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História God save the Queen! - Escuro


Escrita por: nsauthor

Capítulo 10 - Escuro


HARRY-POV

Minhas mãos tremem enquanto tiro meu celular do bolso. Cada vez que ouço algum aparelho tocar, ou sirenes de ambulância ou carro de policia eu praticamente surto. O peito aperta forte e sinto como se meu coração já não tivesse espaço na caixa torácica. Eu não estou bem. Para falar a verdade não acho que seja capaz de ficar bem agora. Não depois de tudo que aconteceu.

Alô? – Minha voz está tão tremula quanto minhas mãos. Aguardo a resposta sentindo a tensão em todos os músculos do pescoço, mas quando ouço a voz de Daisy, o corpo relaxa.

Já quase não sei o que sentir sobre essa garota. Eu não a conheço tanto assim, apesar do bom tempo que estávamos passando juntos, e do quanto temos conversado através de mensagens pelo celular. Sei que estou arriscando muita coisa aqui, salvando o número dessa garota como contato pessoal, principalmente quando ela está envolvida em toda essa coisa suja que tem acontecido.

Não que eu acredite que Daisy tem algum envolvimento com a morte dos jovens de Blue Lake, muito pelo contrário, acredito até mesmo que ela possa estar correndo perigo apenas por viver neste lugar. O que mais me frustra é que sei que não posso fazer nada, e não porque não quero, mas sim porque não sei como.

 – Harry! Pare o que estiver fazendo e vá agora mesmo até o colégio, você precisa encontrar Trevor. Ele tem coisas pra te contar... – Ela fala tão rápido que por alguns segundos eu não faço ideia do que responder, simplesmente porque não entendi nada. Mas logo começo a processar sua informação, e também seu tom de voz, sério e concentrado. Trevor sabe de algo, e meu estomago revira apenas de pensar no que pode saber e que, finalmente, talvez saia do ponto zero.

Dee... Você tem certeza? – Eu posso vê-la sorrindo neste momento, eu sei o quanto minha garota é orgulhosa, e sei o quão importante é para ela descobrir quem acabou com a vida de seus amigos, então mesmo que ela não esteja feliz do seu amigo Gwon estar envolvido, ela também pensa como eu, saímos do ponto zero.

___________________

Buscar o garoto na escola foi a parte mais tranquila, Louis e Liam tomaram conta dessa parte. Preferi me abster, pois precisava reunir informações que já tínhamos arquivado sobre sua família, de forma que não desse muito na cara que estávamos ali para uma investigação policial.

Para os alunos que os viram chegar, estavam apenas buscando uma entrevista de rotina, principalmente pois sabiam que o rapaz era amigo das vitimas. Já para os professores e o restante da equipe, estávamos retirando um suspeito que, dependendo do decorrer do interrogatório e dos resultados que chegássemos, não deveria sequer voltar a escola, o que me parecia ser um resultado bem infeliz para o garoto e sua família.

De qualquer forma, não houve resistência de sua parte, o garoto Gwon já havia passado por um interrogatório, mais um não seria um problema para ele. Por isso, logo depois que Louis me avisou que haviam chegado na escola, em menos de cinco minutos, ele já me respondia afirmando que estavam saindo de lá com o garoto no banco de trás da viatura.

Aproveitei o tempo restante para reunir as informações que tinha já levantadas da família em um arquivo mais compacto. Eu sabia que os Gwon eram bastante importantes, a senhora Gwon fora bancária por uma boa quantidade de tempo, mas agora ambos ela e seu marido eram donos de construtoras de imóveis de grande porte, e eram responsáveis por boa parte das construções não apenas de Blue Lake, mas também das cidades vizinhas, e sua história para mim era muito, muito misteriosa.

De qualquer forma, os históricos escolares do garoto eram bons, atleta e bom aluno, notas decentes em quase todas as matérias fora química, aparentemente ele era bom com explodir as coisas, e eu tinha anotado em minha papelada que isso para mim era um tanto quanto fora do comum, eram como se ele entendesse de química, mas não quisesse deixar transparecer.

Assim que chegaram, Liam levou o garoto até a sala enquanto Louis respondia a um outro chamado no departamento vizinho ao nosso, pelo que entendi, haviam concluído o processo de exame de necropsia que fizeram no corpo encontrado alguns meses atrás perto do Blue Lake, anotei mentalmente para verificar o resultado depois.

