História Good Traffic - Kim Taehyung FF - 15. Discussion

– Taehyung. - Jin chamou, acabando de engolir a comida que antes mastigava. - Vai trazer alguém para casa hoje? Devo tomar cuidado ao passar pelo quarto do andar de baixo? - perguntou, provavelmente se referindo ao andar em que nos encontravamos no momento, uma vez que os nossos quartos são no andar de cima. Ele perguntou isto despreocupado, como se já fosse algo normal.

Estavamos na mesa, a comida já havia sido servida, como é óbvio, e estavamos todos – Jin, Taehyung, Jiwoo e eu – finalmente almoçando. Eu apenas comia de cabeça baixa, vez ou outra olhava para cima, observando Taehyung ou Seokjin que falavam entre si.

– Talvez... Ainda vou sair, depois, se vir que estou disposto, irei. Você irá descobrir sozinho caso eu traga, não vai ser tão complicado assim. - Taehyung respondeu, um sorriso meio preverso nos seus lábios, enquanto pegava na sua taça de vinho luxuosamente e bebia dela, o seu olhar posto em mim.

Se eu gostava de saber a que eles se referem? Vou admitir que tenho certa curiosidade, mas na verdade, pela primeira vez na vida, não tenho qualquer vontade de saber, não tenho nada a ver com o assunto e não é como se me importasse. Aliás, preferia nem mesmo ter promenores. Tenho que zelar pela minha inocência.

Um suspiro longo e pesado vindo de Jin logo me arrancou do meu transe, começando logo a falar.

– Você nunca vai mudar, não é? - Jin perguntou, mesmo sabendo a resposta, revirando um pouco os olhos, e o encarou como se o estivesse a repreender. - Você tem que parar de trazer gente alheia para essa casa. Se você quer tanto assim então vá para casa delas, mas aqui não, chega! - ele se exaltou, espalmando a mão na mesa furioso. 

– É sério que vamos ter agora essa conversa? À frente dos convidados? - perguntou desinteressado e irónico.

– Taehyung... - Jin começou, coçando a testa franzida, um sinal claro de que se encontrava irritado. Mas antes mesmo de continuar, o outro Kim falou.

– Essa conversa não levará a lado algum e você sabe, então nem precisa começar. - proferiu, revelando um tom mais sério. 

– Sei disso, mas sempre vale a pena tentar... Apenas tenha respeito, porque agora não somos só nós que vivemos nessa casa. - avisou, olhando de relance para mim, assim como Taehyung que revirou os olhos dramaticamente.

– Eu não vou mudar os meu hábitos só porque ela está aqui Jin, não vem!

– Eu estou falando sério! Se você quer tanto assim foder com todas as mulheres da cidade, então faça fora desta casa porque eu não sou obrigado a ouvir os gemidos que saem da boca dessas oferecidas! Nem eu nem ninguém nessa casa. 

– Isso não vai acontecer nunca. Eu sou quem manda nessa casa e se você não se encontra bem então saia!! - Taehyung bravejou, deixando Seokjin preplexo com o que ele acabara de dizer. Sendo que eles são irmãos, não deve ser fácil ouvir tal coisa.

– Você manda em várias coisas, é verdade, como nos papéis e nos terrenos. - Jin disse, com a voz baixa e que, mesmo sem querer, quase demonstrava perigo. - Mas nessa casa sou eu quem manda segundo o testamento do nosso pai, então se você não está bem, aconcelho exatamente o que você me disse.

O clima, a partir daí, ficou tenso. Seokjin e Taehyung partilhavam um olhar de certo desprezo, ainda que bem no fundo dos olhos de Kim Taehyung houvesse um certo arrependimento. Já Jiwoo continuava a comer tranquila, quase como se não estivesse ali, quase como se não estivesse a ouvir nada. Ou apenas estivesse à espera do momento certo para entervir.

– Bom... - tossi como forma de chamar a atenção, começando a me levantar, quebrando assim o silêncio no qual não me sentia nem um pouco confortável. - Se eu for o problema, posso sair dessa casa. Eu consigo me virar, então vocês não terão de se preocupar mais comigo.

– Não, você fica! - exclamou Jin surpreso, pegando o meu pulso e me puxando de volta para a cadeira, enquanto a sua outra mão fazia um sinal de reprovação. - Lá fora há um mundo perigoso, como você deve imaginar. 

– Quem sabe se aqui não será mais perigoso ainda. - Taehyung comentou baixo no mesmo momento, mas alto o suficiente para ouvirmos, enquanto se recostava na cadeira relaxadamente, ao mesmo tempo que me olhava.

– Nem pense nisso Tae! - Jin repreendeu assim que soube o que Taehyung queria dizer, e o mesmo apenas elevou os braços em forma de rendição com um sorriso divertido nos lábios. - Enfim, o que eu dizia... Ah! Sim, o mundo é perigoso, e por isso não tem como eu deixar você sair daqui agora. Claro que não vou te prender, isso nunca passaria pela minha cabeça. Deixarei você sair assim que tiver a certeza de que você está numa casa segura, caso contrário você continuará a viver aqui sim. E nada de "mas". - finalizou, com um sorriso simpático no rosto, ao ver que eu ia arranjar uma maneira de protestar. 

