas suspirei e neguei com minha cabeça, tentando mostrar meu descontentamento com aquele assunto.

— Tudo bem, tudo bem. Já entendemos que entre você e Taehyung não vai acontecer nada. — Jisoo ergueu os braços em rendimento e saiu do rio antes de tirar o excesso de água do seu cabelo e nos olhar. — Estou com fome, acho que vi uma árvore frutífera aqui perto, vocês querem ir comigo pegar frutas?

— Eu vou nadar sozinha, vocês podem ir. — Falei assim que Jennie se juntou a Jisoo. As duas deram as mãos e sumiram entre as árvores dali.

Eu respirei fundo e pulei na água novamente, a parte que eu estava era rasa e onde caía a água da cachoeira já era mais fundo. Normalmente não me aproximo muito de lá porque não sei nadar muito bem, mas decidi me aventurar um pouco na parte mais funda já que eu queria sentir a água batendo nas minhas costas.

Aproveitei que tinha uma pedra logo embaixo da cachoeira e me sentei com as costas em baixo da corrente, a sensação era tão boa que eu fechei meus olhos e senti todo o meu corpo relaxar.

Com aquele silêncio e tranquilidade acabei começando a pensar em Taehyung. Eu sempre soube que já faz alguns anos que ele começou a gostar de mim, nós somos amigos desde pequenos mas só depois da nossa conturbada adolescência que ele assumiu seus sentimentos por mim.

Inicialmente eu fiquei em choque e o evitei por semanas, mas depois de um tempo decidi falar com ele e dizer que não sentia o mesmo e que não podia amar ele de volta, Taehyung aceitou bem e nossa amizade voltou a ser oque era antes, ele até mesmo já namorou algumas meninas, oque me deixa feliz.

Eu sorri comigo mesma e me levantei para arrumar minha posição na pedra e sair da queda d'água, foi nesse momento que meu pé escorregou na parte lisa da pedra e eu caí para o fundo da cachoeira.

A superfície da água estava a alguns centímetros a cima da minha cabeça e mesmo tentando nadar para cima não estava conseguindo porque meu pé acabou ficando preso entre duas pedras.

Alguns segundos sem respirar embaixo daquela água foram o suficiente para me fazer entrar em pânico. Para piorar a situação a correnteza da água estava me empurrando para mais fundo enquanto eu tentava esticar minha mão para fora para procurar algo pra me apoiar.

— Soc... — Quando tentei gritar por ajuda a água acabou entrando na minha boca e descendo pela minha garganta. A sensação era deseperadora, eu já estava começando a me imaginar morta em um caixão.

Quando já estava começando a inalar água demais senti uma mão segurar a minha e me puxar para cima, é claro que eu não consegui sair de dentro da água já que meu pé continuava preso entre as pedras, aquilo só o fez doer ainda mais.

Apertei meus olhos com força por causa da dor e só os abri de novo quando senti alguém se jogar na água, mesmo com minha visão embaçada consegui ver que não era nenhuma das minhas amigas mas sim um homem. Eu fiquei desesperada porque assim que eu saísse da água um completo desconhecido iria me ver apenas de roupa íntima, mas tentei não pensar nisso e apenas tentei puxar meu pé para cima enquanto ele fazia força para separar as duas pedras.

Depois de mais alguns segundos desesperadores com meus pulmões já ardendo pela falta de oxigênio e meu pé doendo por causa da força que estava sendo preso contra as pedras, finalmente me soltei. O homem me pegou no colo e nadou para a superfície novamente, me deixando deitada na grama enquanto eu tentava colocar para fora toda a água que ingeri.

Só depois de recuperar todo o meu ar e sentir a ardência no meu nariz e garganta diminuir que olhei para o meu salvador, ele me olhava preocupado e do nada começou a desabotoar a sua camisa social. Com medo dele ser um pervertido me levantei rapidamente, eu acabei desequilibrando e caí novamente na água, felizmente eu estava na parte mais rasa novamente então consegui nadar de volta para a superfície.

— Sai de perto de mim, seu pervertido! — Gritei enquanto apontava o dedo indicador na sua direção. Ele me encarou sem parecer entender e logo depois olhou para suas mãos que estavam desabotoando o último botão de sua blusa, então ele riu. — Está rindo do quê? As minhas amigas estão aqui e são bem violentas, tente algo e você vai se arrepender.

