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História Good Enough - Unstoppable


Escrita por: SynthyaM

Notas do Autor


Peço mil desculpas pela demora, mas eu fique doente e logo em seguida tive provas. Prometo que não demorarei tanto assim para postar, obrigada pelo apoio das meninas no grupo e por terem entendido o motivo de não ter feito isso antes. Vocês são demais!!
Espero que gostem, é o primeiro capítulo com música e por isso coloquem para tocar Unstoppable da Sia quando aparecer o (1) - link nas notas finais.
Boa leitura!

Capítulo 14 - Unstoppable


Fanfic / Fanfiction Good Enough - Unstoppable


"Sou incontrolável
Sou um Porsche sem freios
Sou invencível
Yeah, eu ganho todos os jogos
Sou tão poderosa
Não preciso de baterias para jogar
Sou tão confiante, yeah, estou incontrolável hoje
Incontrolável hoje, incontrolável hoje"

(Sia - Unstoppable)
 

 

Chovia fraco lá fora, meu braço estava ardendo onde os dedos dele foram pressionados com força porque tinha demorado a colocar a mesa para a janta. Algumas lágrimas insistiam em cair porque esse primeiro mês tinha sido um pesadelo, eu só queria voltar para casa e encontrar Harry e ouvir da boca dele que tudo ficaria bem.

Eu não podia trancar a porta do meu quarto, então me assustei quando ela foi aberta.

- Você sabe que tem de estar na sala quando eu chegar, Charlotte – murmurou.

- Eu tinha atividade da escola para fazer – respondi num sussurro porque a verdade é que eu só não queria ter que estar perto para quando chegasse com todo estresse e fúria do dia a dia. Ele é policial e todo dia tem algo novo para reclamar, às vezes chega bêbado, ainda de farda, e enche-me de perguntas que não sei responder.

- Mentirosa – cuspiu e foi até onde eu estava, arrancou os papéis que estavam próximos a mim e semicerrou os olhos para o desenho mal feito da minha antiga casa e rasgou em pedaços.

- Não! – exclamei levantando-me e tentando esticar-me para alcançar os papeis em suas mãos, mas era tarde demais, já estavam destroçados, pude ver pedaçinhos do que seria a calçada da minha casa picotados no chão.

- O que você quer, menina? – rosnou enquanto segurava meu braço ainda dolorido e arrastava-me até a sala – Quer voltar para sua preciosa casa? Sinto muito, mas não vai. Você foi abandonada, entendeu isso? Sua mãe não se importa. Esse tal Harry não se importa. Comigo irá aprender a crescer.

- Está me machucando! – choraminguei e mordi o lábio quando sentou-me com força no sofá e colocou as mãos na cintura enquanto tentava respirar fundo.

- Eu não quero nenhuma desobediência, entendeu-me?

- Sim.

- Sim?

- Sim senhor – corrigi antes que seu tom de voz aumentasse mais ainda.

- Agora vá preparar a janta.

- Eu não sei...

- Já te dei tempo demais para se acostumar com a rotina dessa casa, Charlotte. Eu irei lhe transformar em alguém e vai começar a ser quando aprender a trabalhar e seguir regras. Vá para a cozinha e aprenda a cozinhar.

Assustada, com o braço dolorido e lágrimas escorrendo por meu rosto, virei às costas e caminhei até a cozinha. Estava quase chegando quando sua voz chamou minha atenção – E limpe essas lágrimas do rosto. Não me faça castigar você.

Eu tinha medo do que seria esse castigo, até agora suas ameaças tornaram-se realidade apenas no modo como apertava meu braço e hoje nem tinha sido um dos piores dias, sequer estava bêbado. Noite passada estava embriagado e trancou-me no quarto enquanto colocava algum Jazz para tocar na sala enquanto lia a carta de mamãe.

Quando abriu a porta no outro dia a carta ainda estava na escrivaninha perto de sua pistola e naquele momento tudo em mim pedia para correr até ela e ler as últimas palavras de mamãe ao se referir a mim porque eu não sabia onde estava, muito menos o que tinha acontecido. Porém, ele notou meu olhar e a guardou em suas coisas dentro da gaveta mais alta da escrivaninha, não fechou de chave e aquilo foi como me desafiar a desobedecer.

