História Golden. - Last night

*Alguns dias depois.

Eu estou muito confusa com tudo que vem acontecendo, eu não sei se mando mensagem para Brad ou se deixo assim como está. Ah e também tem minha família e amigos no Brasil, eu estou sendo tão injusta com eles, preciso dar notícias a minha tia. Nossa, só faço burrada. Sinto que tem um turbilhão de sensações dentro mim, não estou conseguindo me entender, nem eu mesma sei o que quero. Mas que grande droga!

Decidi pegar meu celular e ligar para minha tia, eu tinha dormido até 12h então já são 8 pelo Brasil, com certeza ela estará acordada.

Disquei o número e depois de alguns minutos tia Alicie atendeu.
— Oi. — eu falei e esperei alguns segundos até que ela respondesse.
— Olha Catherine, você não devia ter feito isso, nós ficamos preocupados. Você acha que ter enviado aquelas mensagens para Sophie foi o suficiente? Isso não é certo, você nos deve satisfações. — Enquanto tia Alicie falava eu apenas ouvia. Quando ela já havia dito tudo que tinha para dizer, respondi.
— Me desculpe tia Alicie, mas aqui os horários são diferentes e as vezes eu ia ligar e eram horários inconvenientes para vocês, me desculpa mesmo, eu sei que fui muito errada. — eu realmente estava ciente e arrependida de meu erro.
— Tudo bem minha querida, mas nunca mais faça isso! 

Conversamos muito, falamos sobre muitas coisas, contei sobre como está minha vida aqui. Falei sobre minhas novas amigas, mas nem ousei falar sobre Brad. Ela iria achar que ele é perigoso, algum estuprador ou algo do tipo. Depois de uns 40 minutos de ligação tia Alicie disse que precisava desligar para e ir as compras e que depois manteria contato comigo.

Depois que ela desligou eu fui correndo tomar um banho e escovar meus dentes, quando saí do banho me arrumei no meu estilo comum de sempre. Saí do quarto, fui até a cozinha tomar um pouco de água, as meninas haviam deixado um bilhete na porta da geladeira: "Cath, eu e Anabella saímos com Tristan e James para almoçar, então acho que não estaremos em casa antes das 14h, beijos e abraços, Emily." Nossa! As safadas já saíram para almoçar com os meninos, mas isso é bom para elas. Bem, acho que agora vou ter que dar uma saída, ainda não tem o que comer nessa geladeira, a não ser as sobras de pizza. Peguei minha bolsa e celular e fui dar um volta por Londres.

Não tinha ninguém no térreo além de Dª Lilian, saí do prédio e fui caminhando. Mas dessa vez eu tinha direção, eu vou conversar com Brad, seria imaturidade da minha parte me afastar dele por conta de uma bobagem que aconteceu. Não é fugindo dos problemas que conseguimos resolvê-los. Já estava na porta da loja, ainda bem que estava aberta, já que são quase uma da tarde.

Entrei e Brad estava sentado no balcão usando fones de ouvido, então não escutou o barulho da porta e nem dos meus passos. Ele estava muito fofo de olhos fechados, balançando a cabeça ao ritmo da música e cantarolando algumas partes da canção em voz alta. Pude reconhecer a letra, ele estava ouvindo pompeii-Bastille.

Caminhei até ficar de frente para Brad, que ainda não me via ali, então continuava a cantar. E durante o ápice da música decidiu abrir olhos e levou o maior susto. Não esperava que eu estivesse ali. Já eu não conseguia controlar os risos com a reação de Brad, por fim nem ele mesmo conseguiu se conter.

Nós rimos por alguns minutos até que nos recuperamos.
 

— Olha Catherine, você não pode aparecer assim do nada e não avisar a outra pessoa. Isso foi injusto da sua parte. — ele disse em meio a um sorriso.

— Tudo bem Brad, da próxima vez eu aviso, mas tenho que falar a verdade eu estava adorando ver você assim. Estava muito fofo.- eu disse e depois mostrei um sorriso agradável. 

