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História Good Enough - Just Give Me A Reason


Escrita por: SynthyaM

Notas do Autor


Oi, amores! Eu amei demais esse capítulo, estava até dizendo no grupo que o final me fez chorar e espero que gostem!
Boa leitura e não esqueçam de favoritar e comentar, okay? Amo vocês;

Capítulo 26 - Just Give Me A Reason


Fanfic / Fanfiction Good Enough - Just Give Me A Reason

"Apenas me dê uma razão
Apenas um pouco é o suficiente
Só um segundo, não estamos quebrados só fora do eixo
E podemos aprender a amar novamente"

(Pink - Just Give Me A Reason)

 

- Não – Anthony rosnou rapidamente, a carranca se tornando maior na medida com que Jesse dizia o motivo pelo qual estava ali – Você não vai namorar com esse...esse... – o olhou com repulsa - ...com esse aí.

- Nós já estamos namorando, senhor – Jesse disse de maneira desconfortável, segurando minha mão – Não estou pedindo permissão, só estou o informando.

- Ainda tem a petulância de falar comigo dessa forma? – levantou-se do sofá com os punhos fechados e meu coração se apertou – Fora da minha casa.

- Eu estava tentando ter uma conversa normal – respondeu de forma tensa – Mas sei que nunca nos aceitaria e não entendo o motivo. Charlotte e eu nos amamos.

- Você não sabe o que é amor, garoto. Se soubesse não estaria aqui.

- Sua filha é digna de todo amor do mundo, senhor.

- E você é o cara que vai estar com ela e nunca abandoná-la? – disse em tom de riso – Vai segurar em sua mão e nunca soltar porque os dias são melhores quando ela está ao seu lado?

Ele limpou a mão de suor na calça, perto do joelho, e só percebi porque era para onde Anthony estava olhando – Sim.

Ele riu – Vai estar ao lado dela se eu mandá-la para fora de casa? Vai acolhê-la, pois bendito seja esse amor que vocês sentem um pelo outro?

Ele engoliu em seco – Irei.

- Você não consegue me responder nem sem pensar umas duas vezes – Anthony me encarou agora – Tem certeza que é com esse playboy que quer namorar?

- Eu o amo – respondi sem titubear.

- E o que é amor para você, Charlotte? – indagou – O que você sabe sobre ele? Sua mãe te largou porque foi incapaz de sentir o mínimo de amor por você. Mesmo convivendo com você esses anos todos, não consigo achar um motivo para te amar. Você é tão doce, grudenta, chorona... Quem irá amar alguém assim?

- O senhor é o pai dela – Jesse interviu porque fui incapaz de falar alguma coisa. Anthony sempre teria o poder de me abalar com suas palavras – Deveria trata-la melhor.

- Não ouse vir na minha casa, informar que está namorando... Não foi essa a palavra que usou? – continuou – E ainda achar que pode dizer como eu devo tratar a minha filha.

- Anthony, por favor – sussurrei – Não precisa fazer isso, Jesse e eu só queremos um pouco de paz.

- Esse garoto é um playboy metido, Charlotte. Só quer se enfiar no meio das suas pernas. Não tem nada de amor nisso.

- Ele não é assim.

Gargalhou alto – Você não sabe nada sobre a natureza humana mesmo, não é? Ainda que eu tenha te ensinado algumas coisas e ainda que a vida tenha lhe mostrado como os homens são.

- Jesse é diferente – falei pensando em Juan e no que ele tinha me feito, as marcas para sempre em mim.

- Ele é como todos os outros. Os homens são assim. Não existe amor, criança.

- Já chega – Jesse levantou-se subitamente – Eu já disse tudo que tinha para dizer. Eu queria muito que nos desse a sua benção, mas, como isso é impossível, saio com a consciência tranquila de que tudo fiz para isso acontecer.

- Saia da minha casa – Anthony voltou a repetir – Eu vou ficar sentado enquanto você se mete entre as pernas dela e consegue o que quer.