Mal sabia ele que tudo que eu queria agora era desobedecer.

Mas, no momento, tudo que me esperava era essa comida. Esquentei alguns ovos e limpei o fogão às pressas quando derramei um pouco, coloquei os pratos corretamente alinhados porque tinha toc com isso e não deixava que até minhas roupas ficassem mal dobradas. Tinha uma mulher que vinha uma vez na semana para limpar a casa e lavar as roupas, mas eu nunca a via, sempre estava no colégio.

Sim, ele me deixava estudar. No começo achei que seria feito prisioneira, depois mudei de ideia quando me matriculou numa escola do bairro e posteriormente mudei minha mente de novo quando me buscava todos os dias e almoçava comigo, o olhar penetrante dizendo que as regras eram ele que ditava.

Café não era difícil de fazer, mas deu um safanão quando coloquei muito açúcar na segunda vez em que fiz. Ele não reclamou dessa vez, comemos em silêncio e depois mandou-me tomar banho e dormir.

Essa era minha rotina. Acordava cedo e dormia cedo. Nada mais que isso.

No outro dia tudo parecia estar conspirando para que eu pudesse pegar a carta, ele saiu mais cedo de casa e a escola nos liberou também mais cedo, ou seja, eu teria mais tempo em casa. Esperei alguns minutos antes de ter certeza que ele não tinha esquecido nada e corri para pegar uma cadeira e tentar subir porque minha altura não permitia, contudo não foi suficiente e peguei livros para ajudar-me a alcançar.

As pontas dos meus dedos conseguiram abrir a gaveta e esforcei-me para equilibrar meu peso naqueles livros até que consegui achar a carta e a puxei, o papel gasto e lido várias vezes fez minha garganta arder. Desci dali antes que caísse e sentei-me no chão da sala, meus dedos tremeram na medida em que abria a carta e começava a ler.

“Anthony, eu deveria ter dito antes. Você tem uma filha. O nome dela é Charlotte Di Angello. Eu sei que está se perguntando o porquê desse nome, eu a registrei assim porque queria que ela tivesse um nome diferente do nosso, queria que tivesse uma chance de ser alguém e comecei pela escolha do seu nome. Charlotte me lembra de alguém impotente. Charlotte me lembra de alguém que sabe ler e escrever de uma forma melhor do que esses meus garranchos aqui. Di Angello eu li em algum lugar quando era mais nova, não te lembra um anjo? É assim que eu a vejo.

Mas eu não posso ficar com ela. Não quando tudo que posso dar é pipoca, não quando me sinto humilhada a receber comida de estranhos, não quando não tenho condições financeiras e emocionais para lidar com uma criança esperta e madura como ela. Charllote Di Angello merece alguém melhor, alguém que não tenha se sujeitado a tudo que eu fiz. Ela merece mais. Mais do que eu posso oferecer, mais do que eu pude dar.

Sinto vergonha, Anthony. Vergonha por abandoná-la. Vergonha por tudo que fiz para fazer com que chegasse aos 05 anos. Mas eu não posso. Prefiro ficar sozinha e permiti-la sonhar um pouco com você. Por favor, não a trate como fez comigo em nosso relacionamento. Ela é sua filha, não uma prisioneira. Deixe-a livre para ser o que quiser, ela não precisa seguir seus passos inteiramente. Eu aprendi essa ultima palavra com ela, sabia? Anthony, ela tem muito a te ensinar. Por favor, por favor, não a abandone também.

Eu estou chorando enquanto escrevo isso, perdoe as manchas no papel. Alias, perdoe esse papel, deveria ter escrito em algo mais bonito, não? Afinal, é sobre nossa filha que estou falando.

Eu te peço para amá-la. Esqueça-se do que vivemos, perdoe os meus erros e não desconte nela as minhas falhas, o meu mau jeito e tudo que fiz de errado e te escondi.