Eu saí de dentro da água sem mesmo perceber as roupas que estava usando, o homem se levantou de onde estava sentado e tirou sua blusa antes de se aproximar de mim, para a minha surpresa ele a usou para colocá-la em mim.

— Você está só de calcinha e sutiã. — Ele disse. Eu corei na hora, metade por um desconhecido ter me visto quase nua e também pela nossa proximidade. Ele era grande e meu rosto batia em seu peito, eu tive que olhar para cima para poder olhá-lo nos olhos.

— Obrigada, eu achei que fosse morrer alí. — Falei um pouco desnorteada, a beleza dele era algo surreal, seus olhos, sua pele aparentemente macia, seus lábios rosados, acho que foi isso que me impediu de tirar os olhos dele.

— Tome mais cuidado da próxima vez. — Ele também percorria seus olhos por todo o meu rosto, aquilo estava me deixando tímida e excitada ao mesmo tempo, não sei se era certo mas senti vontade de beijá-lo ali mesmo.

— Pode deixar... — Prendi o ar quando ele se aproximou ainda mais de mim.

— Posso saber o seu nome?

— Yosun. — Ele se curvou um pouco, seu rosto agora estava próximo do meu. — E o seu?

— Jungkook. Jeon Jungkook. — Não sei oque aconteceu mas no segundo seguinte nós estávamos nos beijando, nem mesmo parecia que eu quase morri a minutos atrás, toda aquela adrenalina ainda deveria estar correndo pelas minhas veias para eu estar fazendo uma coisa daquela. Beijar um desconhecido assim? Se bem que ele me disse o nome e sobrenome dele então não é mais um desconhecido, acho que isso diminuirá o peso na minha consciência.

Seus braços se envolveram em minha cintura, me fazendo ficar ainda mais próxima dele. Nosso beijo encaixou perfeitamente, os lábios dele se moviam lentamente entre os meus enquanto nossas línguas brincavam uma com a outra, minhas mãos subiram para a sua nuca e eu aproveitei para tocar em seu cabelo macio.

Nossos corpos molhados, nosso beijo lento e delicado, aquilo tudo fez meu coração disparar, até mesmo as vozes das minhas amigas pareciam uma trilha sonora para aquele momento. Espera, as vozes das minhas amigas?

No mesmo instante empurrei Jungkook com tanta força que ele acabou caindo na água, meu olhar parou diretamente em Jennie e Jisoo que estavam do outro lado da cachoeira me olhando com uma expressão intercalada entre malícia e surpresa.

— Ow, Yosun sua safadinha! — Jisoo gritou.

— Não é isso que vocês estão pensando. — Tentei me defender. Mesmo em meio ao desespero consegui focar em Jungkook para ver se ele estava bem, ele saiu da água com uma expressão de dor mas parecia bem, um alívio saber que não o machuquei.

— Com certeza é isso que estamos pensando. — Jennie cantarolou. — Nós saímos para comer maçã e você aí se deliciando com outra coisa.

Elas duas riram e deram as costas para mim antes de pegarem suas roupas e correrem em direção a trilha, com certeza elas foram embora e me deixaram sozinha aqui com esse cara. Por falar nele...

— Você está bem? — Perguntei ao me agachar ao seu lado. Jungkook estava sentado com os pés dentro da água, ele passava a mão atrás da cabeça devagar.

— Bati a cabeça em uma pedra mas acho que estou bem. — Ele me olhou. — Por que você fez isso?

— Acho que foi uma reação de surpresa, me desculpa. — Eu já não sabia onde enfiar a cabeça, estava tão envergonhada que sentia meu rosto quente, meu rosto deve estar todo vermelho.

— Eu só desculpo se... — Senti suas mãos segurarem em minha cintura novamente e no segundo seguinte eu estava sentada no seu colo, aquela aproximidade me deixou um pouco desconfortável. — Você me beijar de novo.

— E se eu não te beijar?

— Vou ser obrigado a te jogar na água novamente. — Disse sério.

