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História Gorila estúpido, se apaixonou pela cerejeira? - Tenho um presente pra você


Escrita por: kkwans

Notas do Autor


oi dengos! como vocês estão?
como prometido, mais um capítulo dessa história que virou minha protegida já, e dessa vez voltamos lá para as raízes dos matchablossom; o primeiro contato!

boa leitura 💗🌸

Capítulo 3 - Tenho um presente pra você


Todos os anos naquela região da cidade, o início do ano letivo era recebido com as diversas flores de cerejeira caindo lentamente para formar um tapete rosado pelas ruas, caminho esse que todos os alunos se viam encantados em traçar até chegarem nas grades de seus respectivos lugares de ensino.

Para os mais crescidos, era uma paixão sem fim andar por todo o campo rosado, se tivesse sorte alguma flor até mesmo pousaria carinhosamente no topo de sua cabeça, mas para as crianças que ainda não estavam habituadas com a ausência dos pais, nem mesmo as delicadas peças eram capazes de acalmarem os coraçõezinhos aflitos.

Algumas crianças já eram acostumadas a se divertirem pelas ruas, o ambiente escolar era apenas um local diferente para se divertir, tinha até mesmo aqueles que levavam seus próprios brinquedos para terem o que fazer nos horários de descanso.

Mesmo com tanta diversão, algumas crianças não conseguiam diferenciar o ambiente escolar do familiar, carregavam as questões do lar para o colégio e não conseguiam se misturar perfeitamente. Especialmente quando as crianças sem filtro algum apenas dizem coisas grosseiras sem notar.

Quando o horário de saída batia nos relógios, alguns pais preocupados iam buscar os filhos no mesmo instante, enquanto outros precisavam esperar algo terminar para poderem levar suas crianças de volta para casa. Podia variar entre cinco minutos até meia hora, apenas uma calada que levava quase três horas.

— Sai de baixo! – uma criança gritou estridente, fazendo a que estava sentada de baixo da árvore se assustar e encolher em medo.

Foi como um vulto passando pela sua frente, um vislumbre esverdeado sobre uma placa ultrapassou quase levitando no ar na altura de seus olhos, no instante seguinte um barulho de queda e algo rolando na terra.

— Uau, essa foi por pouco. – a imagem caída falou antes de gargalhar, logo se levantando e batendo nas próprias vestes para tirar a terra e até algumas pétalas grudadas — Você está bem? – perguntou com o mesmo animo de quando caiu, se deparando com um garoto escolhido com o olhar assustado.

— Você não vai chorar por ter caído? – perguntou com uma voz baixinha, como se tivesse medo de fizer algo.

— Eu não, foi divertido. – olhou para o próprio joelho e viu que um ralado novo tinha surgido, o vermelhão coberto de terra não permitia identificar se tinha sangue ou não — Opa, a mamãe vai ficar preocupada.

A reação do outro garoto foi como um reflexo, ao ver o joelho ferido ele imediatamente se levantou e foi apressado até o outro, agachando-se de frente para o machucado e puxando um lencinho do bolso de sua calça, passando sobre o local com certa cautela para limpar como podia.

— Não precisa fazer isso, estou bem. – tentou afastar o garoto de si, mas ele parecia empenhado no que fazia.

— Minha mãe sempre diz que devo cuidar dos machucados para não ficarem feios e alguém veja eles, não posso deixar o de outra pessoa ficar feio também. – tentou fazer o máximo que podia, quando viu que parecia limpo o suficiente tornou a guardar o tecido em seu bolso.

— Obrigado. – agradeceu animado e com um sorriso caloroso — De que turma você é?

— Sou da turma C. – o outro tombou a cabeça em dúvida.

— É mesmo? Eu também sou da turma C, mas não lembro de ver você. – o garotinho pareceu ficar amuado com o comentário do colega.

— Desculpe, é que eu me sento muito no fundo, você não deve ter me visto. – respondeu com os ombros encolhidos.

— Você fala certinho demais, parece que estou falando com meu vovô. – resmungou enquanto se afastava, pegando a tábua de madeira que se divertia até pouco tempo atrás — Ei, quer brincar comigo?

— Brincar de que?

— De skate. Perto da minha casa eu vi pessoas andando em cima disso, só que com rodinhas. – sugeriu com um sorriso caloroso — É divertido, só colocar isso em cima de uma coisa alta e sair deslizando, se tiver sorte consegue voar igual eu fiz antes de cair.

— Mas é perigoso. – exclamou assustado, mas no instante seguinte sentiu uma mãozinha quente segurar a sua e puxar com certa força.

— Que nada, vamos.

Com uma mão segurando a do colega e a outra mantendo a tábua abaixo de seu braço, correu até estar no topo do pequeno relevo que tinha no campo do colégio, sentando-se na parte de trás e colocando o amigo para se sentar à sua frente.

— Três, dois, um! – fez impulso com as mãos no chão para que a madeira deslizasse pela grama descida à baixo, soltando um gritinho empolgado ao conseguir força.

Nunca tinha tentado fazer aquilo com outra pessoa junto da tábua, o peso extra colaborou com a velocidade na descida, consequentemente ao passarem pelo primeiro obstáculo mais desafiador o impacto não resistiu e ambos os corpos caíram rolando na grama.