Faça isso por ela,

Maria.”

Uma parte do papel estava rasgada logo abaixo da assinatura dela. Parecia ser uma nota final, algum comentário a mais, porém os traços rasgados manualmente eram mal feitos e não podia deduzir do que se tratava e, confesso, não estava me preocupando tanto porque lagrimas molhavam mais ainda aquele papel gasto, soluços saiam do meu peito.

Eu li seus motivos, mas na minha cabeça só conseguia pensar que realmente tinha me abandonado. Não tinha acontecido nada, ela tinha ido embora. Decidiu isso.

Queria rasgar aquele papel, mas seria algo obvio para Anthony que eu tinha pego. Então, com as pernas trêmulas, coloquei o papel de volta na gaveta e corri para meu quarto. Não estava pensando em nada que não fosse o fato de ter ido abandonada, mamãe tinha ido embora e chamá-la assim fazia minha garganta apertar.

Não sei quanto tempo passou enquanto eu me batia e descontava a raiva, a dor e o medo em mim mesma. Estava doendo aqui dentro e a dor física não estava conseguindo ser maior. A porta abriu-se de repente e assustei-me no momento em que estava cravando as unhas na palma das minhas mãos.

- Você me desobedeceu, Charlotte – seu tom de voz era duro, o olhar estava firme e não entendi quando levantou a blusa e puxou o cinto que prendia sua calça.

- Eu não...

- Pegou a carta – continuou e desafivelou todo o cinto enquanto andava até onde eu estava – E esqueceu-se de guardar a cadeira, menina tola.

- E-eu... – gaguejei e não consegui dizer mais nada porque meu olhar estava cravado no cinto em suas mãos e na forma com que o segurava.

- Eu terei que castigá-la e Deus sabe que queria ter feito diferente – rosnou e brutalmente segurou meu ombro para baixo de modo que continuasse deitada – Nunca mais me desobedecerá, Charlotte.

- Não, por favor...

- Calada – gritou enquanto sentia a primeira cintada em minhas costas. Um grito ficou preso em minha garganta, um soluço se transformou em gemido e minha respiração ficou presa.

- Irá me desobedecer, Charlotte? – disse e mais uma vez bateu-me com o cinto.

Minhas costas ardiam, aquilo doía demais e gritei alto dessa vez. Ele viu que não respondi nada e continuou a me bater. Uma, duas, três vezes e parecia que tudo em mim estava dolorido, meu corpo parecia pesado demais, não conseguia erguer a cabeça.

- Responda-me! – ordenou enquanto baixava o braço com força e o cinto estralava em minhas costas.

- Não... – sussurrei enquanto minha visão ficava turva e em meio a um soluço doloroso de sair. A dor estava quase insuportável, tudo parecia estar mais quente naquele quarto, minha nuca suava e minhas pernas tremiam.

- Não senhor! – corrigiu e bateu mais uma vez.

- Por favor... – tentei pedi para que parasse, mas não foi suficiente a minha lamuria e continuou a me bater. Cada cintada em minhas costas doía em meu peito, por pensar que aquela era primeira vez que isso acontecia, por imaginar que se estivesse com mamãe seria diferente.

- Não senhor! – gritou novamente ao mesmo tempo em que eu soluçava alto.

- Não senhor... – sussurrei tão baixo que temi que não tivesse escutado, mas, assim que as palavras saíram da minha boca, parou de me bater.

Consegui olhá-lo de lado, seu rosto estava suado, os olhos cansados escondiam alguma coisa que não consegui decifrar, olhou para as minhas costas e deu dois passos para trás. Não falou nada conforme virava as costas e fechava a porta atrás de si.

Foi só quando ele saiu que me permiti cair de volta na cama, sentia a ardência e o sangue deixando tudo aquilo molhado conforme a camisa grudava em minhas costas. Então, aquele era o castigo. Não consegui pensar em mais nada até que apaguei, minha visão ficou preta e não consegui mais achar diferença na dor física e na emocional.

(...)