Só pra testar se ele seria capaz de fazer aquilo eu neguei, e para a minha desgraça fui atirada na água sem dó nem piedade. Mas não deixei barato, segurei nos pés de Jungkook e os puxei com força, fazendo ele cair na água também, com meu espírito vingativo me apoiei em seus ombros e o empurrei para deixá-lo embaixo d'água, não que eu tivesse forças porque não demorou muito para ele se levantar e me segurar pela cintura.

— É assim que você agradece uma pessoa que salvou a sua vida? — Ele perguntou incrédulo, eu já não estava conseguindo mais me segurar e comecei a rir alto, Jungkook também deu uma risada gostosa e aquilo aqueceu meu coração. Eu nunca tinha me sentido assim antes, era um sentimento novo e eu não sabia o motivo de estar assim com ele, eu o conheço não faz nem trinta minutos.

Jungkook me ergueu um pouco para nossos rostos ficarem na mesma altura e então nos beijamos novamente, aquele era o segundo de muitos beijos que viriam pela frente.

▃▃▃

Depois do nosso encontro na cachoeira descobri que Jungkook tinha acabado de vim de Busan, ele tinha se mudado para nosso bairro há uma semana e se estava na floresta no dia do meu quase afogamento foi porque estava conhecendo a cidade.

Desde então começamos a nos encontrar quase todos os dias, Taehyung não estava na cidade e minhas amigas estavam ocupadas demais tentando conquistar os irmãos gêmeos para me dar atenção. O melhor de tudo era que não ficou um clima ruim entre Jungkook e eu, todos os nossos encontros eram maravilhosos e ele sempre me fazia muito bem, poderia parecer loucura, eu só o conhecia a duas semanas mas mesmo assim já sentia que estava gostando dele, até mesmo mais que isso.

— E então meu irmão e eu começamos a brigar feio, foi assim que consegui essa cicatriz. — Nós dois rimos e ele aproximou sua bochecha do meu rosto para eu poder ver sua cicatriz melhor.

— Eu não acredito nisso. — Falei assim que consegui parar com a minha risada. Jungkook e eu estávamos na praça da cidade sentados em um banco enquanto tomávamos sorvete, mesmo sendo algo tão simples eu estava gostando tanto. — Eu sempre quis ter um irmão, minha mãe me disse que anos antes do meu nascimento ela ficou grávida mas acabou perdendo o bebê em um acidente.

— Isso deve ter deixado ela muito triste.

— Sim, mas ela sempre me diz que meu nascimento foi oque a fez sentir feliz de novo, então fico feliz por ser o motivo da felicidade dela. — Eu sorri e olhei para ele, Jungkook correspondeu ao meu sorriso e encarou meus lábios, achei que ele fosse me beijar mas depois de alguns segundos só senti seu polegar passando pelos meus lábios.

— Você se melou toda de sorvete. — Meu sorriso aumentou e eu dei uma olhada rápida ao redor para ver se não tinha ninguém olhando, então dei um selinho rápido nele. — Só um beijinho assim?

— Nós estamos em público, não dá pra fazer mais que isso. — Fiz um bico.

Jungkook revirou os olhos e juntou seus lábios aos meus para me beijar calorosamente, no começo fiquei com um pouco de vergonha, mesmo sendo de noite ainda estávamos em uma praça pública, mas assim que ele segurou em minha nuca e apertou minha cintura esqueci completamente de onde estava, parecia até que éramos apenas eu e ele no mundo.

Quando nos separamos sorrimos um para o outro e eu voltei a me concentrar no meu sorvete de morango.

Passamos mais algumas horas ali até Jungkook dizer que já estava tarde e insistir para me levar para casa, enquanto andávamos um ao lado do outro me surpreendi ao sentir sua mão segurar a minha, aquela era a primeira vez que dávamos as mãos em público. Ele me olhou com admiração e sorriu antes de voltar a prestar atenção na rua.

Assim que cheguei na porta de casa me surpreendi ao ver Taehyung sentado na calçada enquanto segurava uma bolsa na mão. Quando ele ergueu o olhar focou primeiro na minha mão junta a de Jungkook antes de me encarar, feliz por finalmente vê-lo depois de quase um mês corri até ele e o abracei com força.

