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História Give Love A Try - Echo


Escrita por: clandharmonizer

Capítulo 2 - Echo


Narradora P.O.V

Lauren andava de um lado para o outro em sua casa, por algum motivo, se sentindo mais sozinha e vazia do que nunca e sem conseguir parar de pensar nas palavras de sua amiga. Havia uma sensação estranha tomando conta de seu peito e isso a preocupava. Ao som de Jace Everett cantando uma de suas músicas preferidas, e que a fazia viajar para um tempo bem distante daquele, para um lugar que nunca gostaria de ter saído, ela tentava esvaziar sua mente. Algo que parecia simplesmente impossível nos últimos tempos. Quase todas as noites acontecia a mesma coisa: depois de um longo dia de trabalho ela voltava pra casa, e terminava a noite sozinha, tendo como companhia um copo de vodca e acertando as contas com o fim do dia, coisa da qual sempre dizia que ninguém nunca teria como escapar. Porquê no fim do dia, é só você. O que você é de verdade te encara de frente para prestar contas. E se nesse momento você não gostar do que é, sabe que já não tem mais nada. E Lauren já não se lembrava a sensação de gostar de si mesma há muito tempo. Não conseguia lembrar da última vez em que se agradou ao ver seu reflexo no espelho, e por mais que tentasse esconder esse trágico detalhe, era algo que não passava despercebido por seus amigos, os quais já haviam tentado de tudo para fazê-la sair dessa vida cheia de uma tristeza que se tornara um vício, mesmo que ela insistisse em dizer que era apenas cansaço, nada que uma boa noite de sono não resolvesse.

            Mas esta noite nunca vinha, e a tristeza nunca ia embora. Vinha ouvindo de seus familiares e amigos que parecia um robô. Sempre fazendo tudo no automático, vivendo apenas para o trabalho sem se dar o mínimo de descanso, o que não era algo ruim em sua opinião. Inegavelmente, Lauren amava seu trabalho e o que fazia, tudo o que havia conquistado com ele, amava seus alunos e dar aulas de piano, era o que realmente enchia seu coração com a mais pura felicidade. Mas isso não mudava o fato de que ouvia sempre que seu problema era a falta de uma companhia ou uma boa noite de sexo, coisas as quais preferia ignorar, o que não a fazia ser totalmente diferente do resto. Porque sempre presamos a sinceridade, mas nem sempre gostamos de ouvir a verdade, ainda mais quando é sobre nós e não é nada boa. Mas não era como se ela estivesse sozinha por todo esse tempo. Não mesmo. Ela tinha suas distrações e noites de sexo casual. Mas não passavam disso: meras distrações. Nada que a salvasse do que havia se tornado sua vida e principalmente de si mesma. Ela já havia tentado diversas vezes, mas algo a impedia de se prender em alguém, a impedia de realmente se apaixonar e tentar algo novo.

 

Flashback - Jauregui Arts Academy – Uma hora atrás

Lauren Jauregui P.O.V

- Bom, pessoal, por hoje e só. Espero todos aqui na segunda-feira de novo e devo dizer que tenho uma surpresa pra vocês e acredito que muitos vão gostar bastante, mas espero que agrade a todos. Foi uma aula incrível, estão todos dispensados. – Digo com um sorriso no rosto para meus amados alunos. Uma das melhores coisas que havia em dar aula, era sem dúvida a conexão que somos capazes de criar com outras pessoas quando estamos ensinando, e acho que isso só se tornava ainda maior e melhor quando a matéria era a música. Tenho feito isso por dois anos, dando aulas de piano aqui na Academia e não consigo lembrar de um momento onde as coisas não tenham sido incríveis. Tudo isso porque a música é algo capaz de transformar tudo e todos a nossa volta, tem a capacidade de tornar tudo mágico e me atrevo até a dizer que pode fazer milagres. Ao longo de nossa vida, são incontáveis as vezes em que a música se torna nosso refúgio, nossa válvula de escape, uma ponte para um universo intenso e particular que é só nosso, e melhor ainda, é quando ela vem carregada de lembranças de um momento especial que de tão bom tem até uma trilha sonora. Música é a própria vida em forma de som.

