História Glass Bridge - Capítulo Dois: Meus Queridos Irmãos.

[…]

As mãos deles, eram geladas como as minhas. Mas, a cada vez que eu as apertava,

Podia sentir um estranho calor, por conta do atrito.

As mãos deles eram grandes, bem maiores do que as minhas.

E isso fazia com que eu me sentisse cada vez mais segura perto deles.

Estranhamente na minha mente, eu sentia como se aquela situação,

Já houvesse se repetido diversas vezes, e por isso, eu simplesmente não desejava soltar aquelas mãos jamais.

Eles me mostraram a luz novamente, mesmo que suas naturezas fossem obscuras.

Algo que até então, eu desconhecia.

~*~

Os Tsukinamis então, iniciaram uma pequena viagem de volta com Hanamaru até o Castelo em que viviam. O local em que moravam realmente poderia ser chamado de Castelo, pois era imenso, quase três vezes maior do que uma grande mansão, como a Mansão dos Sakamakis.

Por conta do corpo frágil da mais nova, Carla e Shin optaram por pegar um trem expresso, para poupar ela, de uma longa e cansativa caminhada, afinal, ela não tinha conhecimento dos poderes que possuía.

—Shin-Onii-san… -Hanamaru o chamava em um tom tímido, puxando a blusa do mais velho, que estava com os olhos fechados.

Hanamaru estava sentada ao lado de Shin na poltrona do trem, e Carla sentado a sua frente. Os dois mais velhos estavam com os braços cruzados, com os olhos fechados e parecendo que estavam dormindo.

—O que foi? -Shin indagou em um tom levemente áspero, vendo a pequena garota encolher seus ombros. —Apenas diga, eu não vou te morder. -Dizia com um sorriso de canto, bagunçando os cabelos de Hanamaru.

—E-Eu estou com fome… -Confessou em um tom baixinho, abaixando o seu olhar, pois se sentia tímida em pedir alimento a alguém. —Sinto muito lhe incomodar. -Hanamaru desculpava-se com um pequeno bico em seus lábios.

—Você não precisa se desculpar, é algo normal desde que não ingere sangue há muito tempo. Acabou por desenvolver hábitos humanos. -Carla constatava analisando-a da cabeça aos pés.

No instante em que desviou seu olhar, Carla pediu para uma vendedora de guloseias parar próximo a eles, assim, Hanamaru sem hesitar escolheu diversos doces que pareciam apetitosos e diversos salgados, deixando-os espalhados pela pequena mesa de centro que havia entre os dois bancos de frente um para o outro.

—Hana. -Carla chamou-a em um tom firme, por um belo apelido que a chamava na infância. —Conte-me exatamente o que se lembra, enquanto come. -Pedia o seu máximo para ser um tanto gentil com Hanamaru, pois essa não era a sua natureza depois de tudo o que passou.

—Exatamente, conte tudo. -Shin também completava a frase do mais velho, cruzando seus braços e encarando a mais nova.

—Bem…- Hanamaru murmurava abaixando o seu olhar, enquanto mastigava uma pequena barra de cereal, que deixava suas bochechas coradas pelo doce sabor que ela jamais havia sentido. —Lembro-me… de um homem, sim. Um homem de cabelos brancos e olhos cor de cereja. -Dizia em um sussurro, estreitando as suas sobrancelhas ao ver os mais velhos com expressões irritadas. —D-Disse algo ruim? -Indagava com receio de tê-los magoado.

—Não, apenas continue. -Carla imediatamente negava, pois sabia que mesmo que explicasse naquele momento, Hanamaru provavelmente não entenderia.

—Esse homem lhe fez algo de ruim? Ele fez? -Shin perguntava sem conseguir conter a sua ansiedade. Em seus olhos, certa raiva e ódio transpareciam.

—Ele não… -Respondeu-o com um olhar baixo, encolhendo seus ombros. —Mas, a mulher de cabelos longos as vezes me batia. -Hanamaru confessava em um tom triste e angustiado. —E me deixava sem comer.

—Cordélia, aquela maldita. -Shin deixava com que um pequeno xingamento escapasse dos seus lábios. Ele trincava seu maxilar e apertava seus punhos, tentando conter a sua raiva.

—Eles… sempre brigavam, e um dia apenas desapareceram. Mas antes, aquele homem disse que um dia viria me buscar… -Hanamaru dizia se lembrando daquele detalhe, pois foi a última vez que o viu, e em seguida, foi abandonada.

—Você tem noção de quem ele era, certo? Ou não se lembra de nada realmente? -Shin indagava encarando-a com um olhar firme, esperando algum tipo de resposta da mais nova.

—N-Não… não sei… -Respondia-o em um tom baixinho. —Mas, aquela mulher o chamava de “Karl”. -Hanamaru dizia concordado com si mesma ao se lembrar dos gritos de Cordélia.

—Ele é um inimigo. -Carla dizia cruzando seus braços. —Karl Heinz é o seu nome, foi ele quem nos prendeu no submundo, o mundo dos demônios. E creio que para você foi realmente ruim… -Murmurava encarando Hanamaru, que não entendeu a última frase. —Ficamos presos por cause mil anos. -Explicava ao ver que ela não entendeu.