Como é possível que hajam pessoa tão simpáticas e outras tão arrogantes? Pensei para mim mesma enquanto alternava o olhar entre os dois Kim's. Agora que observo bem... não parece haver grande diferença na idade deles. Até me admira o facto de Taehyung ser mais velho. Realmente não aparenta ser.

As suas feições eram completamente diferentes. Enquanto Seokjin tinha uns lábios mais grossos e feições mais delicadas, Taehyung era, de certa forma, mais forte e, mesmo tendo um rosto que parece ter sido feito pelos deuses, se demostrava completamente destemido. 

– O que foi? Sou assim tão irresistível que você não consegue parar de olhar é?  

– Não pense que vou me derreter quando você vem com esse tipo de conversa para cima de mim. - avisei, chegando ao meu limite com as atitudes de galanteador dele. - Você deve estar habituado que isso aconteça, mas não pense que comigo poderá fazer isso, não pense que em mim surtirá algum efeito. Respeito pelo outro é sempre bom. - terminei, com certa rudeza.

Taehyung apenas me olhou por um longo momento com a boca entre aberta, fazendo com que eu chegasse a pensar que ele havia congelado. Mas esse pensamento logo se dissipou quando vi os seus ombros tremerem levemente, enquanto um sorriso de divertimento se formava em seus lábios. 

– Quanto mais difíceis elas se mostram, mas fáceis são no final. - comentou, mais para si do que para qualquer outra pessoa, enquanto cruzava as pernas.

– Taehyung já chega, existem limites! - Jiwoo finalmente se pronunciou, repreendendo o mais velho que apenas se encostou novamente na cadeira, rabugento como uma criança que acabara de ser envergonhada pelos seus pais na frente dos seus colegas.

– Eu tenho pena de quem teve que criar você, dos seus pais! Tenho pena de quem tem de lidar todos os dias com você!! - respondi estridente, sem me importar com o que dizia. Sim, havia um limite, e eu acabara de chegar ao meu. - Você deveria rever as suas atitudes, porque talvez, só talvez, seja por isso que ninguém quer estar com você, a não ser as que você trás para colocar na sua cama. Sabe, aquelas que só andam atrás pelo dinheiro-

– Chega! - me cortou, voz repleta de raiva. - Não ouse falar do que não sabe, chegou aqui e já pensa que sabe tudo!! Não se atreva a falar da minha vida sem ao menos saber pelo o que eu passei, não se atreva a falar da minha família!! Apenas mantenha a boca fechada!!! - gritou se levantando bruscamente, me fazendo acreditar que toquei num ponto frágil. 

Num momento, Taehyung andava em minha direção, no outro, já havia passado por mim e subia as escadas com a velocidade de um furacão – se não mais rápido. 

Foi muita coisa para interiorizar em tão pouco tempo, e por isso mesmo fiquei estática, sem desviar o olhar da parede branca que de repente parecia muito interessante. 

– Senhorita... - ouvi Jiwoo, mas logo a mesma foi interrompida pelo som de coisas sendo repetitivamente quebradas no andar de cima, me fazendo ficar surpresa e até mesmo assustada. 

– Acho que exagerei um pouco... - soltei no ar, depois dos barulhos terem cessado momentaneamente.

– Não senhorita, você teve razões para ficar exaltada. Eu mesma falaria algo para essa criança se você no tivesse dito nada. - comentou, coçando a pele enrugada da sua testa. - Só peço que não toque em qualquer tipo de assunto relacionado com família. É um assunto delicado que precisa ser tratado com calma. 

– Se me permitem perguntar... O que aconteceu com a família dele para haver esse tipo de reação? - perguntei, e logo Jiwoo olhou em direção de Seokjin, quase que pedindo permissão. 

– Um dia lhe falaremos sobre isso. - Jin respondeu em sua vez, com um olhar compreensivo. - Quando achar que estiver na hora. Por enquanto, peço que deixe que as coisas se acalmem. Tente não falar nem interagir muito com ele. Uma simples troca de olhares já pode causar problemas graves para o seu lado. E acredite que eu sei do que falo. 

Ainda que estivesse um pouco relutante, me questionando se realmente deveria deixar o assunto “para depois”, decido assentir, resolvendo trazer o assunto à tona numa outra altura. 

Mas em momento algum, depois dessa “discussão”, consegui deixar o pensamento dessa família de lado. Perguntas como “Onde estarão”, ou “O que aconteceu” passavam na minha cabeça vezes e vezes sem conta, tantas que eu chegava a ter dores de cabeça por isso mesmo. Porém, umas semanas se passaram e não obtive nenhum tipo de resposta, por parte de ninguém. Na verdade, acabei me afastando das pessoas da casa e me aproximando mais das empregadas, nomeadamente de Alexia, uma vez que eu passava o dia inteiro fora de casa com ela, e só voltava na hora de deitar, evitando assim a presença furiosa de Kim Taehyung. 

Seria melhor assim tanto para mim, como para ele.