-Fofo? espera Catherine Svaizer me dando um elogio? -gargalhou. - jura que eu ouvi isso? - falava em um tom de ironia.

-HA HA HA muito engraçado, não foi um elogio, digamos que foi força de expressão.
 

-Ok então! você veio aqui mesmo só para me ver? - perguntou.

-Bem, não só pra ver você, eu também pretendo conversar, pode ser? - respondi com uma pergunta.
 

-Claro! - Brad falou e foi dando a volta até chegar ao outro lado do balcão onde eu estava. - Vem! - ele falou me puxando para sentar ao seu lado em umas poltronas que tinha na loja. - Sobre o que você quer conversar?

-Quero te pedir uma coisa na verdade...
 

-Pode pedir, só espero que não seja o que eu estou pensando, então nem me peça isso. - disse Brad.

-Isso o quê? - perguntei meio assustada, não estava entendendo o que ele queria dizer.
 

-Só não peça para que eu me afaste de você, porque eu não faria isso. - ele falou e depois deu um pequeno sorriso. Isso foi tão fofo, eu não sabia o que responder, eu só queria abraça-lo. Então foi isso que eu fiz, puxei Brad para um abraço, ele não esperava, mas mesmo assim reagiu bem e me abraçou de volta.

-Eu não pediria isso, seu bobo! - falei e depois o larguei.

-uffa! então estou mais aliviado. - disse e depois fez uma carinha fofa. - Então agora diga o que você precisa.

Comecei a explicar toda minha história de vida para Brad, quero que ele me ajude com meu passado, preciso dele para isso. Brad ficava impressionado com cada coisa que eu falava, ele estava atento a cada detalhe de minha história, eu percebia isso em suas expressões faciais. Ele é um ótimo amigo. Depois que eu terminei de contar minha história, Brad me abraçou mais uma vez. 
 

-Você pode contar comigo, Cath! faço questão em ajudar você. - preciso agradecer muito por ter conhecido ele e em tão pouco tempo termos nos tornado tão próximos.

-Obrigada Brad.- Falei e em seguida dei um beijo em sua bochecha.

"Grururrurur" esse som indecifrável veio da minha barriga, e foi tão alto que nós dois ouvimos e depois começamos a rir.
 

-Bem, acho melhor irmos comer alguma coisa ou sua barriga pode começar a falar também. - Brad disse e me fez gargalhar mesmo constrangida.

-É, eu acho melhor mesmo! - concordei e fui saindo da loja enquanto ele trancava tudo para irmos almoçar. Mas tem razão, já são 13h da tarde e eu ainda não comi nada hoje.

Nós caminhávamos em direção a um restaurante, na verdade eu nem sabia pra onde estávamos indo, só estava acompanhando Brad. Nós estávamos caminhando um pouco afastados um do outro, até que Brad foi chegando perto de mim e colocou o braço por cima dos meus ombros e ficamos andando "abraçados".

Após uns 5 minutos de caminhada, enfim chegamos, não era um restaurante comum, era uma lanchonete. Já percebi que Brad prefere comer bobagens ao invés de comidas nutritivas. Mas mesmo assim, eu nem estava me importando com o que eu iria comer. Esse lugar era meio que um "Subway", mas parecia ter mais variedades. Brad escolheu uma mesa e fomos nos sentar.
 

-Cath, pode ficar ai, eu faço um sanduíche para você, é do jeito que eu gosto, quero que você experimente. Se achar ruim, você levanta e faz outro, ok? - ele parecia entusiasmado em fazer o nosso sanduíche, então eu concordei com a cabeça e ele foi.

Enquanto esperava por Brad, peguei meu celular e tinha uma mensagem, era de Felipe. Esse menino poderia sumir de vez, isso sim. A mensagem dizia assim:
"Olá Cath... estou com tantas saudades, cadê você para encher meu saco? haha te amo. 
Eu vi a mensagem que vc mandou sobre estar "ocupada", será que não tem tempo para o seu melhor amigo?" 
Nem quis responder, eu estava de saco cheio com ele.

