História Give Me Your Love - Happy New Year

• December 31, 2014 

• 23 hours and 38 minutes 

Trinta e um de dezembro de 2014, véspera de ano novo. Quem diria que eu passaria tanto tempo com pessoas que faria de tudo para não ver nem o rosto. Talvez, se antes eu fosse menos mimada, tudo seria diferente. Mas, parando para pensar, eu não mudaria nada. Tudo aconteceu da forma que deveria acontecer. Foi tudo natural.  

Peguei meu celular embaixo do travesseiro e mandei uma mensagem rápida para minha avó. Faz tempo que não falo com elas e é melhor assim. Se eu telefonasse todos os dias, provavelmente minha tia imploraria para eu voltar em todas as vezes. E, de certa forma, seria difícil recusar todos os pedidos. 

Por falar em voltar, falta aproximadamente dois para o meu prazo de seis meses terminar. Não estou fisicamente e nem psicologicamente preparada para isso. Apesar de ter meus amigos e o resto que sobra de minha família materna em Londres, meu desejo de ficar é maior do que a saudade que sinto. 

— Bia? — Chamou-me alto, fazendo-me virar para ele. — O que minha princesa faz aqui sozinha? 

— Sua princesa estava mandando mensagem para a avó dela. — Respondi sorrindo e ele me abraçou pela cintura. Kaique foi se aproximando de mim e achei que íamos nos beijar, mas não. Ele colocou seu rosto em meu pescoço, onde depositou um beijo molhado, fazendo-me arrepiar.  

— Você está tão cheirosa. — Disse baixo e sorri sem jeito. 

Ele colocou uma mão no meu rosto e se aproximou mais, beijando-me. Passei as mãos para o seu ombro, mas, em pouco tempo, já estava fazendo carinho no seu grande e liso cabelo. A sensação de beijá-lo era muito boa. Me sentia completa. Suas mãos estavam na minha cintura, mas começaram a desder delicadamente, como sempre. Desde nosso primeiro beijo, Kaique se revelou um completo tarado. 

Ele colocou as duas mãos em meu bumbum, mas desceu uma, parando na minha coxa. Como estava de vestido, uma parte dele ficou por baixo da sua mão, mas ele o tirou e apertou aquele local. Só não bato nele, porque é meu namorado. Mentira. Confesso que gosto desse lado do Kaique. 

Separamos do beijo e dei mais alguns selinhos nele. Dei um passo para frente e tirei minhas mãos do seu cabelo, agora segurando sua blusa. Juntei nossos lábios de novo e ele voltou a colocar suas duas mãos em meu bumbum. Por estar de salto, era bem mais fácil beijá-lo. E era mais fácil dele me bolinar também. 

Tudo estava indo bem, até eu ouvir um latido agudo e contínuo. Separei o beijo e olhei para baixo. Ri ao ver Whisky mordendo a barra da calça do Kaique e me abaixei, o pegando no colo. Dei alguns beijinhos nele e o mesmo ficava me lambendo, fazendo-me rir. 

— Agora estou ferrada. Arranjei mais um ciumento. 

— Eu não sou ciumento. — Protestou Kaique.  

— Não? — Perguntei sorrindo, colocando Whisky no chão. 

— Não. 

— No natal, quando você disse que não queria mais saber do Josh me abraçando, não era ciúmes?  

— Não, não era. Eu estava apenas protegendo a menina que eu batalhei para conseguir. 

— Ai, Kaique. Fica quieto e me beija. 

Comecei a rir sem motivo e abracei fortemente seu pescoço. Kaique começou a andar para trás e acabamos caindo em uma das camas. Rimos juntos e ele ficou por cima de mim. Fiquei o olhando fixamente e ele tirou seu óculos, o colocando na sua camisa. Ele fez um carinho no meu cabelo e, em seguida, depositou um beijo em meu nariz, fazendo-me sorrir. 

Point of View — Melissa Cowell 

— Mel, vai ver se a Bianca e o Kaique estão lá em cima. Nós vamos lá para fora daqui a pouco. 