- Pare de falar assim – pedi em lamúria – Ele não é como os outros.

Vi Jesse respirar fundo e molhar os lábios antes de falar – Te vejo amanhã, Charlotte – beijou minha testa e soltou minha mão enquanto caminhava até a porta – Não esqueça que amo você.

Todas as duvidas que ainda restavam em mim se esvaíram depois dessa confirmação, estava com medo por ficar a sós com Anthony agora, mas certa de que amanhã  tudo estaria bem de novo, pois ele me amava. Jesse realmente me amava. Independente do meu passado, mesmo com Juan tendo me violado e me exposto ainda tão criança, sentia em meu peito que podia confiar nele.

Mesmo com Anthony repetindo sem parar durante todo o resto daquele dia, ao pensar em Jesse podia sentir o amor que dizia, meu coração parecia bater de acordo com as asas de um pássaro e tinha a certeza de que não estava errada em ainda ter esperança, em amá-lo e me permitir sentir tudo aquilo.

Aquele mês pareceu passar mais rápido do que todos os outros. Talvez porque Jesse fazia tudo durar exatamente o tempo necessário para ser inesquecível ou porque todos os dias traziam coisas novas para nós ou simplesmente porque pela primeira vez em anos eu estava vivendo e não apenas existindo.

Minha convivência com Anthony estava cada vez mais difícil. Todos os dias ele me dava um motivo novo para desistir de Jesse antes de, segundo ele, ser tarde demais porque ele iria me provar que era como todos os outros.

Levei uma surra quando cheguei depois do toque de recolher, não me deixou sequer explicar que o motivo foi a chuva, o que tornou o trânsito horrível mesmo de motocicleta. Jesse mal ia lá em casa, as únicas vezes eram para me buscar ou trazer e Anthony o encarava da pior forma possível em todas as vezes.

Em alguns dias eu me sentia inferior a Jesse. Ele pedia para que eu ficasse com seus amigos, tentasse me enturmar, mas eu simplesmente não me sentia a vontade. Aquelas garotas que o rodeavam pareciam me fuzilar com o olhar toda vez que passávamos, faziam questão de rir ou tocarem alguma parte do corpo dele. Quando reclamei, num acesso repentino de ciúmes, ele riu e disse para não me preocupar, afinal ele estava comigo e não com elas.

Mas era impossível não sentir os ciúmes. Não me sentir desconfortável com os cochichos dos seus amigos, com as risadinhas inoportunas.

Chorei baixinho várias vezes, meu travesseiro molhado e cansado de ouvir os meus lamentos sobre ele ser demais para mim. Mas, toda insegurança diminuía quando ele aparecia com aquele sorriso bobo, com os toques carinhosos ou com os “eu te amo’s” sussurrados. Jesse sabia exatamente como me tratar, me tinha na palma da sua mão com um simples beijo roubado ou depositado no canto dos meus olhos.

- Você é tão gostosa – disse enquanto prensava meu corpo contra a parede – Já disse isso?

Senti meu rosto enrubescer como toda vez acontecia quando ele falava coisas como aquela – o que ultimamente vinha fazendo com frequência.

Suspirei quando desceu a mão até o meu quadril, apertando minha cintura contra seu corpo e beijando o meu pescoço. Estávamos em casa, Anthony no trabalho e por isso podíamos ficar mais a vontade. Da parede até o sofá, sua boca nunca desgrudando de alguma parte do meu corpo.

- Jesse... – sussurrei seu nome em meio ao toque da sua boca na minha e ele apertou minha coxa, trazendo-a para mais perto do seu quadril. Estava bom, claro que estava, mas, aquele instante em que meu corpo se colou ao dele, seu gemido penetrando meu ouvido enquanto ele se remexia em cima de mim, trouxe minha mente de volta para Juan e de repente senti vontade de vomitar, a sensação de estar suja tomando conta de mim outra vez.

Ele se afastou quando notou que eu não estava mais entregue ao momento – Algum problema?