No momento em que entramos na sala, pude perceber que Trevor tremia demais, tremia mais do que vara verde, e sua testa estava molhada com suor recente. Posso afirmar que provavelmente nunca vi uma criança tão ansiosa por estar em uma sala de interrogação.

Mas não poderia imaginar que o que aconteceu a seguir poderia sequer acontecer. Ele explodiu!

Eu não fiz nada! Eu juro que não fiz nada com Bran... Eu nunca machucaria meu melhor amigo! – Ele gritou, alto e raivoso, como se realmente o estivéssemos acusando. – Ele só tentou me ajudar... Eu sei que é uma porra de uma cagada, mas ele só tentou me ajudar e eu sou um fodido e agora ele morreu e eu não sei como continuar isso sem ele... ele era o Cérebro entende, eu sou só o Pinky... – E começou a chorar, desesperadamente, jorrando lagrimas e lagrimas para fora dos olhos. Seguro seus ombros, completamente perdido, novamente agora sem saber por começar, o garoto estava confessando e eu não sabia o que fazer.

Do que... Do que está falando Sr. Gwon? – Eu pergunto, tentando parecer calmo quando na realidade estou a ponto de explodir tanto quanto o garoto. Ele me olha, confuso. Respira profundamente, e então dá de ombros.

Nada. Eu não fiz nada. – Quero confiar nele, quero muito, pois odiaria que um dos amigos de Daisy fosse culpado por todas as atrocidades acometidas contra seus amigos. Mas não sei até onde posso confiar nesse garoto. O mais surpreendente era sua calma repentina, digna de serial killer de série de televisão. – Eu absolutamente não fiz nada. - Ele volta a afirmar, então solto seus ombros e me sento calmamente a sua frente, o encarando, verificando se consigo captar algum sinal em suas expressões faciais, mas não há nada, nada além de tristeza e algo parecido com culpa, mas não por tê-lo matado.

Olha só... Eu, na verdade toda essa cidade, precisamos de ajuda, precisamos de ajuda pra conseguir chegar nesse assassino maldito. – Ele concorda com a cabeça, e eu estou sinceramente seguro de que ele não fez absolutamente nada. Não sei se me sinto aliviado por saber que não vou precisar dizer a Daisy que Trevor não é culpado, mas também me sinto frustrado, pois não consigo sair da estaca zero. – Eu acredito em você, Trevor, mas eu preciso que me conte toda a verdade. – Digo com firmeza e ele volta a concordar, baixando seu olhar para as mãos sobre a mesa.

Então ele começa a falar...

Primeiro de tudo, não há nada que eu diga que vá mudar as coisas para mim, eu sei disso Oficial Styles, e é uma merda saber disso. O que eu e Brandon fizemos, eu não posso dizer que estou orgulhoso disso, mas também sei que não era uma opção, nunca foi uma opção, sempre esteve em nosso sangue, em nossa linhagem. – Ele dá de ombros, ainda encarando suas mãos. Vez ou outra esfrega a mão no cabelo e aperta as têmporas, e sei que está tão nervoso quanto arrependido. – Que merda... Isso é muito ridículo. Eu sou um idiota. – Ele ri baixo, mantenho meu olhar encarando seu rosto, para que ele saiba que não é uma brincadeira, essa merda precisa parar. – Nós... Nós vendemos drogas, Oficial. Não é... não é tipo maconha, sabe, são outras drogas, algo que está por aí tem um tempo. É Abracadabra... – Ele volta a rir, então enterra o rosto nas mãos, parecendo tão perdido quanto eu.

Não é de hoje que diversas chamadas são feitas para a emergência de garotos que tiveram overdose com essa merda. Abracadabra, por mais que soe infantil é uma droga ilícita extremamente pesada, uma mistura forte de ecstasy com outros componentes químicos desconhecidos, apenas o fabricante sabe a receita e, obviamente, ninguém sabe quem é o fabricante. Os adolescentes que usam a droga dizem que o efeito de Michael Douglas (MD = ecstasy) não chega nem perto do que a Abracadabra causa. Os efeitos vão desde alucinações pesadas causadas pela ativação da amígdala do cérebro, região responsável pelo medo, até mesmo à pequenos ataques do coração e falta de ar, podendo causar a morte.