Assenti ao pedido de minha tia e atravessei a sala, subindo os degraus da escada em seguida. Atravessei o corredor e cheguei na porta de nosso quarto. A abri um pouco e, quando ia falar alguma coisa, parei no mesmo instante. Um sorriso brotou no meu rosto e permaneci ali parada.

A Kenzye e o Kaique estavam se beijando. E o pior é que os dois estavam muito lindos. Só faltava aparecer coraçõezinhos em volta deles. A Bianca estava segurando na blusa dele, enquanto o Kaique estava com as mãos na comissão de trás dela.  Dei alguns passos para trás ao ver o Whisky se levantar da sua caminha e fechei a porta devagar, só para não fazer barulho. Dei um sorrisinho bobo e me encostei na parede, esperando o momento certo para poder entrar. Não queria interromper os dois. 

Confesso que sinto vontade de fazer essas coisas de casal. Sinto vontade de estar com alguém. De ter alguém se preocupando comigo e me dando carinho todos os dias. Sinto vontade de namorar. Nem que fosse só por dias ou algumas semanas. Nem que me machucasse depois. Eu faria de tudo para poder sentir as sensações que os dois sentem quando estão juntos. 

— Mel? — Olhei para o lado e o Pedro sorriu. — Não achou a Bianca e o Kaique? 

— Ah, achei sim. — Respondi. — Eles estão no quarto. 

— Porque não chamou eles então? O pessoal já está indo para praia soltar os fogos. 

— Os dois estavam em momento ternurinha, não queria atrapalhar. 

— Ah, entendi. — Disse e riu em seguida. — Mel, aproveitando que estamos só nós aqui, posso te perguntar uma coisa? 

— Pode, o que foi? 

— Você ficaria comigo? 

— E-eu? — Gaguejei ao processar a pergunta. Não estava acreditando no que ele acabara de dizer. Droga, o que eu faço? — P-Pedro, e-eu... 

— Só perguntei porque, sei lá, achei que seria legal. — Confesso que me decepcionei um pouco. Ele só ficaria comigo porque acharia legal? — Não, é mentira. Eu estou querendo te perguntar isso há uns dias, mas estava meio sem coragem. Eu te acho uma garota bonita, Mel. Por dentro e por fora. É por isso que eu queria ficar com você. 

Meu coração estava acelerado e sentia minhas pernas meio que bambearem. Nenhum garoto nunca disse essas coisas para mim. E, para falar a verdade, o Pedro é o único garoto em quem eu chego a pensar em ter alguma coisa. Apesar de todas aquelas coisas que fez, ele se arrependeu. Aprendeu a ser um garoto melhor e, de certa forma, acabou me conquistando.  

— Sim. — Respondi depois de uns segundos. — Eu ficaria com você. 

Pedro abriu um sorriso gigante e não resisti em fazer o mesmo. Ele se aproximou de mim rapidamente e, quando percebi, ele já estava me dando um selinho demorado. Meu coração estava disparado e tentava não deixar com que minhas mãos e pernas tremessem. Vamos lá, Melissa, vai ficar tudo bem.  

Ele abriu seus lábios e, como não sabia direito o que fazer, comecei a acompanha-lo. Ele me abraçou pela cintura e, lembrando-me do beijo da Bianca e do Kaique, eu segurei em sua blusa, o puxando mais um pouco para perto de mim. 

Point of View — Nicki Hernandez 

— Nicki, pode colocar isso no jardim para mim? — Pattie pediu, me estendendo uma caixa e assenti sorrindo. — Obrigada, querida. 

Me levantei do sofá e peguei a mesma, saindo dali. Atravessei a sala e passei pela porta da varanda que dava acesso ao jardim. Procurei um lugar para colocar e andei até o outro lado, colocando a caixa embaixo de uma arvorezinha. Quando me virei, sem querer, bati em alguém e me agachei na hora para pegar a caixa que estava com a pessoa. 

— Desculpa — Disse sem olhar para a pessoa. — Não vi você. 