- Não – sussurrei sentando-me e mantendo distancia dele, meu corpo mantendo repulsa de todo aquele ato que só me lembrava Juan e o pavor que eu senti.

- Fiz algo errado?

Abracei minhas pernas e pousei o queixo em meu joelho, balançando-me para frente e para trás ao tentar tirar aquilo da cabeça.

- Amor?

Era a primeira vez que me chamava assim e sorri de lado, um pouco do desconforto passou, porém não o suficiente. Tinha a necessidade de tomar um banho, de esfregar cada parte do meu corpo até não sobrar mais nenhum resíduo das mãos de Juan em meu corpo de criança que virou reflexo do meu corpo de agora.

- Não foi nada, Jesse. Só não estou pronta para isso ainda.

- Ei, ei... – estendeu o braço e passou por cima dos meus ombros, puxando-me para si – Eu não estou te forçando a nada.

- Eu sei.

- Então porque está assim? – acariciou meu ombro e de repente me vi chorando, lágrimas caíram por minhas bochechas na medida em que ele se preocupava e perguntava o porquê daquilo, seu tom de voz calmo e insistente ao mesmo tempo fazendo com que as palavras saíssem naturalmente por minha boca e me vi contando tudo que tinha acontecido.

A culpa, o medo, a repulsa e a dor foram amenizadas quando puxou minha cabeça para seu peito, abraçando-me como nunca e repetindo sem parar que tudo ficaria bem.

E eu, bem, eu acreditei.

(...)

Harry parecia paralisado no lugar, encarando meu corpo nu cintura para cima sem dizer uma palavra. Não fiquei envergonhada e reprimi a vontade de me cobrir quando seus olhos encararam os meus, milhões de perguntas presentes naqueles segundos que permaneceram me olhando, as pupilas dilatadas e a boca crispada.

- Desculpe, não sabia que estavam ocupados – a voz dele estava rouca, grossa e imersa em emoções que não consegui distinguir.

- Já vamos descer – Zayn disse, tensão em sua voz porque Harry parecia que avançaria nele a qualquer momento. As mãos fechadas em punhos e o corpo resetado demonstravam isso.

Zayn mexeu-se na cama de forma com que o lençol fosse mais para cima, cobrindo meus seios. Harry deu uma risada seca – Não se preocupe em cobri-los. Estou farto de vê-los. Não esperava mesmo nenhum pudor vindo de você, Charlotte – deu as costas depois disso, batendo a porta com força atrás de si.

- Ele está tentando provocar você – falei com um suspiro.

- Ele já te viu nua? – perguntou em descrença – Você me disse que nunca tiveram nada parecido.

- E não tivemos – insisti – Como eu disse, ele está tentando provoca-lo.

- Porque gosta de você – concluiu e passou a mão na testa em seguida – Droga, Charlotte. Olha só o que fizemos na casa dele, sabendo do que ele sente por você.

Bufei – Você não estava preocupado com isso quando estava entre minhas pernas.

Ele arregalou os olhos – Caralho, não fale assim. Além do mais, Harry é meu amigo.

- E quer que eu romantize o que tivemos? – sentei-me na cama – Zayn isso não significou nada além do que já aconteceu entre nós.

- Não estou falando em romantizar. Estou dizendo que o que houve aqui não foi só eu estando entre suas pernas.

- Foi uma linda noite de amor? – fui sarcástica – Olha só, vou tomar um banho e isso nunca mais se repetirá, pois acha que essa foi nossa lua de mel antecipada.

Levantei-me da cama, os lençóis caindo no chão na medida em que me encaminhava para seu banheiro, mas seus braços circularam minha cintura antes mesmo que chegasse.

- Eu sei que foi só sexo – beijou meu pescoço – Não se preocupe comigo, não estou cobrando nada de você.

- Me deixe tomar banho – ordenei quando senti seu quadril contra o meu.

- Tem certeza?

- Sim, Malik – sorri – Ou não sairemos desse quarto hoje.

