História Girassóis de Van Gogh, Narusasu e Sakuino - Parceria

SAKURA

— Nem fodendo! — Exclamei após ouvir Naruto dizer que seu rival, Sasuke Uchiha, era seu novo vizinho. Tenho certeza que uma das janelas vai sair quebrada, e não duvido de ser a do Uchiha.

— Tô falando a vocês. O diabo gosta de me atentar — O loiro reclamou enquanto tomava um suco de caixinha. 

— Você é bem sortudo pra não dizer o contrário.

— Cala boca, Kiba. 

— Venha calar, filhão. É bom que a gente já cai na mão.

— Parem com isso! — Tenten repreende os dois que já estavam para se atacar. Eu, normalmente, me divirto com tudo isso, mas a minha cabeça estava bem movimentada e preocupada com a questão do time feminino ser criado. 

Às vezes é desanimado não ter nenhum apoio, nem mesmo da minha própria família que insiste em dizer que futebol é apenas para garotos e eu deveria procurar o meu lugar. 

Minha relação com a minha família é bem mais ou menos. Poderia ser definido como "variável". Eles parecem estar de boas comigo, mas em questão de segundos estão apontando mil erros em cima de mim. Quando estou em casa, gosto de passar boa parte do meu tempo no quarto a fim de evitar intrigas. Eu amo meus pais, mas às vezes não dá. 

Depois da aula, com a minha bicicleta, passo na Lan House para imprimir os cartazes que usaremos para compartilhar às garotas sobre termos vagas disponíveis no novo time de futebol feminino com parceria das duas escolas. Ah, sim, esqueci de avisar. Hashirama entrou em contato comigo e Tenten e nos avisou que conseguiu falar com o diretor Madara da Elite e poderíamos montar um time. Fiquei feliz com a notícia, como também preocupada porque não sabia se as garotas iriam querer. 

Parei num telefone público e liguei para Tenten a fim de perguntar se ela conseguiu ver o design da camisa. Felizmente, ela disse que estava ficando perfeita e mandaria para meu email assim que estivesse pronta. 

Quando cheguei em casa, avisei para o vento porque não tinha ninguém em casa, e subi para o meu quarto, trocando de roupa e descendo para faxinar a casa e quando finalmente terminei, subi novamente pegando uma nova roupa e corri para o banheiro onde tomei um banho gelado para amenizar o calor que Konoha estava fazendo. Vesti uma camiseta de Queen com um jeans e fui pro meu quarto assistir Um Maluco no Pedaço que estava passando na TV de tubo. Foi tudo uma paz, até eles chegarem e começarem a reclamar que eu não saio do quarto, não faço nada da vida. Revirei os olhos só de ouvir aquilo. Mebuki e Kizashi só sabem reclamar ou eu sou uma adolescente inconsequente. Vai saber.

Quando a madrugada caiu, subi no telhado e me permiti olhar as estrelas. Eu gostava daquilo, do silêncio, ou quase, já que não posso esquecer do barulho dos grilos e da minha cabeça.

[...]

— Ok, Tenten. Já colei cartazes pela escola inteira, distribuí para algumas garotas que por sinal demonstraram desinteresse e enviei para o email de umas pessoas da Elite e pedi para que repassarem — Avisei para minha melhor amiga, sentadas numa sala reservada da biblioteca anotando tudo que tinha para anotar. 

— Eu mandei para Neji, e pedi que ele compartilhasse com as garotas de lá, também. Tenho certeza que em breve irão entrar em contato conosco — A garota de cabelos da cor de chocolate falou enquanto arregaçou a manga do uniforme. 

Estávamos bem animadas, uma pontada de esperança começou a surgir em meu peito, principalmente quando depois de uns quarenta minutos, uma garota entrou em contato comigo por ligação. Seu nome era Karin e ela era da Elite. Marcou de se encontrar com eu e Tenten numa praça de skate que muitas pessoas dessas duas escolas vão após a aula. Ela disse que se conseguisse mais alguém, levaria.

As aulas hoje terminaram mais cedo por conta da ausência do professor de física, todo mundo gritou em comemoração, até papéis no ar tinham, então assim que terminamos, ficamos um pouco sentados no muro conversando junto com Naruto, Shikamaru e Kiba. O Inuzuka perguntou se queríamos ir na sorveteria, mas infelizmente negamos, mesmo no calor infernal. Já estava na hora de nos encontrarmos com Karin, então os rapazes seguiram rumo à sorveteria, enquanto eu e a Mitsashi fomos à praça de skate. 

Quando chegamos, sentamos numa mesa aleatória que tinha. 

— Será que essa Karin vem mesmo, Sakura? — Tenten me perguntou preocupada.

— É claro que sim, Ten. Ela disse que é ruiva. 

— É mas não tem nenhuma rui… Nossa! — Mitsashi desviou o olhar que estava arregalado e sua boca estava fazendo um perfeito "O". Segui a direção do seu olhar encontrando uma ruiva que com certeza deve abalar nas festas de tão bonita que era!

— Aquela menina é um brotinho.

— Que gíria de velho é essa, Tenten? Estamos em dois mil e quatro, não anos setenta.

— É de tanto meus pais falarem que vêem alguma pessoa bonita.

A garota ruiva se aproximou de nós e pude sentir seu cheiro amadeirado misturado com cigarro. Seus cabelos iam até as costas e era uma tonalidade de vermelho bem chamativo. Agora de perto dava para ver que seus olhos eram vermelhos, provavelmente por conta de lentes, e tinha piercing no nariz e no lábio inferior. Ela usava a farda da Elite mas com acessórios como correntes e braceletes de espinhos. A camisa social estava amarrada, dando para ver perfeitamente seu piercing no umbigo, mas imperfeitamente a tatuagem no abdômen.