— Esquece. — Josh respondeu-me frio, praticamente arrancando a caixa de minhas mãos, andando até onde eu havia colocado a minha. 

Apertei meus punhos e permaneci o olhando durante alguns segundos. Esse garoto só pode ser louco. No natal ele estava esbanjando sorrisos pela sala. Até um abraço na Bianca ele deu. E agora nem olha na minha cara. O comportamento dele me irrita, mas me intriga ao mesmo tempo. Não consigo entender o porque de tanta bipolaridade. 

— Josh? — Chamei por impulso, fazendo-o me encarar. — Porque é assim? 

— Assim como? — Perguntou de volta, levando-me a revirar os olhos. Sínico. 

— Não se faça de santo. — Respondi grossa. — Você age como se não tivesse sentimentos e sai machucando os das pessoas. Porque faz isso?  

— Escuta aqui, garota... 

— Não, escuta você. — Falei alto, o interrompendo. — Ver pessoas chorando por sua causa te faz feliz? Ver pessoas sofrendo por conta de uma coisa ruim que você disse te deixa alegre? Acha que humilhando as pessoas vai se tornar alguém melhor do que elas? 

— Olha, você não sabe nada sobre mim. — Respondeu grosso. — Nem você, nem ninguém. Vocês não sabem o que eu sinto, porque, na verdade, não se importam com isso. Vocês não tentam me entender. Mas eu não sou o monstro que vocês dizem. Eu sei que não sou. 

— Nenhum de nós nunca te chamou de monstro, Josh. Nem eu, nem a Bianca, nem ninguém. Apesar de todas as coisas ruins que você fez para a Kenzye, ela nunca disse o que você é, ou deixa de ser. Para de jogar a culpa em cima de nós. Ou você é tão infantil a ponto de pensar que a culpa não é somente sua? — Ele me encarava profundamente e podia jurar que seus olhos estavam lacrimejando. Mas eu não pararia agora. Precisava falar tudo que estava engasgado em minha garganta, ou iria explodir. — Enquanto você não assumir os seus erros e se comportar como gente de verdade, ninguém aqui ai te dar a mínima. Você não foi "homem" suficiente para sair machucando a todos? Espero que esse mesmo "homem" tome vergonha na cara e aprenda a respeitar as pessoas. 

Já cansada, me virei para sair dali. Não queria mais conversar com ele. Era ano novo e não ia deixar que esse garoto estragasse essa data tão especial. Por algum motivo, senti meus olhos lacrimejarem. Odiava brigar com as pessoas, mas entendia que algumas delas precisavam ouvir algumas verdades para aprenderem a ser gente. Quando estava chegando a porta da varanda, senti o ser segurar meu braço. Me virei para me soltar, mas acabei não o fazendo. Ao olhar em seus olhos, senti meu coração se apertar. Josh estava chorando. 

— Nicki, eu não quero mais viver assim. Estou cansado de tudo. O que eu faço para mostrar para todos que quero mudar? O que eu faço para eles não me rejeitarem mais? 

— J-Jo-Josh... — Tentei me pronunciar, mas a vontade de chorar era maior do que eu. 

— Sei que você deve me odiar pelas coisas que eu fiz. Sinceramente, me perdoa por isso. Mas você é a única que pode me ajudar. Eu não consigo fazer isso sozinho. Preciso de alguém como você. Então, me ajuda, Nicki. — Suas lágrimas começaram a cair rapidamente e assenti na mesma hora, o dando um abraço apertado. 

— Fica calmo, por favor. — Disse passando a mão pelas suas costas e respirava fundo, tentando controlar meu choro. Podia sentir suas lágrimas batendo no meu ombro e isso só me fazia ter mais vontade de chorar. — Eu vou te ajudar. Eu prometo. 

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— Todos prontos? 

— Sim! 

— Vamos começar então. 

— 10. 

— 9. 

— 8. 

— 7. 

— 6. 

— 5. 

— 4. 

— 3. 

— 2. 

— 1. 

— FELIZ ANO NOVO!!