Ele riu contra minha bochecha e depositou um beijo ali antes de libertar-me dos seus braços. Foi só durante o banho, a água lavando todo o suor da noite passada, que me perguntei o motivo de estar me sentindo extremamente culpada.

A expressão de Harry ao nos ver juntos invadiu minha mente, as palavras que disse pareciam ter seu sentido aumentado conforme se repetiam sem parar em meus pensamentos. Zayn estava certo, que merda fizemos na casa dele? E que merda eu fiz com ele depois do nosso beijo?

O sentimento de culpa era novo para mim. Não sabia lidar com ele e por isso a única coisa que fiz foi enrolar-me em uma toalha, despedi-me de Zayn e ir até o quarto que dividia com Harry. Graças aos Céus ele não estava lá, então pude me arrumar com calma, vesti uma leg preta por causa do treinamento mais tarde e uma regata vermelha que deixava meu umbigo a mostra, prendi meu cabelo num coque desleixado e desci as escadas cantarolando alguma musica que Louis cantou outro dia.

- Charlie! – ele disse em animação ao me encontrar na sala, envolveu meu braço no seu e afastou-me de onde Zayn conversava com sua irmã – Que gata é aquela, cara? Você tem que me apresentar.

- Alice? – ele assentiu – Ela é irmã do Z, duvido que ele te deixe sequer chegar perto.

- Mas o Harold estava conversando com ela – fez bico.

- Harold? – ergui a sobrancelha.

- Harry é tão sem graça – deu de ombros – Então o apelidei de Harold.

- Não sabia que estavam tão próximos assim...

Ele rolou os olhos – Não precisa de ciúmes, sou todo seu. Agora, voltando ao assunto que realmente importa, essa Alice tem namorado?

- Louis, ela é irmã do Zayn!

- Quem liga? Vamos, me apresente.

Não me deixou retrucar e nos levou até onde Alice estava. Ela sorriu quando me viu e me peguei a abraçando de leve – O que faz por aqui?

- Vim saber como Zayn estava – explicou – Mamãe não acredita ainda que ele finalmente está trabalhando em algo honesto.

- Ela fala fazendo biquinho – Louis sussurrou em meu ouvido – Anda logo, me apresenta.

- Zayn está tomando um rumo na vida – sorri – Ele pode ir visita-la se quiser.

- Quem sabe uma outra hora – ele desconversou – Vocês estão precisando de alguma coisa?

Fiz uma nota mental para lembrar de perguntá-lo o motivo de não querer visitar a mãe e dei um pulinho para o lado porque Louis me acotovelou, um sorriso insistente em seu rosto.

- Esse aqui é o Louis – o apresentei enquanto massageava minhas costelas, sem ao menos esperar que ela terminasse de responder ao irmão.

- Tudo bem? – ele disse num tom formal demais para ele, estendeu a mão e apertou a dela enquanto eu rolava os olhos. Alice tirou o cabelo dos ombros com a mão livre e o analisou de cima a baixo, fazendo com que Zayn olhasse com uma carranca.

- Ela está ótima – respondeu por Alice – Porque não vai até o Liam? Ele disse que queria falar com você, Louis.

- Eu posso responder por mim mesma, Zayn – Alice bateu o pé – Oi, Louis. Estou bem e você?

- Encantado – levou a mão dela até os lábios e piscou, a fazendo rir.

- Que palhaçada é essa?

- Zayn, aquieta o cu – puxei seu braço e deixei Louis – com seu repentino ataque de cavalheirismo, aposto que ninguém pensaria que era o mesmo cara que já tinha competido comigo sobre quem arrotava mais alto – e Alice conversando.

Anne não tão sorridente assim e Des estavam na sala, ele lia um jornal e ela passava os olhos pela televisão, mas duvido que estivesse prestando atenção em alguma coisa, em suas mãos estava um casaco da Gemma, passava os dedos por ele e fungava de vez em quando. Queria entender esse amor de mãe, queria poder colocar em palavras o que a perda de um filho faz, mas não sabia como porque nunca tinha chegado perto assim de um.