Vou me despedindo aos poucos das pessoas que estão saindo da sala enquanto arrumo tudo, quando percebo que ainda sobra alguém. Amy. Esse é o seu nome, é uma das alunas da academia e me atrevo a dizer que uma das melhores, sempre foi muito dedicada e com um talento raro de se ver. Sempre admirei sua preferência pelos clássicos e por trilhas sonoras, as quais dominava muito bem. Com toda certeza, irá longe.

- Posso ajudar em alguma coisa, Amy? – Pergunto ao perceber que ela permanece parada na porta.

- Sim... – Diz meio incerta enquanto se aproxima mais. – Na verdade, eu queria perguntar uma coisa. Se não se importar em responder, é claro.

- Oh, sim. Sem problemas. Pode perguntar. Alguma dúvida? – Respondo enfim. Gosto quando posso ajudar os alunos de alguma forma, é gratificante, faz eu sentir que meu tempo não é desperdiçado e que de alguma forma, estou alcançando meu propósito.

- Não, exatamente. Na verdade, não é sobre a aula. – Ela diz meio sem graça.

- Oh, tudo bem, então. Pode dizer.

- Tudo bem... Espero que não me leve a mal... Mas sempre costuma nos dizer que a arte reflete o que está dentro de nós e que através dela podemos dizer quem somos e até mesmo como nos sentimos, assim como pode ser nossa maior fonte de alegria e também um refúgio nos piores dias... – Conforme ela foi falando, eu já não me sentia tão certa de que poderia responder sua pergunta da forma que ela queria mesmo que ela ainda não houvesse de fato perguntado nada - E pensando nisso, eu pude reparar que grande parte de suas fotografias têm um ar triste, até mesmo as músicas que toca no piano durante o intervalo das aulas. Não estou querendo ser intrometida ou algo do tipo, mas apenas achei isso curioso. Tudo bem se não se sentir à vontade em responder. E não sei... Você é triste? – Assim que terminou de falar, ela olhou imediatamente para o chão, evitando o meu olhar, que no momento era de total surpresa. Eu realmente não estava esperando por isso.

- Oh... Bem, eu... Não, Amy. Não sou triste. E nunca me falaram isso antes, então agradeço por prestar atenção nas minhas fotos.

- Imagina. Todos aqui adoram seu trabalho, desde as crianças até os mais velhos. Ainda mais depois do projeto que fez dando a oportunidade aos que não tem condições de estudarem aqui na Academia.

- Ah, isso não foi nada. Eu gostaria de fazer mais, pra ser sincera.

- Já faz o suficiente... Mas será que eu posso dizer uma última coisa?

- Sim, claro.

- Existe um lugar onde eu sempre vou quando não me sinto bem, e acho que poderia ajudar. – Então a vejo tirar um cartão de sua bolsa o qual me entrega. – Tenha uma boa noite. - Assim que pego o papel de suas mãos, ela sai da sala sem ao menos me deixar agradecer. Fico observando e dou um meio sorriso com isso. Afinal, pode ser um boa ideia.

Assim que saio da sala, acabo encontrando com Dinah no corredor à minha espera, assim como todas as noites desde que inauguramos a Academia.

 

- Até que enfim, Jauregay. Achei que teria que te buscar lá dentro.

- Haha. Muito engraçada.

- Eu ouvi sua conversa com sua aluna... E eu fiquei pensando qu... – Oh, não. De novo isso não. Antes mesmo dela pensar em terminar sua frase, já sei o que vai dizer e eu sinceramente não quero ouvir.

- Dinah, não. Por favor, não agora. Já sei o que quer me dizer e eu realmente não preciso disso no momento.

- Mas Lauren, presta atenção! – Disse parando bruscamente a minha frente. – Até seus alunos percebem isso, não sei como isso não te incomoda. Você só tem 26 anos e leva sua vida como se estivesse à beira da morte. Isso só te faz mal e você nem ao menos percebe. As meninas sentem sua falta, sabia?

- Como assim? Nos vemos toda semana. – Digo confusa.