—E-Então… isso quer dizer que eu também fiquei presa durante todo esse tempo? -Indagava com um olhar confuso, afinal para ela, foram apenas dez anos, porém, estava enganada. —Eu realmente… me perdi no tempo. -Hanamaru dizia em um tom baixinho, encolhendo os seus ombros.

—Eu ainda não sei porque ele separou você de nós dois, porém depois de ter matado o nosso Pai e a nossa Mãe, ele a levou embora e nos aprisionou. Só conseguimos fugir pois dias atrás houve um eclipse lunar que enfraqueceu os poderes de Karl Heinz. -Shin explicava dando leves tapinhas sobre o topo da cabeça da mais nova. —Pare de se preocupar, certo? Está tudo bem agora, não deixaremos ele lhe levar embora nunca mais. -Dizia com um sorriso torto.

—Shin está certo. -Carla afirmava em um tom firme, levantando-se. —Descemos aqui, venha. -Dizia estendendo a mão para Hanamaru, vendo-a pegar a mão de Shin, e em seguida a sua. —Boa garota. -Elogiava-a com um sorriso torto.

Descendo do trem, em uma estação realmente deserta com clima úmido. Hanamaru pode ver em um ponto distante no topo de uma montanha, um belo castelo feito de rochas, com um vasto jardim em frente.

Os olhos dourados da pequena garota realmente brilharam de animação, em saber que ela moraria em um local assim. Rapidamente os Tsukinamis mais velhos, começaram a caminhar com pressa. Shin que carregava Hanamaru em seus braços, pulava entre as árvores sendo acompanhado de Carla, pois assim, seria mais rápido de chegar até lá em vez de caminhar.

Ao chegarem em frente ao grande Castelo, Shin colocou Hanamaru de pé sobre o chão, bagunçando os cabelos da mais nova ao ver que ela mantinha um sorriso bobo nos lábios.

—Deixamos as rosas crescerem, pois sabíamos que gostava delas. -Shin dizia em um tom exibido, pois a ideia havia sido dele, e ao ver que Hanamru realmente estava feliz em ver a quantidade absurda de rosas, pois o jardim era vasto.

—E-Eu realmente adorei! São tão lindas… Eu me lembro de tê-las visto, mas… ao mesmo tempo não me lembro… -Hanamaru dizia em um tom animado, encolhendo seus ombros momentaneamente, diante do desânimo de ter esquecido de coisas realmente boas.

—Vá brincar um pouco. -Carla sugeria vendo a mais nova concordar. Observando-a correr para o meio do jardim, o Tsukinami mais velho aproximava-se de Shin. —Você percebeu? -Indagou arqueando uma de suas sobrancelhas.

—O que supostamente? -Shin indagava cruzando seus braços, estreitando suas sobrancelhas, por não ter entendido exatamente ao o que Carla estava se referindo.

—Existem duas coisas. Primeiro, a cela dela estava aberta, ela poderia ter fugido. -Dizia lembrando-se desse detalhe, enquanto mantinha seus olhos cravados em Hanamaru. —E no fundo dos olhos dela, a um selo. Ele está privando as memórias dela de propósito. -Carla explicava vendo Shin se surpreender.

—Nii-san. Sobre o selo, acho que é esperado, pois ele deve ter feito algo ou dito algo a ela que quer manter em segredo. -Dizia estalando sua língua em irritação. —Mas, sobre a cela, isso é algo natural da Hanamaru. -Shin murmurava levantando e abaixando os seus ombros.

—Como normal? Ela poderia ter fugido bem antes. -Carla dizia cruzando seus braços e revirando seus olhos em desagrado.

—Você se lembra quando brincávamos com ela, e uma vez ela se escondeu no porão? Dissemos para ela se esconder pois acharíamos ela. -Dizia voltando seu olhar à Hanamaru, esboçando um sorriso de canto. —Depois disso o nosso Pai nos chamou para tratar de alguns assuntos importantes. Pensávamos que ela sairia mas, não… Ela ficou lá nos esperando até aparecermos, pois ela pensou que foi abandonada, porém acreditou que apareceríamos. -Shin explicava soltando um pesado suspiro.

—Está dizendo que ela… estava nos esperando? -Indagava em um tom surpreso, pois de fato, pensando assim, isso seria algo que Hanamaru realmente faria. —Como podemos ter uma irmã tão inocente? -Carla resmungava cruzando os seus braços.

—Acredito que sim, é a Hana afinal. -Shin dizia voltando seu olhar ao Castelo, percebendo então que uma certa pessoa os observava da janela. —Parece que alguém ficou curiosa. -Murmurava esboçando um sorriso sádico, ao ver a pessoa fechar a cortina e voltar para dentro.

—Ainda precisamos explicar devidamente a situação à Hana, sobre Komori Yui, os Sakamakis, e Karl Heinz. Ela precisa saber de tudo, ainda hoje. -Carla dizia em um tom firme, começando então a caminhar em direção a Hanamaru.