Saí das mensagens e fui dar uma olhada nas minhas fotos, fui passando... passando... até que chegou nas minhas fotos com Felipe, uma "pior" do que a outra, as caretas eram das mais variadas, nossa amizade era muito boa. Quando chegou na nossa melhor foto, eu fiquei admirando por algum tempo.
 

-Quem é ele? - Brad perguntou. Nuss, eu quem me assustei dessa vez, eu não o vi chegar. Ele estava sentado ao meu lado e tinha colocado a bandeja com os sanduíches em cima da mesa.

-Esse é meu melhor amigo, se chama Felipe. - Falei e depois travei a tela do celular e colocando-o no bolso.
 

-Aaah, vocês são só amigos mesmo? - perguntou e depois deu um sorriso sem graça. - O jeito que você olhava a foto parecia ter uma coisa maior ai.

-Sim, somos apenas amigos, mas... eu meio que já gostei dele. - falei rápido. - mas agora eu já não sinto mais nada. - acrescentei.
 

-Não parece que você já esqueceu... - ele comentou.

-Certo, mas eu já esqueci. Bem que poderíamos comer e encerrar esse assunto. - Falei um pouco mais exaltada, mas sem levantar o meu tom de voz.
 

-Tudo bem, prove do sanduíche que eu fiz. - Brad falou me entregando. Mordi um pedaço, Brad ficava me encarando, estava esperando minha reação. Estava ÓTIMO, os molhos combinavam perfeitamente com o recheio, eu sinceramente ainda não sei o que esse menino não faz de bom.

-Delicioso! - eu exclamei. - Você tem um bom gosto pra isso. Está maravilhoso, Brad. - Falei e ele sorriu satisfeito.
 

-Que bom que temos o mesmo gosto quanto a isso, sinal de que ainda vamos sair muito, eu espero. - ele é sempre bem direto, adoro isso nele.

-Com certeza, eu também espero. - falei e enfim fomos comer.

Terminamos nossa refeição e Brad foi pagar a conta, eu estava aguardando ele do lado de fora da lanchonete. Fomos caminhando "abraçados" novamente. De repente vi que já estávamos próximos ao prédio.
 

-Brad, eu vou seguir por aqui.

-Por quê não volta comigo para loja?
 

-Não, já importunei você por muito tempo, e outra, preciso procurar umas coisas sobre a história que contei a você.

-Claro que não me importunou, eu adoro sua companhia.
 

— Tudo bem, obrigada. - sorri sem jeito. - mas eu realmente preciso ir. - Falei e ele me puxou para um abraço. Ficamos abraçados por um tempinho, até que nossos rostos se encontraram, por um minuto eu pude achar que nós nos beijaríamos, mais uma vez eu podia sentir a sua respiração quente sobre minha pele. Ele me olhava nos olhos, então ele se aproximou mais e deu um beijo no canto da minha boca. Certamente ele queria me provocar, e se essa fosse a intenção dele, ele conseguiu.

— Bem, eu acho que já vou indo. - falei me afastando de Brad. Segui a diante, eu estava de costas para ele, virei a cabeça e pude ver que ele ainda estava lá parado, me observando ir embora.

Brad é um amor, mas eu não sei o que me da, eu não consigo ficar com ele, não ainda. O Felipe ainda mexe com meu emocional, é só aquele garoto falar comigo que eu sinto como se todos os meus sentimentos por ele ressurgissem das cinzas, é incrível o controle que ele tem sobre mim.

Não é tão fácil assim deixar de amar um garoto, ainda mais quando ele é seu melhor amigo. Mas tenho certeza que eu vou conseguir esquecer aquele traste.

Enfim já estava no prédio, peguei o elevador e fui para o meu apê. São 14h e as meninas ainda não tinham voltado, bem que Emily avisou que não estaria aqui antes disso. Bem, elas devem aproveitar os meninos, afinal, eles são lindos e muito legais. Precisamos sair mais vezes juntos. Fui para o meu quarto, troquei de roupa e me joguei na cama, e resolvi responder a mensagem de Felipe.