- Fiquem quietos – ordenei em voz baixa – Se não calarem a boca não conseguirei me concentrar.

- Harry está pisando no meu pé! – Zayn reclamou.

- O seu lugar é no bando do carona – meu protegido retrucou – E não do meu lado.

- Não consigo enxergar nada dali. Pare de tocar no meu cabelo!

- Calem a porra da boca – rolei os olhos e coloquei o binóculo sobre os olhos para observar melhor tudo que estava acontecendo.

Estávamos dentro do carro estacionado na rua em que Brad morava, conseguíamos ver os fundos da casa e nesse momento uma van preta estava parada e alguns malotes estavam sendo tirados dela e colocados nos ombros de seguranças que as levavam para dentro da casa, mas não sem antes olhar para todos os lados a procura de alguém observando aquela cena.

- Precisamos chegar mais perto – mordi o lábio – Quero ter a certeza que são armamentos mesmo.

- Eles nos notarão – Zayn disse – E eu não te dei essa dica para acabar atrás das grades.

- Às vezes acho que ele é uma mulherzinha.

- Eu tenho amor a minha vida, Harold – rolou os olhos e soprou a fumaça do cigarro no rosto dele.

- Certo – bufei – Vocês ficam no carro, eu tentarei chegar mais perto.

- Eu vou com você – Harry disse prontamente.

- Não, não vai. Você e Zayn ficarão no carro.

- Mas eu sou seu protegido...

- E se você for ficarei mais preocupada ainda – completei a fala dele enquanto fechava a porta e os trancava ali. Zayn não reclamou, recostou-se no banco enquanto Harry resmungava alguma coisa e o empurrava.

Não iria afastar-me muito do carro porque precisava manter um olho neles, principalmente em Zayn. Não confio nele plenamente.

Caminhei até um pouco mais acima da rua, abaixei-me atrás de um arbusto e ergui o dedo médio para trás porque já sabia que os dois estavam olhando a minha bunda, pude ouvir suas risadas depois disso. Com o binóculo no rosto e tentando esconder meu corpo, tive sorte quando um deles abriu uma das caixas e analisou um fuzil M-40A3 e rádios criptografados, falou no telefone ao mesmo tempo em que os devolvia para a caixa e dava sinal para que continuassem a levá-las para dentro.

Voltei para o carro e dei partida rapidamente porque não queria correr o risco de ser vista parada tão perto assim da casa. Respondi às perguntas dos dois e deixei Zayn em casa porque não estava com paciência no momento para lidar com minhas desconfianças sobre ele e tampouco para encarar o olhar curioso de Harry, mal tínhamos nos falado desde a nossa discussão de ontem.

- Eu não quero brigar com você – Harry falou de repente quando sai do banho mais tarde, enxugando meu longo cabelo com uma toalha que provavelmente era dele – Eu realmente quero ter uma boa relação.

- Acho que isso é impossível.

- Charlotte, eu... Eu sinto que podemos ser amigos – tentou se expressar – Eu já te disse que não sou quem pensa, não sou um mimado e badboy.

Eu não conseguia voltar a ser amiga dele e esquecer que um dia fomos mais que isso, que nossos caminhos foram cruzados e nos afastamos a força e por causa do destino horrível que decidiu que seria melhor assim.

- Podemos ter uma boa relação profissionalmente, garoto.

- Não precisa voltar a me chamar assim. Nós estávamos bem poucos dias atrás, porque voltar à estaca zero?

- Você é irritante – bufei – Não consegue calar a boca?

- Você sabe que tenho meu charme – piscou para mim e riu, as covinhas aparecendo e tive que jogar a toalha nele para que não me visse rindo também – Quer sair amanhã?

- Estamos no meio disso tudo e você quer sair? – rolei os olhos – O que tem na sua cabeça?

- Um lindo cabelo sedoso – riu – É sério, seria bom para distrair um pouco.

- Meu cabelo é muito melhor – retruquei – Onde me levaria? Num parque de diversões? Eu odeio coisas clichês e isso sequer significa que estou ponderando essa possibilidade. Não vou sair com você.