— Tae! Achei que você não fosse voltar nunca mais. — Ele passou os braços ao redor da minha cintura e me levantou do chão para me abraçar, nós ficamos assim por um tempo até ele me colocar no chão novamente.

— A minha avó acabou demorando para se recuperar e eu tive que ficar lá com ela. — Explicou, ele olhava mais para Jungkook do que para mim então me senti no dever de apresentá-los.

— Ah, esse é Jungkook, ele...

— Nós já nos conhecemos. — Kook disse e para a minha surpresa andou até Taehyung e o abraçou. Meu amigo ficou sem reação por um tempo até que pareceu cair em si e correspondeu o abraço.

— Jeongguk e eu nos conhecemos em Daegu, lá na casa da minha avó. — Tae explicou assim que eles se soltaram.

— Esse mundo realmente é muito pequeno. — Eu sorri, é bom saber que os dois se conhecem, talvez assim Tae não fique mal caso Jungkook e eu começarmos a namorar.

— E vocês... — Meu amigo apontou para mim e Kook que estávamos próximos um do outro novamente. — Estavam de mãos dadas? Como se conheceram e o que aconteceu enquanto eu estava fora?

— Jungkook me salvou quando eu me afoguei lá na cachoeira.

— Eu estava andando pela trilha da floresta e vi a Yosun se debatendo, por pouco que eu não a via. — Tae concordava com a cabeça enquanto nós falávamos, a sua expressão era neutra e calma. — E nem eu sei, desde a primeira vez que olhei para ela senti algo especial. — Jungkook me olhou e eu não consegui segurar o sorriso. — Desde então estamos nos conhecendo.

— É bom saber que você finalmente está conhecendo alguém, Yosun. — Tae sorriu para mim e me entregou a bolsa que estava segurando. — Comida de Daegu, minha avó que fez para você. Eu queria ficar mais mas já está tarde e eu preciso voltar para casa logo.

— Você não quer ficar e comer comigo? — Perguntei com um bico triste no rosto, Taehyung me olhou meio desanimado e negou com a cabeça, ele deve estar cansado da viagem.

— Não, eu só quero dormir. Aproveite a comida com Jungkook e amanhã nós conversamos melhor. — Ele disse e se despediu antes de caminhar para longe.

Eu olhei para Jungkook meio perdida e ergui a bolsa para ele.

— Quer entrar pra comer?

— Seus pais não vão achar ruim? — Eu neguei com a cabeça. — Então podemos ir. — Ele segurou em minha mão novamente e finalmente entramos em casa, naquela noite apresentei Jungkook para meus pais, eles gostaram muito dele e disse que apoiavam uma futura relação entre a gente. Oque não demorou para acontecer já que algumas semanas depois Jungkook me pediu em namoro, e é claro, eu aceitei.

▃▃▃

Cinco anos se passaram e minha relação com Jungkook cresceu cada vez mais, hoje era um dia especial porque segundo Jennie e Jisoo, Jungkook iria me medir em casamento.

Ele estava sentado ao meu lado no sofá enquanto balançava a perna nervosamente, eu estava com a cabeça apoiada em seu ombro enquanto brincava com os seus dedos.

Papai e mamãe estavam na cozinha preparando alguns petiscos.

— Você está ansioso porquê? — Ele me olhou surpreso e coçou o cabelo – que agora estava em um cumprimento grande – enquanto sorria disfarçadamente.

— Eu não estou ansioso, de onde você tirou isso?

— Você não para de se mexer e está balançando a perna como se tivesse nervoso. — Jungkook não falou mais nada, apenas passou o braço pelos meus ombros e me puxou para ficar perto dele novamente.

A porta da sala se abriu e eu não precisei olhar para saber que era alguma das meninas ou Taehyung, como previ meu amigo apareceu na sala e nos cumprimentou antes de se sentar na poltrona ao nosso lado.

— Não consegui fazer algo muito elaborado mas pelo menos está tudo muito gostoso. — Minha mãe disse assim que entrou na sala e colocou uma bandeja com comida sobre a mesa de centro. — Ah, oi Taehyung, como está a sua avó?

— Felizmente está bem. — Tae sorriu e se esticou para pegar um dos copos com suco que meu pai trouxe. — Jennie e Jisoo não vieram? Elas me disseram que hoje era um dia especial, eu fiquei curioso.