Era a primeira vez que tinha contato com o amor, embora ele não tivesse direcionado a mim. Nunca em toda minha vida tinha estado perto de algo parecido, Anthony era o que mais deixava isso claro.

Conversamos um pouco até a hora do treino, Harry só foi aparecer essa hora com Niall e Liam ao seu lado, ambos conversavam animadamente, mas o sorriso dele morreu quando me avistou.

Caminhou até o jardim em silêncio, Liam perguntando com o olhar o que tinha acontecido porque ele sequer me esperou, subiu no tatame e foi se aquecer. Harry estava sendo infantil, talvez não fosse para tanto. Ou fosse. Não sei. Aquilo estava mais confuso do que Louis em seus dias gays.

- Está colocando o peso em uma única perna – falei ao analisar seus movimentos enquanto esmurrava o saco de boxe – Precisa distribuir no quadril.

Ele não respondeu.

- Harry, desse jeito vai se cansar mais rápido que o seu oponente – insisti.

Mas continuou sem abrir a boca, a testa franzida e os olhos concentrados demais no ponto a sua frente para dar-me atenção.

- Styles! – o repreendi em voz alta quando continuou fazendo esse movimento – Desse jeito, sem treinamento, vai acabar se machucando.

Ele colocou novamente o peso na perna direita antes de estender o braço para esmurrar e fez uma careta – Você vai distender o músculo da coxa. Pare de ser teimoso e me escute!

Mais um murro e movimentada da perna e, como eu havia dito, se machucou. Sentiu a fisgada no músculo atrás da coxa e parou, puxou a perna e fez um muxoxo em reprovação.

- Eu disse – rolei os olhos – Venha, vamos colocar gelo nisso.

- Não finja que se importa – falou secamente e desvencilhou-se das minhas mãos estendidas, descendo do tatame com uma careta de dor e mancando.

- Você está sendo estúpido – fui atrás dele.

- Que se dane – entrou na cozinha e abriu a geladeira procurando a bolsa de gelo.

- Uau – exclamei – Onde está o Harry todo cavalheiro de horas atrás?

- No inferno! – explodiu, virando o corpo para mim.

- Quer parar de agir feito uma criança? Você não tem motivos para agir todo esquentadinho pro meu lado.

- Não tenho? – gargalhou sem emoção – Depois de eu ter dito que gostava de você, que estava apaixonado por você, depois de você ter me beijado. Você. Depois disso tudo você abre as pernas para o Zayn na minha própria casa!

- Eu não devo satisfações da minha vida a você! – gritei de volta – Não fique agindo como se eu tivesse te dado esperanças.

- Você é completamente idiota – respondeu – Estúpida. Ele não gosta de você, ele não sente metade do que eu sinto.

E é por isso que eu prefiro estar com ele, pensei.

- Desde quando eu te disse que queria que alguém sentisse algo por mim? Qual o seu problema?

- O meu problema é você! Você e seus jogos, seu medo, seu sarcasmo, sua estupidez e insensibilidade. Esse é o meu problema.

- Seu problema é esse ego ferido – ergui o queixo tentando mostrar que suas palavras não tinham me abatido, mas, me atingiram como o inferno.

- Ego ferido? Você chama de sentir e não ser correspondido de ego ferido? Chama o que eu sinto, o que eu disse e o que eu já fiz por você disso?

- Você não fez nada por mim! Nada! Eu sequer te conheço direito!

- Nada? – debochou, as veias estendidas no pescoço vermelho – Nada? Eu ajudei você durante nossa infância, eu pensei e me preocupei durante todos esses anos sem saber onde você estava, eu protegi você mesmo em pensamentos, eu quis estar ao seu lado em todo o tempo. Eu coloquei comida na sua porta, eu briguei com minha mãe, eu roubei por você, eu chorei por você. Eu morreria por você.