- Assim como sua bunda – apontou e tive que colocar a coluna ereta quando disse isso porque estava abaixada para tirar o colchonete debaixo da cama – Segredo para onde sairemos, só diga que sim.

- Styles, eu não vou sair com você.

- Sim, você vai – afirmou – Pode abaixar um pouco mais para a direita?

- Eu vou bater em você – ameacei, mas não conseguia soar séria, pareceu tanto agora com o Harry da minha infância que a lembrança foi até dolorosa.

- Porque não vai dormir? – ergueu a sobrancelha – De preferência com as costas para cima.

- Você tem noção que está me secando? A mim? Eu posso enfiar uma bala em seu coração.

- Já teria feito isso se quisesse, amor – piscou o olho e joguei meu travesseiro nele numa tentativa de esconder meu desconforto.

- Não me chame assim, não sou qualquer uma.

- Eu não chamo todas de “amor”. Só as que eu realmente me interesso – coçou o queixo conforme se sentava na sua cama.

- Deus, você é a pior pessoa do universo – reclamei – Pare com isso, não quero ser obrigada a atirar em você agora, estava esperando pelo menos solucionar esse caso.

Ele gargalhou alto agora e levantou-se de onde estava para sentar-me ao meu lado no colchonete – Como foi sua infância?

- Qual o seu problema?

- Seus brinquedos eram armas?

- Garoto...

- Quando algum menino te olhava você ameaçava batê-los?

- Eu não ameaçava, eu batia.

- Ou tinha alguém para fazer isso por você?

- Para que essas perguntas?

- Eu fazia isso por uma amiga quando éramos crianças – disse de repente com um longo suspiro – Eu era o protetor dela.

Um caroço subiu por minha garganta e tentei evitar de pensar nas coisas que aconteceram durante minha infância, mas foi impossível não lembrar que, de tudo, ele foi a melhor coisa que já me aconteceu. Mas não podia dizer isso, jamais admitiria que lembro de nós, aquilo comprometeria a missão, colocaria meus sentimentos em xeque e me faria parecer aquela boba menina de novo e não era isso que eu queria.

Voltar a ser Lottie era admitir fraquezas que demorei anos para esconder.

- Porque está me dizendo isso? – indaguei de uma maneira que tentasse fazer com que eu me parecesse indiferente a esse assunto, mas meu tom de voz parecia tremulo aos meus ouvidos.

- Seu olhar me lembra o dela – murmurou depois de alguns segundos encarando-me.

- É, mas não sou ela – resmunguei – Por acaso tenho cara de quem preciso de proteção? – cruzei os braços sobre o peito e ergui a sobrancelha. O olhar dele desceu para o decote em minha blusa que se aprofundou e estiquei-me para batê-lo por causa da expressão safada automática que se formou em seu rosto.

- Eu só queria conhecer mais sobre você – respondeu depois de ter sorrido – Saber sobre sua infância. Por isso as perguntas.

- Sou um livro fechado para você, garoto.

- Pare de me chamar assim – bufou – Eu queria que se abrisse mais – rapidamente levantou as mãos para o alto em sinal de rendição e gargalhou conforme colocava os fios do cabelo atrás da orelha – Eu não falei nesse sentido! Pare de me olhar assim! Eu estou achando que você é a mais safada em nossa relação.

- Eu vou bater em você – respirei fundo para não cumprir essa minha ameaça mais uma vez – Nós não temos uma relação.

- Pare de mentir para si mesma – subitamente ficou sério e puxou minha mão para si, demorei a retrair meu pulso e isso só serviu para que ele o segurasse mais firmemente em suas mãos até que o levou até seu peito,a palma da minha mão encostando em seu peito por cima da fina camiseta preta que vestia – Sabemos que tem algo acontecendo aqui.