Eu digitava, digitava e no final apagava tudo. Comecei a pensar em todos os momentos bons que tive com ele e decidi que era hora de contar para ele tudo que eu sinto, ou sentia. Afinal, eu estou em Londres então não corro o risco de topar com ele na rua e me sentir constrangida...

Enfim, fui com tudo e comecei a digitar.
"Oi Felipe, também estou com saudades... Sabe, eu quero te contar algo já faz um tempo. Já tem alguns anos que nos conhecemos então acho que essa talvez seja a hora certa para falar, guardar em mim não é mais a solução. Bem, eu sou apaixonada por você desde de o primeiro dia em que eu te vi na escola, pode parecer bobo, mas sim, foi amor a primeira vista. Então fiz de tudo pra te conhecer e depois que conheci vi que você era mais do que eu esperava e a cada dia que passávamos juntos, meu amor só crescia dentro de mim. Enfim, eu amo você, mas agora estou disposta a te esquecer, porque sei que a possibilidade de tê-lo é inexistente. Entendo que você goste de outra, e essa 'outra' é alguém que eu realmente não gosto e já me fez muito mal. O fato de você ter escolhido ela pra ser sua namorada me magoa muito, pq vc sabe muito bem do que ela já fez cmg, mas isso não vem ao caso. Não me pergunte como, eu só te amei por muito tempo, não da para explicar. É só isso mesmo, beijos, adeus." Pronto, não tem mais volta, foi enviada.

Sim, eu realmente espero que esse seja o fim, antes eu passava muito tempo pensando no que dizer, colocava palavras bonitas para enfatizar o que eu sentia, mas agora tudo mudou, para mim tanto faz. Eu só queria mesmo me livrar de todo esse sentimento que eu carrego. Espero que ele se afaste de mim, talvez assim seja mais fácil. Pois bem, já chega de Felipe por hoje.

Peguei meu celular de novo, mas dessa vez foi para ouvir música, música é definitivamente minha paixão. Catei meus fones e coloquei a música pompeii-Bastille, a mesma que Brad estava ouvindo na loja. Coloquei no modo repetição e passei muito tempo curtindo a mesma canção, eu sou super apaixonada por ela.

Fiquei cantando e dançando pelo meu quarto, na verdade eu estava berrando. Passei a tarde inteira fazendo a mesma coisa, ouvindo música e surtando sozinha, eu não queria sair do quarto e nem queria comer. Na verdade eu sou meia traumatizada com comida, eu já fui bem gordinha e sofri bullying por muito tempo na escola, então não sou mais tão afim de comida.

Fui na cozinha, peguei uma garrafinha e coloquei água, e fui voltando para meu quarto. Vi uns moletons jogados pelo sofá, creio que era o de Emily e Anebella, voltei sem fazer barulho. Não queria conversar com ninguém, na verdade eu só queria voltar pro meu quarto e ficar sozinha novamente.

Entrei e tranquei a porta e ouvi meu celular tocar, quando me aproximei vi que o Felipe quem estava me ligando. Eu não queria atender, bem, eu não vou atende-lo . Já tinha 3 ligações perdidas, acho melhor não falar com ele agora, não to afim. Vi que tinha uma mensagem e fui ver de quem era, era de Brad.
***
Brad: oii, passei no Hospital que você disse que nasceu e não consegui nenhuma informação, a moça da recepção disse que você precisa estar lá para dar olhada na papelada, aah e que você precisa levar seus documentos. Beijos!
Me: Obrigada por ter ido lá por mim. Você é um grande amigo Brad, será que depois podemos marcar um dia pra você me levar até lá? se não for muito incomodo, claro.
Brad: Lógico que posso Catherine, lembra que prometi te ajudar? você confiou em mim.
Me: Muito obrigada Brad, não sabe o quanto já está me ajudando.
Brad: Por nada Cath, beijos.

Não respondi mais nada, só aumentei o volume dos meus fones e continuei a surtar, agora imaginando qual seria minha reação ao conhecer minha mãe, como ela seria e outras coisas do tipo. Eu já estava cansada de tanta agitação, me joguei na cama e caí no sono.