— Dia especial? — Perguntei tentando fingir que não sabia de nada, pelo visto Taehyung e nem meus pais estavam sabendo de nada, pela primeira vez na vida as garotas conseguiram manter um segredo.

— Sim, dia especial. — Jungkook finalmente se pronunciou, eu sorri antecipadamente. Ele estava nervoso, mexia na sua blusa a todo segundo e sua perna tinha voltado a bater no chão rapidamente, ele se levantou e olhou para os meus pais. — Senhor Kim, o senhor sabe que amo muito a Yosun e eu queria perguntar se tenho a sua benção para pedir a mão da sua filha.

A sala pareceu diminuir naquele momento, todo mundo ficou em silêncio, até mesmo eu fiquei sem reação, acho que no fundo pensei que as garotas só estivessem brincando sobre Jungkook me pedir em casamento.

— Se a minha filha quiser e estiver feliz, você tem a minha benção, Jungkook. — Meu pai sorriu para nós dois.

Jungkook me olhou nervosamente, ele parecia até hesitante. Ele é tão idiota, será que duvida sobre eu aceitar me casar com ele?

Antes de poder dizer a minha resposta um copo foi arremessado contra o chão, todo mundo olhou assustado para Tae que agora estava de pé enquanto olhava para Jungkook com um olhar amedrontador.

— NÃO! — Ele gritou. — Você não vai se casar com ela!

— Taehyung? — Perguntei um pouco assustada, seu olhar estava me deixando com medo, e só por precaução segurei na mão de Jungkook. — O que você está fazendo?

— Você não vai se casar com ele, Yosun! Como você pode estar com ele? Eu me confessei primeiro, eu sempre te amei e você me recusou para ficar com Jungkook? — Eu me levantei e me aproximei de Taehyung para tentar acalmá-lo.

— Tae...

— NÃO ME CHAMA DE TAE! — Ele bateu em minha mão assim que tentei segurar seu braço, com medo voltei a ficar perto de Jungkook, que me abraçou por trás como se estivesse me protegendo. — Eu passei todos esses anos tentando te esquecer, Yosun... Passei esse tempo vendo vocês se amarem, mas não vou aguentar ver vocês se casando. Você sabe que eu te amo, por que está me torturando desse jeito?

— Taehyung, eu não tenho culpa se não consigo te amar do jeito que você me ama.

— Mas você me ama, Yosun! — Ele apontou para Jungkook. — O problema é ele, desde que ele chegou me afastou de você!

— Taehyung, sai daqui, você enlouqueceu? — Jungkook se aproximou de Tae para tentar pegá-lo pelo braço mas Taehyung foi rápido e o acertou um murro na boca.

— TAEHYUNG! Minha casa não é lugar para esse tipo de coisa, saia daqui por favor. — Meu pai pediu já alterado enquanto ficava de pé.

— Eu não vou sair até me livrar de você de uma vez por todas! — No segundo seguinte Taehyung já estava em cima de Jungkook, o acertando com socos. Eu tentei impedir mas minha mãe me segurou pelo braço e me afastou dos dois.

— Você está louco, Taehyung! — Jungkook jogou Tae longe e o acertou alguns chutes.

— PAREM VOCÊS DOIS! — Gritei já desesperada, eu já estava vendo sangue neles, a briga já tinha perdido o controle. — TAEHYUNG, JUNGKOOK!

Meu pai notando meu desepero entrou entre eles e segurou Taehyung pela gola da camisa antes de puxá-lo para fora.

— EU NÃO VOU DEIXAR VOCÊ SE CASAR COM ELE, YOSUN! — Gritou enquanto meu pai tentava empurrá-lo para fora. — EU VOU MATAR VOCÊ JUNGKOOK, EU VOU TE MATAR POR ROUBAR ELA DE MIM!

Eu fiquei terrivelmente assustada com aquela cena, tanto que mesmo depois do meu pai expulsar Taehyung e trancar a porta, não consegui me mexer. Fiquei ali parada no mesmo lugar enquanto olhava assustada para todos os três que estavam na sala.