(1)

Mais tarde eu até agradeceria por não ter tido que respondê-lo já que não fazia a menor ideia do que diria. Fomos surpreendidos pelo barulho de janelas quebrando, pelos sons de bombas e tiros posteriores ao som mais alto ainda do alarme que tinha colocado em cada janela e porta daquela casa. Levantei-me de supetão, meus instintos imediatamente alertas enquanto pegava minha arma e a carregava, coloquei as facas em meus tornozelos de forma rápida enquanto Harry se levantava e olhava de um lado para o outro.

 

Toda sorridente, eu sei como enganar esta cidade

Eu faço isto até o sol se pôr e através da noite

 

- Estão entrando na casa?

- Acionaram meu sistema de alarme – confirmei – Você irá ficar aqui, entendeu? Vou buscar seus pais.

- Charlotte...

- Aqui – peguei outra pistola dentro da minha mala e a carreguei para ele – Atire em qualquer um que entrar.

- O que você vai fazer?

- Eu vou pegar os filhos da puta que estão invadindo sua casa – respondi travando o maxilar por tamanha raiva em não entender o porquê daquilo.

 

Eu coloco minha armadura e te mostro o quanto sou forte

 

Fechei a porta atrás de mim e rapidamente caminhei até o corredor, a porta se abriu antes mesmo que chegasse até lá e Anne Sorridente e o marido saíram com expressões igualmente assustadas – Vão para o quarto do Harry – falei – E não abram a porta para ninguém, exceto eu.

- Você irá nos deixar desprotegidos? – ele perguntou com desconfiança.

 

Sou incontrolável

Sou um Porsche sem freios

 

- Ninguém passará por esse corredor – garanti e empurrei-os para dentro do quarto. Uma ultima olhada para Harry que pareceu durar mais do que o necessário porque cuidado transbordava em sua expressão e fechei a porta novamente.

A primeira coisa que tinha de fazer era garantir que aquele corredor ficasse intocável, sabia que os outros seguranças da casa tentariam salvaguardar os outros moveis e por isso concentrei-me naquele andar. A janela ao meu lado explodiu em cacos de vidro e, depois de ter protegido meus olhos, atirei na primeira pessoa que passou por lá, um homem vestido de preto caiu aos meus pés enquanto outro entrava pela porta da sala e mirava em minha direção, uma bala minha acertou seu peito antes que conseguisse atirar.

 

Estou incontrolável hoje, incontrolável hoje

 

Enquanto um segurança entrava na sala e detinha mais alguns que entraram por janelas próximas, um homem teve condições o suficiente para chegar perto de mim, atirar seria quase improvável agora então soquei seu rosto quase imediatamente a força com que teve para derruba-me no chão. A arma voou por minhas mãos na medida em que minha cabeça batia na parede e latejava, ele ergueu o punho fechado e atingiu meu nariz, sangue jorrou imediatamente e empurrei-o com os pés aproveitando que eu era menor e mais leve.

 

Eu sei, já ouvi essa história de que temos que mostrar os sentimentos

É a única maneira de fazer as amizades crescerem

Mas eu tenho muito medo agora

 

Ele pareceu não se importar e aproveitei para levantar-me, enxuguei o sangue que escorria até minha boca e fechei a guarda para defender-me de mais um soco, em seguida chutei seu estômago e virei o corpo para encaixar meu aperto em seu pescoço, coloquei todo meu peso nele e ergui o quadril para que caíssemos no chão daquele jeito. Louis teria orgulho se visse o quão perfeito esse golpe saiu.

Segurei firmemente em seu pescoço, meu braço passando por cima da sua cabeça e observei seus olhos se esbugalharem e sua respiração travar conforme sua garganta era apertada por mim.

 

Sou invencível

Yeah, eu ganho todos os jogos

 

Tentou se debater, mas a falta de ar travou seus movimentos e permaneci assim até que ficou imóvel. Só tive tempo de levantar-me e desviar de uma faca que passou centímetros próxima ao meu rosto quando quem a lançou fez com que eu caísse mais uma vez ao tirar meu equilíbrio com uma rasteira.