- Onde você estava, então? – deixei que toda a frustração estravasse, deixei que minha voz rouca fosse mais alta que a dele, permiti que tudo aquilo saísse por minha boca antes mesmo de me arrepender – Onde estava quando eu fui abandonada por minha mãe? Quando Anthony me bateu e disse que eu não era o suficiente para receber o amor deles dois? Onde estava quando Juan fez aquilo comigo? Onde estava quando eu me senti perdida, suja e burra? Quando eu chorei escondido ou me cortei? Onde estava quando Jesse... – engoli em seco porque o nó na minha garganta estava me surpreendendo, tirando meu ar – Onde você estava esse tempo todo?

- Acha que eu não quis estar ao seu lado? – abaixou a voz, seus olhos estavam arregalados, provavelmente duvidando que eu estava sendo sincera com meus sentimentos pelo menos uma vez na vida – Acha que eu não desejei todos os dias abraçar você enquanto dizia que tudo ia ficar bem? Foi você quem se despediu de mim, quem me mandou embora, quem foi embora. Foi você. Eu continuei aqui, contando os dias para te ver de novo, imaginando e me perguntando como é que você estava.

- Tarde demais para querer fazer alguma coisa por mim – sussurrei e pisquei por que, contra todas as racionalidades que possuía, estava sentindo meus olhos arderem. Precisava sair dali.

- Você esconde, fingi que não sente nada por mim – murmurou – Transa com o Zayn para tentar esquecer que é comigo que quer passar todas as noites fazendo amor, mas eu sei que sente o mesmo que eu. Eu sei, simplesmente sei – balançou a cabeça – Mas eu estou cansado, Lottie. Cansado de sempre sofrer por você. Farto da sua ignorância e insensibilidade.

- Foda-se.

- Estou no meu limite – continuou – Não aguento mais, estou dizendo que vou desistir de você e só o que tem para dizer é “foda-se”?

- Eu não preciso de você.

Tão logo as palavras saíram da minha boca, sabia que eram mentiras. O tom foi errado, as palavras não pareciam certas, mas ele acreditou. A expressão em seu rosto mostrava que acreditou.

- É só isso que tem a dizer? Porque, se sim, eu tenho outras coisas para fazer.

- Eu não quero nada com você – disse cada palavra com cuidado, rezando para ele acreditar logo antes que a maldita lágrima escorregasse por meu olho – Pare de insistir em algo que não existe.

- Não vai me dar nenhum motivo? Nenhuma razão para continuar? Nada que mostre que não nos quebramos de vez e estamos só rachados? Não vai dizer que vai me ajudar a consertar tudo?

- Não.

- Nenhuma pequena razão que seja? – fechou os olhos e esperou minha resposta, os lábios rosados entreabertos me deram vontade de beijá-lo, mas não podia. Aproveitei que não estava vendo e também fechei os meus, respirei fundo tentando fazer com que aquela dor idiota desaparecesse, mas eu nem entendia o motivo de estar doendo tanto.

- Nada, Styles – disse por fim.

A campainha tocou naquele momento, ele abriu os olhos de mim e não os tirou por alguns instantes, o tom verde colorido com vermelho, úmido. Passou por mim, o ombro largo esbarrando no meu e abriu a porta. Hanna apareceu com um sorriso de orelha a orelha e coberta de rosa, os seios empinados encostando-se ao peito dele quando os corpos dos dois se encontraram, ela fazendo questão de beijá-lo, de enfiar a língua na sua boca.

Meu peito doeu e não soube explicar o porquê. A lágrima idiota finalmente escorregou, minha garganta parecia estar trancada e minhas pernas me levaram dali antes que não conseguisse esconder a tempo que aquilo tinha me deixado mal e que estava doendo e chorando por alguém que jurei não amar novamente.


Notas Finais


Enfim, eu tenho pouco para dizer depois desse capítulo. Eu realmente amei escrevê-lo e espero que tenham gostado. O número de comentários foi bem baixo no capítulo passado, vocês sabem que eu amo saber o que acham da história, então, por favor, não parem de comentar, ta?
Mil beijos, até o próximo!


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