Em primeiro instante se assustaram por tropeçarem tão repentinamente, mas ao olharem um para o outro com os rostos parcialmente escondidos na grama, acabaram gargalhando de uma maneira tão gostosa que contagiaria qualquer pessoa que passasse por perto.

Como qualquer criança, a risada se estendeu por muito tempo mesmo que a razão verdadeira já tivesse se esvaído, era como se um riso incentivasse o outro, mas logo uma mulher com o uniforme profissional do local se aproximou.

— Crianças, não se esqueçam de ouvir quando aviso que a mãe de alguém chegou. – avisou com uma voz séria – Inclusive, acho que sua mãe está atrás de você. Vamos? – estendeu a mão para que o rapazinho de joelho machucado segurasse.

Não tinha como desobedecer ao que foi dito, segurou a mão firme e recebeu apoio para se levantar, quando começou a ser guiado para a entrada do colégio ouviu o colega o chamar novamente.

— Ei, você não me falou o seu nome. – exclamou alto para que o rapaz com joelho ferido pudesse o ouvir.

— Meu nome é Kojiro! Kojiro Nanjo.

— E o meu é Kaoru! Kaoru Sakurayashiki. – sorriu empolgado, como a muito tempo não sorria, e acenou para o colega que se afastava.

— Vamos brincar amanhã de novo, Kaoru!

O garoto baixinho e tímido de fios rosados já contava que seria esquecido no dia seguinte, mas o que aconteceu foi o completo oposto.

Ao passar pelo portão de entrada, uma mãozinha quentinha cobriu a sua e começou a puxá-lo para dentro do local, falando animadamente por todo o corredor como adorava seu cachorro de estimação e tinha brincado com ele no dia anterior quando chegou em casa.

Sentaram juntos na mesma mesa ao lado da janela, nem muito fundo e nem muito na frente, um meio termo que agradou ambas as crianças.

E ali passaram a ficar durante dois dias, três, cinco, nove, quando perceberam já fazia alguns meses que já estavam juntos, o que era um recorde pessoal para o Sakurayashiki, afinal o máximo que teve um colega foi por, no máximo, quatro horas. E era um primo mais velho.

O verão trouxe consigo os uniformes mais folgados, algumas chuvas surpresas e um clima que derretia qualquer um que morasse naquela região.

As crianças se divertiam no tanque de areia, Kaoru estava sentado do lado de fora para não sujar o próprio uniforme, apenas ria de Kojiro brincando sozinho e se frustrando quando suas ideias não davam certo.

Em determinado momento, o Nanjo se virou de forma que o Sakurayashiki não conseguisse ver o que ele estava fazendo, até tentou se mover para os lados, mas nada adiantou.

Poucos minutos depois o esverdeado se levantou, um sorriso orgulhoso estampava sua face e correu em passos animados até o rosado, escondia algo em suas mãozinhas encardidas de tanto mexer na areia.

— Kaoru, tenho um presente pra você. – falou empolgado, de forma que os olhos do outro cintilassem esperançoso.

— Presente pra mim? – era a primeira vez que alguém dizia que iria o presentear, sentiu seu coração bater até mais rápido.

— Sim, aqui. – finalmente suas mãos revelaram o segredo, era um bolinho de areia — Fiz um onigiri para você! Quer provar? – estendeu ambas as mãos na mesma animação para que o outro pegasse o que lhe foi dado.

Por um lado, pegar o presente iria sujar suas mãos e o uniforme por consequência, levaria uma bela bronca quando chegasse em casa, mas pelo outro lado iria ficar muito mal por deixar o amigo de sorriso tão radiante se deprimir por sua recusa.

— Vou! – estendeu as palmas pálidas e sentiu rapidamente a textura única da areia ter contato ali, arrepiando até seu último fio de cabelo.

— Experimente para ver se está bom. Mamãe diz que sou um ótimo cozinheiro.

Experimentar? Seu amigo queria que ele mordesse areia do parquinho? Sabia que aquilo era sujo. Se lembrou de quando sua mãe ia comer algo preparado por algum parente que ela não gostava, fingia colocar o garfo na boca e elogiava; talvez aquilo desse certo.

Levou o bolinho até próximo de seus lábios, alguns grãos despencaram da estrutura e atingiram seu short, mas ainda assim fingiu dar uma grande mordida e abriu um sorrisão que conseguia dar apenas ao lado de Kojiro.

— Delícia!

— Ótimo, vou preparar para mim também.

Kaoru era pequeno demais ali. Na verdade, qualquer criança de quatro anos é pequena demais para entender qualquer coisa.

Por que não poderia gargalhar alto como ria na escola? Ou sujar o uniforme quando brincava com outras crianças? Merecia mesmo apanhar a cada erro que cometia?

Naquela vez, acreditou que levou uma bronca por um bom motivo, aquele momento de felicidade ao lado do primeiro amigo valeu pelas palmadas que recebeu pelo uniforme manchado.

Kojiro foi o primeiro que recebeu Kaoru com um sorriso naqueles poucos anos de vida.

 

 


Notas Finais


e esse foi o capítulo 3!! o que acharam?
mimos, hate, opiniões, correções e etc aqui nos comentários, adoro o feedback de vcs🥰


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