História God In The Blood - Algo em Comum

Jin

    Se me dissessem hoje de manha, que eu estaria as 9:45 da noite sentado em uma cadeira desconfortável na sala de espera de uma delegacia com algemas apertadas nos meus pulsos eu diria para essa pessoa, que eu ela é muito loca, ou ela esta muito fumada no feijão. Mas por incrível que pareça é exatamente essa situação que eu estou vivendo agora. E sabe o que é pior? É que eu não fiz nada, tudo bem, essa é a coisa que todo culpado diz? É! Mas eu realmente não fiz nada. 

    Mas eu não era o único adolescente preso essa noite, na sala também estavam outros dois, que pareciam ter idades próximas a minha. Um tinha cabelos totalmente pretos, pele bem branca e olhos tão escuros quanto os cabelos. E o outro que parecia mais jovem tinha a pela mais morena e apenas uma mecha rosa em seus cabelos marrões escuros.  O silêncio da sala era até assustador, mas ninguém parecia disposto a quebra-lo. 

    Um policial entrou na sala e passou os olhos por nos como se nos fossemos pedaços de carde expostos  em uma vitrine de algum açougue de quinta categoria.

    -Meninos, esta acontecendo um grande assalto com reféns em uma joelheira no centro da cidade, então basicamente não vamos poder falar com vocês agora. Vão ter que ficar aqui assim sentadinhos até voltarmos sem tumulto ou bagunça por favor. -O policial falou com sua voz rouca, saindo da sala logo em seguida.

    O silencio votou a reinar na sala, mas ele ja estava a me deixar incomodado e parecia que aos outros também, pois não demorou muito para o menino de cabelos pretos falar.

    - Então, porque vocês estão aqui? -Perguntou ele direto.

    -Olha eu não sei vocês mas, eu fui ensinado que antes de qualquer coisa, você deve se apresentar.- Falou o menino mais novo. O garoto de cabelos negros revirou os olhos, mas o de pele morena pareceu não perceber, e se percebeu resolveu ignorar e voltou a falar. - Eu me chamo Kunpimook Bhuwaku, mas como vocês coreanos não tem a capacidade de falar esse nome, podem me chamar de Bambam. O motivo de eu estar aqui é bem simples, os policias de Gwangju, são uns retardados e não sabem entende uma situação. Eu estava de boa voltando do colégio quando estava rolando uma festa em um bar perto do alojamento dos alunos, para eu ir para o meu quarto eu tive que passar na frente desse lugar, mas ai do nada começou uma briga de bêbados, eu apertei o passo para não me envolver na confusão, mas fui barrado por um cara oferecendo algum tipo de bebida alcoólica para mim, sabe qual é o pior essa não é a primeira vez que um estranho simplesmente me oferece bebida ou me convida para algum tipo de festa. Mas quando eu ia recusar, as sirenes foram ouvias. Alguém supostamente tinha chamado a policia pela briga de bêbados, então quando eles viram a minha situação ele simplesmente assimilaram que eu fazia parte daquilo e me prenderem por ser um menor de idade ingerindo álcool, mesmo que eu não tenha nem encostado em um copo de bebida!- Logo que ele terminou de falar ele me olhou como se fosse a minha vez de contar.

    -Eu me chamo SeokJin, mas como você nos deu intimidade o suficiente para te chamar pelo apelido então vocês podem me Chamar de Jin. Minha historia é diferente da do Bambam, mas tem um aspecto igual, também não era para eu estar aqui. Nessa hora da noite era para eu estar deitado na minha cama comendo pipoca enquanto atualizava as minhas series do Netflix!- Falei um pouco revoltado, mas logo me acalmei.- Eu estava passando pelo centro da cidade para procurar um presente para o meu pai que tem tempos que eu não o vejo, quando um vendedor ambulante me parou e começou a mostrar seus produtos, eu estava sempre de capuz e andava de cabeça baixa, pois não queria que ninguém me reconhecesse, mas quando esse vendedor falou que tinha uma miniatura de avião de guerra, eu levantei a cabeça para fita-lo, pois meu pai sempre colecionou essas miniaturas, então aquele seria um presente perfeito. Mas logo que eu levantei a cabeça ele começou a me encarrar de um modo estranho, e me perguntou sobre o que eu estava interessado, quando eu falei do avião ele simplesmente me deu o mesmo, eu recusei mas ele insistiu, o que eu achei mais estranho ainda. Mas ele continuava insistindo, então eu aceitei, o que foi meu grande erro, pois logo que eu coloquei o capuz na cabeça novamente e comecei a andar na direção oposta ao vendedor, ele começou a gritar que nem um louco, alegando que eu o tinha roubado, e como no centro sempre tem vários policiais, aqui estou eu preso por injusta causa. - Depois que eu terminei de falar os dois me encaravam incrédulos. -Ué... O que houve?

    -Olha, não é por nada não, mas porque você tentava não ser reconhecido?- Perguntou o menino de cabelos pretos que ainda não tinha se apresentado. 