Meu queixo cai e tenho que usar todas as minhas forças restantes para não encher o garoto de porrada, não é possível que ele tenha tido a capacidade de vender essa porcaria sabendo o que causa, sabendo as consequências de seus atos e aceitando isso como se fosse normal. Liam reage exatamente aos meus pensamentos e avança sobre o garoto, segurando seus ombros e o chacoalhando.

- Você é idiota? É retardado? Você deve ser retardado, não se importa que essa merda destrói casas... famílias? – Ele vocifera bem na cara do garoto oriental, fazendo com que saliva voe em seus olhos. Ainda assim, o garoto nem se mexe, ele sabe o que fez, ele sabe o quão errado e culpado é. Sabe disso e está se entregando, porque não há nada mais sensato a fazer. A morte de Brandon não tem relação nenhuma com essa situação, ou ao menos não até onde sabemos, mas ao mesmo tempo explica muita coisa, e resolve muita coisa. Seguro Liam pelos braços, o puxando para trás, e ele volta para perto da porta, ainda ruminando seu ódio.

Eu sinto muito, Trevor, mas você sabe que vou precisar te prender, não sabe? – Ele concorda com a cabeça, completamente derrotado. – Antes, preciso que me diga o que Brandon tem a ver com isso e, principalmente, quem entrega as drogas?

Eu empurrei Bran no meio disso, ele não tinha nada a ver. Mataram ele por isso, não? Por minha culpa? – Seus olhos estão novamente cheios de lagrimas e quase me compadeço, só não o faço porque realmente o garoto está em uma enrascada, eu não posso ajuda-lo, e sei que Daisy ficará decepcionada por isso. Ao mesmo tempo prossegue sendo desesperadoramente frustrante não termos sequer uma pista de quem é o assassino. De qualquer forma, nego com a cabeça.

Não acho que tenham matado Brandon por isso... Mas é algum lugar por onde começar, por isso preciso que me diga Trevor, quem entrega as drogas? – O rapaz é apenas o camelo, disso tenho certeza, não acho que ele tenha capacidade de ter um relacionamento direto com quem produz a droga, ele é apenas um garoto obscenamente rico nessa cidade amaldiçoada, ele não pode participar disso.

Me perdoe, Oficial... Eu não posso te dizer nada. Não... Não sem meus pais aqui. – Ele diz com firmeza, ainda que a voz esteja um tanto tremula, mas isso é devido a sua tristeza, afinal de contas, ele é apenas uma criança. Eu desisto de fazer perguntas para ele, pelo menos por ora, já que está tão abalado que não conseguirá prosseguir com nada. Além do mais, podemos voltar a isso a qualquer instante, sem qualquer problema.

Aceno para que Liam o algeme, digo que sinto muito novamente e que precisaremos detê-lo, informo também que avisaremos seus pais. Ele terá que passar a noite na jaula, infelizmente, até mesmo porque não podemos simplesmente apagar o peso de suas ações. Ele tem 18 anos e pode ser preso, e é como funciona a lei.

Quando volto para meu aquário estou exausto, me sinto completamente esgotado tanto quanto venho me sentindo a um bom tempo. É terrivelmente frustrante não saber para onde ir, para onde correr. Penso em mandar uma mensagem para Daisy, mas ao mesmo tempo não quero ter que falar sobre Trevor, sobre ela estar certa de ter algo errado com o amigo, não posso magoa-la ainda mais e também não quero falar sobre o assunto, não agora. Posso, e vou deixar para mais tarde.

Descanso a cabeça nas mãos, enquanto esfrego delicadamente o cotovelo para frente e para a trás na mesa lisa, a papelada ao meu lado é enorme, mas não sinto muita vontade de fazer qualquer coisa, preciso descansar meu cérebro. Estou quase cochilando quando Louis bate no vidro atrás de mim, me viro para ele em um sobressalto, ele tem um olhar pesaroso no rosto e, sinceramente, não sei se estou preparado para nada mais de ruim.

Saiu o resultado da necropsia... – Ele diz, apoiando o queixo na mão que esta encostada no batente. Reúno o restante de forças que tenho, as ultimas gotas de sanidade para perguntar.

E...? – Ele dá de ombros, respirando profundamente e me preparo.

Stephanie.- Por uns segundos não faço ideia de quem ele esteja falando, mas logo sinto o cérebro despencar, e não sei como me sentir. – Stephanie Reagan.

 


Notas Finais


Espero que gostem! ♥


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