 

Sou tão confiante e estou incontrolável hoje

 

Ele era mais leve que eu, porém mais rápido. Então, foi difícil desviar dos golpes em meu rosto e tentar virar nossos corpos, mas, quando assim o fiz, sentei-me em sua cintura e desferi os golpes ao lado da sua cabeça para que, pelo menos, desmaiasse logo. Desmaie, vamos. Não morra, perca a consciência.

Ao mesmo tempo em que fazia isso, um homem mais bombado que os outros passou por nós dois em direção ao corredor e, antes que chegasse a porta do quarto de Anne Sorridente, lancei a faca em meu tornozelo e mirei. Ele caiu no chão com a lâmina cravada em suas costas.

Porém, essa minha distração foi o suficiente para que alguém puxasse meu cabelo por trás e passasse o braço por meu pescoço, cravei minhas unhas no que consegui alcançar e debati meu corpo tentando chutar qualquer coisa, isso fez com que seu aperto afrouxasse e me deu liberdade para mordê-lo, foi a única coisa que pensei em fazer no momento. Niall definiria aquilo como um último golpe de sobrevivência.

 

Eu coloco minha armadura e te mostro o quanto sou forte

Eu coloco minha armadura, eu vou te mostrar que essa sou eu

 

Ele largou-me e tive espaço o suficiente para atirar. Dois tiros e caiu morto aos meus pés. O barulho parecia ter cessado ao meu redor, os seguranças se reuniram na sala e pude notar o quão machucados estavam.

O homem que tinha feito desmaiar estava se remexendo e assobiei para que um dos seguranças subisse até onde estávamos.

- Coloque-o amarrado no porão – pedi – Pode tentar arrancar alguma coisa dele enquanto não chego, porém o deixe vivo.

 

Sou tão poderosa

Não preciso de baterias para jogar

 

Ele assentiu com uma expressão satisfeita e segurou o homem como se fosse um saco de batatas, o arrastando escada abaixo até o porão. Minha cabeça latejava e sentia o sangue voltar a escorrer do meu nariz, provavelmente tinha hematomas em meus braços e estômago, mas não era por mim que estava preocupada. A parte racional de mim sabia que ninguém tinha entrado por aquela porta, mas existia uma supreendentemente grande parte de mim que estava preocupada e não era algo ligado ao meu papel de Guarda-Costas.

 

Incontrolável hoje, estou incontrolável hoje

 

Abri a porta ansiosa, meu coração batendo mais acelerado do que quando estava lutando e só consegui respirar aliviada quando Harry abaixou a arma que subitamente tinha levantado. Anne Sorridente deixou-se sentar na cama, seu marido fez o mesmo e ele veio até onde eu estava.

Eu queria aquilo. Deus me perdoe, mas eu queria. Meu corpo queria. Meu coração queria. Tudo em mim pedia quis aquele abraço bruto e ríspido, talvez por medo de que eu rejeitasse, mas ele puxou minha cintura com o braço e colou-me em seu corpo, abraçou-me quase de forma esmagadora, podia sentir seu respirar acelerado contra meu corpo e senti o cheiro do seu perfume.

Eu quis aquilo.

Quis tanto.

E, no momento que me soltou, um pouco envergonhado até, senti um fisgar que não consegui identificar, um cutucão quase imperceptível.

Mas tão logo fez isso sabia o que esperava. Des perguntou o que aquele ataque significava e estava pronta para respondê-lo.

- Isso significa que não estamos lidando com uma máfia de drogas – destravei minha arma – Isso significa que é algo muito maior do que pensávamos – sorri agora e aquilo pareceu meio psicótico devido ao machucado em meu rosto – Mas, também quer dizer que eu quero meu time de volta.

 

 

 


Notas Finais


(1) - https://www.youtube.com/watch?v=-hglXYC8AKY

O que acharam? Eu sei que estavam ansiosas para que os meninos aparecessem e por isso adiantei um pouquinho esse momento, espero que tenham gostado e muito obrigada pelas visualizações, comentários e favoritos até aqui. Não esqueçam de continuarem a fazer isso, okay?
Aguardo ansiosa os comentários de vocês.
Mil beijos!


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