- Você não entendeu. Elas sentem falta da antiga Lauren, não dessa pessoa que está no lugar dela. Eu sinto sua falta, parece que só seu corpo está com a gente nas nossas pequenas reuniões, mas você mesma, de verdade, não aparece há muito tempo. Já que você nunca aceita meus conselhos, pensa pelo menos em aceitar outros convites. Sabe bem do que eu estou falando. Fala sério, quando foi a última vez que esteve com gente nova em algum lugar que não fosse sua cama ou sei la, um motel?

- Eu não vou te responder isso!

- Ta vendo?! Isso é um absurdo. Apenas considere, ok?

E assim ela foi até seu carro quando chegamos no estacionamento, apenas a observei até que fosse embora dali, e permaneci tentando ignorar tudo o que ela havia dito. Eu não mudei tanto assim, ainda sou a mesma pessoa. Posso ter estado um pouco distante em um momento ou outro ao longo os anos, mas não é para tanto, nada que mereça todo esse exagero. Eu ainda sou eu, ou pelo menos, acho que sou.

Fim do flashback

 

Apesar da música, seus pensamentos eram tão altos que tinha certeza de que a qualquer momento sua cabeça poderia explodir. Já fazia tempo que tudo o que mais desejava era apenas uma noite de sono tranquilo e nem que fosse apenas por um segundo, ter sua cabeça completamente livre de pensamentos ou qualquer coisa que tirasse sua paz de espírito, mas ao colocar a cabeça no travesseiro, as coisas só pareciam piorar, o que a fazia enlouquecer mais e mais a cada dia que passava.

Depois de um longo tempo de inquietação e querendo algo que pudesse mantê-la distraída e com a mente ocupada de alguma outra coisa que não fosse aquele vazio e uma certa sensação e desespero beirando a loucura, decidiu o que fazer. Não acreditava no pensamento que acabara de ter, mas mesmo assim o faria, parecia extremamente bobo, mas poderia funcionar. Sabia que se pensasse demais acabaria por não fazer nada, sempre acontecia isso. Mas achava que isso não era exclusividade dela, pensava que talvez, fosse assim com todos, porque quando você para pra pensar e deixa a racionalidade tomar conta das coisas, pode evitar que o pior aconteça. No entanto, Lauren não sabia que as melhores coisas da vida acontecem quando resolvemos apenas agir, sem pensar, só ouvindo nosso coração, sem medo do que pode acontecer. Todas as vezes em que não estava tão certa de algo, pensava milhões de vezes antes de fazer, mas quando tinha certeza do que queria, não havia nada e nem ninguém que a fizesse mudar de ideia. Essa era uma das coisas da qual tinha muito orgulho em si mesma. Sempre fora extremamente determinada, sempre muito esforçada, não teria chance nenhuma se não se esforçasse. Sabia bem que a vida não perdoaria. Mas e quando a certeza não estava presente? Bem, então não fazia nada. Achava que era melhor e mais seguro se manter em sua zona de conforto para evitar o pior.

'Quem diria que um dia eu chegaria a esse ponto, não?' Acabou rindo de seu pensamento. Pegando seu celular e o conectando ao aparelho de som, se preparava para tomar um bom banho, momentaneamente teve a sensação de que aquela seria uma noite longa, mas resolveu ignorar a sensação. Poderia ser da forma que fosse, só queria esquecer de tudo por um tempo. Mesmo que só por umas horas. Afinal, não era pecado algum querer se distrair um pouco. Mas no fundo mesmo, Lauren gostaria de não ser ela mesma, porque sabia que naquele momento, como costuma acontecer muito com todos nós, dentro dela não era um bom lugar para se estar. E aquela parecia ser a melhor opção no momento.

Após uns bons minutos no chuveiro e refletindo enquanto a água caía sobre seu corpo nu, incrivelmente, não havia mudado de ideia e sua decisão se mantinha firme. Pensava que levando em consideração os últimos tempos, aquele era um passo e tanto. E aquela era a única coisa necessária para sair do lugar, certo? Dar o primeiro passo. Se permitiria ir atrás de outras alternativas que não fossem as garrafas nas prateleiras do bar ou que resumisse apenas a ficar dentro de casa. O mundo tinha muito mais para oferecer e era o que ela queria. 



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