— Yosun... — Jungkook se levantou do chão ainda machucado e tentou se aproximar de mim mas a única coisa que consegui fazer foi desabar em lágrimas e correr para o meu quarto.

Bati a porta com força e me joguei na cama com a barriga para baixo, eu estava tremendo com tudo aquilo, nunca tinha visto Taehyung daquele jeito, além da briga dele com Jungkook... Eles sempre se trataram tão bem. Por que isso aconteceu assim de uma hora pra outra?

— Meu amor... — Senti o coxão afundar ao lado da minha cabeça e logo em seguida a mão de Jungkook começou a acariciar as minhas costas. — Me desculpa por ter feito aquilo, eu não queria te assustar.

Eu me sentei e aproveitei nossa proximidade para me jogar em seus braços, eu já não estava chorando mas mesmo assim continuava assustada e pensativa sobre oque tinha acontecido com Taehyung.

— Por que ele fez aquilo, Kook? — Perguntei assim que senti seus braços ao meu redor, ele me abraçou com força e acariciou meu cabelo.

— Eu não queria te falar nada para não te preocupar... — Ele respirou fundo antes de continuar. — Há alguns dias atrás Taehyung me ameaçou e me mandou me afastar de você porque ele te amava, nós brigamos e eu mandei ele não chegar mais perto de você. — Eu me afastei para olhar para o rosto dele, sua boca e seu nariz estavam sangrando, sem contar na sua bochecha que estava com um hematoma e um pequeno corte perto da sua cicatriz. — Eu queria te proteger mas pelo visto mandar ele se afastar não foi o suficiente.

Meu estômago revirou e eu tive que me levantar para não passar mal ali, enquanto pegava alguns algodões no meu guarda-roupa aproveitei para respirar um pouco do ar fresco que vinha da varanda.

— Você está brava comigo? — Kook perguntou após meu silêncio se prolongar por muito tempo.

— Não, meu querido. — Eu me sentei na sua frente e dei um sorriso pequeno ao ver a sua cara de cachorro arrependido, fiz um carinho em sua bochecha antes de recomeçar a limpar o sangue que estava em seu rosto. — Eu acho que só me assustei com a reação de Taehyung, nunca imaginei que ele não estava feliz com a nossa relação.

— Mas isso não importa, os únicos que têm que estar felizes na nossa relação é a gente. — Ele segurou as minhas mãos e as beijou assim que terminei de limpar seu rosto. — Yosun, eu te amo tanto, acho que nunca vou conseguir colocar em palavras o quanto você é especial para mim.

— Eu também te amo, meu amor. — Eu coloquei minha mão em sua nuca e o puxei para perto de mim para beijá-lo.

Jungkook colocou seu peso sobre mim e me fez deitar na cama enquanto ainda nos beijávamos, nossos lábios se moviam com delicadeza e carinho, eu queria mostrar o quanto o amava. Quando precisamos nos separar para recuperar o ar ele me olhou e sorriu antes de passar a mão pelos bolsos da sua calça.

— Você ainda não me respondeu... — Ele me mostrou uma caixinha metálica e assim que a abriu vi dois anéis de noivado, eu não consegui conter o sorriso. — Você aceita ser minha esposa e passar o resto dos seus dias comigo?

— O resto dos meus dias? Isso parece muito tempo... — Brinquei.

— Vai, não é tão ruim ter que me aguentar todos os dias, além disso eu sou lindo quando acordo de manhã. — Kook sorriu e passou a mão pelo meu rosto.

— Mas você ronca, eu não ia conseguir dormir de noite...

— De noite nós estaríamos ocupados com outra coisa, dormir seria a última coisa que você iria querer fazer. — Ele sorriu maliciosamente e subiu a mão pela minha barriga por dentro do vestido, assim que sua mão segurou o meu peito eu não deixei de rir.

— Tudo bem, meu amor. — Passei meus braços pelo seu pescoço e o puxei para mais perto de mim. — Eu aceito ser sua esposa, Jeon Jungkook.

— Você está me fazendo o homem mais feliz do mundo, futura senhora Jeon. — Eu sorri largamente antes de nos beijarmos novamente. Ele colocou o anel em meu dedo e me olhou no fundo dos olhos. — Eu prometo te amar para sempre.