    -Ah... É que... Lembra quando eu falei sobre o meu pai?- Os dois concordaram com a cabeça. -Meio que ele é o Kim Jungmin.- Bambam quase teve um infarto, mas o outro simplesmente me olhava curioso. -Sim, Kim Jungmin, o modelo mundialmente famoso. E é por isso que eu ando de capuz na rua, alguns paparazzis ja conhecem o meu rosto, então sempre que eu ando na rua tenho que tomar cuidado para não ser reconhecido. E não virar a capa da revista de fofocas da semana que vem.

    -Sabia que eu ja te conhecia de algum lugar! Nossa você é muito parecido com o seu pai! Devia realmente ser modelo, serio mesmo!- Falou Bambam, e senti um calor nas minhas bochechas.- Ai você fica tão fofo corado!

    -Obrigado Bambam!- Olhei para ele e sorri.- So falta você agora.- Falei olhando para o menino de cabelos pretos. Ele levemente concordou com a cabeça e começou a falar.

    -Pelo visto todas as nossas historias tem algo em comum, eu também não sou culpado pelo o motivo de eu estar aqui. Minha escola tem a mania de sempre que algum museu esta em exposição nova, eles nos levam para ver, é extremamente chato, pois não fazemos nada de útil e ficamos em pé o dia inteiro, mas pelo menos a gente não tem aula. A exposição que íamos hoje era sobre a Grécia antiga, o que me animou um pouco pois não sei o porque mais sempre amei esse assunto. Estávamos na última parte da exposição quando possamos por uma estatua que diziam que vinha direto da Grécia, as algo dentro de mim dizia que não era verdade, que aquela estatua nunca tinha nem tocado em terreno grego, parecia até que eu era especialista nisso, eu estava tão convicto que simplesmente falei bem baixinho “Essa estatua é falsa”, não achei que alguém tivesse ouvido. Mas eu estava errado. Eu continuei olhando fixamente para a estatua o restante do passeio, mas quando estávamos indo embora eu olhei uma ultima vez para aquela porcaria e ela explodiu! Serio mesmo! Chegou a ser algo sobrenatural! Mas um dos cuidadores do museu tinha me ouvido quando eu falei sobre a falsidade da estatua, e me acusou de terrorismo. E não sei o porque acreditaram nele! Agora eu estou aqui preso esperando a minha sentença para ir para o reformatório.Ah, e eu me chamo Jinyoung, mas podem de chamar de Junior.- Eu e Bambam olhamos para ele abismados.

    -Como assim reformatório?- Perguntei um pouco receoso mesmo ja sabendo a resposta.

    -O é você espera o que, que sejamos liberados? Um alcoólatra, um ladrão e um terrorista? Lógico que não, com sorte nos vamos para uma clinica de reabilitação, e com azar vamos para o reformatório mesmo.

    E foi nessa hora que Bambam começou a chorar, e realmente não foi pouco, me levantei da cadeira e tentei acalma-lo mesmo com as mãos algemadas, Jinyoung tentava fazer o mesmo, apreciamos duas mães tentando cuidar de uma criança chorona.

    -Eu não posso, simplesmente não posso, vocês não intendem!- Ele continuou chorando desesperado, eu e Junior nos olhamos e ficamos realmente sem saber o que fazer, até que Bambam voltou a falar.- Vocês dois podem até ir para o reformatório, mas eu não, se realmente formos considerados culpados, eu vou ser mandado de volta para a Tailândia, e isso não! Eu não posso!

    Bambam voltou a chorar e eu ja estava quase entrando em desespero, quando ouço barulhos de sapatos vendo em nossa direção, olhei para o relógio e vi que já se passaram mais de uma hora que os policiais tinham saído, então eu deduzi que eram eles. Mas fui surpreendido por um homem com o cabelo grisalho, bigode e manco. Todos os meninos olhamos para ele, então sem mais nem menos ele começou a falar.

    -Eu sou do conselho tutelar, e venho aqui para oferecer uma proposta a vocês...- Ele falava serio, mas não deixava de ser simpático, o silencio continuou, dando espaço para ele voltar a falar. -Que falta de educação a minha, desculpe, esqueci de me apresentar, me chamo Sr.Wong, não precisam saber o meu primeiro nome. Mas voltando a proposta, ela é bem simples. Vocês me ajudam em um projeto com mais cinco adolescentes, e eu apago toda a ficha criminal de vocês. E não adianta perguntar sobre o que é o projeto, pois eu não vou reponder.

    Logo que ele terminou de falar nós nos encaramos e uma pergunta silenciosa sobre o que faríamos. 

    -Eu aceito. -Falou Bambam com a voz rouca ainda por causa do choro. -Não deve ser pior que voltar para a Tailândia. 

    -Eu também aceito. -Falei decidido. Eu sabia dos riscos, talvez esse cara so queria enganar a gente para nos vender como escravos sexuais na Turquia, mas eu ja estava na merda mesmo, por que não me sujar. Alem do mais, se ele fosse traficante de escravos, muito provavelmente os policias não o deixaria entrar na delegacia, - Não posso sujar a imagem do meu pai.

    -Ah... Quer saber... Eu também aceito!- Falou Jinyoung calmo e sereno.- Não tenho nada para fazer mesmo..