Que linda.

— Sakura e Tenten? — Ela perguntou nos olhando de cima a baixo. 

— Sim. Karin? — Perguntei no mesmo tom.

— Sim. Cabelo bacana.

— Digo o mesmo.

Ela se sentou ao lado de Tenten, ficando de frente para mim. Eu e minha melhor amiga começamos a fazer perguntas sobre se ela já jogava, qual a posição, entre outras. 

A mesma disse que joga desde os dez anos e também acompanha seu namorado nos treinos. E pelo visto é expert em bater em caras ignorantes que dizem que futebol é apenas para garotos. Gostei dessa. 

— Olha, tem uma colega da Elite vindo aí. Ela é barra pesada na hora de jogar — Ela fez uma expressão com a boca que deu para ver seu piercing na língua. Quantos piercings ela tem, afinal?

Enquanto essa tal colega não chegava, nós três conversamos para nos conhecermos um pouco, já que é bom saber um pouco sobre quem joga com você. Descobri que ela também está no terceiro ano e namora Suigetsu. Eu o conhecia quando ainda jogava no time da Sweet, mas não sabia que Karin era sua namorada e melhor amiga de Sasuke Uchiha.

— Então vocês são amigas daquele loiro esquentado? — Ela nos perguntou para ter certeza e provavelmente surpresa.

— Sim, e você daquele carinha que vive de preto e provoca Naruto? — Tenten retrucou por nós duas. Obviamente se ela falasse de nosso amigo, falaremos do seu. 

— Esse mesmo. O golden retriever e o gato preto gostam de se atacar — Ela falou com um sorriso nos lábios tão engraçado que me fez sorrir igual.

— Tenho que concordar. 

— Temos.

Minutos depois, uma loira dos cabelos ondulados e olhos verdes musgo apareceu com uma cara séria enquanto chupava um pirulito. Será que é de lei parecer marginal na Elite? Não só marginal como bonita também.

— Sou Temari. 

— Sakura.

— Tenten.

— Você já me conhece, não preciso de apresentação.

Ela sentou ao meu lado e se apresentou. Temari estava no terceiro ano, era atacante e, também, detestava caras ignorantes. 

Mesmo com cara de brava, tendo uma conversa mínima com ela, a loira demonstrava simpatia e tinha uma boa autoestima, porém era bem estressada. 

Nós quatro trocamos telefone e endereço para entrarmos em contato uma com a outra quando for necessário. Quando estava prestes a ir embora, lembrei que esqueci meu mp4 na merda do vestuário, por isso me despedi das meninas e segui o caminho da Sweet. 

É muito bizarro saber o motivo dessas duas escolas serem tão próximas, mas é uma história velha.

Antes, era somente uma escola que foi fundada por dois irmãos. Através do tempo, a rivalidade cresceu entre eles junto com a ambição, levando a separarem a escola em duas. Assim nasceu Sweet Konoha e Konoha Elite, e o mais irônico é que os dois atuais diretores são melhores amigos de infância. Talvez seja por isso a tamanha parceria entre ambos, mesmo com muita confusão da parte dos alunos. Os jogos sempre foram assim, Sweet e Elite treinam entre si porque os diretores dizem que é bom manter laços. 

Quando cheguei na escola, fui direto para o vestuário procurar meu mp4, mas quando cheguei lá, encontrei uma certa loira no chão abraçada com os joelhos. Ino notou minha presença, por isso me olhou com os olhos azuis brilhando de lágrimas. Suas bochechas estavam avermelhadas, igualmente suas escleras. O oceano realmente estava em seus olhos. 

Ela limpou os olhos e tentou manter sua pose de durona, mas não tava colando muito. Senti uma pontada no meu estômago e não entendi o porquê. 

— Tá tudo bem? Você quer que eu chame alguém? — Perguntei meio incrédula. 

— Não! E não é da sua conta, Sakura — Ela gritou com a voz chorona passando a mão no rosto. Estupidez da parte dela continuar com orgulho mesmo precisando de ajuda, aparentemente. 

— E você vai ficar aí? Chorando feito uma desgraçada? 

— E minhas escolhas te interessam por acaso, Haruno? — Ela gritou novamente com uma certa revolta. Senti uma pontada de arrependimento em ter dito aquilo. Realmente, não era da minha conta e eu não tinha o direito de falar.

— Não — Eu poderia ter pedido desculpas, mas acho que sou infantil demais às vezes. Mesmo minha resposta podendo ser outra, direi aquela que não irá ferir meu ego.

Algo dentro de mim dizia para eu ter compaixão, mas eu a conhecia muito bem para saber que ela não quebraria o orgulho e aceitaria minha ajuda. Mesmo que seus olhos implorassem por isso. 

Tentei ignorá-la, entretanto algo em mim continuava gritando, por isso peguei meu mp4 e saí de lá o mais rápido possível, deixando Ino sentada no chão. Que angústia estranha, mas não sei o porquê. Eu não deveria ficar assim, até porque somos inimigas e não devemos ter pena dos nossos inimigos, quer dizer, eu não estou com pena dela! Talvez seja apenas curiosidade do meu lado fofoqueiro. Eu não me importo com Ino.

Eu tenho que entender isso.

Não posso esquecer das implicâncias dela por algo bobo, mesmo que eu tenha uma parcela de culpa pela falta de explicação. Declaramos guerra e ódio uma à outra e isso não poderia ser quebrado tão facilmente. 

Eu odeio Ino.